ESCOLA BÍBLICA
(Escola da Fé)
EVANGELHO SEGUNDO
MATEUS
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
LEVA A VIDA
(Mateus 27,62-28,15)
Pensamos que a morte é a última palavra sobre a
nossa vida, assim como, a essa altura, pensamos que
a morte do Jesus tenha posto fim a sua vida e ao
projeto da justiça. Mas Deus e a sua justiça nos
apresentam o desafio: Jesus está vivo, e o projeto da
justiça vai continuar!
A ressurreição tem dois aspectos. O primeiro é
misterioso e impenetrável para nós, ao menos por
enquanto: Jesus ressuscitou na vida de Deus.
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Todavia, sabemos que Deus é Vida. Onde houver
vida, portanto, inclusive a nossa, Deus aí está, e
Jesus, o Homem com Deus, está aí também. O
segundo aspecto é histórico e visível: Jesus
ressuscitou na fé dos cristãos. "A memória do justo é
para sempre", diz o salmo 112,6; e o livro da
Sabedoria acrescenta "porque a justiça é imortal"
(veja Sabedoria 1,15). Através de todos os cristãos
comprometidos com Jesus e seu projeto, Jesus
continua vivo e a justiça continua o seu caminho,
iluminando as trevas da injustiça.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
A última página de todos os evangelhos é de fé e
esperança. A fé nos leva a crer que a justiça é o nosso
caminho e que, através da nossa palavra e ação,
poderemos confiar num mundo novo, onde haverá
liberdade e vida para todos.
Do que as autoridades tem medo? (ler 27,62-66)
Enquanto as mulheres esperam uma boa novidade, as
autoridades religiosas (sumos sacerdotes e fariseus)
temem uma novidade que não seja boa para seus
interesses (27,62-66). Lembram-se de que Jesus
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prometeu ressuscitar depois de três dias, pois
conhecem muito bem a profecia de Oséias: "Depois
de dois dias nos fará reviver, no terceiro dia nos
levantará" (veja Oséias 6,2). E as autoridades têm
medo de que Jesus ressuscite mesmo, atrapalhando a
vida delas, nada voltada para a justiça. Não tem
escrúpulos em dizer que tudo isso é mentira, e que os
discípulos poderiam enganar o povo. A que ponto se
chega: dizer que a verdade é mentira...
Pilatos concorda, pois autoridade com autoridade
sempre se entendem. Manda guardar o sepulcro em
segurança e lacrar a pedra de entrada. O que
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pretendem, no fundo, é manter Jesus e seu projeto de
justiça mortos para sempre. O justo e a justiça são
perigosos, e é preciso tomar todos os cuidados...
Alegrem-se! Jesus está vivo! (ler 28,1-10)
A ressurreição de Jesus é anunciada de forma muito
simples, mas cheia de significados (28,1-10). Duas
mulheres vão a sepultura, depois do repouso sabático
(e por que sempre as mulheres?). Elas
testemunharam a morte e a sepultura de Jesus. Agora
vão ali, a espera do que? No mesmo lugar estavam os
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guardas destacados por Pilatos. Elas, representantes
do compromisso com Jesus, esperam que aconteça
alguma coisa. Eles, representantes dos inimigos,
esperam que nada aconteça.
Mas acontece. O anjo do Senhor é uma forma do
próprio Deus se manifestar. Sua aparência e de
relâmpago, e suas vestes são brancas, a forma como
os antigos costumavam representar a glória. Os
guardas ficam paralisados: é o poder do inimigo que,
contra Deus, não pode mais nada. O anjo retira a
pedra do sepulcro e depois senta-se nela. O que
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significa isso? Significa que Jesus não está mais preso
ao poder da morte a que o condenaram. Significa
também que o projeto da justiça que Deus quer
também não vai ficar abafado como coisa passada
que não deu certo.
Notemos que não se fala cruamente da ressurreição.
Ninguém descreve Jesus saindo do túmulo, como se
representa em certos santinhos. O texto dos
evangelhos é muito sóbrio: o túmulo está aberto, isto
é, Jesus não está morto. Quem quiser, que entre para
verificar. Só vai encontrar um túmulo vazio. Jesus
não está mais aí. E onde então estará?
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Aqui vem a mensagem do anjo que, em hebraico,
significa mensageiro: Vocês procuram o Jesus morto?
