O que você deve saber sobre
PRONOMES
Pronome é a classe variável de palavras que substitui ou determina
um substantivo, uma expressão ou uma oração. Os pronomes
indicam as três pessoas do discurso, isto é, as que participam ou são
objetos dele.
I. Função substantiva e função adjetiva dos pronomes
Pronome substantivo
Isso foi um grande erro.
 Todos permaneciam em silêncio durante a prova.
 Pronome adjetivo
Meus amigos são somente aqueles três.
 Qualquer indivíduo tem direito à saúde e à educação.
PRONOMES
II. Função coesiva
Pronome substantivo anafórico
 O Brasil possui reservas florestais fundamentais para o controle
da poluição no planeta. Essa condição faz do país centro das
atenções de ativistas ecológicos.
Pronome substantivo catafórico
 A verdade é esta: o Brasil é um país importante quando se trata
de questões climáticas.
PRONOMES
III. Pronomes pessoais
Plural
Singular
Pronomes pessoais retos e oblíquos
PRONOMES
Pessoas
Retos
Oblíquos
Primeira
eu
me, mim, comigo
Segunda
tu
te, ti, contigo
Terceira
ele/ela
o, a, lhe, se, si, consigo
Primeira
nós
nos, conosco
Segunda
vós
vos, convosco
Terceira
eles/elas
os, as, lhes, se, si
III. Pronomes pessoais
Função sintática dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Sujeito
 Elas chegaram atrasadas ao casamento.
Complemento verbal direto e indireto
 O policial de trânsito nos (c.v. direto) orientou sobre o deslizamento
de terra na estrada.
 O diretor ofereceu a mim (c.v. indireto) uma bela proposta
de promoção.
PRONOMES
III. Pronomes pessoais
Função sintática dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Observação
Se precedidos de preposição, os pronomes retos ele, ela, nós
podem exercer a função de complemento verbal.
 A professora atribuiu o mérito a ele e não a nós. (c.v. indireto)
Se precedidos de verbos terminados em r, s ou z, os pronomes
oblíquos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las.
 Ganhou um iPod, mas quis vendê-lo (vender + o).
 A casa? Vendemo-la (Vendemos + a).
 Fez os exercícios? Fi-los (Fiz + os).
PRONOMES
III. Pronomes pessoais
Função sintática dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Observação
Se precedidos de verbos terminados em -m, -ão e -õe, assumem
as formas: no, na, nos, nas.
 Entregaram-no (Entregaram + o) à Justiça.
 As propinas, dão-nas (dão + as) aos amigos.
 As vantagens, propõe-nas (propõe + as) sempre aos amigos.
PRONOMES
III. Pronomes pessoais
Função sintática dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Objeto direto
 O professor avisou-o (a, os, as) da falta.
Objeto indireto
 O professor atribuiu-lhes uma falta.
Observação
 Sou-lhe grato. (complemento nominal do adjetivo grato).
 O namorado beijou-lhe a boca (sua boca). (o pronome lhe é
adjunto adnominal de boca, uma vez que corresponde ao pronome
possessivo sua)
PRONOMES
III. Pronomes pessoais
Função reflexiva ou recíproca
 Maria cortou-se com a faca.
(pronome reflexivo)
 Nós nos machucamos muito com essas brigas constantes.
(pronome recíproco)
 Os torcedores agrediram-se durante o jogo.
(pronome reflexivo recíproco)
PRONOMES
III. Pronomes pessoais
Função reflexiva ou recíproca
Observação
De acordo com a norma culta da língua portuguesa, não se admite o
emprego dos pronomes oblíquos no início dos períodos. Mas esse
emprego é comum na linguagem informal.
 Me diga onde você estava. (em vez de Diga-me onde você estava)
A expressão a gente também é empregada com frequência na
linguagem coloquial, em substituição ao pronome pessoal reto nós.
No entanto, o verbo que a acompanha deve ficar na terceira pessoa do
singular.
 A gente comprou o livro adotado.
