IBAMA Introdução a Métodos de Estimativa de Riqueza e Análises de Biodiversidade Instrutor: Marcos Vinícius Carneiro Vital [email protected] Universidade Federal de Alagoas Estrutura do curso - Planejamento, coleta e análise de dados de biodiversidade. - Teoria, exemplos práticos e estudos de caso. - Bases na ecologia e na estatística (especialmente a multivariada). Algumas indicações fundamentais de leitura: - Measuring Biological Diversity, A.E. Magurran. - Ecological Methodology, C.J. Krebs. - Métodos estatísticos multivariados, B.J.F. Manly. - Numerical Ecology, P. Legendre & L. Legendre. E algumas indicações de software gratuitos: - EstimateS e PAST. - The R Project for Statistical Computing - Outros: Biodiversity Pro, PopTools (no Excel), PCORD (apenas multivariada) e outros. Objeto de estudo - Afinal, o que é biodiversidade? - Diversidade: riqueza e equabilidade. - Composição. Objeto de estudo: afinal, o que é biodiversidade? Riqueza: número de espécies. Objeto de estudo: afinal, o que é biodiversidade? Equabilidade: distribuição das abundâncias relativas. Objeto de estudo: afinal, o que é biodiversidade? Composição: a identidade das espécies. Objeto de estudo - Afinal, o que é biodiversidade? - Diversidade: riqueza e equabilidade. - Composição. - Tipos de dados - Número de indivíduos (ou presença/ausência) de cada espécie em amostras/ambientes/locais/etc. Fatores explicativas. ambientais e outras variáveis Planejamento - Objetivos -Teoria, hipóteses e predições. e/ou - Clareza da finalidade do estudo. Planejamento - Objetivos - Delineamento -Planejar com conhecimento prévio de como os dados coletados serão analisados. - Coletar dados que realmente se relacionem com os objetivos e que possibilitem responder de fato as perguntas feitas. Planejamento - delineamento A lógica de se planejar “experimentos”! Um pouco de delineamento experimental. - Alguns termos e conceitos importantes: - Unidades amostrais e amostras. - Réplicas, pseudo-réplicas e independência. - A independência das unidades amostrais é pressupostos de quase todas as análises! Planejamento - delineamento A lógica de se planejar “experimentos”! Um pouco de delineamento experimental. - Algumas dicas simples mas importantes: - O que é uma UA depende da sua pergunta. - Um projeto piloto é sempre útil. - Não saia coletando antes de planejar! - Não reproduza sem uma visão crítica. Planejamento - delineamento A lógica de se planejar “experimentos”! Um pouco de delineamento experimental. - O que deve ser garantido pelo desenho amostral: - Independência das UAs. - Esforço amostral adequado. - Representatividade do ambiente amostrado. - Relativo ao objetivo proposto. - Amplitude relevante das variáveis medidas. Planejamento - delineamento A lógica de se planejar “experimentos”! Um pouco de delineamento experimental. - Problemas e conflitos comuns: - Representatividade local X réplicas independentes para a pergunta realizada. - Transectos enormes X vários transectos. - Ou parcelas, quadrats, etc. - Mistura de gradientes. Planejamento - delineamento - Mais dicas: - A gravidade do uso de pseudo-réplicas depende do cenário e da pergunta! - Se percebermos as pseudo-réplicas após o trabalho, podemos lidar com elas somando informações ou ajustando as conclusões. - E lembre-se: escolher unidades amostrais em campo “no olho” não é aleatório! Coletando - Um breve apanhado dos métodos de coleta. - Treinamento, conhecimento e experiência de campo. - Todos os métodos são tendenciosos! - Padronização do esforço e das unidades. Transectos de observação: aves e mamíferos . Transectos de observação: aves e mamíferos . - Particularidades: - Dependem da experiência do coletor. - Organismos devem ser avistados antes do observador. - Problemas em se avistar espécies crípticas. - Permite estimar a abundância. Câmera armadilha: mamíferos grandes Câmera armadilha: mamíferos grandes - Baixa relação custo/benefício. - Não permitem medir quantidade. - Em alguns casos é possível distinguir indivíduos. Ponto de escuta e playback: aves e anfíbios 50m Ponto de escuta e playback: aves e anfíbios 50m - Não é simples de padronizar (distância de audição). - Não permite medir quantidade. - Espécies que não respondem e espécies que imitam! -Gravações podem ser feitas com pouco treinamento. Rede de neblina: aves e morcegos Rede de neblina: aves e morcegos - Em mata, não coleta espécies de dossel. - Não funciona com espécies de grande porte. - Animais podem ser marcados e soltos. Armadilhas (Sherman e Tomahawck): pequenos mamíferos Armadilhas (Sherman e Tomahawck): pequenos mamíferos - Restrito a espécies pequenas. - Coleta depende da isca. - Aprendizado! - Permite marcação e recaptura. Pitfall: insetos, anfíbios, répteis e pequenos mamíferos Pitfall: insetos, anfíbios, répteis e pequenos mamíferos - Restrito a espécies terrestres. - Coleta pode ser afetada pelo líquido. - Simples, barato e não depende da experiência. Parcelas: plantas - Fácil padronização. - Medidas confiáveis de abundância. Após as coletas – organização dos dados coletados - Siga a regra geral - Unidades amostrais nas linhas, variáveis nas colunas - UA: local, armadilha, quadrat, etc. - Variáveis: espécies, variáveis ambientais, etc. - Valores: abundância, biomassa, presença, etc. Após as coletas – organização dos dados coletados - Siga a regra geral: - Amostras nas linhas, variáveis nas colunas. var1 var2 var3 ... varX sp1 sp2 sp3 a1 25 1500 5 0 1 11 0 3 a2 32 900 3 1 12 0 1 35 a3 29 2300 9 1 34 1 7 0 1 ... aN ... spY Após as coletas – análise - A análise depende dos objetivos. - Deve ser definida antes, no planejamento! - Os métodos em si são só ferramentas. - Cuidado com o apego às hipóteses propostas. - Seja claro e não omita resultados. Após as coletas – análise O que fazer com toda a informação? Extraindo informação dos dados. sp1 sp2 sp3 sp4 sp5 sp6 sp7 sp8 sp9 sp10 a1 14 7 0 8 2 0 2 2 4 4 a2 15 1 1 8 6 0 6 2 4 4 a3 12 5 0 8 0 0 4 2 3 3 a4 15 5 0 4 2 0 0 0 0 4 a5 7 7 0 9 6 10 2 0 7 3 a6 15 0 1 8 6 10 6 2 4 3 a7 4 0 1 7 6 10 0 0 7 2 a8 4 0 1 5 2 5 0 0 7 3 a9 15 3 0 9 6 5 2 0 0 4 a10 13 3 0 7 2 10 6 2 3 4 Após as coletas – análise O que fazer com toda a informação? Extraindo informação dos dados. - Dados X Informação: Dados Informação Após as coletas – análise O que fazer com toda a informação? Extraindo informação dos dados. sp1 sp2 sp3 sp4 sp5 sp6 sp7 sp8 sp9 sp10 a1 14 7 0 8 2 0 2 2 4 4 a2 15 1 1 8 6 0 6 2 4 4 a3 12 5 0 8 0 0 4 2 3 3 a4 15 5 0 4 2 0 0 0 0 4 a5 7 7 0 9 6 10 2 0 7 3 a6 15 0 1 8 6 10 6 2 4 3 a7 4 0 1 7 6 10 0 0 7 2 a8 4 0 1 5 2 5 0 0 7 3 a9 15 3 0 9 6 5 2 0 0 4 a10 13 3 0 7 2 10 6 2 3 4 Após as coletas – análise O que fazer com toda a informação? Extraindo informação dos dados. 120 Abundância 100 80 60 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Ordem das espécies 10 11 12 Índices de diversidade - Riqueza e equabilidade ao mesmo tempo Índices de diversidade - Riqueza e equabilidade ao mesmo tempo - Alguns problemas com seu uso: -“Dilema Tostines”! - Pobreza como descritores. - Escolha arbitrária do(s) índice(s). - Dependência do esforço amostral. - Problemas com a interpretação das medidas. Mão na massa - Usando um gerenciador de planilhas para realizar qualquer análise! - Um exemplo prático: o índice de Shannon - H’ = -Σ(piln(pi)) - J’ = H’/ln(S) - E o índice de Simpson: - D = Σ(pi)2 Medindo a diversidade - Como escolher o melhor índice? - Uma solução é não escolher! - Os perfis de diversidade e a generalização dos índices. - A diferença entre os diversos índices está contida no peso relativo que eles atribuem à equabilidade. Medindo a diversidade - Calculando um perfil de diversidade: a série de Hill. - Na = (p1a + p2a + p3a +...