1 UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE DA CAPTAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA EM PERSIGAIS Fabiano José Volkweis Chapecó 06/10 2 FABIANO JOSÉ VOLKWEIS ANÁLISE DA CAPTAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA EM PERSIGAIS Trabalho de Monografia II apresentado ao Curso de Engenharia Civil, área de ciências exatas, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, como requisito à obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Profª. Andrea Foltran Menegotto Chapecó 06/10 Giovana 3 Dedico este trabalho a minha família, base da minha vida para todos os momentos, sejam eles bons ou ruins. 4 AGRADECIMENTOS À meus pais, meus irmãos, meus avós, meus amigos de faculdade, que com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Ao Professor e orientador Mauro Leandro Menegotto pela dedicação na orientação e incentivo o que tornou possível a conclusão desta monografia. A professora e orientadora Andrea Giovana Foltran Menegotto, por seu apoio, paciência e auxílio no aprimoramento dos meus conhecimentos e conceitos que me levaram a execução e conclusão desta monografia. 5 Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram. Grahan Bell 6 RESUMO VOLKWEIS, F. J. Análise da Captação e Quantificação da água da Chuva em Persigais. 2010. Trabalho de Conclusão – Curso de Graduação em Engenharia Civil, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Unochapecó, Chapecó, 2010. O presente trabalho de conclusão de curso, trás em suma uma breve pesquisa histórica sobre a captação da água da chuva, ressaltando a importância em se coletar a água originada de precipitações pluviométricas e os cuidados que devem ser tomados neste processo. Tendo como objetivo maior, analisar um sistema de captação da água da chuva quanto à viabilidade de uso em um persigal. E também quantificar a água utilizada no processo de engorda suína. Para a verificação e obtenção dos dados foi necessário utilizar-se de revisões bibliográficas tendo autores como referências. Para ampliar a coleta de dados foi necessário recorrer a pesquisas a campo. Deste modo pode-se afirmar que um sistema de captação de água da chuva é constituído basicamente por: área de captação, calhas coletoras, filtro, tubos condutores e cisterna. O local onde se situa a superfície de captação, assim como, as calhas, são mecanismos fundamentais para a qualidade da água coletada, podendo essa ser de qualidades variáveis dependendo do grau de contaminação desses fatores. A água captada pelo sistema estudado visa o uso da água para fins não potáveis, ou seja, não é usada para ingestão. Para o bom funcionamento do sistema de captação foi possível verificar que devem ser tomados alguns cuidados como: não permitir o acesso de animais sobre a área de captação e descartar a água dos primeiros 15 minutos de chuva. Com isso, é possível aumentar a qualidade da água e do sistema em si. Em relação à quantificação da água utilizada para a engorda suína, o processo de contabilizar a água se faz importante no quesito de obtenção de dados, pois certos alimentos ou produtos levam uma carga de água muito grande para serem processados, tendo em vista a escassez que a humanidade vem enfrentando, isso futuramente pode acarretar na inviabilidade do uso desses produtos, devido à quantidade excessiva de água consumida no processo de produção. A quantificação da água efetuada no trabalho em questão mostra que à medida que esses animais se desenvolvem, o consumo de água diminui, tendo em vista a massa corporal desses indivíduos. Isso é explicado, devido a animais da espécie suína de maior porte possuir capacidade mais elevada de retenção de urina e menor perda de água pelos pulmões. Palavras chave: captação da água, persigal, quantificação da água, suínos, escassez. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1:Pedra Moabita da civilização Inca....................................................................14 Figura 2: Fortaleza de Massada em Israel.......................................................................15 Figura 3: Fortaleza dos Templários em Portugal............................................................16 Figura 4: Pocilga analisada para a quantificação da água...............................................38 Figura 5: Maternidade, subdivisão do persigal................................................................39 Figura 6: Creche, subdivisão do persigal.........................................................................39 Figura 7: Bebedouro do tipo chupeta..............................................................................40 Figura 8: Caixa de água do persigal................................................................................43 Figura 9: Ramificação do tubo de água que abastece o persigal.....................................43 Figura 10: Hidrômetro.....................................................................................................43 Figura 11: Rompimento do tubo para instalação do hidrômetro.....................................44 Figura 12: Instalação do hidrômetro ao tubo...................................................................44 Figura 13: Primeira leitura realizada pelo hidrômetro.....................................................44 Figura 14: Detalhe da calha.............................................................................................51 Figura 15: tubulações na parte externa do solo...............................................................52 Figura 16: Cisterna construída próximo ao desnível.......................................................52 Figura 17: Caixa de dejetos próximo ao telhado de captação.........................................53 Figura 18: Local de instalação do filtro...........................................................................53 Figura 19: Peneira usada no filtro....................................................................................54 Figura 20: Parafuso utilizado para auxiliar na remoção da peneira................................54 Figura 21: Tubo de PVC usado para o corpo do filtro....................................................55 Figura 22: Abraçadeiras metálicas utilizadas para fixação das peneiras.........................55 Figura 23: Detalhe das abraçadeiras fixando as peneiras................................................56 Figura 24: Luva alterada para auxiliar na manutenção do filtro......................................56 Figura 25: Remoção do filtro para limpeza.....................................................................57 Figura 26: Material retido na peneira..............................................................................57 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tratamento da água em relação à utilização das água pluviais.....................23 Tabela 2 – Grau de pureza relacionado à área de coleta indicando a sua utilização.......24 Tabela 3 – Dados obtidos para a quantificação da água nos meses de fevereiro a abril........................................................................................................................ .........65 Tabela 4 – Laudo da análise microbiológica antes da instalação do filtro......................71 Tabela 5 – Laudo da análise microbiológica após a instalação do filtro.........................72 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇAO........................................................................................................ 11 1.1 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 12 1.2 DEFINIÇÃO DO TEMA .......................................................................................13 1.3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................... 13 1.4 OBJETIVO GERAL.................................................................................................13 1.4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................13 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................13 2.1 CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DA ÁGU DA CHUVA...........................14 2.1.1 Captação e aproveitamento da águ da chuva....................................................14 2.2.IMPORTÂNCIA EM SE COLETAR ÁGUA DA CHUVA............................................................................................................................7 2.2.1 Conceito sobre água de qualidade ......................................................................19 2.3 CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS QUANTO AO USO A ÁGUA CAPTADA DA CHUVA..............................................................................................25 2.4 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA............................................ 27 2.4.1 Componentes do sistema de captação da água da chuva..................................... 28 2.4.1.1 Superficie de captação da água da chuva ......................................................... 29 2.4.1.2 Calhas e tubulações ......................................................................................... 29 2.4.1.3 Cisternas e reservatórios .................................................................................. 30 2.5 NECESSIDADE EM QUANTIFICAR A ÁGUA .............................................. 32 3 TIPO DE PESQUISA UTILIZADA PARA O TEMA EM ESTUDO .................................................................................................................34 Pesquisa de Campo ................................................................................................34 3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 34 4. ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 36 3.1. 4.1 PERSIGAL ONDE FOI ELABORADO A QUANTIFICAÇÃO DA ÁGUA DE ANIMAIS DA ESPÉCIE SUÍNA .......................................... 36 4.1.1 Quantificação da água para criação suína realizada pelo proprietário do persigal, sem auxilio de medidores de água .............. 36 4.2. LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DO TOTAL DE SUÍNOS DO PERSIGAL PARA A QUANTIFICAÇÃO DA ÁGUA REALIZADA COM O AUXÍLIO DO HIDRÔMETRO .............................................40 4.2.1Quantificação da água do persigal com hidrômetro...........................Erro! Indicador não definido.1 o uso de 4.2.2 Amostragem gráfica da quantificação de água do persigal, realizada com o auxílio de um hidrômetro ........................................... 44 4.2.3 Análise gráfica do consumo de água contabilizada com o uso de um hidrômetro nos meses de março, abril e maio ............................... 46 4.2.4 Análise gráfica do consumo de água por unidade suína nos meses de março, abril e maio ............................................................................ 48 4.3 ANÁLISE DO SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA REALIZADA NO PERSIGAL ................................................................. 49 4.3.1 Proposta do filtro para captação da água da chuva ................... 51 4.3.1.1 Funcionamento e manutenção do filtro .................................... 56 4.3.2 Laudo da análise microbiológica da água do persigal ................ 57 10 4.3.2.1 Esclarecimentos sobre a análise microbiológica realizada no persigal ..................................................................................................... 57 4.4. ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NECESSÁRIA PARA ENCHER O RESERVATÓRIO DE ÁGUA DO PERSIGAL ...... 58 5. RESULTADOS E ANÁLISES ........................................................... 59 5.1. RESULTADOS OBTIDOS PELA ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA EM FUNÇÃO DO FILTRO NO PERSIGAL ....................... 59 5.2. CONSUMO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA ........60 5.3. COMPARAÇÃO DOS DADOS ENTRE OS MÉTODOS DA QUANTIFICAÇÃO REALIZADA PELO PRODUTOR E HIDRÔMETRO NO PERSIGAL .................... 