Juventude na escola: desafios pedagógicos e sociológicos. Juventude na escola: desafios pedagógicos e sociológicos. Jéssica Alana Zenorine; Bruno Leardine Souza; Nathália Borges; Rosângela Teixeira Gonçalves; Juliana da Paz Souza Ferreira; Mario Thiago Ruggieri Neto; Priscila de Paula Varela; Carolina Baruel Moura; Sueli Guadalupe de Lima Mendonça (orientadora). Núcleo de Ensino. Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília. UNESP/PROGRAD. Introdução: A presença/ausência da Sociologia no ensino médio explicita uma situação diferenciada no currículo. A recente obrigatoriedade da Sociologia no Estado de São Paulo (Resolução CNE 04/2006 e Lei Federal 11.684/2008) demonstra também uma particularidade dessa disciplina que, ao contrário das demais disciplinas, não possui um acúmulo na metodologia de ensino direcionada à educação básica. Diante desse quadro, a pesquisa projeto “Juventude na Escola: desafios Pedagógicos e Sociológicos”, desenvolvido pelo Núcleo de Ensino da UNESP Marília, no ano de 2009, vem buscando realizar dentro da sala de aula atividades que contemplem o âmbito pedagógico e sociológico. Dando seqüência nos trabalhos dos anos anteriores (2006 a 2008), o trabalho de 2009 vem construindo, em sala de aula com os alunos, temáticas que estão relacionadas com o cotidiano desses jovens, a partir de algo que permeia todos os temas: ser jovem. Buscamos nesse trabalho abarcar as demandas específicas desses jovens e, partindo de temas por eles escolhidos, fazer o diálogo com os conteúdos sociológicos pertinentes as atividades desenvolvidas. Assim, “Juventude na Escola: Desafios Pedagógicos e Sociológicos” tem como: A desnaturalização das relações sociais dos jovens na escola. Produção de atividades didático-pedagógicas da disciplina Sociologia. Análise sociológica das relações sociais instituição escolar. Metodologia: Trabalhando com três turmas do terceiro ano do ensino médio, procuramos ouvir seus anseios, seus silêncios e suas angústias, para dar sentindo ao processo de aprendizagem, partindo da cultura dos agentes sociais para a elaboração das atividades. Na análise sociológica necessária da escola, procuramos originar novos caminhos para a compreensão da escola e suas dificuldades para elaboração de novas estratégias de organização do trabalho pedagógico e a possibilidade da resiginificação das relações sociais pelos agentes dessa instituição. Etapas: 1- Interação do grupo, com a apresentação geral do projeto e dos alunos. 2- Discussão coletiva do tema do projeto, englobando as demandas específicas apresentadas pelos alunos e suas necessidades, resultando nos seguintes eixos temáticos, que permearam a discussão ao longo do ano:Orientação vocacional e mundo do trabalho, sentimento e sexualidade, preconceito, discriminação e respeito drogas, pichação e violência, o que é ser jovem, família, relações sociais na escola pública. 3- Apresentação do conceito de jovem ao longo da história, utilizando imagens ilustrativas e um texto didático elaborado pelo grupo. 4- Problematização do conceito cultura, apresentação de fragmentos do filme Baraka, que traz imagens de diferentes lugares do mundo, cada qual com sua determinada cultura, para demonstrar o que faz dos homens diferentes e suas pluralidades, estabelecendo diálogo com o cotidiano dos jovens da escola. 5- Debate sobre preconceito (estético, da mídia, de classe social, contra os movimentos sociais), usando como ferramenta a produção e análise de texto, discussão de músicas e vídeos, análise de imagens. 6- Elaboração de cartas pelos alunos tendo como tema sua perspectiva de futuro. Resultados Obtidos: Como resultados parciais com essas turmas, temos uma mudança de postura de cada jovem estudante na sala de aula com a própria atividade pedagógica, se colocando como sujeito ativo no processo de aprendizagem. O crescente interesse em aprofundar os temas vem permitindo um acúmulo de experiências pedagógicas, envolvendo tanto a preparação teórica dos futuros professores de Sociologia, como a produção de materiais didáticos na área, propiciando uma reflexão permanente aliada à ação direta em sala de aula. A pesquisa ainda está em andamento, sendo que para o segundo semestre esperamos produzir um documentário sobre a escola e suas relações sociais e esgotar a discussão dos temas definidos. BIBLIOGRAFIA AQUINO, J. G. A desordem na relação professor aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. In: AQUINO, J.G. (org.) Indisciplina na escola: alternativas Teóricas e Práticas. São Paulo: Summus, 1996. DAYRELL, J., (org.) Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1996. ________________ A escola “faz” as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil. In: Educação e Sociedade. Vol. 28, nº Especial, São Paulo: Cortez; Campinas, CEDES, 2007. p. 1105-1128. FERNANDES, F. A sociologia no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1977. MENDONÇA, S. G. L., MILLER, S. (orgs.). Vigotski e a escola atual: fundamentos teóricos e implicações pedagógicas. Araraquara, São Paulo: Junqueira & Marin, 2006. MÉZAROS, I. A educação para além do capital. Tradução. Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2005. VYGOTSKI, L.S. Obras escogidas. Tradução: Lydia Kuper.vol.III. Madrid: Visor, 1995. _____________. Obras escogidas. vol.IV. Madrid: Visor, 1996. _____________ El problema del entorno. Mimeo, s/d. Jovem ao longo da história. Eu etiqueta Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido De alguma coisa não provada Por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, Minha toalha de banho e sabonete, Meu isso, meu aquilo. Desde a cabeça ao bico dos sapatos, São mensagens, Letras falantes, Gritos visuais, Ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, premência, Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, Escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade, Trocá-la por mil, açambarcando Todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabia Tão diverso de outros, tão mim mesmo, Ser pensante sentinte e solitário Com outros seres diversos e conscientes De sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio Ora vulgar ora bizarro. Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer principalmente.) E nisto me comparo, tiro glória De minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender Em bares festas praias pérgulas piscinas, E bem à vista exibo esta etiqueta Global no corpo que desiste De ser veste e sandália de uma essência Tão viva, independente, Que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora Meu gosto e capacidade de escolher, Minhas idiossincrasias tão pessoais, Tão minhas que no rosto se espelhavam E cada gesto, cada olhar Cada vinco da roupa Sou gravado de forma universal, Saio da estamparia, não de casa, Da vitrine me tiram, recolocam, Objeto pulsante mas objeto Que se oferece como signo dos outros Objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso De ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente. Atividade preconceito. Mídia e estética. JORNAL NACIONAL (William Bonner): "Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem…". (Fátima Bernardes): "… mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia". PROGRAMA DA HEBE (Hebe Camargo): "… que gracinha gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?" BRASIL URGENTE (Datena): "… onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? ! A menina ia para a casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva… Um lobo, um lobo safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não." Diferentes interpretações de um mesmo fenômeno O ESTADO DE S. PAULO Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT. O GLOBO Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT que matou um lobo pra salvar menor de idade carente. ZERO HORA Avó de Chapeuzinho nasceu no RS. AGORA Sangue e tragédia na casa da vovó REVISTA CARAS (Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte) Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa" REVISTA VEJA Lula sabia das intenções do lobo. PLAYBOY (Ensaio fotográfico no mês seguinte) Veja o que só o lobo viu. REVISTA CLÁUDIA Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho. REVISTA ISTO É Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente. REVISTA NOVA Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama. G MAGAZINE (Ensaio fotográfico com lenhador) Lenhador mostra o machado FOLHA DE S. PAULO Legenda da foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador". Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador. SUPER INTERESSANTE Lobo mau! mito ou verdade ? DISCOVERY CHANNEL Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.