(que corresponde a Nós compramos o livro adotado)
PRONOMES
IV. Pronomes de tratamento
Pronome
Abreviatura
Referência
Vossa Alteza
V.A.
príncipes, duques
Vossa Eminência
V. Em.a
cardeais
Vossa Excelência
V. Ex.a
altas autoridades
Vossa
Magnificência
V. Magn.a
ou M.
reitores de
universidades
Vossa
Reverendíssima
V. Revm.a
sacerdotes
em geral
Vossa Santidade
V.S.
papas
Vossa Senhoria
V.S.
Funcionários
graduados
Vossa Majestade
V.M.
reis, imperadores
PRONOMES
IV. Pronomes de tratamento
Empregos dos pronomes pessoais e de tratamento
a) Vossa e sua
 Vossa Senhoria poderia providenciar a documentação que solicitei?
(pessoa com quem se fala)
 Sua Senhoria ainda não providenciou a documentação que solicitei.
(pessoa de quem se fala)
b) Conosco e com nós
 Ele vai conosco, mas volta só.
(sem menção do agente especificador)
 Ele vai com nós três.
(seguido do agente especificador)
PRONOMES
IV. Pronomes de tratamento
Empregos dos pronomes pessoais e de tratamento
c) Eu e mim
 Este livro é para eu ler. (eu é sujeito do verbo ler)
 Ler o livro é fácil para mim.
ou
 É fácil para mim ler o livro.
(sujeito oracional: ler o livro; objeto indireto: para mim)
d) Entre mim ou entre eu?
 Entre mim e ti está tudo acabado.
 Entre mim e você está tudo acabado.
 Entre mim e ela está tudo acabado.
PRONOMES
IV. Pronomes de tratamento
Empregos dos pronomes pessoais e de tratamento
Observação
Pronomes de tratamento concordam com a terceira pessoa do
verbo.
 Você chegou atrasado para o jantar!
 O senhor pode entrar agora.
Na linguagem coloquial é comum o emprego de seu e dona como
pronomes de tratamento.
 Queira sentar-se, seu João.
 Como vai, dona Maria?
PRONOMES
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
2
(PUC-SP)
Observe os fragmentos:
I. “... custou-lhe a história uma forte sarabanda...”
II. “... o amor e o ciúme lhe ocupavam a alma...”
O “lhe”, pronome pessoal do caso oblíquo átono, pode exercer diferentes funções sintáticas.
Depois de analisar os trechos acima, assinale a alternativa que indica a função exercida por esse pronome em cada um dos
fragmentos, respectivamente:
a) objeto indireto – objeto indireto
b) complemento nominal – adjunto adnominal
c) adjunto adnominal – adjunto adnominal
d) objeto indireto – adjunto adnominal
e) objeto indireto – complemento nominal
RESPOSTA: D
PRONOMES — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
4
(Fuvest-SP, adaptado)
Ao se discutirem as ideias expostas na assembleia, chegou-se à seguinte conclusão: pôr em confronto ESSAS IDEIAS com
outras menos polêmicas seria avaliar melhor o peso DESSAS IDEIAS, à luz do princípio geral que vem regendo
AS MESMAS IDEIAS.
Transcreva o texto, substituindo as expressões destacadas
por PRONOMES PESSOAIS que lhes sejam correspondentes
e efetuando as alterações necessárias.
RESPOSTA:
Ao se discutirem as ideias expostas na assembleia, chegou-se
à seguinte conclusão: pô-las em confronto com outras menos
polêmicas seria avaliar melhor o peso delas, à luz do princípio
geral que as vem regendo.
PRONOMES — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
5
(UFV-MG)
Essas mães maravilhosas e suas máquinas infantis
1 Flávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam-na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade – imaginem – se limitava a brincar e ir
à escola. Andava em total descompasso com os outros meninos, que já desenvolveram múltiplas e variadas atividades desde a
mais tenra idade. O recorde, por sinal, pertencia ao garoto Peter, filho de uma brasileira e um canadense, nascido em Nova
Iorque. Peter, tão logo veio ao mundo entrou para um curso de amamentação (“Como tirar o leite da mãe em 10 lições”). A
mãe descobriu numa revista uma pesquisa feita por médicos da Califórnia informando sobre a melhor técnica de mamar
(chamada técnica de Lindstorm, um psicanalista, autor da pesquisa, que para realizar seu trabalho mamou até os 40 anos). A
maneira da criança mamar, afirmam os doutores, vai determinar suas neuroses na idade adulta.
