O DESAFIO DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NO ENSINO MÉDIO
Alberto Buss Pinto
Universidade Federal de Pelotas
Clara Natalia Steigleder Walter
Universidade Federal de Pelotas
Raquel da Fonseca Holz
Universidade Federal de Pelotas
RESUMO
O presente estudo apresenta uma análise das percepções construídas por alunos do Ensino Médio sobre trânsito.
Neste estudo, de caráter exploratório, foi aplicado um questionário com perguntas fechadas e abertas a alunos de
duas escolas, uma de ensino privado e outra de ensino público da cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul.
Foi realizada uma análise com os resultados obtidos, a partir da qual se percebe por um lado, a dificuldade dos
jovens integrarem-se ao trânsito como pedestres. Por outro, que quanto mais vivenciam o trânsito, mais interesse
os jovens têm de aprender sobre este movimento. Ao final são feitas sugestões de temas a serem desenvolvidos
com os jovens objetivando questões como segurança na via, convívio social, trânsito e meio ambiente, regras
gerais de trânsito e os diferentes papéis no trânsito.
ABSTRACT
This study presents an analysis of perceptions of high school students to understand the importance of working
with them to traffic education. In this study, exploratory, a questionnaire was applied, with closed and open
questions, students from two schools, one private school and another public school in the city of Porto Alegre Rio Grande do Sul an analysis was performed with results obtained, from which one sees, in part, the difficulty
pedestrian understand their role as part of the transit system. Another issue was that the more experience the
traffic, the more interest young people have to learn about this movement. At the end they are made suggestions
for topics to be developed with these students aiming towards issues such as safety, social interaction, traffic and
environment, general traffic rules and the different roles in traffic.
PALAVRAS-CHAVE
Educação para o trânsito, Ensino Médio, aprendizagem significativa.
1. INTRODUÇÃO
Diariamente crianças e adultos acabam perdendo suas vidas nas grandes cidades
brasileiras em função dos acidentes de trânsito. O Brasil ocupa a 5° colocação no mundo em
acidentes com vítimas fatais. Segundo dados do DETRAN/ RS (2014), no Rio Grande do Sul,
os índices de acidentalidade em 2012 foram 1.854 acidentes com vítimas fatais, com um total
de 2.091 óbitos, destes 78% do sexo masculino e 11,9% com faixa etária de 11 a 20 anos.
Constata-se uma redução de 5,1% dos óbitos de 2012 para 2013, onde foram registrados
1.770 de acidentes com vítimas fatais, com um total de 1.984 óbitos. Considerando o ano de
2014 foram registrados 1.822 acidentes com vítimas fatais, registrando 2.023 óbitos, destes
79,3% são do sexo masculino, e 11,8% na faixa etária de 11 a 20 anos. Observando os índices
podemos concluir que o número de óbitos obteve um acréscimo de aproximadamente 2%, e
mantém certo padrão nesta faixa etária (RIO GRANDE DO SUL, 2015).
Como forma de buscar diminuir o número de óbitos, aposta-se na Educação para o
Trânsito. Considerada um dos três pilares do trânsito, junto com a engenharia e a fiscalização
de trânsito, tem sua importância especialmente nas escolas. Entretanto, como historicamente o
trânsito esteve relacionado mais ao movimento de veículos, que ao movimento de pessoas,
normalmente a Educação para o Trânsito é mais dirigida ao condutor. Soma-se a isso, a
cultura voltada para o rodoviarismo, na qual é incentivada cada vez mais o uso do transporte
individual. Entende-se que, de qualquer forma, avançou-se muito no Brasil no
desenvolvimento de projetos de Educação para o Trânsito nas escolas desde a aprovação do
Código de Trânsito Brasileiro, em 1997, especialmente com projetos dirigidos aos alunos do
Ensino Fundamental.