61 APÊNDICES.................................................................................................................63 5. CONCLUSÃO...........................................................................................................72 REFERÊNCIAS...........................................................................................................75 11 12 1.INTRODUÇÃO A escassez dos recursos hídricos obriga a mudança do regime das águas, tornando-as públicas, fazendo com que se dê ênfase à preservação dos cursos d’água e à sua qualidade. O Código Florestal foi consideravelmente modificado no ano de 1989 para dar proteção mais abrangente aos cursos e corpos d’água. A ênfase legislativa, por tanto, incide na racionalização do uso primário da água, estabelecendo princípios e instrumentos para sua utilização. Pouco ou quase nada houve de preocupação legislativa no Brasil para fixação de princípios e critérios para reutilização ou para captação da água. (MANCUSO; SANTOS, 2003). Segundo os dados fornecidos pelo Banco Mundial (2000), no Brasil, cerca de 61% da água doce é consumida pela agricultura, 18% pela indústria e 21% para usos domésticos. Outro dado muito relevante é que o consumo de água no país duplicou nesses últimos 40 anos, esse fato mostra que a maior preocupação com a demanda de água está relacionada com a agricultura, o que requer uma maior conscientização da parte dos agricultores para que os mesmos saibam qual o consumo de água utilizada em sua propriedade (GUILHERME; MATTOS, 2005). Segundo Palhares (2005), se o produtor de suínos souber o quanto de água necessita para atender a demanda de sua produção, ele saberá se as fontes disponíveis na propriedade são suficientes e, caso não sejam, cabe a ele providenciar medidas capazes de atender as exigências estabelecidas em relação ao consumo de água. Outra vantagem em se conhecer o consumo de água da propriedade diz respeito ao meio ambiente, pois a água é um recurso natural que deve ser conservado, sendo aproveitada em sua totalidade, de modo que não ocorram desperdícios. De acordo com Palhares (2005), a prática da suinocultura é marcada pela grande utilização de água consumida em sua produção e limpeza de suas instalações e é classificada como uma atividade potencialmente impactante quando relacionada com o consumo de água. A utilização de água de rio para retirada de dejetos suínos de uma instalação é proibida, isso requer que o produtor encontre outra forma de aquisição para esta prática, e uma opção é a utilização de um sistema de captação da água da chuva como meio alternativo. 13 Segundo Perdomo (2001), na suinocultura a água da chuva pode ser usada para fins de limpeza e manutenção e isso implica em menos desperdício de água potável. Os desperdícios podem ter várias implicações, a exemplo do umedecimento do piso e estímulo ao comportamento excretório dos animais em áreas impróprias, diluição e aumento do volume de água para a higienização e elevando os custos de coleta, armazenagem, tratamento e distribuição. Seja qual for a forma de criação, a suinocultura é atividade de grande potencial poluidor, face ao elevado número de contaminantes gerados pelos seus efluentes, cuja ação individual ou combinada, pode representar importante fonte de degradação do ar, dos recursos hídricos e do solo. 1.1 JUSTIFICATIVA O tratamento Jurídico das águas no Brasil, até o advento da constituição Federal de 1988, sempre considerou a água como bem inesgotável, passível de utilização abundante e farta. Esse pensamento, aliás, pauta a utilização de recursos ambientais no mundo até pouco tempo, mais da metade do século XX. Onde a constituição assegurava o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente e tratava os conflitos sobre o uso das águas como meras questões de vizinhança. A consciência de que os recursos hídricos tem fim e, portanto, merecem um tratamento jurídico mais adequado, ganha contorno definido com a própria Constituição Federal de 1988 e a da lei que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (MANCUSO; DOS SANTOS, 2003). Além dos problemas relacionados à quantidade de água tais como estiagens e cheias, há também aqueles relacionados à qualidade da água. A contaminação de mananciais impede, por exemplo, seu uso para abastecimento humano. A alteração da qualidade da água agrava o problema, contribuindo para a falta desse recurso, o que mostra mais a importância em preservá-la e buscar alternativas para o uso correto e consciente da água (BRAGA; SPENCER, 2004). O estudo da viabilidade de uso na captação da água da chuva e da quantificação de água em persigais é de grande importância no quesito de conscientizar na redução e na necessidade de usar a água de forma correta e consciente, assim como, no fato de obter formas alternativas de coleta e armazenamento de água para esse fim em ocorrência de 14 da grande demanda de água usada para a produção de suínos, tendo em vista a escassez desse líquido que cada vez se torna mais honorável. 1.2. DEFINIÇÃO DO TEMA Análise da captação e uso da água da chuva para fins de limpeza e manutenção de pocilgas, bem como a quantificação da água necessária para o desenvolvimento da espécie suína enquanto permanentes no local de estudo. 1.3. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA Como a análise da eficiência do sistema de captação da água proveniente de precipitações pluviométricas podem gerar vantagens e economia em relação ao uso indiscriminado de água potável para desenvolvimento de atividades suínas? 1.4. OBJETIVOS 1.4.1. Objetivo Geral Analisar a viabilidade de uso do sistema de captação de água da chuva de um persigal, em virtude da economia e a contribuição ecológica fornecida pelo sistema quanto ao desperdício de água de qualidade, e quantificar toda a água necessária para a atividade em estudo. 1.4.2. Objetivos Específicos a) Realizar uma breve pesquisa histórica e apresentar os resultados gerados pela captação e utilização da água da chuva. b) Ressaltar a importância e a necessidade da coleta de água através de meios alternativos, especificamente água originada por precipitações hidrográficas para fins não potáveis. 15 c) Quantificar a água utilizada no processo de engorda suína, através de hidrômetro. d) Analisar a viabilidade do uso da água originada de precipitações pluviométricas para lavagem e manutenção de persigais. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA 2.1.1. Captação da água da chuva e seu contexto histórico Segundo Gnadlinger (2000), a captação ou coleta da água da chuva vem sendo uma técnica usada há muitos anos por alguns povos, principalmente em regiões áridas e semi-áridas onde as chuvas são escassas durando apenas poucos meses e ocorrem em locais diferentes. A técnica da coleta da água da chuva foi desenvolvida e difundida independentemente em diversas partes do mundo e em diferentes continentes há milhares de anos, o primeiro registro que se tem do uso da água da chuva é verificado na pedra Moabita (figura 1), data de 830 a.C, que foi achada na antiga região de Moab, perto de Israel. Ainda Gnadlinger (2000), o rei Mesa dos Mohabita no Oriente Médio, sugestiona que seja feito um reservatório para captação e aproveitamento da água da chuva em residências e estabelecimentos comerciais, pois não havia cisternas dentro da cidade de Qarhoh, por isso disse ao povo: Que cada um de vós faça uma cisterna para si mesmo, na sua casa. A fortaleza de Massada em Israel (figura 2), cerca de 150 a 76 a.C, possui dez reservatórios cavados nas rochas com capacidade total de 40 milhões de litros. 16 Figura 1: Pedra Moabita Figura 2: Fortaleza de Massada, Israel Diz Tomaz (2003), em Portugal na cidade de Tomar, encontra-se a fortaleza dos templários (figura 3), cuja construção data no início de 1160 d.C, essa construção contém dois reservatórios com a finalidade de captação de águas pluviométricas, sendo um com capacidade de 215 m³ e o outro com 145 m³ de armazenamento. Os principais motivos que os levaram a construir esses reservatórios foram basicamente os seguintes: a) Conscientização e sensibilidade da necessidade da conservação da água; b) Região com disponibilidade hídrica menor que 1200 m³/hab./ano; c) Instabilidade do fornecimento de água pública; d) Exigência de lei específica; e) Locais onde a estiagem é maior que 5 meses; 17 f) Locais ou regiões onde o índice de aridez seja menor ou igual a 0,50. Figura 3: Fortaleza dos templários, Portugal O México é um dos países mais ricos em construções e civilizações antigas que possuíam coleta e armazenagem da água da chuva, civilizações do século X, como Aztecas e Maias, tinham em suas arquiteturas sistemas de captação e armazenagem tão bem elaborados que a agricultura desses povos era basicamente irrigada com a água dessas cisternas (GNADLINGER, 2000). De acordo com Tomaz (2003), em Roma no ano de 1885 foram encontrados doze reservatórios subterrâneos com entrada superior. Cada uma dessas unidades tinha capacidade de armazenamento de 98 m³, esses reservatórios tinham a finalidade de abastecer as comunidades. No palácio de Knossos, na Ilha de Creta, em meados de 2000 a.C., era aproveitada a água da chuva para descargas em bacias sanitárias. 2.2. IMPORTÂNCIA EM SE COLETAR A ÁGUA DA CHUVA Segundo Pandolfo et al.(2002), as precipitações médias anuais nas diferentes regiões catarinenses varia de 1100 a 2900 mm. Estes valores indicam uma disponibilidade hídrica de razoável a excelente em se tratando de aproveitamento de água da chuva. As atividades humanas associadas ao crescimento demográfico, vem exigindo maior atenção quanto ao uso de água para as mais diversas finalidades. Essas necessidades cobram seus tributos tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, gerando uma questão de maior atenção em centros urbanos de maior desenvolvimento industrial e 18 agrícola. Há também a problemática de regiões onde a escassez e a má distribuição de água são fatores que limitam o processo de desenvolvimento, e essa situação tende a se agravar ao longo do tempo em razão do crescente uso da água nos próximos anos. Isso decorre do aumento populacional, da instalação de mais indústrias e do uso mais intensivo do solo para fins agrícolas (MANCUSO; SANTOS, 2003). A utilização da água da chuva é um fator importante a ser considerado pois seria uma medida de controle contra a falta ou até mesmo o excesso de água, o qual causa inundações e outros processos desagradáveis comprometendo a saúde pública. A água reaproveitada pode ser utilizada na recarga do lençol freático, na geração de energia, na irrigação, na reabilitação de corpos d’água, na refrigeração de equipamentos, na lavagem de ruas e feiras livres, na limpeza de monumentos, na descarga sanitária e limpeza de banheiros, em sistemas de controle de incêndio, lavagem de pátios, em irrigação de jardins e da agricultura, nas fontes luminosas, etc. Em vários países do mundo a coleta da água da chuva é uma prática utilizada e planejada de acordo com o horizonte de trabalho para o qual se destina, e tem obtido muito sucesso em diversos processos. Com isso, preserva-se a água potável para o atendimento exclusivo das necessidades que exigem sua pureza e para o consumo humano (ZAIZEN et al, 1999). A produção de água de boa qualidade, dentro dos padrões mundiais de potabilidade, torna-se cada vez mais onerosa, induzindo-se a priorização do abastecimento para consumo humano. Ao mesmo tempo, a adoção de tarifas escalonadas vem, gradualmente, tornando proibitivo o uso de água potabilizada para processos industriais. Em decorrência dessas tendências, uma alternativa para a atividade industrial é a utilização de água captada por precipitações pluviométricas, assim como uma saída muito eficaz seria o reuso da água. (MANCUSO; SANTOS, 2003). De acordo com Fendrich e Oliynik (2002), a captação de águas pluviais além de auxiliar na redução de enchentes e na diminuição do uso de água de melhor qualidade para fins não nobres, ela garante suprimento de água no lençol freático, devido que com a captação de água da chuva a infiltração é mais lenta pois terá menos quantidade de água permitindo uma maior absorção de água no solo, gerando melhorias ambientais e mantendo vazões adequadas em rios nos períodos de seca, colaborando para uma diminuição de poluição hídrica e aumentando seu poder de autodepuração. Coletar e armazenar água de chuva para ser utilizada nas descargas de vasos sanitários, lavação de carros e calçadas, irrigação