Holocausto A palavra “Holocausto” tem origens remotas em sacrifícios e rituais religiosos da Antiguidade, em que plantas e animais (e até mesmo seres humanos) eram oferecidos às divindades, sendo completamente queimados durante o ritual. A palavra significa "sacrifício pelo fogo". O significado moderno do Holocausto é o da perseguição e extermínio sistemático, apoiado pelo governo nazi, de cerca de seis milhões de judeus. Os nazis, que chegaram ao poder na Alemanha em janeiro de 1933, acreditavam que os alemães eram "racialmente superiores" e que os judeus eram "inferiores". “Amontoados pela polícia húngara em vagões de transporte de animais, eles choravam silenciosamente. No cais da partida, nós também chorámos. O comboio desapareceu no horizonte; dele só restava um fumo espesso e sujo.” Os nazis criaram campos de extermínio para que os assassinatos em massa fossem mais eficazes. Diferentemente dos campos de concentração, que serviam principalmente como centros de detenção e de trabalho forçado, os campos de extermínio (também chamados de "centros de extermínio" ou "campos de morte") eram quase que exclusivamente "fábricas de morte". As SS e polícia alemã assassinaram cerca de 2.700.000 judeus nos campos de extermínio, seja utilizando o método de asfixia criada pela emissão de gases ou por fuzilamento. O primeiro campo de extermínio foi Chelmno, inaugurado em Warthegau (parte da Polónia anexada à Alemanha) em dezembro de 1941. Os mortos eram principalmente judeus que juntamente com ciganos roma foram mortos por envenenamento com gás. Em 1942, no Generalgouvernement, um território no interior da Polónia ocupada, os nazi inauguraram os campos de extermínio de Belzec, Sobibor e Treblinka, conhecidos coletivamente como “Campos da Operação Reinhard”, com o objetivo de assassinar sistematicamente os judeus polacos. Nos campos de extermínio da Operação Reinhard, as SS e os seus colaboradores mataram aproximadamente 1.526.500 judeus, entre março de 1942 e novembro de 1943. Praticamente todos os deportados que chegavam a estes campos eram imediatamente enviados para a morte nas câmaras de gás, à exceção de alguns poucos que eram escolhidos para trabalhar nas equipes de trabalho conhecidas como Sonderkommandos. O maior campo de extermínio foi Auschwitz-Birkenau, Polónia, que no começo de 1943 já possuía quatro câmaras de gás que operavam com o gás venenoso Zyklon B. No auge das deportações, mais de 6.000 judeus eram asfixiados por dia com este gás, em AuschwitzBirkenau. “Os judeus tiveram de descer do comboio e subir para camiões. Os camiões dirigiram-se para uma floresta. Obrigaram-nos a sair dos camiões. Fizeram-nos cavar grandes valas. Assim que acabaram a tarefa, os soldados de Gestapo começaram a sua. Sem paixão nem pressa, abateram os prisioneiros. Todos se deviam aproximar de vala a expor a nuca. Os bebés eram atirados ao ar e serviam de alvo para as metralhadoras.” “Quatro palavras tranquilamente ditas, indiferentemente, sem emoção .Quatro simples, curtas. Foi nesse momento, no entanto, que eu saí de junto da minha mãe. Ainda não tinha tido tempo para pensar e já sentia a pressão da mão do meu pai: ficámos sós. Numa fração de segundos, vi a minha mãe, as minhas irmãs, encaminharem-se para a direita. Tzipora agarrava a mão da minha mãe. Vi-as afastarem-se: a minha mãe acariciava os cabelos louros da minha irmã, como a protegê-la , e eu, continuava a caminhar com o meu pai, com os homens. Não sabia que naquele lugar, naquele momento, me estava a separar da minha mãe e de Tzipora para sempre. Continuei a andar. O meu pai levava-me pela mão.” “Olhei para a Tzipora, minha irmã mais nova, com os seus cabelos louros bem penteados, um casaco vermelho nos braços: uma menina de sete anos. Às suas costas, um saco demasiado pesado para ela. Cerrava os dentes: já sabia que não servia de nada queixar-se. Os polícias distribuíram , aqui e ali, bastonadas : «Mais depressa!» Já não tinha forças. Acabara de iniciar a caminhada e já me sentia tão fraco…” “ Ninguém tem autorização para levar consigo mais do que os seus pertences. Uma mochila , comida , algumas roupas. Nada mais. E, mais uma vez, um silêncio pesado.” Bibliografia Primo Levi, “Se Isto É Um Homem” Elie Wiesel, “Noite” José António Liberato