DESIGUALDADES EDUCACIONAIS José Francisco Soares GAME-FAE-UFMG Conselho Nacional de Educação SUMÁRIO • Modelos Conceituais • Desigualdades Sociais • Desigualdade de Recursos • Desigualdade de Expecitativas DUAS METÁFORAS • • Tanto já feito, tanto por fazer: Muralha da China Prazer pelo trabalho feito. Fernando Pessoa. “A alma é divina e a obra é imperfeita. Este padrão sinala ao vento e aos céus Que, da obra ousada, é minha a parte feita: O por-fazer é só com Deus” MODELOS CONCEITUAIS • Capital humano: Educação para a empregabilidade. • Igualdade de Oportunidade: Honra ao mérito – tudo aos que passaram nos exames. • Garantia de aprendizado: Todos e cada um são sujeitos de direito. • Ação de Governo: Propaganda enfatizando os bons resultados. DEBATE EDUCACIONAL • Um modelo único não consegue guiar todas as decisões necessárias. • "Profound insights arise only in debate, with a possibility of counterargument, only when there is a possibility of expressing not only correct ideas but also dubious ideas." Sakarov. DIREITO À EDUCAÇÃO • Direito deve ser especificado, registrado nas leis e verificado. Caso contrário é utopia, não direito. • Em que, concretamente, consiste o direito à educação? • Acesso, Permanência e Aprendizado • Aprendizado de quê? VERIFICAÇÃO DO DIREITO • Quem teve o seu direito atendido? • A informação é dada pelas avaliações externas. • Prova Brasil – 2005, 2007, 2009 e 2011. • Percentual de alunos em níveis: Insuficiente, Básico, Adequado, Avançado. • O sucesso de um aluno não compensa o fracasso de outro. CARACTERIZAÇÃO DAS DESIGUALDADES • A distribuição dos alunos nos níveis em uma situação de equidade deve ser a mesma, independentemente das variáveis sociodemográficas, usadas para a construção dos grupos. • Gênero, • NSE – quintis de NSE, • Raça-Cor, • Local de Residência. A MEDIDA DO NÍVEL SOCIOECONÔMICO - NSE • Sistematização das informações obtidas com os questionários contextuais das avaliações. Prova Brasil e ENEM. • Há uma medida do NSE para cada aluno, cada escola, cada município. Ano 2005 2007 2009 2011 Correlação com Renda Per Capta em 2010: 0,9 4ª série /5º ano 8ª série/ 9º ano 4,55 4,95 5,05 5,20 4,49 4,90 5,06 5,23 PROFICIÊNCIA - MATEMÁTICA PERCENTUAL DE ALUNOS NO NÍVEIS Série/Ano 4ª/5° 8ª/9º Prova Brasil (Ano) Abaixo do básico Básico Adequado Avançado 2005 47,0% 39,2% 12,3% 1,5% 2007 38,4% 40,0% 17,9% 3,7% 2009 31,0% 38,8% 23,2% 7,0% 2011 28,3% 38,4% 24,4% 8,9% 2005 38,4% 52,8% 7,8% 0,9% 2007 37,7% 52,8% 8,5% 1,0% 2009 38,8% 50,7% 9,5% 1,1% 2011 33,8% 53,7% 11,1% 1,4% NÍVEL DE PROFICIÊNCIA – MATEMÁTICA (NÍVEL SOCIOECONÔMICO - NSE) Série/Ano 4ª/5° 8ª/9º NSE Abaixo do básico Básico Adequado Avançado BAIXO 49,0% 38,4% 10,9% 1,7% MÉDIO-BAIXO 39,5% 41,0% 16,2% 3,2% MÉDIO 33,6% 40,9% 20,5% 4,9% MÉDIO-ALTO 28,5% 39,3% 24,7% 7,5% ALTO 24,3% 37,1% 28,1% 10,5% BAIXO 49,0% 46,4% 4,3% 0,3% MÉDIO-BAIXO 41,7% 51,2% 6,5% 0,6% MÉDIO 36,7% 53,9% 8,6% 0,9% MÉDIO-ALTO 31,6% 55,7% 11,4% 1,3% ALTO 25,9% 55,8% 15,9% 2,4% NÍVEL DE PROFICIÊNCIA – MATEMÁTICA (SEXO) Série/Ano 4ª/5° 8ª/9º Sexo Abaixo do básico Básico Adequado Avançado FEMININO 34,5% 38,4% 20,8% 6,3% MASCULINO 34,3% 40,8% 20,0% 4,9% FEMININO 33,4% 53,7% 11,4% 1,4% MASCULINO 39,5% 51,9% 7,7% 0,8% DESEMPENHO EM MATEMÁTICA Média do Desempenho em Matemática Prova