de jardins, pode se tornar uma solução desejável para minimizar os problemas de abastecimento de água em regiões litorâneas onde 19 ocorre uma notável escassez principalmente em períodos veraneios em que suas populações praticamente duplicam, além de ir de encontro à preservação ambiental do planeta (SICKERMANN, 2003). Segundo Braga e Spencer (2004): “é essencial que nos preocupamos em captar e armazenar a água da chuva”. Determinados usos de recursos hídricos fazem com que parte da água que é utilizada não retorne ao corpo de água do qual foi retirada. Tais usos são denominados consuntivos. Exemplos de usos consuntivos são a irrigação, o abastecimento urbano e o abastecimento industrial. Usos consuntivos em geral conflitam com outros usos em função da retirada da água que provocam no sistema aquático. Sendo que nesses locais há uma necessidade ainda maior de reposição de água, e a prática mais eficiente a curto prazo seria a captação e armazenamento de águas pluviais, a qual minimizaria o problema. Brunet (2001), afirma que com a captação da água da chuva em pequena ou grande escala, é possível diminuir o uso da demanda de água superficial ou subterrânea para irrigação. Cerca de 40% da água destinada à áreas urbanas são para fins de irrigação. Esta utilização é especialmente indicada para ambientes rurais, devido ao tamanho e área necessária para os reservatórios. Sistemas completos de coleta de águas pluviais, são capazes de fornecer água de acordo com a demanda total para uso doméstico. Há muito tempo ouve-se falar que a água é um bem finito. Muitos a classificam como insumo do século, e afirmam ainda que ela será causa de conflitos internacionais em razão de sua disputa. Esse “insumo básico” de quase todos os processos industriais, a água é vital para a produção de alimentos e ao mesmo tempo para o crescimento da população, que por sua vez, vem demandando continuamente utilizando mananciais e os deixando cada vez mais poluídos e deteriorados. Além disso, novos mananciais, necessários para suprir essas demandas, encontram-se cada vez mais distantes dos centros consumidores. (MANCUSO; SANTOS, 2003). Tendo em vista o custo da água nas cidades ser de baixo valor econômico levando em consideração água de origem residencial, isso inviabiliza qualquer aproveitamento no quesito financeiro da captação da água da chuva, no caso das indústrias e estabelecimentos comerciais o cenário é diferente, devido a grande quantidade de água necessária para desenvolver algumas atividades e o valor dessa água ser um valor expressivo no final do mês, a água da chuva pode ser usada para resfriamento de telhados e maquinários, assim como na limpeza e climatização interna, (NOGUEIRA, 2007). 20 Porém Zampieron e Vieira (2005), enfatizam que os meios naturais de transformação da água da chuva em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Toda água da chuva deve ser coletada e manipulada com racionalidade, preocupação e moderação, não devendo ser desperdiçada, poluída, ou envenenada, pois a água precipitada é pura antes de atingir o telhado o qual irá coletar a água, e ali ocorre uma poluição desse líquido devido a poluentes já citados anteriormente, e essa contaminação torna o processo de purificação lento e muito sensível quase que inviabilizando o procedimento. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento, para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. Para tanto, sugere-se então, a adoção da captação e uso da água da chuva como ferramenta que venha auxiliar em atividades cujos processos não necessitam de água potável, mas o fato dessa água não ser potável, não significa que essa água não seja de qualidade. 2.2.1. Conceito sobre água de qualidade A qualidade de vida dos seres humanos esta diretamente ligada à água, pois ela é utilizada para o funcionamento adequado de seu organismo, preparo de alimentos, higiene pessoal e de utensílios. Usamos a água também para irrigação de jardins, lavagem de veículos e pisos, uso esses com exigências menores em relação à qualidade. (BRAGA; SPENCER, 2004). Nas atividades econômicas do homem, o conceito de qualidade é invariavelmente associado ao uso de um bem ou serviço. O estabelecimento de padrões de qualidade, ou seja, características que definem um bem ou serviço que atende às necessidades do uso a que ele se destina. A adequação ao uso resulta da conformidade daquele bem ou serviço, e a aplicação desses conceitos ao caso da água e seus diversos usos levou à definição dos padrões de qualidade de água. A qualidade de “uma água” como uma porção limitada de água pode ser avaliada a partir da sua comparação com esses padrões. (MANCUSO; SANTOS, 2003). Água potável é aquela que não causa danos a saúde nem prejuízo aos sentidos. Deve haver uma preocupação com a aparência da água porque um consumidor insatisfeito com o aspecto da água oferecida pode usar água de outro manancial com melhor aspecto. Todavia, não existe uma relação biunívoca entre aspecto e qualidade da água, de modo que uma água com melhor aspecto pode ser mais nociva à saúde do que outra 21 de aspecto pior, dependendo das substãncias dissolvidas e organismos patogênicos existentes em ambas. (BRAGA; SPENCER, 2004). Quando se trata de avaliar a qualidade de água para consumo humano, tendo em vista que essa água seja proveniente de reuso ou captação pluviométrica, deve-se levar em conta que não são ainda suficientemente conhecidos os efeitos sobre a saúde provocados pela presença de várias substâncias químicas, especialmente compostos orgânicos. Além disso, não conhecemos o bastante os efeitos da associação de duas ou mais substâncias, daí a necessidade de se estabelecer critérios tanto para a água de reuso quanto para a de precipitações, que essa água seja utilizada para serviços ou bens que não se restrinjam a padrões de qualidade, mas que incluam também exigências relativas à fonte de água utilizada e a especificação do nível e confiabilidade do tratamento requerido para a água, tendo em vista os usos pretendidos. (MANCUSO; SANTOS, 2003). Segundo Braga e Spencer, 2004, para a caracterização da qualidade da água, são coletadas amostras para fins de exames e análises, devendo-se obedecer a cuidados e técnicas apropriados, com volume e número de amostras adequados. Os exames e análises são feitos segundo métodos padronizados e por entidades especializadas. Porém se esta água for utilizada para fins de limpeza ou para atividades que não implicam numa qualidade de água mais rigorosa, não há uma necessidade em se fazer exames e análises periódicas da água, mas mesmo assim requer cuidados para que esta não prejudique ou cause danos à saúde das pessoas que irão manuseá-la. Outro fator a ser considerado é o da qualidade da água utilizada exceder a que seria suficiente para atender às necessidades de determinado uso, caso em que, possivelmente, esta ocorrendo um desperdício de recursos, principalmente se a água necessitou de algum tratamento para atingir essa qualidade. Isso é típico no uso de água potável para muitas aplicações que dispensariam esse nível de qualidade, como vários processos industriais, de irrigação e limpeza. (MANCUSO; SANTOS, 2003). Existem várias maneiras de se tratar a água, mas esta deverá ser tratada de acordo com o fim para o qual se destina. Em caso do uso de água proveniente de captação pluviométrica para uso de fins não potáveis, devemos ter um cuidado maior quanto a questão das peças de condução, se a água possuir agentes corrosivos podem deteriorar as tubulações e o reservatório, diminuindo a vida útil dos materiais. (BRAGA; SPENCER, 2004). 22 Tordo (2004) refere que, a partir de estudos, houve resultados sobre a qualidade das águas de chuvas que atingem diretamente o solo e cujas características são diferentes das águas, escoadas sobre telhados, em função do contato com áreas mais poluídas. Embora, poucas informações são disponíveis sobre a qualidade das águas, coletadas de telhados. Appan (1999) avaliou a possibilidade de aproveitamento das águas de chuvas, coletadas de telhados, para uso não-potável, para uma região urbana, onde a precipitação média anual é da ordem de 2250 mm. Apresentou as qualidades das águas das chuvas coletadas (ph, cor, turbidez, sólidos totais suspensos e dissolvidos, dureza, fosfato, coliformes fecais e totais), e as dimensões do tanque de armazenamento, em função da percentagem de utilização assim como do processo automático de bombeamento. Ao que concluiu que a água detém qualidades aceitáveis, para usos não-potáveis, é, portanto, recomendável a realização da elevação do pH e desinfecção. Na região de Blumenau (SC), Tordo (2004) realizou estudos para avaliar a qualidade da água em três diferentes tipos de cobertura, quais sejam: fibrocimento, cerâmica e metálica; com relação aos parâmetros - pH, alcalinidade total, cloretos, cor aparente, dureza total, ferro total, sílica, turbidez e coliformes - e cujos resultados mostraram que a concentração iônica da água é diferente em bairros diferentes, e se associam às atividades antrópicas locais (poluição industrial) e também à contribuição natural oceânica. A água é usada na indústria em seu processo produtivo, por exemplo, como solvente em lavagens e em processos de resfriamento. Não existe um requisito de qualidade da água genérico para todas as indústrias, pois cada uso especifico apresenta requisitos particulares. Indústrias que processam produtos farmacêuticos, alimentícios e de bebidas estão entre aquelas que precisam de qualidade elevada. Indústrias que utilizam a água para resfriamento devem usar água isenta de substancias que causem o aparecimento de incrustações e corrosão nos condutos. Sendo assim, atividades relacionadas a prática da suinocultura como a lavagem e a manutenção dos estabelecimentos podem ser efetuados com água proporcionada de captação pluviométrica, pois não necessita de uma água de qualidade elevada, a qual diminuiria o uso de água potável naquele local. (BRAGA; SPENCER, 2004). Coombes, Argue e Kuczera (1999) monitoraram, durante dois anos, um conjunto habitacional cujas águas de chuvas, coletadas de telhados, servem tanto para usos domésticos, recargas de aqüíferos e/ou retenções superficiais. Foram analisadas a qualidade das águas, escoadas sobre telhado. Pesquisas mostram que o telhado de fibrocimento apresenta uma capacidade de neutralizar os ácidos presentes na água da 23 chuva, maior que as outras duas coberturas estudadas (metálico e cerâmico). Quanto ao aspecto bacteriológico, as amostras apresentaram elevada quantidade de organismos patogênicos e, em algumas amostras, a turbidez e a cor aparente não alcançaram o padrão de potabilidade , filtração e desinfecção desejáveis, o qual inviabiliza o uso para consumo humano. A questão da adequação da água a determinados usos exige um conhecimento suficiente sobre suas características e seus efeitos, tendo-se em vista os usos praticados, devendo-se também conhecer os riscos que podem apresentar para a saúde e o meio ambiente. Esse conhecimento é de fundamental importância para uma decisão consciente de como a água pode ser utilizada para determinado fim, visando evitar que seu uso seja impróprio. O objetivo principal desses estudos é preservar e manter os recursos naturais e o estoque de água potável. É sempre bom ter em mente que a escassez de água potável é o principal responsável pelos problemas mais graves de saúde pública. (MANCUSO; SANTOS, 2003). 