Oficina sobre Resumos e
Memoriais
Ministrantes:
Nonato Furtado
Vicente
Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Lingüística –
PPGL/UFC
Bolsistas do Programa REUNI de orientação e operacionalização
da Pós-Graduação articulada à graduação -PROPAG
Resumos
O Resumo do trabalho deverá ser digitado
em fonte 12 “Times New Roman” com
espaçamento
entre
linhas
simples,
alinhamento justificado, em um único
parágrafo, com mínimo de 1400 e máximo
de 2000 caracteres.
Conteúdo:
introdução;
objetivos;
metodologia;
resultados e a conclusão do trabalho,
mesmo que parcialmente.
Alguns resumos:
Exemplo 01;
 Exemplo 02;

“Cada vida humana se revela até em seus aspectos
menos generalizáveis como síntese vertical de uma
história social” (Ferraroti, 1990:50)
Sendo o memorial de formação um texto
narrativo de cunho autobiográfico, no qual as
memórias educacionais devem ser apresentadas
de forma articulada às experiências de formação,
dessa definição emergem, no mínimo, dois
conceitos: narrativa e memória.
Walter Benjamin (1994) atribui à narrativa
grande importância, caracterizando-a como
a faculdade de intercambiar experiências.
Como “as ações da experiência estão
em baixa” (p.198), a arte de narrar está
em vias de extinção.
Vivemos num mar de histórias, e como os
peixes que (de acordo com o provérbio)
são os últimos a enxergar a água, temos
nossas
próprias
dificuldades
em
compreender o que significa nadar em
histórias.
E a memória?
É um processo ativo de ressignificação de um
passado que se reconstrói dinamicamente na
sua relação com o presente. Nesse sentido,
necessário será desmistificar algumas idéias
correntes sobre ela: memória como
mecanismo de registro e retenção, depósito de
informações; como algo acabado no passado e
que se transporta para o presente, ou então,
algo que se resgata desse passado. (Meneses,
1992).
Concordando com Bosi (1979:17), no seu
clássico trabalho sobre lembranças de
velhos, memória é “trabalho”; “lembrar não
é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar,
com imagens e idéias de hoje, as
experiências do passado”.
Qual a diferença entre
memorial e relato histórico?
Uma narrativa histórica tem a
preocupação em refazer (contar, narrar) a
trajetória de uma pessoa, em um
determinado tempo, dos fatos relevantes
que vêm à memória do autor. Esta narrativa
pode conter diversas passagens da sua
trajetória individual no tempo.
E o memorial?
É um relato que reconstrói a trajetória
pessoal, mas que tem uma dimensão
reflexiva, pois implica que quem relata se
coloca como sujeito que se autointerroga e deseja compreender-se
como o sujeito de sua própria história.
Assim, é um esforço de organização e
análise do que vivemos. Esta diferença entre
vivência e experiência é importante.
A experiência, ao contrário da vivência, é
refletida, pensada, e pode-se tornar algo
consciente que construirá uma nova
identidade, ou seja, um outro jeito de
olharmos e pensarmos o mundo. Para
ilustrar, seria possível dizer que é como
olhar a vida através de um “retrovisor”.
Alguns aspectos para auxiliá-lo:



A sua trajetória familiar é muito importante:
pais, avós, tios, etc. Destacando aspectos
relevantes de sua estrutura familiar.
Identifique a localidade e sua vivência como
agente social (igreja, participação política, de
trabalho social ou comunitário) no tempo.
Destaque fatos marcantes em sua vida:
pessoas que o incentivam ou influenciaram,
seus sonhos.