O objetivo deste estudo é refletir sobre quais os conteúdos que devem compor o estudo
da Educação para o Trânsito voltada aos jovens do Ensino Médio. Como forma de pensar os
conteúdos a partir de conhecimentos prévios sobre o tema, buscou-se analisar as percepções
sobre o trânsito de jovens de duas escolas do município de Porto Alegre. Estende-se que
compreender as percepções dos alunos sobre o trânsito contribuirá para que os projetos de
Educação para o Trânsito desenvolvidos nas escolas dialoguem com os interesses dos alunos.
Como justificativa para este estudo, é importante considerar que os jovens entre 11 e 20 anos
de idade estão envolvidos em uma porcentagem considerável de aproximadamente 9% do
número de óbitos por acidentes de trânsito no estado do RS (DETRAN/RS, 2014). Países que
investiram em Educação para o Trânsito, como por exemplo, Suécia e Japão que sofriam
estatísticas parecidas com as nossas, obtiveram excelentes resultados, servindo de referência
de trânsito seguro no mundo (SONALY, 2011).
Este artigo está organizado em seis seções, sendo a primeira a Introdução. A segunda
trata de Educação para o Trânsito no Ensino Médio e as diferenças entre campanhas e
programas para educação no trânsito, bem como, sua eficácia; a terceira seção trata da
metodologia, etapas e o instrumento de pesquisa; a quarta parte apresenta a discussão dos
resultados da pesquisa; a última parte apresenta as considerações e conclusões finais deste
estudo.
2 EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NO ENSINO MÉDIO
O trânsito é um problema que atinge em especial a população dos grandes centros
urbanos, mas também atinge cidades médias e pequenas, portanto, pode-se afirmar que é uma
questão de abrangência nacional. Como é possível observar a partir dos dados apresentados, a
educação para o trânsito neste momento possui urgência social, pode ser ensinada e aprendida
em todos os níveis de ensino e, sem dúvida, favorecerá a compreensão da realidade e a
participação social. Portanto a escola estará educando para a vida e cumprindo sua função
social.
Trabalhar com este tema de forma permanente representa um avanço em relação às
campanhas temáticas veiculadas na mídia em alguns períodos do ano. Essas campanhas com
tempo reduzido, normalmente não funcionam com a eficácia esperada, pois têm efeito
efêmero, assim como programas interrompidos. As campanhas pontuais de Educação para o
Trânsito mais deseducam do que ensinam, pois passam a ideia errônea, subliminarmente, de
que existem alguns períodos do ano nos quais deve-se cumprir mais as regras de trânsito,
tomar cuidado com os riscos ou se interessar pelo assunto. Fica parecendo que a segurança
para o trânsito não precisa ser uma tarefa contínua (EPTC, 2015).
Infelizmente, atualmente no Brasil, o tema Educação para o Trânsito é desenvolvido
principalmente na forma de campanhas, abordando diversos temas como, por exemplo:
atravessar na faixa de segurança, não usar o aparelho celular ao volante, usar a cadeirinha ou
assento de segurança para as crianças, não dirigir se beber. Estes são apenas alguns temas
normalmente ser focados. Um dos maiores problemas é o curto tempo que estas campanhas
permanecem na mídia. Normalmente são utilizados feriados prolongados, dia dos pais, dia das
crianças, dia das mães, reforçando a importância de determinadas atitudes no trânsito, tendo o
objetivo de atingir um grande público de uma só vez. Entretanto, a descontinuidade acaba
enfraquecendo a ação, por atingir um grande público de uma só vez os gestores analisam de
forma prematura os resultados positivos, e decidem parar de investir em uma determinada
campanha e partem para outra logo em seguida.