24 2.3 CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS QUANTO AO USO DA ÁGUA CAPTADA DA CHUVA A água de chuva pode ser tratada, canalizada e armazenada para distribuição, e utilizada para os mais diversos fins, desde que receba tratamento adequado. A água da chuva armazenada sem tratamento adequado pode ser utilizada apenas para consumo não potável. Entretanto, esta água tem potencial para utilização na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins, na lavagem de calçadas e pátios, em sistemas de arcondicionado e em sistemas de combate a incêndios, entre outros. Para que não ocorram riscos a saúde de seus usuários deve-se verificar a qualidade da água de chuva da região em que esta será utilizada, bem como as finalidades de sua utilização (AZEVEDO NETO, 1991). A água coletada deve seguir níveis de qualidade para os diferentes modos de utilização, os quais variam com o grau de poluição do ar e com a condição de limpeza da área de coleta. Os tratamentos para os diversos fins de utilização das águas pluviais são apresentados na Tabela 1 (FENDRICH; OLIYNIK, 2002). Tabela 1 – Tratamento da água em relação à utilização das águas pluviais Utilização das águas pluviais Tratamento da água Regar Plantas Não é necessário tratamento Aspersores de Irrigação Combate à incêndios ar- condicionado Tratamento é necessário para manter o equipamento em boas condições. Lago/fonte descarga sanitária Lavar roupa/ lavar carros Tratamento Higiênico é necessário devido ao possível contato humano com a água. Piscina/Banho A desinfecção é necessária porque a água Beber/ Cozinhar é ingerida direta ou indiretamente. Fonte: (FENDRICH; OLIYNIK, 2002) Embora o processo de coleta, armazenamento e utilização da água de chuva seja bastante simples, recomenda-se alguns cuidados como a identificação e sinalização da tubulação de condução da água da chuva, do reservatório e demais equipamentos, a instalação de filtros e de um reservatório de auto-limpeza. É importante também o cuidado para que as instalações hidráulicas das águas pluviais sejam independentes das demais instalações, pois não pode haver risco de contaminação da água tratada pela água de chuva. Outro fator importante é a necessidade de manutenção constante do reservatório de auto-limpeza, sempre que houver uma precipitação mais intensa. 25 Quanto ao reservatório de armazenamento recomenda-se a manutenção com freqüência anual (AZEVEDO NETO, 1991). Segundo Fendrich e Oliynik (2002), a localização da área de coleta limita a utilização das águas pluviais porque o grau de limpeza esta em função desta área. A Tabela 2 mostra o grau de pureza da água referente ao local onde foi coletada. Tabela 2 – Grau de pureza relacionado à área de coleta indicando a sua utilização Grau de pureza A Área de coleta das águas pluviais Utilização das águas pluviais Telhado (locais não utilizados por pessoas ou animais). equipamento em boas condições. Vaso sanitário, regar plantas e, se purificadas, são potáveis para o consumo. Telhado (locais utilizados Vasos sanitário, regar plantas, B por pessoas e animais). outros usos, mas impróprias para o consumo. C Jardins artificiais, estacionamentos. Vaso sanitário, regar plantas, outros usos, mas impróprias D Estradas, estradas elevadas (viadutos, ferrovias e rodovias) para o consumo. Vasos sanitário, regar plantas, outros usos, mas impróprias para o consumo. Fonte: (FENDRICH; OLIYNIK, 2002) Nos meses em que os períodos de precipitações são mais intensos é necessário que se faça uma limpeza nas calhas de captação e no telhado, antecedendo as chuvas, isso para que a o sistema de captação seja mais eficiente e a água de melhor qualidade (BOTELHO, 1998). Segundo Andrade Neto (2004), perda de qualidade e a contaminação da água de chuva ocorre, sobretudo, na superfície de captação ou quando está armazenada de forma não protegida. Quando escoa sobre a superfície de captação a água lava e arrasta a sujeira acumulada no telhado. A proteção sanitária de cisternas é relativamente simples. Basicamente requer o desvio das primeiras águas das chuvas, que lava a atmosfera e a superfície de captação e não deve ir para a cisterna, o ideal seria ignorar as chuvas dos primeiros quinze minutos para que esta lave o telhado ou o local de captação, e assim garantir que a água armazenada possua melhor qualidade, e se encontrar livre da algumas impurezas mais grosseiras. Além de todo o material particulado emitido pelos veículos e indústrias que está no ar e se deposita nos telhados, também encontramos folhas de árvores, galhos, fezes de pássaros e pequenos animais mortos. Toda essa sujeira acumulada, principalmente depois de um longo período de seca, desce com a água. Por isso, uma das recomendações de pesquisadores para a coleta é descartar a água proveniente dos primeiros quinze minutos de chuva, tempo necessário para que seja feita a limpeza do telhado. Os dados coletados e 26 analisados mostram que dá para aproveitar a água de chuva, mas é necessário ter alguns cuidados. "Encontramos coliformes fecais, provenientes de animais de sangue quente, como pássaros, gatos e ratos, além de outras bactérias que impedem sua utilização para higiene pessoal ou lavagem de roupas." Para esses usos, é necessário que ela seja tratada. Já para as plantas, quintais, calçadas e carros, não há maiores problemas, isso mostra que para o uso rural ou em atividades como avicultura ou suinocultura, a água da chuva se mostra eficiente para finalidades de limpeza ou refrigeração desses ambientes (PRADO, 2005). Segundo Andrade Neto (2004), ainda para evitar a contaminação que vem do telhado é aconselhável evitar a entrada das primeiras águas escoadas do telhado na caixa, desviando a(s) bica(s) ou tubos de condução para fora do orifício de entrada do reservatório. O tempo de "lavagem" do telhado vai depender da intensidade da chuva; pode ser de 1 hora no caso de chuva forte, ou até um ou dois dias no caso de uma chuva fina e constante. Mesmo realizando a "lavagem" antes de captar a água, os ventos costumam trazer folhas e sujeiras mais grossas para dentro da caixa, assim para se resolver este problema coloca-se um filtro ou coador na boca de entrada do reservatório, ou seja, entre a bica de condução da água e o reservatório. 2.3.1. Telhas de amianto, um risco à saúde Szilassy apud Martines (2007), o amianto também conhecido como asbesto é um grupo de minerais sílicas, fibroso, inorgânico, ocorrendo naturalmente. O Brasil encontra-se na terceira colocação em produção deste minério, principalmente no estado de Goiás. O amianto foi um dos minerais mais utilizados pela indústria durante o século passado. Sua utilidade é variada e pode ser encontrada em caixas de água, lonas e pastilhas de freio dos carros, telhas e pisos, tintas e tecidos antichamas, e foi usado como insulador e em filtração. Tão resistente quanto o aço, é imune ao fogo. Segundo Buchinder (2001), a telha de fibrocimento é constituído 90 % de cimento e 10% de amianto crisotila. Apesar dos perigos por inalação do amianto ser grande e muito prejudicial à saúde podendo levar até a doenças como o câncer, não há relatos de contaminação por ingestão de água captada em telhados de amianto. A coordenação da Universidade Gestora Microrregional (UGM) de Minas Gerais, questionou a Coordenação Executiva (CE) de Caruarú São Paulo, no início do mês de março 2007, devido ao posicionamento de proibição da coleta de água da chuva em telhados de amianto. Na reunião mensal da Coordenação Executiva realizada nos dias 08 e 09 de março a mesma reafirmou sua posição pela não construção de cisternas em casas com 27 telhados de amianto, permitindo apenas o uso da telha de cerâmica e argumento que o uso da telha de amianto para a finalidade em questão deve ser um assunto estudado com maior profundidade. Ainda Buchinder (2001), enquanto a legislação brasileira nada faz a respeito, temos que na legislação americana, a Agência de Proteção ao Meio Ambiente (Environmental Protection Agency EPA) determina para água potável o nível máximo de contaminantes. No caso de amianto, o máximo permitido de fibra maior de 10 micrometros é 7 milhões de fibras por litro de água. Segundo a EPA os efeitos potenciais na saúde pela ingestão de água contaminada com amianto é um risco maior de desenvolver doenças intestinais benignas, para uso em irrigação de plantas e outros manuseios que não tem como objetivo o consumo humano ou animal não há dados na legislação que impeçam ou que inviabilizam o seu uso. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, elaborou um trabalho sobre os riscos de contaminação de água com telhas de amianto. Todos os estudos realizados tanto de origem nacional como internacionalmente apontam efeitos graves no uso do amianto apenas na inalação e não devido a ingestão desse composto químico, isso devido que na inalação das fibras do amianto por longos períodos e elevadas concentrações permite que as fibras pequenas penetrem no tecido dos pulmões e outras membranas do corpo, causando doenças como o câncer dos pulmões, e o câncer da membrana que envolve os pulmões (pleura), e doença como a asbestose (doença respiratória provocada pela inalação de fibras de asbesto). A Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR) dos Estados Unidos também mostrou trabalhos acadêmicos com os mesmos riscos para saúde (inalação e não ingestão de água) (SZILASSY apud MARTINES, 2007). Segundo Alem Sobrinho (2007), pesquisador na área de qualidade de água, da Universidade de São Paulo (USP), e um dos elaboradores da Portaria Nº. 518 do Ministério da Saúde. O autor foi consultado para pronunciar-se a respeito do risco de contaminação por consumo de água captada de telhado de amianto. Na sua resposta no dia 14/06/2007 informou a proibição do uso de tubos e reservatórios de fibrocimento com amianto para uso de ingestão humana, por existir potencial de carcinogenicidade (propriedade que tem a substância capaz de provocar alterações responsáveis pela indução de câncer) pelo consumo da água transportada e / ou reservada com o uso de fibrocimento. Por isso, a coordenação da Unidade Gestora Microrregional de Cáritas Caruaru entrou em contato no mês de abril de 2007 com o Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Campus Agreste, solicitando informação 28 se realmente existe risco à saúde pela captação de água de chuva de telhados de amianto, pois mesmo que o uso da água for para fins não potáveis, a água pode ser ingerida por acidente causando danos ao usuário. Mas até o presente momento não foi comprovado que o amianto causa problemas de saúde devido a ingestão de água. Porém pesquisadores afirmam que não há nenhuma restrição de uso da telha de amianto apenas para fins não potáveis, e devido ao grande questionamento sobre a água para ingestão prejudicar ou não a saúde, recomenda-se usá-la apenas para fins não potáveis (SZILASSY apud MARTINES, 2007). 2.4. SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA A captação da água de chuva é uma maneira rápida de se obter um grande volume de água em um período de tempo bastante reduzido, e de razoável qualidade. Existem duas maneiras conhecidas de se captar: a primeira é aproveitando o teto da casa, e o segundo é revestindo o subsolo de uma área de encosta com plástico e canalizando a água, pré-filtrada pelo solo, até uma caixa ou reservatório. A sua armazenagem poderá ser feita em uma caixa separada ou diretamente na cisterna (SICKERMANN, 2003). Para se captar a água de chuva, podemos usar qualquer superfície que tenha como condensar o escoamento da água para uma vertente, podendo utilizar como condutores, lajes, pátios e telhados de casas, desde que não tenha tráfego de pessoas, animais ou em alguns casos automóveis. Após escolher a área de captação, devemos observar tudo o que está acima e ao redor desta área, para que não tenhamos problemas futuros na hora de executar o sistema. Alguns fatores sempre deverão ser bem observados, como por exemplo a presença de árvores com galhos acima dessa área, e se esses soltam muitas folhas, flores ou frutos. Outro fator importante é a incidência de aves que rodeiam, ou constroem ninhos próximos ao local de captação. Como também o cuidado com a questão da incidência de animais como ratos e gatos tendo acesso ao local. Outro aspecto a ser considerado é a análise da quantidade de poluição atmosférica, se fica próximo a fábricas ou rodovias, isso será fácil de observar analisando a quantidade de fuligem (poeira preta) que escorre junto com a água, principalmente logo no começo da chuva. O tipo e a inclinação da cobertura da área de captação, das calhas e tubos de drenagens, também podem influenciar muito, quanto mais lisos e inclinados, melhor (AZEVEDO NETO, 1991). De acordo com Sickermann (2003), o dimensionamento dos sistemas de captação de água da chuva devem ser elaboradas e executadas de acordo com as condições de cada obra, podendo projetar sistemas bem simples até sistemas sofisticados totalmente automatizados. Os estudos para elaboração são feitos a partir da definição da área de 29 captação das águas, da precipitação pluviométrica local e a demanda de água não potável que cada empreendimento necessita. 