Reabilitação, Conservação e Restauro da Ermida
de Santa Bárbara – Museu Carlos Machado (Ponta
Delgada).
Carlos José Abreu da Silva Costa
Como abordar técnicas tradicionais e novas
tecnologias
Seminário “Abordagem à intervenção no
Património.
Como abordar técnicas tradicionais e novas
tecnologias”
Matosinhos, Exponor, Concreta 2011, 19 de Outubro
Localização/Designação: Ermida de Santa Bárbara – Museu Carlos Machado (Ponta Delgada)
Propriedade: Pública (Museu Carlos Machado)
Entidade Contratante: Direcção Regional de Cultura dos Açores
Protecção: MIP, Res. do Presidente do Governo Regional nº 98/80, JO 31 de 16 Setembro 1980
Áreas de intervenção: talha, pintura sobre tela, escultura policroma e pintura mural
Utilização Inicial/Actual: Religiosa (Convento) / Cultural (Museu Carlos Machado)
Época de Construção: Séc. XVII
A Ermida de Santa Bárbara – Museu Carlos Machado (Ponta Delgada)
1620 – 2011
Desde as recolhidas em hábito branco Terceiras de Santo Agostinho
O projecto de adaptação e extensão do Museu (reabilitação, conservação e
restauro do conjunto conventual)
Conservação e Restauro: Talha Dourada
Conservação e Restauro: Talha Dourada
Conservação e Restauro: Pintura sobre Tela
Conservação e Restauro: Pintura Mural
Conservação e Restauro: Escultura Policromada e Mobiliário Integrado
EXEMPLO 1
RETÁBULO-MOR: INTERVENÇÃO SEM RECURSO A
TÉCNICAS TRADICIONAIS
EXEMPLO 2
RETÁBULO LATERAL (TRÂNSITO DE S. JOSÉ): NOVAS
TECNOLOGIAS APLICADAS AO DIAGNÓSTICO
COMO ABORDAR TÉCNICAS TRADICONAIS E NOVAS TECNOLOGIAS
EXEMPLO 1
RETÁBULO-MOR: INTERVENÇÃO SEM RECURSO A
TÉCNICAS TRADICIONAIS
INTERVENÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO PRINCIPIOS ÉTICOS
BASILARES
Materiais e técnicas compatíveis com os originais (COMPATIBILIDADE), que se
degradem o mínimo possível, quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista
químico (ESTABILIDADE) e aqueles que, mais facilmente e em maior
percentagem possam vir a ser eliminados sem prejuízo para a peça
(REVERSIBILIDADE)
O utilização indevida e abusiva de técnicas tradicionais poderá em certa medida
resultar em problemas de discerinibilidade e reversibilidade, face ao original.
TÉCNICAS TRADICIONAIS VS DISCERINIBILIDADE E REVERSIBILIDADE
Uma reintegração de cor, por exemplo, visa restabelecer a uniformidade visual da obra,
recuperando e valorizando o seu potencial histórico e artístico, sem recurso a mimetismos,
quer de técnica, quer de materiais.
RETÁBULO-MOR: EXEMPLO DE INTERVENÇÃO SEM RECURSO A TÉCNICAS
TRADICIONAIS
CONCLUSÃO
Foi possível identificar com rigor a técnica utilizada bem como os respectivos materiais.
Conhecidos estes materiais, é possível seleccionar aqueles que se tornam compatíveis com
estes , estáveis sob o ponto de vista físico e químico e reversíveis, sem colocar em causa a
integridade do original para tornar possível a sua remoção.
DECISÃO
Fazer igual levaria a um mimetismo de técnica e de material, que poderia conduzir a um
consequente engano e problemas numa futura remoção.
A decisão de integrar de modo diferente (discernível) foi consensual; à vista o conjunto
adquire uma leitura próxima daquilo que seria originalmente, sendo os materiais utilizados
compatíveis, estáveis e reversíveis.
RETÁBULO-MOR: EXEMPLO DE INTERVENÇÃO SEM RECURSO A TÉCNICAS
TRADICIONAIS
RETÁBULO-MOR: EXEMPLO DE INTERVENÇÃO SEM RECURSO
A TÉCNICAS TRADICIONAIS
EXEMPLO 2
RETÁBULO LATERAL (TRÂNSITO DE S. JOSÉ): NOVAS
TECNOLOGIAS APLICADAS AO DIAGNÓSTICO
APLICAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
Objectivos do processo de exame e análise dirigidos para aspectos muito concretos:
- identificação rigorosa dos materiais constituintes, quer ao nível dos suportes ou
estruturas, quer ao nível das camadas policromas;
- definição do processo de produção e concepção de todo o conjunto artístico;
-coligir as informações que permitam avaliar concretamente os danos;
- determinar com maior rigor o plano de trabalhos a seguir.