A entrada em vigor, em 1998, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) definiu de
forma mais abrangente a questão da Educação para o Trânsito. Composto por 20 Capítulos e
341 Artigos. É uma lei muito mais abrangente que os códigos anteriores com capítulos
específicos e melhor direcionados a certas questões, as quais passaram a tornar-se
preocupação por parte do poder público e da sociedade em geral. Dentre elas destaca-se: o
Cap. II que trata da composição do Sistema Nacional de Trânsito, que como um dos objetivos
estabelece a Política Nacional de Trânsito: o Cap. IV direcionado especificamente para
pedestres e condutores de veículos não motorizados; o Cap. V inteiramente elaborado sobre
os direitos do cidadão; o Cap. XIV estabelece normas mais rígidas para a obtenção da
habilitação, sendo que os XV e XVI estabelecem punições mais severas para os infratores,
inclusive com a abordagem do crime de trânsito. O Cap. VI sobre o qual será tratado neste
estudo, estabelece nos artigos 74 a 76 a obrigatoriedade da Educação para o Trânsito, ser
desenvolvida em todos os níveis de ensino, desde a Educação Infantil ao Ensino Superior
(BRASIL, 1997).
Preocupado em como se daria a inserção deste tema nas escolas, em 2009, o
Departamento Nacional de Trânsito apresentou as Diretrizes Nacionais para o
Desenvolvimento do Trânsito como tema transversal no Ensino Fundamental (DENATRAN,
2009). Assim algumas escolas estão abordando este assunto principalmente no Ensino
Fundamental. No Ensino Médio, com jovens, é mais difícil abordar este assunto, pois estes se
encontram em uma fase de busca de identidade, vivenciando várias etapas de
desenvolvimento e autoafirmação, cheias de conflitos buscando uma referência a ser seguida,
com frequentes mudanças de humor, ideias e atitudes. Entende-se que tudo isso pode tornar
muitas vezes o jovem mais suscetível a se envolver em acidentes de trânsito (SONALY,
2011).
A Lei de Diretrizes e Bases Nacional (LDB), em seu artigo 27, inciso 1°, destaca que
os conteúdos curriculares da educação básica deverão observar a difusão de valores
fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem
comum e à ordem democrática, MEC, (1996). Envolve o trânsito, mas não necessariamente o
ato de dirigir. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Básica é proposto o
desenvolvimento de alguns conteúdos como os temas transversais, são eles: ética, saúde, meio
ambiente, pluralidade cultura, orientação sexual, trabalho e consumo (MEC, 1998). Do ponto
de vista da formação do condutor, os Centros de Formação de Condutores são os únicos locais
onde o tema trânsito é abordado regularmente, porém a idade mínima é de 18 anos. Também
existem eventos e congressos de trânsito, entretanto a baixa divulgação destes eventos gera
um público muito restrito, dificultando ainda mais a disseminação em massa e o interesse por
parte de um novo público.
Especificamente sobre o ensino médio, o CTB estabelece que sua inserção seja através
de disciplina extracurricular, nas quais as aulas terão caráter teórico-prático. Entretanto
coloca-se as seguintes questões: quem vai ministrar as aulas? Com que conteúdos? No
ambiente escolar a Educação para o Trânsito normalmente fica sob a responsabilidade de
pedagogos ou professores especializados em alguma disciplina. Muitos dos profissionais que
trabalham com Educação para o Trânsito fora das escolas têm um perfil multidisciplinar, pois
trabalham com vários públicos de idades diferentes sempre com uma abordagem diferenciada.
A formação do educador é muito importante, por exemplo: os profissionais da Coordenação
de Educação para a Mobilidade da Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto
Alegre (EPTC) são profissionais com formação superior em diversas áreas da educação cujo
perfil multidisciplinar faz com que estejam preparados para palestrar e interagir com qualquer
público sobre este tema.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Neste estudo foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa, de caráter exploratório,
com alunos do Ensino Médio de duas escolas situadas em Porto Alegre: Colégio Estadual
Cônego Paulo de Nadal, situado na Av. Cavalhada 4357, de ensino público, e o Instituto
Santa Luzia, situado na Av. Cavalhada 3399, de ensino privado, que também tem alunos
portadores de deficiência visual. Essa escolha deve-se em parte pelas características comuns
do trânsito nas proximidades das escolas. Além disso, achou-se interessante estabelecer um
comparativo entre as percepções dos alunos de escola pública e privada, uma vez que o fator
sócio econômico pode estar presente em alguma medida. A pesquisa é quali-quantitativa
porque buscou através da aplicação de um instrumento de coleta de dados (questionário),
analisar o conhecimento dos alunos sobre sua mobilidade, e sobre as normas gerais de trânsito
e cidadania.