Enfatize a sua trajetória educacional: escolas
por onde passou, professores relevantes,
atividades prazerosas ou não da escola, a luta
para passar no vestibular e a sua vivência
como universitário.
Relacione o seu papel como agente social
com as ações coletivas que estão sendo
desenvolvidas no lugar onde você atua. Em
outras palavras, relacione o que faz e deseja
com as tradições, práticas e ações da
comunidade (nem sempre elas coincidem);
Alguns exemplos:
“Após a morte de meu pai, a nossa vida familiar mudou muito, as
coisas ficaram muito ruins. Minha mãe estava sozinha para
sustentar sete de seus oito filhos. Ela se desdobrava e trabalhava
sozinha na loja o dia inteiro sem ter quem a ajudasse, às vezes,
um dos meus irmãos mais velhos a ajudava. Pelo fato de minha
mãe passar o dia fora, eu tinha uma certa liberdade para fazer o
que quisesse, andava sozinho pela cidade e faltava as aulas às
vezes. Minha mãe não podia estar presente para cuidar melhor
de mim, por isso, fui aprendendo a me virar sozinho, a não ser
tão dependente. Nessa época, os conflitos familiares se
tornaram mais intensos, pois meus irmãos mais velhos já eram
adolescentes, todos com os nervos à flor da pele,
principalmente uma irmã mais velha que ainda estava em casa,
Marliene, a outra que queria ser paquita.”
M. G.M
Costurando andanças em busca de objetivos
Em meados da adolescência, conheci o recém-formado Projeto
Educacional Coração de Estudante – PRECE. A ousadia das pessoas
envolvidas nesse projeto me chamava muita a atenção. Na época eu já
morava em Fortaleza na casa de Ana Maria e Andrade. Como eles
retornavam todos os finais de semana para trabalhar no PRECE na
comunidade do Cipó, em Pentecoste, eu retornava com eles e tinha a
oportunidade de visitar esse projeto e a minha família que morava a 18
km dali.
Com as minhas andanças naquela localidade, deparava-me com uma
casa de fazer farinha, desativada, que acomodava estudantes interessados
em estudar.Em todos os lugares da casa eu encontrava pessoas com
livros nas mãos, compenetrados na leitura, outras vezes, estudavam em
grupo, discutindo os conteúdos. Tudo que eu presenciava estava voltado
para a aprendizagem.
Eu ficava admirada com o que via, mas não me imaginava sendo uma
daqueles estudantes. Além de tudo, nem energia elétrica tinha naquela
casa, isto seria muito difícil para mim, estudar à luz de uma lamparina ou
de uma vela, e o ambiente tinha máquina, forno, um espaço aberto, chão
esburacado, sem aparência de escola, aquilo não me era estimulante.
Uma realidade totalmente distante da escola que eu estudava em
Dificuldades
Meu pai sempre foi agricultor, trabalhando em pequena
propriedade rural da própria família, nunca teve condições de comprar
uma outra maior. Estudou apenas até a 1ª série do ensino fundamental,
saindo da escola porque precisava ajudar em casa. Naquela época,
principalmente na zona rural a única escola que havia, ficava muito distante
e na maioria dos casos, a 4ª série era o grau máximo ofertado.
Na minha infância ajudava meu pai na roça. Não gostava do que
fazia, mas precisava ajudá-lo, se não nem o mínimo de subsistência a minha
família teria. E o mesmo acontecia com os meus vizinhos, muitas vezes eu
ficava observando o quanto na zona rural a vida é pacata. Todos os dias era
a mesma coisa, ao amanhecer o dia os pais de família e seus filhos iam à
roça, voltando ao meio dia, à tarde retornavam, voltando novamente ao
entardecer. No próximo dia, o ciclo se repetia. Eu ficava pensando, essas
pessoas não merecem viver dessa forma. A maioria delas não possui
consciência crítica, e o grau de estudo é o mínimo possível. Algumas vezes
ficava comovido ao presenciar todo aquele processo, no qual minha família
também ainda hoje faz parte. Ainda passo por momentos difíceis. Quanto
ao ingresso no ensino superior, fiquei restrito ao vestibular da UFC, porque
é a única universidade no estado que oferece o programa de residências
para os estudantes universitários carentes economicamente. Não teria
condições de vir para Fortaleza estudar, sem essa ajuda da universidade.
Esta metodologia de ensino aprendizagem me proporcionou bastante
estímulo, visto que nós cooperávamos entre si, construindo mutuamente o
conhecimento que precisávamos para passar no vestibular. Ao mesmo tempo em
que eu compreendia um determinado conteúdo, e percebia que outros estudantes
ainda não haviam compreendido, eu me motivava a ajudá-los no entendimento
desse assunto. Em virtude disso, eu mudei a minha forma de aprender e ver o
mundo. Isso foi uma importante conquista e um grande privilégio que só foram
superados pela inusitada experiência de estudar no mesmo grupo de estudo com
meu pai..
Conhecedora do que havia aprendido no decorrer do ano e curiosa para
saber a sensação de participar de um concurso, decidi fazer o exame de vestibular
na UFC para o curso de Zootecnia. Meu pai também prestou o mesmo exame, mas
para o curso de Agronomia. Fomos classificados na primeira fase, mas infelizmente
não fomos aprovados na segunda e definitiva fase. Voltando a minha comunidade, eu
me dediquei com mais afinco aos estudos, indo quase todos os dias ao Cipó para
estudar em grupo e nesse período eu pude colaborar como monitora nas disciplinas
de Geografia, ciências.
Após um ano intenso de estudos enfrentando muitas dificuldades,
novamente, eu, meu pai e mais 78 estudantes do PRECE, fizemos o vestibular para a
UFC, mas desta vez mudei meu curso para Geografia. Com um recorde de
aprovações, foram aprovados vinte estudantes, incluindo eu e meu pai. Um grande
privilégio e alegria, para nós, nossa família e nossa comunidade. Ressaltando, que até
os meus irmãos gêmeos, com apenas três anos e sem nenhuma noção do significado
do acontecido, ficaram alegres e orgulhosos.
Dando um toque literário:

Texto 1:

“Uma nuvem colossal em forma de cogumelo sobre a cidade japonesa de
Hiroxima assinala a morte de 80 mil de seus habitantes – vítimas do primeiro
ataque nuclear do mundo, em 6 de agosto de 1945. O lançamento da bomba,
uma das duas únicas do arsenal americano, foi feito para forçar os japoneses à
rendição. Como não houve resposta imediata, os americanos lançaram outro
“artefato” remanescente sobre Nagasaqui e os russos empreenderam a
prometida invasão à Manchúria. Uma semana depois, o governo japonês
concordou com os termos da rendição e a capitulação formal foi assinada em 2
de setembro.”
(“A sombra dos ditadores”, História dos ditadores, 1993, p.88)
A ROSA DE HIROXIMA
(Vinícius de Moraes)
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
como rosas cálidas
mas oh não se esqueçam
Da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
... “Literatura é feitiçaria que se faz com
o sangue do coração humano”.
Guimarães Rosa
Clarice Lispector
Vídeo 01 3’28’’

O homem do século XXI, bicho da concha,
criatura intransitiva, se enfurna dentro de si
próprio, ilhando-se cada vez mais, minado
pelas
duas
doenças
do
individualismo e solidão.

Ex.: Romantismo – natureza.
nosso
tempo:

“Michael Jackson morreu em busca de algo que ele
não sabia bem o que era.”

Fala de fã entrevistada pelo Jornal Nacional em
07/07/09.
 “...Mas
os olhos são cegos.
É preciso buscar com o
coração.”
(‘O Pequeno Príncipe’
Antoine de Saint-Exupery)
Referências

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai
Leskov. In:______ . Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e
história da cultura. 2ª. São Paulo: Brasiliense, 1985. P. 197-221.

Bosi, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças dos velhos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1979, (1ª Edição).

Sítios:

http://www.comciencia.br/reportagens/memoria/04.shtml

http://www.museudapessoa.net/escolas/oq_eh_memoria.htm
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Oficina sobre memoriais_08_07_09_SLIDES