NOVAS TECNOLOGIAS VS DIAGNÓSTICO E PROSPECÇÃO
RETÁBULO LATERAL (TRÂNSITO DE S. JOSÉ): NOVAS TECNOLOGIAS
APLICADAS AO DIAGNÓSTICO
Microscopia Óptica (corte estratigráfico)
Imagens obtidas ao microscópio óptico da secção
transversal de uma microamostra.
-camadas
2 e 3: bólus amarelo e folha de ouro
original (ouro 23 ¾ klt com 0,5 m de espessura);
- camadas 4, 5, e 6: primeira intervenção de
restauro (redouragem – ouro 22 ¼ klt com 0,1 m
de espessura);
- camadas 7, 8 e 9: última intervenção realizada
(aplicação de folha de prata).
RETÁBULO LATERAL (TRÂNSITO DE S. JOSÉ): NOVAS TECNOLOGIAS
APLICADAS AO DIAGNÓSTICO
Microscopia Electrónica de Varrimento
(microanálises mediante espectrometria por
dispersão de energias de raios X)
Espectros EDX obtidos das análises
realizadas sobre as camadas de folha de
ouro existentes: camada 3 (original) e 6
(intervenção posterior), respectivamente.
Podemos observar que na camada 6
abunda o elemento Ag (Prata) e Cu (Cobre),
que nos permite aferir a baixa qualidade do
material utilizado nesta intervenção (ouro 22
¼ klt com 0,1 m de espessura, ao
contrário do original praticamente puro de
23 ¾ klt com 0,5 m de espessura).
RETÁBULO LATERAL (TRÂNSITO DE S. JOSÉ): NOVAS TECNOLOGIAS
APLICADAS AO DIAGNÓSTICO
Lâminas
Metálicas
ORIGINAL: Folha de ouro aplicada sobre bólus amarelo, composto por: 98.5 % ouro (Au) –
1,5 % prata (Ag)
1ª INTERVENÇÃO: Folha de ouro aplicada sobre bólus vermelho, composto por: 92,5 % ouro
(Au) – 4,6 % prata (Ag) – 2,9 cobre (Cu)
Nas duas camadas anteriores identificou-se uma carga de terras (amarela e vermelha,
respectivamente) aplicada com uma finíssima camada, que serve de bólus à folha de ouro.
Por outro lado, no conjunto de camadas identificou-se óleo de linhaça em abundância, o que
nos faz pensar que este material pode ser o adesivo do ouro, ao qual se adicionaram as
cargas de terras, ou talvez o óleo de linhaça tenha sido aplicado sobre a finíssima camada de
bólus
2ª INTERVENÇÃO: Folha de prata (Ag) aplicada sobre adesivo de óleo de linhaça na
decoração metálica da superfície.
RETÁBULO LATERAL (TRÂNSITO DE S. JOSÉ): NOVAS TECNOLOGIAS
APLICADAS AO DIAGNÓSTICO
CONCLUSÃO
Identificação de todas as intervenções, incluindo os materiais e técnicas originais e
tradicionais; era possível a sua reposição, por reprodução ou por levantamento das
intervenções não idóneas.
A aplicação de novas tecnologias permitiu aferir com exactidão as técnicas e os materiais
originais/tradicionais.
DECISÃO
O retábulo do Transito de S. José vale pelo modo como hoje nos é apresentado - exemplo
único de minúcia de talha prateada, na região e no País (refere a literatura).
A decisão de conservar e restaurar a camada prateada foi unânime e consensual; a
passagem do tempo e as marcas e alterações nele firmadas são valias que não compete à
geração que hoje dele se ocupa avaliar se deverão ou não ser apagadas.
RETÁBULO LATERAL (TRANSITO DE S. JOSÉ): INTERVENÇÃO MAIS OU
MENOS EVASIVA
RETÁBULO LATERAL (TRANSITO DE S. JOSÉ): INTERVENÇÃO
MAIS OU MENOS EVASIVA
CONSERVAÇÃO E RESTAURO – ATELIER SAMTHIAGO
Adriana Rodrigues Bastos
António Fernando da Rocha Oliveira
Carla Maria Amorim Pereira
Carlos José Abreu da Silva Costa
Mónica Sofia Henriques Correia
Mónica Proença Ribeiro
Pedro Fernandes Silva
Pedro Miguel Oliveira Silva
Tiago Miguel Fernandes Apolinário
Conservadora-Restauradora pelo IPT
Conservador-Restaurador pela UCP
Conservadora-Restauradora pelo IPT
Conservador-Restaurador pela UNL
Conservadora-Restauradora pelo IPT
Conservadora-Restauradora pela UCP
Conservador-Restaurador pela UCP
Conservador-Restaurador pelo IPT
Técnico de Conservação e Restauro
Carlos José Abreu da Silva Costa
Conservador-Restaurador pela Universidade Nova de Lisboa
Associado ARP N.º 186
Sócio-Gerente da Empresa ATELIER SAMTHIAGO
Seminário “Abordagem à intervenção no
Património.
Como abordar técnicas tradicionais e novas
tecnologias”
Matosinhos, Exponor, Concreta 2011, 19 de Outubro
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Conservação e Restauro