3.1 Etapas da pesquisa
1. Realização de leituras para embasar e fundamentar o estudo desenvolvido;
2. Escolha das escolas onde o estudo foi realizado;
3. Elaboração do instrumento de coleta de dados.
4. Reunião com equipe pedagógica das escolas e adequação do instrumento;
5. Aplicação do questionário;
6. Tabulação e análise dos dados coletados;
7. Apresentação e discussão dos resultados;
8. Sugestões de abordagem do tema em sala de aula.
3.2 Instrumento de coleta de dados
Como instrumento de coleta dos dados foi elaborado um questionário com questões
organizadas quatro grupos. O 1°grupo foi composto por questões sobre características gerais
tais como: idade, série, se possui CNH e trabalha. O 2° grupo de questões foi voltado à
mobilidade do entrevistado enquanto pedestre e suas preferências, tais como: com que
frequência caminha, motivo, grau de satisfação, por onde caminha, como se locomove e como
prefere se locomover. No 3° grupo constam questões para captar o conhecimento dos
entrevistados quanto ao tema trânsito, tais como: se sabia que o CTB determina que o
pedestre tenha que usar a faixa de segurança, se conhece alguma regra de trânsito, se usa cinto
de segurança, se conhece alguma placa de sinalização, conhece alguma punição e se conhece
alguma norma de trânsito. O 4° grupo foi composto de questões relacionadas às suas
percepções sobre as causas dos acidentes e imprudências no trânsito solicitando suas
avaliações, em questões como: se considera o trânsito problemático no município e por que, o
que faz para atravessar a rua se o fluxo de veículos não para, qual a maior causa de acidentes
na opinião do entrevistado, o nível de imprudência de motoristas e pedestres quanto a
acidentes, o desrespeito às leis e a infraestrutura viária precária como causa de acidentes. E,
por fim, foi perguntado se queria aprender algo sobre o trânsito e o quê, se o tema trânsito
poderia ser uma disciplina escolar igual às demais, bem como, foi solicitada uma avaliação
quanto ao mobiliário urbano.
4 RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÕES
Foram realizadas entrevistas com alunos do 1°, 2° e 3° anos do ensino médio, em uma
turma de cada escola, totalizando 146 alunos do Ensino Médio, 86 da escola de ensino
privado e 60 da escola de ensino público.
Analisando o 1°grupo de perguntas referentes a idade, sexo, trabalho e habilitação;
podemos avaliar os seguintes dados: a média de idade entre os alunos do ensino privado é de
16 anos variando entre 14 e 21. Na escola pública a idade média é de 17 anos, variando entre
15 a 19 anos. Do total de alunos entrevistados apenas 15% tem idade para possuir Carteira
Nacional de Habilitação (CNH). 100% dos alunos da escola privada responderam que não
possuem habilitação e apenas 3% dos alunos da escola pública responderam que possui
habilitação. Podemos compreender que estes 3% que possui habilitação, estão mais bem
informados sobre as leis e deveres dos pedestres e de condutores de veículo automotor, em
relação aos demais entrevistados.
Quando perguntado aos alunos da escola privada se trabalhavam, 13% dos alunos
responderam que sim, sendo que este percentual é maior entre os alunos da escola pública,
40%. É possível, a partir deste dado, inferir que a realidade financeira dos alunos esteja
interferindo para que sua mobilidade seja ampliada, denotando uma participação maior no
trânsito, o que influencia em suas percepções.
O 2° grupo de perguntas trata de questões sobre mobilidade urbana, deslocamentos e
suas preferências de locomoção. Foi questionado sobre sua preferência em relação ao modal
de transporte; como costuma ir para a escola, e como costuma se locomover diariamente.