+ psa)1/(1-a) - Entendendo a fórmula: substituindo valores. Medindo a diversidade - Calculando um perfil de diversidade: a série de Hill. Uniforme "Normal" 1 Dominância sp1 10 24 61 sp2 10 20 14 sp3 10 17 7 sp4 10 13 5 sp5 10 10 5 sp6 10 7 3 sp7 10 4 2 sp8 10 2 1 sp9 10 2 1 sp10 10 1 1 Medindo a diversidade - Calculando um perfil de diversidade: a série de Hill. Uniforme "Normal"_1 Dominância 10 Diversidade 9 8 7 6 5 4 3 2 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Valor de a 3 3.5 Medindo a diversidade - Calculando um perfil de diversidade: a série de Hill. "Normal" 1 24 20 17 13 10 7 4 2 2 1 0 0 0 "Normal" 2 42 14 13 8 6 5 3 3 2 1 1 1 1 Medindo a diversidade - Calculando um perfil de diversidade: a série de Hill. "Normal"_1 "Normal"_2 13.2 12 Diversity 10.8 9.6 8.4 7.2 6 4.8 3.6 2.4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 alpha 3 3.5 Como comparar comunidades? - A riqueza é um dos parâmetros mais usados. - Mas cada espécie tem uma identidade própria. Como comparar comunidades? comunidades?! - Composição de espécies. - Grau de semelhança entre as comunidades. Análise de agrupamento - Agrupa objetos, hierarquicamente, de acordo com seu grau de semelhança. 1 – Escolha de uma medida de semelhança. 2 – Cálculo da matriz de similaridade. 3 – Aplicação de um método de agrupamento. 4 – Basta adicionar água! Coeficientes binários - Dados de presença/ausência. Amostra A Amostra B No de spp presentes No de spp ausentes No de ssp presentes a b No de ssp ausentes c d * Coeficiente de Jaccard Sj = a / (a + b + c) Coeficientes binários - Dados de presença/ausência. Amostra A Amostra B No de spp presentes No de spp ausentes No de ssp presentes a b No de ssp ausentes c d * Coeficiente de Sorensen Ss = 2a / (2a + b + c) Coeficientes binários - Dados de presença/ausência. Amostra A Amostra B No de spp presentes No de spp ausentes No de ssp presentes a b No de ssp ausentes c d - Jaccard X Sorensen: qual a diferença? - Peso para as espécies em comum. Coeficientes quantitativos - Dados de abundância, biomassa, etc. * Distância Euclidiana * Distância de Manhattan * Distância de Bray-Curtis - Variação de 0 a 1. * Índice de similaridade de Morisita - Independente do tamanho da amostra! Métodos de agrupamento - A partir da matriz de distância, como construir os agrupamentos? - Cada método funciona como um conjunto de regras sobre e que ordem agrupar. - Lembrando: o resultado depende do método! - Então a decisão deve ser feita antes. Métodos de agrupamento - Passo a passo de todos os métodos. 1 – Encontre o par de amostras mais similar, e agrupe-o. 2 – Encontre o segundo par mais similar, ou a amostra mais similar ao primeiro agrupamento (o que for maior). 3 – Repita até agrupar todas as amostras. Métodos de agrupamento - Cada método muda a forma de definir a similaridade entre uma amostra e um agrupamento existente * Método do vizinho mais próximo. * Método do vizinho mais distante. * Método de ligação média. * UPGMA Transformações e padronizações dos dados * Transformações - Raiz quadrada, log + 1, presença / ausência, etc. * Padronizações - Abundância relativa. - Decisão deve ser tomada antes da análise! - E baseada na teoria.