REDAÇÃO AULA 5 5 E 7 / 11 / 2012 ALGUNS GÊNEROS TEXTUAIS CRÔNICA: Tema cotidiano. Percepção subjetiva (1a. pessoa). Recursos / Figuras de linguagem. Ex.: O Lixo (Luís Fernando Veríssimo) Somos mais ricos que os americanos (Alexandre Garcia) CRÔNICA O Lixo (Luís Fernando Veríssimo) Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam. - Bom dia... - Bom dia. - A senhora é do 610. - E o senhor do 612 - É. - Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente... - Pois é... - Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo... - O meu quê? - O seu lixo. - Ah... - Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena... - Na verdade sou só eu. - Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata. - É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar... - Entendo. - A senhora também... - Me chame de você. - Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim... - É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra... - A senhora... Você não tem família? - Tenho, mas não aqui. - No Espírito Santo. - Como é que você sabe? - Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo. - É. Mamãe escreve todas as semanas. - Ela é professora? - Isso é incrível! Como foi que você adivinhou? - Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora. - O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo. - Pois é... (…) SOMOS MAIS RICOS QUE OS AMERICANOS (Alexandre Garcia) Um amigo acaba de me mandar o resultado de uma comparação entre nós e os americanos. Uma discussão em que um ianque prova, pela ciência exata da Matemática, que os brasileiros são mais ricos do que os americanos. Ele começa argumentando que pagamos o dobro que os americanos pela água que consumimos. Embora tenhamos mais água doce disponível. Depois, demonstra que nós pagamos 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade. Além disso, os brasileiros pagam o dobro pela gasolina de má qualidade consumida por seus carros. Por falar em carro, argumenta o americano, nós pagamos US$ 40 mil por um carro que nos Estados Unidos custa 20 mil, porque damos de presente US$20 mil para o nosso governo gastar não se sabe onde, já que os serviços públicos no Brasil são um lixo perto dos serviços prestados pelo setor público nos Estados Unidos. Um morador da Flórida mostra que, como lá são considerados pobres, o governo estadual cobra apenas 2% de imposto sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS no Brasil), e mais 4% de imposto federal, o que dá um total de 6%. No Brasil, somos ricos, porque concordamos em pagar 18% (dezoito por cento!) só de ICMS, alega o americano. O americano diz não entender como somos tão ricos a ponto de não nos importarmos em pagar, além disso, PIS, Cofins, Cosdiabos, CPMF, ISS, INSS, IPTU, IPVA, IR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições, em geral com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda fazemos festa nos estádios de futebol e nas grandes passarelas de carnaval. Sinal de que nem nos incomodamos com esse confisco maligno de mais de três em cada dez dias do nosso suado trabalho. (continua) O americano lembra que, em relação ao Brasil, eles são pobres, tanto que são isentos do imposto de renda se ganham menos de 3 mil dólares por mês (o equivalente a R$ 7.500,00 mensais). No Brasil, diz ele, os assalariados devem viver muito bem, porque pagam muito imposto de renda, desde quem ganha salários em torno de mil reais. Além disso, com o desconto na fonte, ainda antecipam imposto para o governo, sem saber se vão ter renda até o final do ano. Essa certeza nos bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável, conclui o ianque. Voltando aos serviços públicos, os Brasileiros são tão ricos que pagam sua própria segurança; nos Estados Unidos, os pobres cidadãos dependem da segurança pública. No Brasil, os pais pagam a escola e os livros dos seus filhos porque, afinal, devem nadar em dinheiro. Nos Estados Unidos, os pais americanos não têm toda essa fortuna e mandam seus filhos para as escolas públicas, onde os livros são emprestados aos alunos. Os ricaços brasileiros, quando tomam no banco um empréstimo