Como podem ser observados na Tabela 1, 88% dos entrevistados da escola privada
responderam que preferem locomover-se de carro, sendo que 46% destes alunos vão para a
escola de carro, e 49% destes alunos costumam se locomover de ônibus no seu dia a dia. A
realidade na escola pública é semelhante quando refere-se a sua preferência de locomoção,
pois 61% dos alunos preferem locomover-se de carro, mas 67% dos alunos vão para a escola
de ônibus, diferentemente dos alunos da escola privada em que a maior parte vai para a escola
de carro, 56% dos alunos da escola pública utilizam o ônibus para sua locomoção diária mais
ampla.
Tabela 1:Preferências de locomoção e seus costumes diários
Preferência de locomoção.
Carro
Ônibus
A pé Bicicleta
Motocicleta
3%
3%
1%
1%
Privada
88%
12%
11%
7%
7%
Pública
61%
Meio de locomoção de como vai para a escola.
Carro
Ônibus
A pé Bicicleta
Motocicleta
30%
13%
0%
0%
Privada
46%
3%
28%
0%
2%
Pública
67%
Meio de locomoção para outros fins.
Carro
Ônibus
A pé Bicicleta
Motocicleta
41%
6%
0%
0%
Privada
49%
10%
20%
5%
2%
Pública
56%
Táxi
0%
2%
Outros
4%
0%
Táxi
1%
0%
Outros
10%
0%
Táxi
1%
0%
Outros
3%
7%
As perguntas referentes ao 4°grupo estão voltadas para as questões relacionadas ao
conhecimento dos alunos sobre trânsito. Foi perguntado: se conheciam alguma regra de
trânsito, e qual regra; se ao andar de carro o entrevistado costuma usar o cinto de segurança, e
por qual motivo; também se procurou saber sobre o conhecimento dos alunos a respeito: do
uso da faixa de segurança de pedestre, e se o aluno como pedestre costuma atravessar na faixa
de segurança, e se considera-se uma pessoa que respeita as regras. Por fim, foi perguntado se
considera o trânsito de Porto Alegre problemático e por qual motivo.
Questionados sobre conhecer alguma regra de trânsito e o que conheciam 88% dos
alunos da escola privada responderam que sim. Dentre as respostas sobre o que conheciam, as
mais recorrentes foram referentes: às regras de atravessar na faixa de segurança, não
estacionar em local proibido, respeitar o pedestre na faixa, não ultrapassar o sinal vermelho,
entre outras. Entre os alunos da escola pública 70% responderam que também conheciam
alguma regra de trânsito, e sobre o que conheciam, as respostas foram parecidas com as dos
alunos da escola privada, demonstrando assim que o conhecimento de ambos os grupos de
alunos vem do seu dia a dia, da sua convivência no trânsito, observando os pais dirigindo ou
caminhando, este conhecimento deles, também provém dos exemplos familiares.
A respeito de usar o cinto de segurança 100% dos alunos da escola privada
responderam que sim, usam sempre o cinto de segurança, por se sentirem mais seguro, na
escola pública 83% dos alunos responderam que usam o cinto de segurança, pelo mesmo
motivo de sentirem-se mais seguro. Podemos observar na Tabela 2 que uma parcela de 17%
destes alunos não usa o cinto de segurança. Entre os diversos motivos alegados pelos alunos;
se esquece de usar, não tem o hábito, meu pai não usa, evidentemente estão seguindo os
exemplos familiares.
Tabela 2:Uso do cinto de segurança
Ao andar de automóvel, utiliza cinto de segurança?