2 Uma tarde, Flávia percebeu duas mães cochichando sobre seu filho: que se pode esperar de um menino que aos seis anos só
brinca e vai à escola? Flávia começou a se sentir a última das mães. Pegou o marido pelo braço dizendo que os
dois precisavam ter uma conversa com o filho.
3 – O que você gostaria de fazer, Paulinho? – perguntou o pai dando uma de liberal que não costuma impor suas vontades.
4 – Brincar...
5 O pai fez uma expressão grave.
6 – Você não acha que já passou um pouco da idade, filho? A vida não é uma eterna brincadeira. Você precisa começar a
pensar no futuro. Pensar em coisas mais sérias, desenvolver outras atividades. Você não gostaria de praticar algum esporte?
7 – Compra um time de botão pra mim.
8 – Botão não é esporte, filho.
9 – Arco e flecha!
10 Os pais se entreolharam. Nenhum dos meninos do prédio fazia curso de arco e flecha. Paulinho seria o primeiro. Os
vizinhos certamente iriam julgá-lo uma criança anormal. Flávia deu um calção de presente ao garoto e perguntou por que ele
não fazia natação.
11 – Tenho medo.
12 Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho
ainda quis argumentar. Sugeriu alpinismo. Foi a vez de os pais tremerem. Mas o medo dos pais é outra história. Paulinho
entrou para a natação. Não deu muitas alegrias aos pais. Nas competições chegava sempre em último, e as mães dos
coleguinhas continuavam olhando Flávia com uma expressão superior. As mães, vocês sabem, disputam entre elas um torneio
surdo nas costas dos filhos. Flávia passou a desconfiar de que seu filho era um ser inferior. Resolveu imitar as outras mães, e
além da natação colocou Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes, inglês, judô, francês, terapeuta, logopedista 1.
Botou até aparelho nos dentes do filho. Os amiguinhos da rua chamavam Paulinho para brincar depois do colégio.
13 – Não posso, tenho aula de hipismo.
14 – Depois do hipismo?
15 – Vou pro caratê.
16 – E depois do caratê?
PRONOMES — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
5
17 – Faço sapateado.
18 – Quando poderemos brincar?
19 – Não sei. Tenho que ver na agenda.
20 Paulinho andava com uma agenda Pombo debaixo do braço. À noitinha chegava em casa mais cansado do que o pai em dia
de plantão. Nunca mais brincou. Tinha todos os brinquedos da moda, mas só para mostrar aos amiguinhos do prédio. Paulinho
dava um duro dos diabos. “Mas no futuro ele saberá nos agradecer”, dizia o pai. O garoto estava sendo preparado para ser um
super-homem. E foi ficando adulto antes do tempo, como uma fruta que amadurece de véspera. Um dia Flávia flagrou o filho
com uma gravata à volta do pescoço tentando dar um laço. Quando fez sete anos disse ao pai que a partir daquele dia queria
receber a mesada em dólar. Aos oito anos abriu o berreiro porque seus pais não lhe deram um cartão de crédito de presente.
Com oito anos, entre uma aula de xadrez e de sânscrito2, Paulinho saiu de casa muito compenetrado. Os amiguinhos da rua
perguntaram aonde ele ia:
21 – Vou ao banco.
22 Caminhou um quarteirão até o banco, sentou-se diante do gerente, pediu sugestões sobre aplicações e pagou a conta de
luz como um homenzinho. A façanha do garoto correu o prédio. A vizinhança começou a achá-lo um gênio. As mães dos
amiguinhos deixaram de olhar Flávia com superioridade. Os pais, enfim, puderam sentir-se orgulhosos. “Estamos educando o
menino no caminho certo”, declarou o pai batendo no peito. Na festa de 11 anos, que mais parecia um coquetel do corpo
diplomático, um tio perguntou a Paulinho o que ele queria ser quando crescesse.