pessoal, pagam por mês o que os pobres americanos pagam de juro por ano. (continua) Eu contei ao americano que acabei de pagar R$ 2.500,00 pelo seguro de meu carro e ele confirmou sua tese: vocês são ricos! Nós não podemos pagar tudo isso por um simples seguro de automóvel. Por meu carro grande, eu pago US$ 345.00 por ano nos Estados Unidos. E acrescentou: mais US$ 15.00 de licenciamento anual. Em contrapartida, o último IPVA que paguei no Brasil não saiu por menos de R$ 1.700,00. Aí o ianque pergunta: Afinal, quem é rico e quem é pobre? Aí no Brasil, 20% da população economicamente ativa não trabalha. Aqui, não podemos nos dar ao luxo de sustentar além dos 4% que estão desempregados. Não é mais rico quem pode sustentar mais gente que não trabalha? Caro leitor: estou sem argumentos para contestar o ianque. Afinal, a moda nacional brasileira é a aparência. Cada vez mais vamos nos convencendo de que não é preciso ser, basta parecer ser. E, afinal, gastando muito, a gente aparenta ser rico. E somos infelizes e pobres sem saber. ALGUNS GÊNEROS TEXTUAIS NARRAÇÃO: Elementos: Quem?, Onde?, Quando?, O quê?, Como?, Por quê? Narrador: 1a. Pessoa (Personagem) ou 3a. Pessoa (observador vs. onisciente). Sequências de ações: apresentação, conflito, clímax e desfecho. Discurso: direto ou indireto. Ex.: Bezerro sem mãe (Rachel de Queiroz) Bezerro sem mãe Rachel de Queiroz Foi numa fazenda de gado, no tempo do ano em que as vacas dão cria. Cada vaca toda satisfeita com o seu bezerro. Mas dois deles andavam tristes de dar pena: uma vaca que tinha perdido o seu bezerro e um bezerro que ficou sem mãe. A vaquinha até parecia estar chorando, com os peitos cheios de leite, sem filho para mamar. E o bezerro sem mãe gemia, morrendo de fome e abandonado. Não adiantava juntar os dois, porque a vaca não aceitava. Ela sentia pelo cheiro que o bezerrinho órfão não era filho dela, e o empurrava para longe. Aí o vaqueiro se lembrou do couro do bezerro morto, que estava secado ao sol. Enrolou naquele couro o bezerrinho sem mãe e levou o bichinho disfarçado para junto da vaca sem filho. Ora, foi uma beleza! a vaca deu uma lambida no couro, sentiu o cheiro do filho e deixou que o outro mamasse à vontade. E por três dias foi aquela mascarada. Mas no quarto dia, a vaca, de repente, meteu o focinho no couro e puxou fora o disfarce. Lambeu o bezerrinho direto, como se dissesse: “Agora você já está adotado.” E ficaram os dois no maior amor, como filho e mãe de verdade. apresentação complicação: quebra da situação inicial e estabelecimento de um conflito enredo desenvolvimento clímax desfecho Lista de Verificação – Estrutura da CARTA SIM Aspectos a Observar (Para autocorrecção) 1. Registrou o local e a data no canto superior direito. 2. Escreveu a data com o mês por extenso (Ex. 13 de Outubro de 2012 e não 13/10/2012. 3. Separou o local e a data por vírgula. 4. Deixou uma margem à esquerda e outra à direita. 5. Começou a carta com uma saudação ao destinatário. 6. Alinhou a saudação com o início dos parágrafos. 7. Fez parágrafo a seguir à saudação ao destinatário. 8. O corpo da carta tem: - introdução - desenvolvimento - conclusão 9. A introdução, o desenvolvimento e a conclusão estão em diferentes parágrafos. 10. A carta inclui uma curta despedida. 11. Assinou a carta no canto inferior direito ou no centro. NÃO VÍRGULA Alguns homens SUJ levantaram o muro pela manhã. VERBO O. Direto Ordem direta Adj.AdV. VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS VÍRGULA - EXERCÍCIOS NÃO SE USA VÍRGULA Obs.: Na inversão, só se usa a vírgula quando existe objeto pleonástico Obs.: Na inversão, só se usa a vírgula quando existe objeto pleonástico NÃO SE USA VÍRGULA Obs.: Na inversão, usa-se a vírgula se houver predicativo pleonástico Obs.: Com complemento pleonástico, usa-se a vírgula VÍRGULA - OBSERVAÇÕES VÍRGULA NA COORDENAÇÃO VÍRGULA NA COORDENAÇÃO VÍRGULA NA COORDENAÇÃO VÍRGULA NA SUBORDINAÇÃO VÍRGULA NA SUBORDINAÇÃO VÍRGULA – OUTRAS SITUAÇÕES Sistema prisional / Maioridade penal. Direitos humanos. Violência contra a mulher (lei Maria da Penha). Influência religiosa nos conflitos sociais. Ética e moral. ÉTICA E MORAL A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”. Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. A Ética e a Moral são a base da sociedade Não nos adaptemos aos modelos do mundo (São Paulo). Como se sabe, ética e moral são grandezas um tanto quanto ausentes em nossa composição histórica, a partir da colonização. Talvez em conseqüência disto, essa carência, que se faz sentir progressivamente, nos dias de hoje, seja o fator de motivação da enorme crise social em que estamos imersos. A imprensa internacional, de uns anos para cá, não tem poupado espaços para relatar atos de corrupção e mau gerenciamento da coisa pública, perpetrados por políticos brasileiros. Junto com essas críticas, a mídia estrangeira destaca a impunidade e a violência, urbana e rural, como fatores do desequilíbrio social que corrói o Brasil. Vergonhosamente (para quem tem vergonha, é claro) todas as atividades políticas são cercadas de escândalos, de abuso do poder econômico, conchavos, patrocínios de bancos, empreiteiras, multinacionais, etc. Esses patrocínios geram vínculos. Depois de eleito, seja um presidente, um congressista, um governador ou outra autoridade qualquer, com quem ficará seu coração? Vai decidir contra “eles” ou contra a massa pobre e obscura que o elegeu? A crise da ética em um regime social acarreta uma série de distorções a seus membros. Bem grave é a perda da liberdade, que acontece em troca do perfilamento, muitas vezes compulsório ou subjacente, das pessoas à ideologia do sistema. Nesse contexto, cabe indagar: o que é ser livre? Desde os postulados da filosofia estóica (séc. IV a.C.), encontramos citações referentes à liberdade do indivíduo, classificando a faculdade de ser livre como um dom da divindade. Mesmo que não se queira dogmatizar a compreensão sobre liberdade, tem-se que buscar juízos aproximados, como a possibilidade de uma pessoa fazer suas próprias escolhas e colocá-las em execução. Ser livre é um direito natural que o homem tem. Não se pode, porém, confundir a extensão ética da liberdade. Sou livre para fazer o agatón (o que é bom), o que tem valor social. Livres, de acordo com Platão, são os homens que agem de acordo com a ética da razão. Fora disso há alienação e cativeiro. Quando os capitalistas tentam, através de mil estratégias e retóricas, afirmar que não existe outro caminho para a humanidade que a livre-iniciativa do mercado, estão cerceando a liberdade humana, saindo do campo econômico para pervadir o ideológico. Se não há opção, a economia-livre não é livre! Nesse caso, a liberdade das chamadas elites, aquelas contempladas pela pertença ao mercado, converte-se em cativeiro e exclusão para um sem-número de pessoas, alijadas do consumo. Isto é imoral! Sob o ponto de vista ético e moral surge a pergunta: por que o povo brasileiro empobrece mais a cada década? A resposta vem do BID, um órgão mundial das finanças: “os custos dos ajustes sociais, especialmente na América Latina, recaem sobre as classes média e baixa”. No Brasil a crise da ética tem dois pontos-chaves: a corrupção e sua impunidade. Os meios de comunicação denunciam um fato. O governo “manda averiguar…” ou “toma as providências cabíveis”, e depois mais ou menos duas semanas o assunto perde as primeiras páginas e é sepultado com uma cortina de silêncio. Com isso cresce a impunidade. Não se escuta dizer se os corruptos foram presos, obrigados a indenizar o que roubaram, cassados ou demitidos. Nada. Tais facilidades estimulam novas atividades ilícitas. Como vivemos no meio de uma crise de ética, não há justiça. Com isso cria-se a impunidade, a violência, a filosofia do cada-um-por-si, a lei do mais forte, a busca de justiça pelas próprias mãos. Um ex-vizinho meu disse recentemente: “Se entrar ladrão em minha casa, eu mato. Não adianta chamar a polícia. Eles fazem o jogo dos bandidos. Dias depois soltam o ladrão, e arrisca ele voltar à minha casa para me matar…” No Brasil, de tanto em tanto, quando a cobrança de providências moralizadoras é muito grande, o governo aumenta a verba de propaganda institucional, para atenuar a pressão das grandes