2.4.1. Componentes do sistema de captação de água da chuva Segundo Silva Prado (2007), os componentes de um sistema de aproveitamento de águas pluviais variam com as características de cada edificação ou do local onde se deseja executá-lo. Dependendo do uso pretendido, da qualidade desejada para a água, das características das fontes coletoras, das fontes de água que alimentarão as cisternas, do espaço existente para a instalação dos equipamentos e do orçamento disponível. Em suma os principais componentes de um sistema de captação pluvial são: a) Área de captação, que é a superfície onde a chuva cai; b) Calhas e tubulações, que transportam a água da superfície de coleta ao tanque de armazenamento; c) Telas ou peneira, para filtragem da água; d) Cisternas ou tanques, onde a água da chuva coletada é armazenada; e) Tubulações ou distribuidores, entregam a água até o local de uso. De acordo com Campos (2004), os elementos que constituem os sistemas para captação de água de chuva são entendidos como área de captação, componentes de transporte (calhas e tubos de quedas) e a cisterna. A área de captação é aquela onde ocorre toda a coleta da água pluvial. É um ponto crítico para o dimensionamento correto do sistema, pois, a partir dele é que será determinada a água possível de ser captada e aproveitada. Na captação de água de chuva, todas as partes constituintes do sistema de abastecimento, com exceção do manancial e da instalação em si, são integradas, constituindo uma unidade denominada sistema de captação de águas pluviais, composto basicamente de três elementos: área de captação (telhado); subsistema de condução (calhas e dutos) e reservatório (cisterna). Para o máximo rendimento do sistema, é importante que os três elos (área de captação, calhas/dutos e reservatório) sejam implementados adequadamente (BONFIM, 1995). 30 2.4.1.1. Superfície de captação da água da chuva De acordo com Cunliffe (1998), a qualidade da água recolhida no telhado depende dos materiais utilizados na sua construção, dos materiais que nele se depositam e da sua manutenção. Os telhados devem ser limpos e lavados uma ou duas vezes por ano, em particular no fim da estação seca. Árvores eventualmente pendentes sobre eles devem ser podadas de forma a reduzir a quantidade de folhas e impossibilitar o acesso de gatos, roedores ou pássaros, os quais conduzem ao aumento da deposição de detritos. Enfatiza Bertolo (2006) que os telhados podem ser constituídos por uma variedade de materiais, tais como telha de cimento ou argila, lâminas de liga zinco/alumínio e de aço galvanizado, fibrocimento, lâminas de policarbonatos ou de fibra de vidro e ardósia. Em telhados novos, independentemente do material utilizado, é aconselhável desviar do reservatório a primeira chuva significativa. Deste modo é desviado o pó e outros detritos deixados no telhado resultantes da construção. Segundo Bonfim (1995), recomenda-se para uso de coleta de água da chuva telhados constituídos no mínimo por duas águas, para usar justamente as duas partes do telhado. Há muitas ocorrências de situações em que as calhas são instaladas apenas em uma das laterais da casa, isso ocorre, na maioria das vezes, em decorrência da falta de recursos por parte do usuário, impossibilitando a instalação de calhas em todos os beirais. Em outros casos, o fato justifica-se pela dificuldade de se encontrar uma solução técnica viável para comunicar fisicamente todo o deságüe do telhado com a cisterna, pois freqüentemente esta é situada em local que não facilita esse trabalho e, dessa forma, a área de captação é aproveitada de maneira parcial, reduzindo o potencial de armazenamento de água de chuva. Geralmente são os telhados de casas, prédios ou indústrias os telhados usados para coletar água da chuva. Podem ser telhas cerâmicas, telhas de fibrocimento, telhas de zinco, galvanizadas, telhas de concreto armado, telhas de plástico, telhado plano revestido com asfalto etc. O telhado pode ser inclinado ou plano (TOMAZ, 2003). A recolha de água da chuva varia com o tamanho e a textura do telhado. Um telhado de material mais macio, liso e impermeável contribui para o aumento da qualidade e quantidade da água recolhida. Em coberturas de metal as perdas são desprezíveis, em coberturas de cimento a média das perdas é inferior a 10 % e em coberturas à base de betume e de cascalho o máximo são 15% de perdas. As perdas também podem ocorrer nos órgãos de condução e no armazenamento (BERTOLO, 2006). 31 Azevedo Neto (1991),propõe para captação de água da chuva em telhados, uma taxa de 50% para fins de dimensionamento. Já Sickermann (2003), recomenda para a mesma finalidade que se tenha uma consideração para taxa de captação da água da chuva nos telhados como 70% para fins de dimensionamento. 2.4.1.2. Calhas e tubulações De acordo com Bonfim (1995), quanto aos suportes das calhas e dutos, as observações conduzem à constatação de que estes representam “o elo fraco no desempenho do sistema”. Basicamente todos os problemas relacionados com as calhas estão diretamente associados aos suportes, ou a maneira de como estas são confeccionadas e fixadas ao telhado. A precariedade dos subsistemas de calhas, suportes e dutos observados em diversas pesquisas podem explicar, em grande parte, o baixo rendimento dos sistemas de captação instalados. Calhas e tubulações conduzem a água captada ao reservatório. Podem ser de PVC ou materiais metálicos. Peneiras podem ser acopladas nas calhas, a fim de evitar o entupimento devido a folhas ou materiais sólidos de maior porte que por ventura possam estar presentes na área de captação (TOMAZ, 2006). Segundo Bertolo (2006), a água da chuva que escorre no telhado é recolhida nas calhas e conduzida através dos tubos de queda ao reservatório de armazenamento. As calhas recolhem não apenas a água, mas também os resíduos, as fezes de pássaro e de outros animais, folhas e detritos. A acumulação destes materiais nos órgãos de condução pode proporcionar o crescimento de bactérias e contribuir para a contaminação da água armazenada, e diminuir o volume de água que pode ser recolhido. De forma a limitar a contaminação da água deverá realizar-se a inspeção regular e a limpeza dos sistemas de condução. Pesquisas realizadas revelam que calhas que não eram limpas a mais de dois anos tinham a qualidade da água compatível com a água de calhas que possuíam uma manutenção regular. Porém é recomendável que a limpeza das calhas seja feita anualmente. Os órgãos de condução necessitam ser corretamente dimensionados e instalados, de forma a maximizar a quantidade de água da chuva recolhida. As calhas devem ter inclinação contínua e suficiente em direção aos tubos de queda, de forma a prevenir a 32 concentração de água, a qual pode conduzir ao aumento da acumulação de detritos, ao crescimento de algas e possivelmente proporcionar um local para criação de mosquitos. É razoável instalar as calhas com uma inclinação de 1/100 a 1/500. Tal como na superfície de recolha, é importante assegurar que os órgãos de condução não tenham chumbo, nem qualquer outro tratamento que possa contaminar a água da chuva (BERTOLO, 2006). Segundo Braga e Spencer (2004), muitas vezes dependendo das condições do telhado ou de onde está localizado o sistema de captação, existe o problema de acides elevada na água podendo comprometer os condutores devido à corrosão. O controle de corrosão é utilizado em alguns casos para remoção do excesso de dióxido de carbono (por exemplo por aeração). Em outros casos, aumenta-se a alcalinidade da água pela aplicação de um produto químico alcalino, tal como a cal e o carbonato de sódio. 2.4.1.3. Cisternas e reservatórios Observamos que os recursos hídricos são usados de diversas maneiras, atendo a várias necessidades simultaneamente. Essa é uma exigência importante não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista do abastecimento, em função da crescente escassez da oferta de recursos hídricos diante da demanda sempre crescente. A necessidade de ajustar a variação temporal da oferta natural de água à sua demanda pode levar à necessidade da criação de meios que permitam a captação ou coleta de água, sendo que muitos desses meios exigem um reservatório. No caso de uso de reservatório esse deve ser instalado ou construído para satisfazer as necessidades para o qual ele se destina, de forma segura e que satisfaça as condições de qualidade exigidas pela atividade praticada, não comprometendo a qualidade da água que ali será depositada. (BRAGA; SPENCER, 2004). Segundo Bertolo (2006), um dos componentes mais importantes a ser analisado é a cisterna de armazenamento da água da chuva. Enquanto que o telhado é um custo assumido na maior parte dos projetos, o reservatório representa o investimento mais significativo no sistema de recolha de água da chuva. De forma a aumentar a eficiência do sistema, o seu intuito de construção deverá refletir decisões acerca da sua melhor localização, da sua capacidade e da seleção do material. É recomendado que o dimensionamento da cisterna seja realizado de modo que possua uma capacidade de armazenamento de água para abastecer a demanda de 15 dias de uso. 33 Geralmente, o reservatório é a parte mais onerosa de um sistema de captação de água de chuva, devido à área necessária à sua construção, para que possa armazenar volumes significativos de água. Muitas vezes essas cisternas, têm como objetivo armazenar a água captada para posterior utilização. Esses reservatórios podem ser feitos de vários materiais, como concreto armado, alvenaria, plástico, poliéster etc. Podem ser apoiados, enterrados ou elevados (TOMAZ, 2006). Os tubos de saída de água dos reservatórios devem estar pelo menos 5 cm acima do fundo dos mesmos, em especial se as taxas de acumulação de detritos forem elevadas. O fundo do reservatório deve ser inclinado em direção a uma depressão e deve ter uma entrada de homem para inspeção. Estes elementos facilitarão as operações de limpeza do reservatório (BERTOLO, 2006). Segundo Sickermann (2003), o dimensionamento da caixa de captação vai depender de sua utilização. Se o objetivo for apenas para uso não potável, por exemplo, o uso de água para manutenção e limpeza em geral, o volume da caixa a ser construída deverá ser determinada em função de alguns fatores: a) Conhecer o consumo de água necessária para suprir necessidades de manutenção e limpeza desse local num prazo de um ano, meses ou dias, dependendo da necessidade e das condições climáticas de cada região; b) Medir a quantidade de água da chuva que a cisterna pode captar e armazenar, durante este mesmo período de tempo; c) A quantidade de chuva precipitada na região; d) A área disponível para captação; e) Tipo da superfície coletora de água da chuva, pois pode ocorrer perdas dependendo dos tipos de telhados. Segundo Oliveira (2005), a cisterna ou reservatório deve ser montado no lugar mais baixo que o as calhas, para receber por gravidade á água escoada do telhado. Procurar solos de preferencialmente arenosos ou sem pedras grandes, e o tipo do terreno estabelece a profundidade possível para a escavação, que pode levar a caixa a ter um volume reduzido. Por outro lado, a presença de material duro no fundo da caixa a ser construída, torna-a mais segura. Deve-se procurar um local afastado de árvores ou arbustos cujas raízes possam provocar rachaduras e conseqüente vazamento na parede 34 da cisterna. Para prevenir o perigo de contaminação da água armazenada, a caixa deve ser implantada a pelo menos, 10 metros de distância de fossas, latrinas, currais e depósitos de lixo. 2.5. NECESSIDADES EM SE QUANTIFICAR A ÁGUA O conceito de quantificação da água, segundo o qual a água seria uma medida indireta dos recursos hídricos consumidos por um bem, produto ou serviço. Segundo este conceito, a mesma está embutida nos produtos, não apenas no sentido visível, físico, mas também no sentido virtual, considerando a água necessária aos processos produtivos. As discussões técnicas caminham no sentido de que esse parâmetro seja considerado como um instrumento estratégico em políticas