Sim
Particular
100%
83%
Pública
Não
17%
Sobre saber que o pedestre deve atravessar na faixa de segurança, e se os alunos
quando pedestres costumam utilizar a faixa de segurança para atravessar a rua, como pode ser
observado na Tabela 3 as respostas foram as seguintes: 100% dos alunos de ambas as escolas
responderam saber que o pedestre deve atravessar na faixa de segurança. Ao responderem se
costumavam atravessar na faixa de segurança, 70% dos alunos da escola privada e 65% dos
alunos da escola pública responderam que às vezes costumam utilizar, mesmo tendo o
conhecimento de que o pedestre deve atravessar na faixa de segurança, muitos dos alunos não
utilizam de vez em quando a faixa de segurança.
Tabela 3:Uso da faixa de segurança ao atravessar a rua
Você costuma atravessar na faixa de segurança?
Às vezes
Sempre
Nunca
27%
3%
Particular
70%
33%
2%
Pública
65%
Você sabia que o pedestre deve atravessar a via na faixa de segurança?
Particular/Pública Sim
100%
Quando questionados se considera-se uma pessoa que obedece às leis de trânsito, pode
se observar na Tabela 4, que 56% dos alunos da escola privada e 68% dos alunos da escola
pública responderam que às vezes obedecem as leis de trânsito, sendo que em torno de 25%
dos entrevistados de ambas às escolas afirmou sempre respeitar as regras de trânsito.
Relacionando com a questão anterior sobre atravessar na faixa de segurança percebe-se que
pode haver uma relação entre desrespeito perante algumas regras de trânsito como seria esta.
Sobre considerar o trânsito em Porto Alegre um problema ou não e por que, 92% dos alunos
da escola privada e 93% dos alunos da escola pública responderam que considera o trânsito de
Porto Alegre um problema, estando dentre os questionamentos mais relevantes, a falta de
respeito às regras de trânsito por parte dos condutores, o desrespeito mútuo entre pedestres e
condutores, a falta de fiscalização e a falta de propagandas sobre trânsito em mídia aberta.
Tabela 4:Obediência às leis para pedestres
Você se considera uma pessoa que obedece às leis de trânsito como pedestre?
Às vezes
Sempre
Não sabe
Nunca
56%
26%
13%
5%
Particular
68%
25%
5%
2%
Pública
Como pode ser observado na Tabela 5, buscou-se conhecer a percepção dos alunos
referente ao seu comportamento ao atravessar uma rua movimentada. Desafiados a responder
o que faz ao querer atravessar uma rua onde o movimento é intenso e os veículos não param,
os alunos de ambas as escolas responderam ter atitudes prudentes no trânsito. Os dados
mostram que 47% dos alunos da escola privada aguardam pacientemente para atravessar a rua
mesmo não havendo faixa de segurança, e 45% dos alunos da escola pública procuram uma
faixa de segurança para fazer a travessia em local apropriado aos pedestres.
Tabela 5:Comportamento dos alunos ao atravessar uma rua
Se você quer atravessar a rua e o movimento Escola Privada
não para o que você faz?
Aguarda pacientemente a possibilidade de 47%
atravessar
Procura uma faixa de segurança
39%
Tenta atravessar e fazer os veículos pararem
7%
Não sabe responder
7%
Escola Pública
41%
45%
7%
7%
Sobre as causas de acidente considerando o comportamento dos motoristas e
pedestres, sobre o desrespeito geral das leis e regras de trânsito, e os problemas na estrutura
viária, o resultado está exposto na Tabela 6. Foram selecionados quatro descumprimentos
mais comuns às leis de trânsito e foi perguntado qual na opinião dos entrevistados era a mais
grave em causar acidentes. Dos comportamentos que causam mais acidente no trânsito, os
alunos responderam que a imprudência dos motoristas, o desrespeito às leis de trânsito em
geral, e a imprudência dos pedestres são as mais relevantes. Pode-se perceber que entre os
diversos questionamentos sobre as causas de acidentes, estas três questões sobressaíram-se em
relação aos demais questionamentos.
Tabela6:Em relação às causas de acidentes, avalie os seguintes comportamentos.
Em
relação
às
causas de acidentes,
Escola Privada
Escola Pública
avalie os seguintes
comportamentos.