redes de tevê. Dou como exemplo duas campanhas recentes, da Rede Globo: a primeira, contra a “prostituição infantil” e a segunda “contra o turismo sexual” feitas por algumas agências de viagem no exterior. Pura hipocrisia! Primeiro porque não se acaba prostituição, intimidando ou fazendo diminuir o número de clientes das prostitutas. A prostituição é efeito, não é causa. A causa é a fome, a miséria, a falta de políticas urbanas, o desemprego, a ausência de programas para reter o camponês no campo, é a crise na educação. É isso que gera a prostituição de meninas, a partir de dez, doze anos. Quanto ao chamado “turismo sexual” constata-se outra hipocrisia. E o carnaval brasileiro? Como são feitas as propagandas no exterior? Não são montadas em cima do erotismo das mulatas, nuas ou seminuas, rebolando? E as chamadas da Rede Globo para o desfile das escolas de samba, não induzem a um turismo sexual? As grandes utopias já não são o motor capaz de promover mudanças profundas em nossa sociedade. Vive-se a paranóia do imediato, o possível, o alcançável. O materialismo prático imperante, não dispõe de outros incentivos, a não ser o interesse egoísta. Volta-e-meia os congressistas (Senadores e Deputados Federais) ameaçam boicotar a votação das reformas (muitas delas vitais para a segurança do trabalhador e governabilidade do Estado) caso mexessem em seus privilégios. Recordam que privilégios são esses? Enquanto o trabalhador, só pode desfrutar da aposentadoria (com um salário miserável) após trinta e cinco (homens) ou trinta anos (mulheres) os parlamentares, após oito anos de serviço (??!) adquirem o direito de aposentar-se pelo IPC, com um salário superior a US$ 12,000. O povo, que “paga a conta”, não tem essas regalias, que o corporativismo, a falta de ética e a desfaçatez moral quer perenizar em favor dos congressistas. A falta de ética pode ser encontrada no fim de muitos raciocínios indagadores a respeito da desordem social que há em nosso país. A ética, como ethos (bom comportamento moral vivido à luz do direito natural) não é vivida nem buscada, e por configurar-se uma situação de injustiça, não há paz. Para convalidar atos imorais e sem ética, cresce, cada vez mais, em nosso meio, uma moral de situação: “Isso é feio ou errado, mas se todos fazem, se é para o bem do grupo, se vai dar dinheiro, é válido. No terreno da moral, certos intelectuais e comunicadores de tevê, criaram a “moral de escolha”. Ser homossexual é uma boa, segundo eles, porque é uma escolha de vida. Ora, nem tudo que é escolha de vida é ético. A própria nomenclatura mudou. Antes o indivíduo era ladrão, hoje ele é um vivo; no passado, o cara era vagabundo, hoje é play-boy; antes, era explorador, hoje, sabe o que quer; a mulher, no passado era adúltera ou puta mesma, hoje é liberal; a nova moral tem desculpa e atenuantes para tudo. Há dias, um empresário brasileiro, da área de comunicação, foi entrevistado na tevê: “Uma pesquisa recente indicou que mais de 70% dos programas de computador que estão rodando no Brasil são cópias pirata. Isso é reflexo de uma índole corrupta?”. A resposta é notável: “Não. Tudo depende da maneira como se vê a situação. Para o fabricante até pode ser uma atitude de corrupção, mas para quem a pratica é uma inocente maneira de enfrentar a competição do mercado. É o direito pela sobrevivência… Nosso maior princípio ético diz que feio é perder!”. E assim vamos. Ladeira abaixo, julgando que somos espertos… Antônio Mesquita Galvão Filósofo e Doutor em Teologia Moral Guerra do Contestado – 100 anos A influência religiosa nos conflitos sociais. Confrontos de classe social. para estudiosos - ‘insurreição xucra’ ou ‘guerra civil’ para religiosos - ‘rebelião de fanáticos’; para sociólogos - ‘conflito social’; para antropólogos - ‘movimento messiânico’; para políticos - tentativa de desestabilização das oligarquias; para administradores públicos - ‘questão de limites’; para militares - ‘campanha militar’; para socialistas - ‘luta pela terra’. INVERSÃO DE VALORES ACAFE 2012-1 ACAFE 2012-1 ACAFE 2011-2 ACAFE 2011-2 ACAFE 2011-2 ACAFE 2011-1 ACAFE 2011-1 COESÃO E COERÊNCIA