Ele não está aqui, numa sepultura. Ele ressuscitou,
como havia dito! Logo percebemos que este é o
anúncio fundamental da fé, repetido por todos os que
se comprometeram com Jesus e seu projeto. A seguir,
o anjo manda que elas se dirijam aos discípulos,
anunciem sua ressurreição e digam que Jesus "vai à
frente" deles para a Galileia. Por que a Galileia? Foi
naquela região que Jesus começou sua atividade
(reveja 4,12-17), anunciando e praticando a justiça. A
fé em Jesus ressuscitado aparece como convite: voltar
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a acompanhar Jesus, continuando sua palavra e ação.
Não foi assim que os discípulos começaram a seguilo? (reveja 4,18-22).
Em meio ao medo e a alegria, as mulheres se
encontram com Jesus (elas, novamente). Jesus as
saúda e tranquiliza: Não tenham medo! Ou seja,
pode-se lutar pela justiça, sem temor da morte. Jesus
lutou, foi morto, mas ressuscitou. Agora vai continuar
a luta exatamente onde a havia iniciado. O
importante é que todos os seus seguidores se reúnam
com ele na Galileia, a terra das nações, naquele
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tempo uma figura do mundo que ainda não conhece o
Deus justo.
Por que as autoridades tem tanto medo?
(ler 28,11-15)
Enquanto as duas mulheres vão dar a notícia aos
discípulos, os soldados vão dar a notícia às
autoridades (sumos sacerdotes e anciãos, 28,11-15).
Reúne-se, portanto, o grande conselho. E agora,
curiosamente, já que não conseguiram impedir os
fatos, não conseguiram mesmo matar a Jesus, vão
tentar negar os fatos. O dinheiro, na quantia certa,
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compra qualquer coisa. Já que a causa de Jesus, ou a
causa da justiça, não foi impedida por motivos
"religiosos" e políticos, agora a questão vai pelo "ferro
e fogo", isto é, pelo dinheiro que, para muitos, é deus
(reveja 6,24).
A preço de suborno as pessoas são enganadas e
passam a acreditar que Jesus e sua causa não
merecem crédito nem confiança. Até hoje a coisa
funciona. As autoridades injustas são outras, mas o
suborno continua o mesmo. Quem é que não está
disposto a receber uma "grande soma em dinheiro", e
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ainda ficar de bem com os poderosos? Somente
aqueles que se comprometeram com a justiça
anunciada e praticada por Jesus.
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Para refletir em grupos
1. Por que é que as únicas pessoas que estavam
presentes a morte, sepultura e ressurreição de Jesus
eram mulheres?
2. Por que as autoridades estão sempre interessadas
em manter Jesus fechado numa sepultura?
3. É na Galileia que Jesus vai se encontrar com os
seus seguidores. Por quê?
4. Toda pessoa tem seu preço. Qual é o seu?
5. O que é a ressurreição?
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JUSTIÇA PARA TODOS
(Mateus 28,16-20) Ler
A última página de todos os evangelhos apresenta
um convite. O leitor que chegou até aqui é convidado
agora a continuar, prolongando a palavra e a ação de
Jesus. Assim Jesus continua presente e atuante em
nosso meio. E os evangelhos foram escritos
exatamente para isso: produzir a conversão e o
compromisso com Jesus e seu projeto. Para nós,
então, o convite se transforma em ordem que leva a
missão. Poderíamos dizer que a última linha dos
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evangelhos está sempre em branco. O que fazer com
ela? Escrever aí o nosso nome, selando um termo de
compromisso: eu, fulano de tal, aceito o compromisso
com Jesus e com sua causa. Vou continuar o anúncio
e a prática da justiça que ele começou.
Galileia, o ponto de partida
Os onze discípulos deram ouvidos ao recado de Jesus
ressuscitado (veja 28,7.10), e se dirigem para a
Galileia. Não se fala mais dos "doze" porque Judas, o
traidor, personifica todos aqueles que não
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concordaram, não aceitaram ou não se comprometeram com a pessoa e a causa de Jesus.
Por que a Galileia? Porque foi nessa região que Jesus
começou e desenvolveu toda a sua atividade,
inteiramente voltada para o anúncio da justiça que
Deus quer. E aprendemos então que o encontro com
Jesus ressuscitado se realiza dentro do anúncio e da
prática da justiça. Mas tem mais. Depois de anunciar
e praticar a justiça na Galileia, Jesus foi para
Jerusalém, o centro do seu povo, para fazer a mesma
coisa. Mas foi rejeitado e morto, ou seja, as
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autoridades religiosas e políticas traíram a Deus e ao
povo, levando Jesus e sua causa a morte.