23 – Criança!
24 Paulinho cresceu. Cresceu fazendo cursos e mais cursos. Abandonou a infância, entrou na adolescência, tornou-se um
jovem alto, forte, espadaúdo3. Virou Paulão. Entrou para a faculdade, formou-se em Economia. Os pais tinham sonhos de vê-lo
na Presidência do Banco Central. Casou com uma jornalista. Paulão respirou aliviado por sair debaixo das asas da mãe, que
até às vésperas do casamento queria colocá-lo num curso de preparação matrimonial. Na lua de mel, avisou à mulher que iria
passar os dias em casa dedicando-se à sua tese de mestrado. A mulher ia e vinha do emprego e Paulão trancado no seu
gabinete de estudos. Uma tarde, o marido esqueceu de passar a chave na porta. A mulher chegou, abriu e deu de cara com
Paulão sentado no tapete brincando com um trenzinho.
NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista
e outras crônicas. 7. ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 15-17.
1Logopedista
– pessoa que se dedica à ciência de corrigir defeitos de pronúncia.
– antiga língua sagrada e literária da Índia.
3Espadaúdo – que tem ombros largos.
2Sânscrito
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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
5
A alternativa em que a palavra ou a expressão em destaque NÃO se refere ao pronome em destaque é:
a) “... olhavam-NA com um ar de superioridade.” (par. 1; na = Flávia)
b) “... vai determinar SUAS neuroses na vida adulta”.
(par. 1; suas = da criança)
c) “VOCÊ não gostaria de praticar algum esporte?“
(par. 6; você = Paulinho)
d) “As mães, VOCÊS sabem, disputam entre elas um torneio surdo...”
(par. 12; vocês = os leitores)
e) “... um tio perguntou a Paulinho o que ELE queria ser...”
(par. 22; ele = um tio)
RESPOSTA: E
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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
7
(Fuvest-SP)
– Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de D.
Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares,
nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer
que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: – Aqui estou. Para que
me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: – Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos,
os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de
tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os
olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia.
ASSIS, Machado de.
Memórias póstumas de Brás Cubas.
No trecho, “pisou-lhe o pé”, o pronome “lhe” assume valor possessivo, tal como ocorre em uma das seguintes frases, também
extraídas de Memórias póstumas de Brás Cubas:
a) “Falei-lhe do marido, da filha, dos negócios, de tudo”.
b) “Mas enfim contei-lhe o motivo da minha ausência”.
c) “Se o relógio parava, eu dava-lhe corda”.
d) “Procure-me, disse eu, poderei arranjar-lhe alguma coisa”.
e) “Envolvida numa espécie de mantéu, que lhe disfarçava as
ondulações do talhe”.
RESPOSTA: E
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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
11
(UFSCar-SP)
Tu amarás outras mulheres
E tu me esquecerás!
É tão cruel, mas é a vida. E no entretanto
Alguma coisa em ti pertence-me!
Em mim alguma coisa és tu.
O lado espiritual do nosso amor
Nos marcou para sempre.
Oh, vem em pensamento nos meus braços!
Que eu te afeiçoe e acaricie...
(...)
BANDEIRA, Manuel. A vigília de Hero.
Em: O ritmo dissoluto. Poesia completa e prosa. 2. ed.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. p. 224.
Manuel Bandeira usa, no poema, os pronomes pessoais com muitas variações. O pronome pessoal de primeira pessoa do
singular, por exemplo, está empregado na sua forma reta e nas formas oblíquas (eu, me, mim). O mesmo acontece com o
pronome pessoal de
a) segunda pessoa do singular.
b) terceira pessoa do singular.
c) primeira pessoa do plural.
d) segunda pessoa do plural.
e) terceira pessoa do plural.
RESPOSTA: A
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Função sintática dos pronomes pessoais retos e oblíquos III