Imprudência
dos
motoristas
Imprudência
dos
pedestres
Desrespeito às leis de
trânsito em geral
Problemas
na
estrutura viária
Não é Causa
Causa Baixa
Causa Causa
Média Alta
Não é Causa
Causa Baixa
Causa Causa
Média Alta
1%
4%
38%
57%
0%
7%
43%
50%
2%
10%
57%
31%
0%
13%
70%
17%
1%
8%
37%
54%
0%
0%
28%
72%
7%
32%
45%
16%
5%
17%
38%
40%
A percepção referente à imprudência dos motoristas é causa alta de acidente para 57%
dos alunos da escola privada. Entre os alunos da escola pública percebe-se que a opinião
também é que a percepção referente à imprudência dos motoristas é causa. A imprudência dos
pedestres é causa média com 57% entre os alunos da escola privada, e 70% das respostas dos
alunos da escola pública. O desrespeito às leis de trânsito em geral é considerado causa alta de
acidentes por 54% dos alunos da escola privada, e 72% dos alunos da escola pública. Os
alunos da escola pública responderam que problemas na estrutura viária é uma causa alta de
acidentes com 40%, no entanto os alunos da escola particular consideram ser uma causa
média com um percentual de 45%. Entende-se que é possível que estas percepções estejam
relacionadas ao fato de os alunos da escola pública caminharem mais, tanto para ir à escola
como de forma mais ampla para irem ao trabalho.
Na Tabela 7 pode-se perceber que no descumprimento das regras de trânsito, conduzir
veículo automotor sob influência de álcool foi das questões que se sobressaiu dentre as
demais analisadas pelos alunos de ambas as escolas, 83% dos alunos da escola privada e 73%
entre os alunos da escola pública, responderam que este é a causa de maior relevância do
índice de acidentes no trânsito.
Tabela 7: Descumprimentos a regras e motivos de acidentes maiores
No descumprimento das regras abaixo qual você julga ser a Escola
mais grave? Qual delas mais provoca acidente?
Privada
Ultrapassar o sinal vermelho
1%
Exceder o limite de velocidade
11%
Atravessar a rua fora da faixa de segurança
4%
Conduzir veículo automotor sob influência de álcool
83%
Não soube responder
1%
Escola
Pública
10%
13%
3%
72%
1%
Finalizando o questionário, foi perguntado aos alunos se gostariam de conhecer algo
sobre o trânsito, e o que gostariam de conhecer, e se o tema trânsito, em sua opinião, poderia
ser uma disciplina como as demais na grade curricular, e por quê. Dentre os alunos da escola
privada, 57% responderam que não gostariam de conhecer algo sobre o trânsito, por não ter
interesse. O restante respondeu que gostaria de conhecer as regras, saber os seus direitos e
deveres. No entanto 62% dos alunos da escola pública gostariam sim de conhecer algo sobre o
trânsito, como por exemplo: as regras de trânsito e mobilidade, saber como ter um
comportamento seguro no trânsito, dentre outras regras em geral, pois alguns pretendem ser
condutores de veículos automotores no futuro.
Sobre o tema trânsito ser uma disciplina escolar na grade curricular como as demais
disciplinas, os resultados foram divergentes em ambas as escolas. Dentre os alunos da escola
privada 60% responderam que não concorda em ter a disciplina trânsito na grade curricular.
Seus questionamentos foram diversos, como por exemplo: isso se aprende na autoescola
quando eu for tirar a carteira nacional de habilitação, mais uma matéria para se estudar,
isso se aprende nas propagandas, dentre outras. O restante, 40% dos alunos, responderam
que deveria ser matéria escolar, demonstrando interesse em obter maior conhecimento sobre o
assunto trânsito para poder no futuro serem pedestres e condutores mais conscientes por terem
aprendido este conteúdo na escola.
