Três premissas e uma derivação Premissas: Felicidade é: buscar o prazer e fugir da dor A felicidade é intrinsecamente boa, é a única coisa desejável como fim. A utilidade é o Princípio da Maior Felicidade Não existem valores incomensuráveis Derivação: A felicidade é calculável, comparável e cumulativa. Para Bentham, a felicidade se mede pela intensidade e duração. É possível comparar diferentes felicidades em uma escala unilinear de Felicidade Geral. Exemplo: mendigos e bem-estar Dois atrativos: 1. Sistema não transcedental Não depende de premissa divina, mas tampouco colide com ela. Não importa se somos “filhos” de Deus ou temos alma, se temos livre arbítrio ou não, todos somos passíveis de sofrimento e felicidade. “Se for verdadeira a crença de que Deus deseja, acima de todas as coisas, a felicidade das suas criaturas, e que foi este o propósito da sua criação, a utilidade, além de não ser uma doutrina alheia a Deis, é mais profundamente religiosa do que qualquer outra” 2. Consequencialismo O que importa são as consequências das ações. Em relação à própria ação, suspensão moral. Sobre o caso do “canibal alemão” um utilitarista perguntaria: quais são as más consequências do evento? [Sentido progressista: “O código ético aceito não tem qualquer autoridade divina”] Sobre um homem que se lança ao mar para salvar um afogado em busca de recompensa financeira um utilitarista perguntaria: quais são as más consequências do evento? [“Choque”com “moralidade comum”] Nem sempre as consequências imediatas são as mais relevantes: “Visto que qualquer desvio da verdade, mesmo que não seja intencional, contribui muito para debilitar a confiança nas afirmações humanas, sentimos que a violação de uma regra que tem uma conveniência tão transcendente para uma vantagem imediata não é conveniente, e que aquele que, em função de algo que é conveniente para si próprio ou para outro indivíduo, faz o que está ao seu alcance para privar os seres humanos do bem e infligir-lhes o mal que está em questão na maior ou menos confiança que podem depositar na palavra de cada um , desempenha o papel de um dos seus piores inimigos.” Stuart Mill e os prazeres Contra os que dizem ser o utilitarismo doutrina dos porcos por supor o prazer como finalidade última: “Os seres humanos são capazes de prazeres além daqueles sensíveis aos porcos” “Os prazeres de uma besta não satisfazem as concepções de felicidade de um ser humano” “Poucas criaturas humanas consentiriam ser transformadas em qualquer dos animais inferiores perante a promessa da plena fruição dos prazeres de uma besta” “É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito” Diferentes qualidades do prazer: Superiores, intelectuais Inferiores, sensoriais. Os homens apenas entregues a estes têm vida insatisfatória. Tensão: De um lado: “Quanto à escolha entre a sua própria felicidade e a felicidade dos outros, o utilitarismo exige que ele seja tão estritamente imparcial como um espectador benevolente e desinteressado.” (Mill, Utilitarismo) De outro lado: “O único fim para o qual os seres humanos estão autorizados a interfirir individual ou coletivamente na liberdade de ação de qualquer indivíduo é a sua própria proteção” (Mill, Sobre a Liberdade) [Premissa: indivíduo desinteressado] [Premissa: indivíduo voltado apenas para o próprio bem] É permissível limitar a liberdade individual para produzir maior felicidade total? Do “acordo” entre privado e público: dois argumentos 1. Argumento preliminar: ele [o acordo] não é tão necessário... “As ocasiões em que qualquer pessoa (exceto uma em mil) tem o poder de a multiplicar a uma escala abrangente (por outras palavras, de ser um benfeitor público), são excepcionais, e apenas nessas ocasiões uma pessoa é chamada a considerar a utilidade pública; em todos os outros casos, a utilidade privada, o interesse ou felicidade de apenas algumas pessoas, é tudo aquilo a que tem de dar atenção” 2. Pode ser mediado pelas leis, instituições, educação e opinião: “Quanto aos meios para a máxima aproximação a este ideal, a utilidade prescreve, em primeiro lugar que as leis e estruturas sociais coloquem tanto quanto possível a felicidade ou o interesse de qualquer indivíduo em harmonia com o todo e, em segundo lugar, que a educação e a opinião, que têm um poder grande sobre o caráter humano, usem este poder para estabelecer uma associação indissolúvel entre a sua própria felicidade e o bem comum” Da crença no progresso “A maior parte dos grandes males do mundo é removível e, se os assuntos humanos continuarem a melhorar, acaba’ra por ficar confinada a estreitos limites. A pobreza, que implica sempre sofrimento, poderá ser completamente eliminada através da sabedoria da sociedade, combinada com o bom senso e a providência dos indivíduos. Mesmo a doença, o mais intratável dos inimigos, pode ver indefinidamente reduzida a sua dimensão graças a uma boa educação, tanto física como moral – o progresso da ciência, aliás, promete um futuro com conquistas ainda mais diretas a este iminigo detestável. (…) Quanto às vicissitues da vida e a outros desapontamentos relacionados com circunstâncias mundanas, eles são principalmente o efeito de grandes imprudências, de desejos mal regulados ou de instituições sociais más ou imperfeitas. Em suma, todas as grandes fontes do sofrimento humano são subjugáveis num grau elevado pela diligência e esforço humanos” Referência bibliográfica Stuart Mill. Utilitarismo. Portugal: Porto Editora, 2005