públicas e privadas do uso da água (GUIMARÃES, 2007). Para a segurança alimentar da espécie humana o tema da água quantificada mostra-se bastante significativo, em face dos elevados níveis deste recurso utilizados na produção de alimentos ou em outras culturas utilizadas como fonte de energia renovável, especialmente no Brasil, que desponta como potencial mundial no setor produtivo de pecuária, agricultura e suinocultura. Segundo dados da UNESCO apenas o comércio global de alimentos movimenta um volume de água virtual na ordem de 1.000 a 1.340 km³ por ano, dos quais 67% são relacionados com o comércio de produtos agrícolas, 23% relacionados com o comércio produtos animais e 10% relacionados com produtos industriais (CARMO, 2005). De acordo com Guimarães (2007), a China é um dos maiores mercados consumidores do mundo, importa cerca de 18 milhões de toneladas de soja por ano, a um custo de 3,5 milhões de dólares, o que equivale a 45 milhões de metros cúbicos de água. Em 2003, o Brasil exportou 1,3 milhões de toneladas de carne bovina, com uma receita cambial de 1,5 milhões de dólares. Por esse caminho, exportou também 19,5km³ de água virtual ( água necessária para toda produção). Para que se avance em direção à quantificação da água e perceber que esse processo é primordial, é preciso que a carga humana esteja em consonância com a capacidade de suporte do ecossistema. Em outras palavras, é preciso que se adéqüe os níveis de consumo, os estilos de vida, a utilização dos recursos e a assimilação dos resíduos com as condições ecológicas, a fim de que não se consumam os produtos e os utilize, mais rapidamente do que possam ser regenerados e ou absorvidos. É essencial que se estime 35 e continuamente se reavalie os limites finitos do espaço que o homem ocupa e sua capacidade de suporte, e que se tomem passos que assegurem as futuras gerações, e a presente humanidade, de terem os recursos necessários para uma vida satisfatória a todos (PEREIRA, 2004). 36 3. TIPO DE PESQUISA UTILIZADA PARA O TEMA EM ESTUDO 3.1. Pesquisa de Campo A pesquisa em estudo tem como finalidade analisar o sistema de captação de água da chuva em um persigal quanto a sua eficiência e funcionamento, bem como, quantificar a água usada no processo de criação suína e limpeza e manutenção da pocilga enquanto esses animais permanecerem no local onde a quantificação de água será realizada. 3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Foi analisado o estado do telhado o qual irá ser usado para captar a água da chuva, observando condições como a limpeza do telhado, se há vegetação próxima ao telhado que possa dar acesso há gatos, ratos e pássaros, assim como moscas e outros fatores que possam prejudicar a qualidade da água. Também foi verificado o estado de conservação do telhado, se esse se encontra esburacado ou possua algum material que comprometa a qualidade da água para a atividade em estudo, e se possuir, que tipo de manutenção é feito nesse telhado para impedir que a qualidade da água seja comprometida. Outro fator importante é o tipo de material usado no telhado de captação, se esse é constituído de telha cerâmica, zinco, amianto, etc. A verificação da área útil do telhado que foi usado para captação é analisada de forma que viabilize o seu uso em relação à água captada, e o conjunto calha cisterna, em que prevê armazenar o máximo de água no menor tempo possível dentro das condições fornecidas pelo sistema tornando-o eficiente. Outro fator verificado é a quantidade de ‘águas’ que possui esse telhado e se a água é captada em todo perímetro do telhado. Quanto as calhas, elas foram analisadas de acordo com o tipo e a inclinação, se possui inclinação mínima de 0,5%, e se elas se encontram em toda a extensão do telhado ou em um lado apenas, e quantos canos de fuga elas possuem para levar água para a cisterna. Outro fator verificado é o tipo de suporte que fixa a calha, e se as calhas possuem algum tipo de peneiramento para impedir o acesso de folhas ou material mais graúdo, impedindo que esses se desloquem até a tubulação. Outro fator que se destaca, esta relacionado com a limpeza das calhas, se essa é realizada periodicamente, ou se não há manutenção das calhas, assim como, foi observado o seu estado de conservação quanto ao funcionamento e a qualidade com que conduz a água. 37 Quanto ao encanamento a verificação foi feita no sentido de viabilizar a eficiência do sistema, se a água esta sendo conduzida até o destino com qualidade suficiente para a atividade em questão, ou se a quantidade de água que essas tubulações transportam é suficiente para o exercício de manutenção e limpeza desse persigal. Ainda se na tubulação não há nenhum tipo de agente corrosivo que possa danificá-los ou apresentar riscos ao sistema Com a captação da água da chuva para uso não nobre a demanda de água potável que será necessária para a criação da espécie suína irá diminuir consideravelmente, contribuindo para um melhor manejo e racionalização da água, o que comprova a viabilidade de uso e sua importância nessa área de atividade. A análise do sistema de captação de água foi realizada de acordo com a sua eficiência, isso, por meio de estudos relacionados a autores, e comparada com o sistema usado em estudo, que inclui a correta implantação do sistema quanto as suas derivações, ou seja, as calhas, filtros, bombas, condutores e a cisterna. Foi realizada a análise de dois persigais para o estudo proposto, os persigais estão localizados na área rural de Guarujá do Sul em Santa Catarina. Em um dos persigais estudados foi elaborado a quantificação da água utilizada para a produção de suínos no processo de criação. O segundo persigal analisado teve como objetivo verificar um sistema de captação de água da chuva, existente e utilizado pelo produtor para auxiliar na manutenção e limpeza deste estabelecimento. No persigal 1 foi elaborado o estudo da quantificação da água, teve seu processo divido em duas etapas: a primeira teve a quantificação realizada manualmente, ou seja, sem ajuda de instrumentos, realizada apenas pelo controle do proprietário do persigal. Já a segunda contabilização ocorrida no mesmo persigal (persigal 1), foi elaborada com o auxilio de um hidrômetro, isso, para que no final do estudo esses dados possam ser comparados. 38 4. ESTUDO DE CASO Foi realizada a análise de dois persigais para o estudo proposto, os persigais estão localizados na área rural de Guarujá do Sul em Santa Catarina. Em um dos persigais estudados foi elaborado a quantificação da água utilizada para a produção de suínos no processo de criação. O segundo persigal analisado teve como objetivo verificar um sistema de captação de água da chuva, existente e utilizado pelo produtor para auxiliar na manutenção e limpeza deste estabelecimento. O persigal (1), o qual foi elaborado o estudo da quantificação da água teve seu processo divido em duas etapas: a primeira teve a quantificação realizada manualmente, ou seja, sem ajuda de instrumentos, realizada apenas pelo controle do proprietário do persigal. Já a segunda contabilização ocorrida no mesmo persigal (persigal 1), foi elaborada com o auxilio de um hidrômetro, isso, para que no final do estudo esses dados possam ser comparados. 4.1. PERSIGAL (1), PERSIGAL ONDE FOI ELABORADO A QUANTIFICAÇÃO DA ÁGUA DE ANIMAIS DA ESPÉCIE SUÍNA 4.1.1 Quantificação da água para criação suína realizada pelo proprietário do persigal, sem auxilio de medidores de água A análise desta pocilga teve como finalidade obter uma estimativa aproximada de quantos litros de água são necessários para a criação de um animal da espécie suína, esta pesquisa foi elaborada nos meses de setembro a novembro de 2009. Essa análise foi realizada com base nos dados fornecidos pelo produtor, pois o mesmo é responsável por encher a caixa de água, procedimento que consta em acionar uma chave manualmente para que a bomba de água seja ligada, captando a mesma do lençol subterrâneo. Desta forma, cada vez que a caixa esvaziasse sabia-se que 5000 litros de água foram consumidos, fazendo esse controle era possível saber quanta água era necessária diariamente para abastecer o persigal. Esse procedimento foi elaborado 39 apenas no tempo que esses animais ficaram permanentes no local de estudo, o que equivale a um período de 62 dias. A pocilga analisada (figura 4) possui uma extensão de 90m de comprimento por 18m de largura, onde se faz a prática de criação de suínos, ou seja, o sistema de produção está direcionado apenas para a prática de criação de suínos, não constando a prática da engorda, essa atividade se divide em etapas que são: a) Confinamento, os suínos são mantidos em piquetes, que podem ser divididos conforme a necessidade do produtor. As matrizes que são responsáveis pela produção do plantel ficam agrupadas no máximo em 8 indivíduos por piquete (isso na pocilga analisada), os reprodutores ficam em piquetes individuais, e os leitões são destinados à piquetes especiais, chamados de creches. A partir do momento em que as matrizes passam para a fase gestante, elas são encaminhadas para as maternidades onde ficam alojadas individualmente; Figura 4: Pocilga analisada para quantificação da água b) Maternidade (figura 5), após as fêmeas passarem do período de gestação, elas entram em processo de parto, sendo então encaminhadas para as maternidades, e ali permanecem por um tempo de aproximadamente 27 dias, o que permite o processo de parto que leva em média 5 dias, após esse período são determinados mais 22 dias até o desmame dos leitões e esses possam ser encaminhados para as creches; 40 Figura 5: Maternidade c) Creches (figura 6), depois da etapa do desmame dos leitões eles são destinados para as creches, num grupo de aproximadamente 20 indivíduos, onde termina o processo de criação, e esses permanecem no local por aproximadamente 40 dias e são entregues para a engorda com média de 23 a 25kg. Todas as etapas de produção a partir da maternidade estão previstas para serem desenvolvidas seguindo o princípio, onde os animais de cada lote ocupam ou desocupam uma sala num mesmo momento. Este manejo possibilita a limpeza e desinfecção completa das salas e a realização do vazio sanitário. Figura 6: Creche Segundo Morés (2004), quando se utiliza o manejo de produção em lotes, recomendase a realização de vazio sanitário, que é um período em que a instalação permanece vazia, após ter sido limpa e desinfetada. Este sistema, além de racionalizar a mão-deobra e aperfeiçoar as instalações, permite reduzir a pressão infectiva na granja, e conseqüentemente a ocorrência de doenças. O levantamento quantitativo mostra que no persigal em estudo nesta primeira etapa, constam com a existência de 4 reprodutores os quais permaneciam isolados cada um em um local, 150 matrizes eram divididas em grupos de 5 a 8 no mesmo piquete, e aproximadamente 520 permaneciam nas creches em grupos de 20 elementos. Quanto às instalações, a pocilga era abastecida por água de poço o qual possui uma bomba de água para elevar água até o persigal como relatado anteriormente. A caixa de 41 água principal possui capacidade de armazenamento de 5000 litros, e a secundária que abastece o local de permanência das matrizes antes do período de gestação possui capacidade de armazenamento de 1000 litros de água. A pocilga apresenta 68 bebedouros do tipo chupeta. O bebedouro do tipo chupeta é constituído por uma válvula de controle do escoamento da água, acionada pelo próprio animal, atua como um bebedouro que dispensa o cocho armazenador da água (figura 7). Figura 7: Bebedouro tipo chupeta No persigal analisado foi feita uma quantificação de água no caso das matrizes separadamente dos demais e obteve-se uma média de 20L de água por dia para cada matriz, sendo que cada matriz pesa em média 250 kg, logo isso corresponde a 8% do seu peso corporal, segundo o proprietário do persigal esse valor varia com a época do ano. No caso dos leitões e dos reprodutores não foi possível fazer a quantificação separadamente, logo o consumo de água do conjunto foi de 500 litros para cada 20 indivíduos, o que corresponde a 25 litros de água por elemento em um dia. O peso médio desses suínos (leitões e reprodutores) foi em média de 17 kg, a água contabilizada teve como finalidade abastecimento para o consumo do plantel, limpeza e irrigação do assoalho devido ao calor excessivo. A irrigação era feita uma vez por dia, e a limpeza total do estabelecimento é realizada uma vez por semana. Esses foram os dados extraídos da pocilga em estudo, não foi possível obter dados mais precisos devido a condições em que o local se encontra, pois não oferece subsídios para uma pesquisa mais exata. 