AS ARMADILHAS DA "CONCEPÇÃO POSITIVA DE SAÚDE" Kenneth Rochel de Camargo Jr. IMS/UERJ Crítica à Biomedicina: Centralidade da categoria doença Redução da concepção de saúde à mera ausência de doenças Concepção “positiva” de saúde Ênfase excessiva na tecnologia “dura” na produção de diagnósticos Redução da terapêutica à prescrição medicamentosa Exclusão de aspectos sociais ou subjetivos Prevenção relegada a segundo plano Porém: A questão central residiria, entretanto, não no direcionamento às doenças, mas ao caráter reducionista do pensamento biomédico (v., entre outros, Arouca) Outro obstáculo é a reificação da categoria doença Possivelmente mais problemática que a não definição de saúde é a não definição de doença, tendo em vista exatamente o caráter central da mesma na racionalidade biomédica O conceito de doença como ferramenta: Doença pode ser entendida como um artefato teórico e heurístico. Organiza o conhecimento disponível sobre determinadas modalidades de sofrimento e auxilia na captação de informações Delimita uma classe de problemas onde a intervenção técnica é não apenas justificada como eticamente mandatória Possibilidade de estabelecer limites à medicalização Conseqüências imprevistas: A saúde compreendida amplamente deixa de ser um "problema de saúde", não sendo mais da alçada dos profissionais de saúde – a função do profissional seria remover os obstáculos (doenças!) que impedem os sujeitos de viver seus projetos existenciais (v. Ayres) A ênfase numa concepção positiva de saúde como meta da atuação dos profissionais de saúde (especialmente médicos) é potencialmente medicalizadora (v. Nogueira, comentando Arouca) Este discurso vem sendo politicamente explorado como estratégia de subtração de recursos ao que convencionalmente se denomina "setor saúde", sendo desviados para diversos programas assistenciais