Aqui a Galileia se torna um novo ponto de partida. A
região ficava na fronteira com os povos pagãos. Agora
o anúncio e a prática de Jesus vão ser propostos a
todo o resto da humanidade. Através dos discípulos
comprometidos, todos vão poder entrar em contato
com a pessoa, palavra e ação de Jesus. O que
aconteceu na Palestina daquele tempo vai ser
proposto há todos os tempos e lugares, porque a
justiça não conhece tempo nem espaço, e nem limites.
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Em qual montanha?
As montanhas são importantes neste evangelho, mas
é inútil querermos encontrá-las geograficamente.
Temos a montanha da tentação (veja 4,8), onde Jesus
renunciou ao poder e a riqueza. Temos depois a
montanha onde foi proclamada a felicidade que vem
da justiça (veja 5,1). E, finalmente, a montanha da
glória de Jesus, indicando a vitória do justo (veja
17,1). Em outras palavras, as montanhas mostram o
caminho de Jesus, que triunfou sobre as tentações da
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injustiça para produzir o Reino de Deus, através do
anúncio e da prática da justiça. É nessas montanhas
que poderemos encontrar Jesus.
Fé e dúvida
Todos os discípulos se prostram diante de Jesus, num
gesto de adoração. Mas há um pormenor que
perturba: alguns duvidam. Duvidam do quê? Após ler
todo este evangelho, podemos dizer que ainda
duvidam que o justo e a prática da justiça poderão
vencer todo o mal que diminui a liberdade e a vida
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das pessoas. A ambiguidade continua, mesmo no
meio dos que se comprometeram com Jesus. O que
significa isso? Olhemos para dentro de nós mesmos e
coloquemos o nosso íntimo na balança: estamos
convencidos de que "a justiça é imortal"? (veja
Sabedoria 1,15).
Autoridade universal de Jesus
Jesus agora está sentado à direita do trono do Pai e,
portanto, tem autoridade sobre o céu (esfera divina) e
a terra (esfera humana). É o triunfo do homem que
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obedece ao projeto de Deus. Este homem pode agora
julgar a todos (veja 25,31-46).
E o que Jesus tem a dizer àqueles que desejam seguilo? Simplesmente continuar a sua missão. Esta
começou com o batismo, onde ele recebeu o Espírito
que o levou ao anúncio e a prática da justiça. Pelo
batismo todos nós nos tornamos filhos de Deus e
irmãos de Jesus, continuando a missão de Jesus,
iluminados pelo Espírito que ensinará tudo o que
dizer e fazer (veja 10,19-20).
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A continuação da ordem e "ensinar a observar tudo o
que Jesus ordenou aos discípulos". Em outras
palavras, tudo o que Jesus mostrou e ensinou sobre a
prática da justiça. E através dela que o Reino de Deus
vem até a humanidade, trazendo liberdade e vida
para todos.
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"Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim
do mundo“
A última palavra do evangelho de Mateus relembra a
promessa feita no início do livro: "Ele será chamado
pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está
conosco" (veja 1,23). Jesus estará sempre junto com
aqueles que se comprometeram com ele e seu projeto
de justiça, até o fim do mundo. Por quê? Porque
depois estaremos junto com o Pai, para sempre, como
diz o antigo hino: "Então o próprio Filho se
submeterá àquele que tudo lhe submeteu, para que
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Deus seja tudo em todos" (veja 1Coríntios 15,28).
É isso nos faz pensar. Os que conheceram Jesus querem
ficar com ele para sempre. Os que ainda não o conhecem
têm um desejo misterioso, ou melhor, um pressentimento
de que existe um desconhecido no meio deles (veja João
1,26), e que esse desconhecido pode lhes revelar o
caminho da justiça. Por que não vamos nós até essas
pessoas angustiadas e desesperadas, revelando o nome
desse desconhecido, e mostrando o que ele disse e fez? O
Pai ganhará mais um filho, este filho ganhará muitos
irmãos e, todos juntos, continuaremos a luta pela justiça,
que trará liberdade e vida para todos...
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Para refletir em grupos
1. Os discípulos se encontraram com Jesus na
Galileia. O que significa a Galileia hoje?
2. Em qual montanha podemos nos encontrar com
Jesus?
3. Por que Jesus tem autoridade universal? O que dá
autoridade a uma pessoa?
4. O que Jesus nos ensinou no decorrer de todo este
evangelho?
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5. Jesus está junto com todos os que praticam a
justiça. Comente com exemplos.
6. Se você quisesse encontrar Jesus, onde o iria
procurar?
F I M...