42 4.2. LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DO TOTAL DE SUÍNOS DO PERSIGAL (1) PARA A QUANTIFICAÇÃO DA ÁGUA REALIZADA COM O AUXÍLIO DO HIDRÔMETRO O persigal analisado apresenta algumas variações em relação aos dados da pesquisa realizada anteriormente, variações essas devido ao sistema de ciclo do plantel, que foi implantado recentemente. Nesta etapa do estudo foi quantificada a água do mesmo conjunto matrizes, leitões e reprodutores, porém em números diferentes da pesquisa realizada no processo de quantificação feita pelo proprietário do persigal, vista anteriormente. No processo de avaliação foi quantificada a água de apenas 28 matrizes, apesar desse persigal possuir um total de 206 matrizes, isso se explica devido ao processo de ciclo ou rotatividade elaborada como um plano de produção. Esse ciclo acontece a cada 25 dias, ou seja, das 206 matrizes apenas 28 ficam em processo de gestação e irão gerar novos indivíduos para que a rotatividade aconteça a cada 25 dias. Esse processo é constituído por: a) Maternidades: Local onde permanecem as matrizes pós gestação com os suínos recém nascidos, assim como na avaliação realizada na pesquisa anterior, cada matriz gera uma média de 14 leitões por gestação, porém somente 12 desses chegam à fase adulta. Esses suínos são alimentados pelo leite materno num período de 10 dias, e após isso consomem uma ração especial como complemento alimentar juntamente com o leite materno, isso enquanto permanecem na maternidade. Ficam nesse local até serem desmamados, isso acontece num período de 25 dias, e ao final desse período apresentam uma massa de aproximadamente 5 kg sendo então encaminhados para a creche que é a próxima etapa; b) Creche: local onde ficam confinados os suínos após o período de desmame e devem permanecer por mais 25 dias e alcançar uma massa de aproximadamente 12 kg e passar para a fase final que é a de entrega; c) Fase de entrega: Esse é o local constituído pelas unidades vindas da creche, permanecem por mais 25 dias nesse local até atingir o peso de entrega que é de 43 aproximadamente 23 kg (valor estimado através da média do plantel, utilizado para fins de cálculo). Após esse processo os leitões saem do local de estudo e passam para outros criadores que irão engordá-los até a fase adulta. Com esse procedimento em andamento foi realizado a quantificação da água desse persigal, que conta com uma permanência total de 75 dias por parte dos leitões e no caso das matrizes e dos reprodutores até o descarte. O descarte é um fator que está relacionado diretamente com a genética de cada animal, sendo que esse processo não ocorreu durante a pesquisa. Das 178 matrizes restantes que se encontram no persigal não foi possível quantificar a água, pois essas são confinadas em um local onde o abastecimento de água é realizado por outra caixa de água, independente da caixa onde foi instalado o hidrômetro. Essa caixa serve também para o abastecimento de água dos ovinos, sendo assim, impossibilita a quantificação por espécies. Além das matrizes o persigal ainda é constituído de um ciclo de 1008 leitões e 5 reprodutores. Foi realizada a quantificação de um total de 1041 suínos no persigal em estudo, tendo como média dos pesos das matrizes 270kg, dos reprodutores de 300 kg, dos leitões de 10 kg . Em suma, a água quantificada nesse persigal é utilizada para: abastecimento dos animais da espécie suína; limpeza diária do maquinário usado para a confecção do alimento dos suínos; irrigação diária (nos meses de fevereiro a abril) com a finalidade de diminuir a sensação térmica do local, e também para a limpeza semanal do persigal. 4.2.1 Quantificação da água do persigal (1) com o uso de hidrômetro A caixa de água (figura 8), que abastece o persigal possui capacidade de 5000 litros sendo abastecida com água de poço, como citado na quantificação da água realizada pelo controle do produtor. No tubo de saída foi instalado o hidrômetro, e a partir deste, saem as demais ramificações que percorrem toda extensão do persigal e abastecem os piquetes (figura 9). 44 Figura 8: Caixa de água do persigal Figura 9: Ramificação do tubo de água que abastece o persigal Através do auxílio deste hidrômetro (figura 10) foi possível quantificar a água usada no processo de criação suína, iniciado no dia 27 de fevereiro de 2010 sendo contabilizada até o dia 14 de maio do mesmo ano. Esse medidor possibilitou chegar a uma quantidade de consumo de água bem próximo do consumo real da pocilga. Figura 10: Hidrômetro A primeira verificação a ser feita antes da instalação do hidrômetro é analisar se há algum tipo de vazamento de água no trajeto percorrido até o abastecimento do persigal. Para a verificação quanto a existência de vazamento, todas as torneiras e bebedouros dos piquetes foram fechados, e então marcou-se na caixa de água, com auxílio de um pincel, a altura de água. As torneiras ficaram fechadas durante duas horas e verificou-se a marca na caixa de água e o nível não havia baixado, logo o sistema não apresentava vazamentos e o hidrômetro poderia ser instalado. Para realizar a quantificação da água com o auxílio do hidrômetro, foi necessário deixar a caixa de água esvaziar, isso para que a instalação do hidrômetro seja realizada (figura 45 11 e 12). Este procedimento foi realizado com o auxilio do proprietário do persigal, em 27 de fevereiro de 2010. Figura 11: Rompimento do tubo para a instalação do hidrômetro Figura 12: Instalação do hidrômetro ao tubo A leitura correta dos dados fornecidos pelo hidrômetro torna-se fundamental neste processo. A figura 13 mostra o primeiro valor obtido no dia 28 de fevereiro, um dia após a sua instalação. Figura 13: Primeira leitura realizada pelo hidrômetro As instruções para a leitura do hidrômetro são as seguintes: começando da direita para a esquerda, a cada número que gira (no caso o 9), isso significa que 10 litros de água passaram pelo hidrômetro, a cada giro do segundo contador (mostra zero no marcador), 46 isso significa que foram registrados 100 litros de água, e conseqüentemente os próximos números marcam a água em metros cúbicos, ou seja, 24,09 m³. As leituras do hidrômetro foram feitas em torno das 18h para obter uma padronização de utilização. Um cuidado que se teve, foi orientar os funcionários para que ao realizarem a limpeza ou irrigação do ambiente, esta fosse feita em um tempo determinado, para que a variação da água para essa atividade seja a menor possível. No decorrer dos meses de fevereiro, março, abril e maio foram realizados as quantificações de água do persigal com o uso de um hidrômetro, e a quantidade de água contabilizada durante este período foi de 363392 litros de água, para um total de 1041 suínos. As tabelas com maiores informações sobre o consumo de água nesses meses podem ser encontradas no apêndice. 4.2.2 Amostragem gráfica da quantificação de água do persigal (1), realizada com o auxílio de um hidrômetro Não foi possível fazer as análises gráficas do mês de fevereiro devido ao número de dados ser insuficientes, pois só foi realizada uma medição no mês. Através dos dados obtidos na quantificação da água foi possível elaborar dados gráficos para os meses de março, abril e maio. E por meio destas amostras foi calculado a média e o desvio padrão apresentados na figura 14, 15 e 16. 47 Figura 14: dados de consumo de água em março Figura 15: Consumo de água no mês de abril 48 Figura 16: Consumo de água no mês de maio 4.2.3 Análise gráfica do consumo de água contabilizada com o uso de um hidrômetro nos meses de março, abril e maio É possível perceber que o maior consumo de água no mês de março foi observado no período dos 10 aos 15 dias, com um total de 25320 litros, sendo que a média do mês é de aproximadamente 24793 litros, isso mostra que o consumo nestes dias está 527 litros acima da média. O menor consumo observado no mês foi no período dos 20 aos 25 dias, com um consumo de 1132 litros abaixo da média e 484 litros dispersos do desvio padrão. Já no mês de abril o maior consumo de água foi de 24866 litros, fator observado entre os dias 30 de março a 04 de abril, sendo que a média do mês de abril é de aproximadamente 24261 litros, isso mostra que o maior consumo de água ficou 605 litros acima da média e 10 litros dispersos do desvio padrão. O menor consumo de água considerado no mês de abril foi observado no período dos 09 aos 14 dias, com um consumo de 23538 litros de água. Os dados dos dias 24 a 29 que mostram um consumo de 23512 litros não foram utilizados, pois o primeiro dado teve contabilizado a água da lavagem do persigal, fator que contribuiu para esse aumento no consumo, devido a esse fato o menor consumo no mês adotado foi de 23538 litros. Esse valor encontra-se 723 litros abaixo da média e 128 litros dispersos do desvio padrão. 49 No mês de maio é possível observar a maior diferença em litros entre o consumo mais elevado e mais baixo em relação a média, assim como mostra a figura 16. Esse fato se deve a irrigação do assoalho do persigal, pois no período de maior consumo que foi de 23842 litros, verificado nos dias 29 de abril a 04 de maio, neste consumo consta a água utilizada para o abastecimento suíno e a água gasta para irrigação do assoalho, fato que não ocorreu na medição observada nos dias 09 a 14 de maio, onde se observa um consumo de 20188 litros. A diferença entre a média e o maior valor contabilizado é de 2120 litros, sendo que a média calculada é de 23842 litros. O menor valor contabilizado no mês de maio foi 20188 litros, sedo a diferença entre esse valor e a média de 1534 litros. A seguir serão apresentados os valores gráficos do consumo de água para cada unidade suína nos meses de estudo. Apresentando também a média de água consumida em cada período (figura 17, 18 e 19). Figura 17: dados do consumo de água por unidade suína no mês de março 50 Figura 18: dados do consumo de água por unidade suína no mês de abril Figura 19: dados do consumo de água por unidade suína no mês de maio 4.2.4 Análise gráfica do consumo de água por unidade suína nos meses de março, abril e maio Esses dados foram extraídos do cálculo do consumo de água contabilizada em cada período do mês e da divisão desse valor pelo número de suínos existentes no persigal. Como exemplo de cálculo foi utilizado o mês de maio, a água contabilizada no período dos dias 04 a 09 de maio mostram um consumo de 21136 litros de água (figura 16), sendo que o número de suínos que tiveram a água contabilizada foram 1041 unidades, 51 logo dividindo 21136 litros por 1041 unidades eu tenho um total de 20, 3 litros por unidade suína, assim como mostra a figura 19. 