Lucas 24, 35-48 III Páscoa –B26 abril 2009 Voltar a Jesus. Isto é o primeiro e mais decisivo: pôr Jesus no centro do cristianismo. Tudo o resto vem depois. Que pode ser mais urgente e necessário para os cristãos que despertar entre nós a paixão pela fidelidade a Jesus? Ele é o melhor que temos. O melhor que podemos oferecer e comunicar ao mundo de hoje. José Antonio Pagola. “Jesus: uma abordagem histórica” Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disselhes: –A paz esteja convosco. Jesus aparece no caminho que percorremos, na casa que habitamos, na conversa que partilhamos. Ao partir o pão, sinal da vida das pessoas simples e motivo de luta das necessitadas, ao partilhar o nosso caminho e ao dizer-nos palavras de carinho, ânimo e perdão, descobrimos a sua Pessoa, transmissora de paz, animadora do passo, aliviadora de fadigas. Enche-nos da sua Paz: plenitude de vida, dom e tarefa. “Felizes os que trabalham pela paz”. A iniciativa é de Jesus, a resposta é nossa. Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: –Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho. Perante o temor e a incredulidade do grupo, Jesus aproxima-Se, deixa-Se tocar, ver. “Sou Eu em pessoa” resume todo a mensagem pascal. Que desperta em mim a sua presença: medo, paz, assombro, liberdade, responsabilidade, amor, dúvidas, alegria...? De que fantasmas, que me atam e angustiam, tenho de me libertar para viver a fundo a mensagem libertadora de Jesus ressucitado? Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: –Tendes aí alguma coisa para comer? Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. As “aparições” são sempre encontros pessoais que enchem de alegria. É difícil reconhecer Jesus ressuscitado se não contemplamos e tocamos as suas chagas nas mãos, pés e coração das pessoas que vivem crucificadas. Jesus diz-nos que não descuidemos algo aparentemente muito simples: Dar de comer. Quem me pede hoje de comer? De que têm fome as pessoas que me rodeiam? Que e com quem partilho? Oxalá tenhamos sempre “peixe assado” para partilhar. Depois disse-lhes: –Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’. Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: –Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusdalém. Vós sois testemunhas de todas estas coisas. Jesus aparece como o Senhor da vida, da paz, do perdão e do nosso futuro. Compreender as Escrituras é compreender o projecto de Jesus e traduzi-lo para a nossa vida, sendo testemunhas da sua Boa Notícia, vivendo como pessoas ressuscitadas, contagiando alegria e esperança. Continuar a caminhar ao encontro dos outros, escutar, pôr a mesa para todos, curar, acolher, partilhar... é a grande tarefa dos que vivemos animados pela fé na ressurreição. A nossa experiência pascal é a nossa progressiva consciência de conversão a Jesus e ao Reino. Eu creio num só Deus, em Abbá, como acreditava Jesus. Eu creio que o Todo-poderoso criador do céu e da terra é como minha mãe e posso confiar n’Ele. Creio porque assim o vi em Jesus, que Se sentia Filho. Eu creio que Abbá não está longe mas próximo, ao lado, dentro de mim, creio sentir o seu Alento como uma Brisa suave que me anima e me faz caminhar mais fácil. Creio que Jesus, muito mais que um homem, é Enviado, Mensageiro. Creio que as suas palavras são Palavras de Abbá. Creio que as suas acções são mensagens de Abbá. Creio que posso chamar a Jesus a Palavra presente entre nós. Eu creio num só Deus, que é Pai, Palavra e Vento porque creio em Jesus, o Filho o homem cheio do Espírito de Abbá. (José E. Ruiz de Galarreta. SJ)