No entanto os alunos da escola pública demonstraram maior interesse sobre o tema
trânsito como disciplina escolar, com 73% dos alunos a favor. Como motivos podem-se citar
alguns exemplos ditos por eles: para ensinar e formar uma população mais consciente, para
aprender as regras assim poderia evitar muitos acidentes, é uma matéria essencial igual a
português e matemática, para aprender que o trânsito não é brincadeira, é um assunto
importante e pouco explicado, trânsito também é educação para pedestres e futuros
condutores.
A partir do exposto acima e dos dados apresentados pode-se concluir que devem ser
trabalhadas com os jovens do Ensino Médio questões que os ajudem a compreender que
mesmo na condição de pedestre eles também fazem parte do trânsito. A partir de suas
respostas foi possível perceber que os jovens têm dificuldade de internalizar a importância do
papel do pedestre no trânsito, pois uma parte admitiu não cumprir sempre as regras, sendo que
99% dos jovens entrevistados não são condutores. A análise dos dados permite inferir que os
entrevistados associam o trânsito mais ao movimento de veículos, bem como, que a maioria
tem o automóvel como meio ideal de locomoção. Entretanto estes jovens têm ciência dos
problemas que enfrentam cotidianamente no trânsito, e especialmente em relação aos jovens
da escola pública, este tema aparece como importante em sua formação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou contribuir com informações para subsidiar um caminho adequado
para ser desenvolvida a Educação para o Trânsito em sala de aula com os alunos do Ensino
Médio. Percebe-se que questões como as relações interpessoais, a inserção do pedestre no
trânsito, uma forma segura de se portar no espaço urbano são essenciais de serem trabalhados,
uma vez que na análise dos dados fica evidente que eles consideram como trânsito o
movimento de veículos, bem como, que a maioria deles adoraria se locomover de carro,
porém, hoje, se utilizam de bicicleta, ônibus ou se deslocam a pé.
A Educação para o Trânsito deve ser conteúdo transversal em sala de aula, podendo
assim promover o desenvolvimento do aluno de forma sistemática, fornecendo-lhe conteúdos
desde a pré-escola até o ensino superior, por meio de discussões, campanhas e,
principalmente, sensibilização para os temas fundamentais do trânsito. No planejamento dos
conteúdos a serem desenvolvidos deve ser levado em consideração o conhecimento prévio
dos alunos, para tornar as aulas interessantes fazendo que se desenvolva maior interesse pelo
assunto, contribuindo para exercer a cidadania, consciente de seus direitos, deveres e
responsabilidades. A Educação para o Trânsito não deve ser apresentada apenas de forma
informativa, mas propiciar uma ampla reflexão sobre valores e ética. Em primeiro lugar devese explorar os conceitos de segurança do pedestre e do motorista, a importância do respeito
mútuo, as consequências de seus atos em relação ao trânsito, trabalhando sua autoestima para
a importância de preservar a própria vida e a dos outros. Os pais e os professores possuem um
papel importante, pois são figuras de referência para os adolescentes, estes apresentam certa
autonomia como pedestre, porém ainda não tem maturidade emocional para conduzir veículos
automotores, mesmo tendo noção do perigo, do certo e do errado, não possui total
compreensão da amplitude das consequências dos seus atos.
Ao trabalhar o tema trânsito com jovens, deve-se sempre levar em conta a sua
realidade e o fato de que todos somos prioritariamente pedestres. Conhecendo melhor sua
realidade, pode-se interferir em seu meio de forma profunda e criativa. Desta forma, torna-se
mais fácil esse adolescente aceitar as regras que julgar moralmente certas, não levando em
consideração apenas a fonte de onde provêm, mas também o seu próprio julgamento.
Entende-se que um trabalho de Educação para o Trânsito deve contribuir para que ele busque
soluções para enfrentar os desafios que se encontram no trânsito, comparando as orientações
que recebeu de seus pais e os professores, com a sua própria tomada de decisão, acatando e
repensando normas que são importantes para a sua segurança e dos outros.
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O DESAFIO DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NO ENSINO