Brasil 2005-2011 por Grupo de NSE dos alunos e Ano Escolar NÍVEL SOCIOECONÔMICO 4ª SÉRIE/5º ANO 8ª SÉRIE/9º ANO Baixo 179,6 228,2 Médio-Baixo 189,51 235,83 Médio 196,77 241,41 Médio-Alto 204,39 247,9 Alto 211,6 256,65 Fonte: Elaboração própria NÍVEL DE PROFICIÊNCIA – MATEMÁTICA (RAÇA/COR) Série/Ano 4ª/5° 8ª/9º Raça/Cor Abaixo do básico Básico Adequado Avançado BRANCO 30,8% 38,0% 23,4% 7,8% PARDO 34,0% 40,9% 20,1% 5,1% PRETO 45,3% 39,0% 13,4% 2,4% BRANCO 30,3% 54,8% 13,1% 1,8% PARDO 39,3% 52,2% 7,7% 0,8% PRETO 44,3% 49,1% 6,1% 0,5% MÉDIA DO DESEMPENHO EM MATEMÁTICA QUINTO ANO - PROVA BRASIL 2205-2011 QUINTIS NSE COR SEXO MATEMATICA ALUNOS 1 1 1 1 2 1 2 1 4 2 4 2 2 2 5 5 4 4 5 4 4 5 5 5 3 3 1 1 3 2 3 2 3 1 3 2 1 2 3 3 2 2 2 1 1 2 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 172,61 174,95 180,42 180,56 180,97 181,48 182,45 182,55 190,55 191,94 192,09 192,14 192,38 192,48 193,05 195,16 205,88 206,31 210,09 210,86 210,95 211,88 219,17 220,32 102.655 109.505 209.383 192.665 91.257 436.226 109.526 388.576 66.820 233.112 94.507 420.310 240.740 392.881 49.928 78.339 343.876 367.043 286.015 316.714 297.665 334.951 335.408 384.020 Fonte: Elaboração própria MÉDIAS DOS ALUNOS POBRES – PROVA BRASIL 2005-2011 Nome Leitura Matemática Alunos Campo Grande Curitiba Palmas Teresina Florianópolis Boa Vista Rio de Janeiro Natal Rio Branco Vitória Belo Horizonte Aracaju São Paulo São Luís Fortaleza Porto Alegre João Pessoa Goiânia Belém Cuiabá Porto Velho Salvador Maceió Macapá Manaus Recife 189 179 177 180 169 171 179 158 181 174 177 164 164 166 169 166 168 175 165 166 164 168 165 161 164 158 197 193 188 193 183 181 189 173 188 183 188 175 175 175 180 178 180 183 176 177 177 177 177 171 173 169 2.518 3.001 1.288 6.424 250 847 18.984 2.487 635 1.090 6.204 1.868 23.140 6.779 20.349 971 3.881 4.126 3.613 1.202 1.242 17.857 6.299 1.215 7.646 9.038 DESIGUALDADE DE RECURSOS • Unidade – Municípios • Gastos públicos em educação: despesa de cada município na sua rede de ensino fundamental. • Dados foram obtidos pela série “Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios” (ou “FINBRA”), publicados pela Secretaria do Tesouro Nacional, versões referentes a 2007, 2009 e 2011. • Há municípios que não relataram seus gastos, ou cujo relato não é verossímil. • Muitas imputações foram feitas. ALUNOS • Alunos no ensino fundamental regular nas escolas municipais. • Censo Escolar de 2007, 2009 e 2011. • Há municípios que não reportaram os dados adequadamente e que, portanto, exigiram imputações de dados. VARIAÇÃO DOS VALORES • Há muitos municípios aplicando valores muito baixos e poucos aplicando valores estranhamente altos. Erros? • Variação não é desperdício. Há especificidades em cada município que devem ser consideradas. • Considerando os municípios com mais de 100 mil habitantes GRAFICO1: RENDA PER CAPITA MENSAL NA EDUCAÇÃO EFETIVIDADE DOS GASTOS • IDEB ou Efeito Escola? Duas visões, mesmo resultado. DESIGUALDADE DE EXPECTATIVAS • O que, exatamente, usamos para construir os nossos indicadores? Como estariam se usássemos a referência da escola privada, de outros países? • Base nacional comum. SÍNTESE • Considerem as desigualdades ao pensar a educação básica. OPÇÃO “E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia”. Carlos Drummond de Andrade.