4.3. ANÁLISE DO SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA REALIZADA NO PERSIGAL (2) O persigal em estudo possui dimensões de 12m de largura por 90m de comprimento, onde conta com um sistema de captação de água da chuva para as finalidades de limpeza e manutenção do mesmo. Segundo dados dos autores e tendo eles como referência quanto aos requisitos do sistema para um bom funcionamento e normas de aplicação, foi analisado o sistema em questão. Para a captação da água foi utilizado o próprio telhado do persigal em estudo. O telhado da pocilga apresenta dimensões de 7m de largura por 90m de comprimento em ambos os lados, pois esse é dotado de duas águas, ou seja, dois telhados para escoar a água, porém, foi observado que apenas em um dos lados do telhado existe calha para a captação da água, havendo um desperdício na coleta de água. O telhado usado para a captação é de amianto e as calhas são de alumínio de formato retangular, tendo como distribuidores canos de PVC. A cisterna é constituída de fibra com capacidade de armazenamento de 20000 litros. A superfície de captação utilizada foi o telhado da pocilga como mencionado anteriormente, e nele pode-se constatar que existe muitas irregularidades como falta de manutenção, no que diz respeito a sujeiras como folhas, dejetos de animais, e uma quantidade de mosca que transitam sobre o telhado. O correto seria cortar as pontas das árvores para que o acesso de alguns animais fosse impedido, e contribuindo também com a limpeza do telhado, pois a presença de folhas sobre o mesmo é exagerada e acaba interrompendo a passagem de água pela calha e conseqüentemente captando menos água, e de menor qualidade. Outra irregularidade observada é o uso da telha para a captação ser de amianto, pois ainda não são conhecidos os problemas que a ingestão dessa água captada por essa telha, mesmo que por acidente pode causar a saúde. As calhas são constituídas de metal (figura 20), e foram bem fixadas para uma maior segurança do sistema. No que diz respeito a limpeza, a situação da calha é a mesma que a do telhado, apresentando dejetos de animais, acúmulo de folhas e quantidade 52 volumosa de moscas sobre sua superfície. A calha não apresenta nenhum tipo de peneira para impedir que matérias sejam arrastados com a chuva até os canos de condução. Quanto ao caimento da calha, está dentro das conformidades, sendo dividida em duas, pois o tubo de condução se localiza no centro da calha, isso devido ao caimento da calha ser das duas extremidades do telhado tendendo-se a encontrar no centro. Devido a extensão do telhado ser muito longa o que implica num caimento da calha muito acentuado, foi optado por utilizar a calha com o caimento voltado para o centro. No local em que se localiza o cano coletor da água que desce da calha foi verificado uma quantidade ainda maior de sujeira das mais variadas, pois com o trajeto da água a mesma arrasta consigo esse tipo de material o qual vai se acumular na entrada do cano coletor. Figura 20: Detalhe da calha As tubulações analisadas estão em más condições de funcionamento devido a grande quantidade de material não peneirado ou filtrado que passam por ele e que impedem o trajeto da água. Quanto a filtração, não foi observado nenhum tipo de filtro em todo o sistema de captação da água da chuva, ou seja, assim que a água cai sobre a superfície do telhado ela é captada pelas calhas e daí percorre pelos canos condutores até a cisterna sem ser filtrada ou ainda sem dispositivos de retenção de material impróprio, e isso ocasionou uma perda de eficiência do sistema, quanto a passagem de água pelos tubos e aumentando na contaminação agindo diretamente na qualidade da água. A tubulação de abastecimento da pocilga percorre a parte externa do solo e não apresenta proteção (figura 21). Figura 21: Tubulações na parte externa do solo 53 A cisterna possui capacidade de armazenagem de 20000 litros, o que implica num uso de água considerando caixa cheia, num período de 3 dias, sendo que o recomendável seria 15 dias. A caixa reservatório não possui tubulação de saída de água superior (ladrão), ocasionando o transbordamento da mesma quando cheia. Outro fator importante também é a localização da cisterna, que se encontra nas proximidades da caixa de dejetos suínos (esterqueira), o que implica num acúmulo ainda maior de detritos e contaminação da água, além de apresentar risco de desmoronamento devido à inclinação do terreno (figura 22). O sistema de captação analisado não possui bomba para elevar água até o estabelecimento, o mesmo é feito por gravidade, ou seja, as pocilgas do local analisado são construídas com diferenças de nível, então a água captada no telhado de um persigal é enviada para abastecer a outra que se encontra no nível mais abaixo. Figura 22: Cisterna construída próximo ao desnível 4.3.1 Proposta do filtro para captação da água da chuva No estudo proposto foi confeccionado um filtro artesanal para melhorar a qualidade da água, tentando minimizar a quantidade de poluentes e dejetos presentes . No início, verificou-se que o telhado que capta a água da chuva fica próximo do local onde de armazenamento dos dejetos de origem suína (figura 23). Este fato pode contribuir para um aumento no grau de contaminação da água coletada, pois vários animais (insetos, aves, roedores) que tem acesso a caixa de dejetos, podendo posteriormente transitar sobre a superfície do telhado. Em função do uso da água, apenas para a limpeza e manutenção, buscou-se a instalação de um filtro que reduzisse a passagem de material de maior granulometria que possam 54 obstruir o fluxo de água na tubulação que conduz ao reservatório. Observa-se que esta água não era utilizada para a ingestão animal. Figura 23: Caixa de dejetos próximo ao telhado de captação Inicialmente foi realizado um estudo do local onde seria instalado o filtro, e foi observado que esse local não suportaria muito peso (figura 24), pois para a implantação seria necessário que o filtro ficasse suspenso preso apenas pelo tubo condutor de água, e esse fator descartou algumas possibilidades de filtros que poderiam ser usados para essa situação, como por exemplo, um filtro de madeira. Figura 24: Local de instalação do filtro O filtro elaborado apresenta um sistema de peneiramento confeccionado de madeira maciça do tipo Cedro (figura 25). As propriedades dessa madeira mostram-se resistentes às intempéries e em contato com a água, porém é recomendado a troca da peneira num período de 3 anos, isso para um melhor funcionamento do sistema. Figura 25: Peneira confeccionada de madeira, e que contem um parafuso para auxiliar na retirada da mesma 55 Foi realizada a limpeza das peneiras uma vez a cada duas semanas. A espessura da peneira é de 2,5 cm, com circunferência ligeiramente inferior a 100 mm, para melhor fixação no interior de um tubo de PVC de 100 mm de diâmetro. Outro detalhe que pode ser observado foi a fixação de um parafuso na peneira para auxiliar na remoção da mesma e efetuar a limpeza (figura 26). Figura 26: Detalhe do parafuso usado para auxiliar na remoção da peneira A madeira cedro é considerada de resistência moderada ao ataque de organismos xilófago, segundo observações práticas a madeira é leve, com cor variando do begerosado ou castanho-claro-rosado, mais ou menos intenso. Possui textura grossa direta ou ligeiramente ondulada, superfície lustrosa e cheiro característico agradável. Algumas aplicações dessa madeira são observadas por a mesma apresentar retratibilidade linear e volumétrica baixas, e propriedades mecânicas entre baixas e médias, é particularmente indicada na construção civil como venezianas, forros e rodapé. A madeira cedro classifica-se entre as madeiras leves, que tem mais diversificação e é superada somente pela madeira Pinho-do-Pará. (SOUZA, 2000). Figura 27: tubo de PVC usado para corpo do filtro Outro material usado para compor o filtro foi um tubo de PVC de 40 cm (figura 27), servindo para envolver as peneiras de madeira. O PVC foi escolhido por se tratar de um material leve e não causar riscos ao sistema, além das perdas de condução de água serem quase nulas. 56 Para uma maior fixação das peneiras no tubo de PVC e evitar que essas se desloquem das suas posições pertinentes foi fixado uma abraçadeira sobre elas para impedir qualquer movimentação que possa comprometer o sistema (figura 28). As abraçadeiras são de origem metálica e resistentes a intempéries, além de ser fator fundamental para o bom funcionamento do sistema ela se mostra pratica no quesito da remoção das peneiras. Para isto basta descomprimir as abraçadeiras e retirar as peneiras do interior do tubo (figura 29), para cada peneira existente no interior do tubo, existe a mesma quantidade de abraçadeira impedindo sua movimentação. Figura 28: Abraçadeiras metálicas usadas para fixar as peneiras Figura 29: Detalhe das abraçadeiras fixando as peneiras Para unir o filtro ao tubo de condução de água foram utilizadas duas luvas simples de 100 mm, sendo que uma delas sofreu alteração (figura 30) para uma maior facilidade no desencaixe do filtro com o sistema de condução. A luva modificada além de ser encaixada no sistema, recebe o auxilio de uma abraçadeira para não comprometer o sistema com um possível deslocamento do filtro. 57 Figura 30: Luva alterada para auxiliar na manutenção do filtro Como leito filtrante propôs-se o uso de carvão vegetal, porém observou-se que o material não foi aprovado. O filtro inicialmente foi instalado com carvão como material filtrante, objetivando uma melhor purificação e por possuir peso reduzido. Após uma semana em que o filtro foi instalado observou-se que havia mofo ocasionado pela degradação do carvão, isso devido à exposição do mesmo ora em contado com a água ora em exposição ao sol, logo o primeiro comportamento que o carvão apresentou foi de degradação, o que poderia comprometer a filtragem e conseqüentemente a qualidade da água, e por esses motivos foi descartado o seu uso. 4.3.1.1 Funcionamento e manutenção do filtro Procurou-se instalar o filtro de tal forma que seja fácil a sua remoção, para que qualquer pessoa possa fazê-lo. Basta desprender a abraçadeira do lado direito e desencaixar o filtro da luva modificada (figura 31). A limpeza é realizada retirando-se as peneiras e enxaguando-as com água corrente, o procedimento é rápido e acessível a qualquer pessoa. Após esse processo, o filtro pode ser recolocado em sua posição original. É recomendado que se faça a limpeza do filtro uma vez a cada 15 dias, isso para um melhor funcionamento do sistema, pois foi possível observar neste período que houve um acúmulo razoável de folhas que foram barradas nas peneiras (figura 32). 58 Figura 31: Remoção do filtro para limpeza Figura 32: Material retido na peneira Para verificar a qualidade da água, antes a após a instalação do filtro, foi realizado análises microbiológicas em laboratório especializado no município Dionísio Cerqueira, uma coleta antes da instalação do filtro, e outra após. 4.3.2 Laudo da análise microbiológica da água do persigal (2) A água coletada para fazer as análises microbiológicas foi retirada diretamente do reservatório nas duas situações (antes e após a instalação do filtro). O método utilizado para análise foi o método Nefelométrico, e a através deste método foi possível extrair as informações desejadas. Nas duas análises foi possível observar a presença de coliformes termo tolerantes, que são organismos que continuam ativos mesmo na presença de temperaturas elevadas. Outro fator que pode ser observado nos dois casos é o aspecto límpido da água e sem odor. A única mudança observada diz respeito à turbidez da água, no laudo sem o filtro a turbidez encontrada foi de 3,7 UT e no laudo com o filtro essa turbidez baixa para 3,4 UT. O laudo da análise considerou a água 59 imprópria para consumo nas duas situações sendo ela sem e com a presença do filtro. As tabelas dos laudos estão disponíveis no apêndice, tabelas 4 e 5. 4.3.2.1 Esclarecimentos sobre a análise microbiológica realizada no persigal (2) Segundo Moruzzi 2007, para melhor esclarecimento, a turbidez pode ser entendida como o grau de nitidez ou transparência da água, e essa pode ser melhorada através de sedimentação simples, utilizando-se decantadores e ou flotação por ar dissolvido. A filtração pode ser entendida como fator complementar dos meios anteriores. Outro fator que foi possível observar pela análise é a presença de bactérias e coliformes termo tolerantes. As bactérias do grupo termo tolerantes são consideradas os principais indicadores de contaminação fecal, essas bactérias reproduzem-se ativamente a uma temperatura de 44,5ºC e são capazes de fermentar carboidratos (MORUZZI, 2007). De acordo com Moruzzi 2007, a determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre para-tifóide, disenteria bacilar e cólera. Essas doenças são um risco quando manuseadas sem nenhum meio preventivo. 4.4 ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NECESSÁRIA PARA ENCHER O RESERVATÓRIO DE ÁGUA DO PERSIGAL (2) Nesta etapa do estudo foi proposto verificar a quantidade de água necessária para encher uma caixa de água de 20000 litros, para isso conta com um telhado de 90 m de comprimento e 7 m de largura. De acordo com os danos fornecidos, a quantidade de precipitação mensal do município encontra-se na faixa de 150 mm, esse dado indica um bom índice pluviométrico e compensa sua captação. Segundo Castello (2005), para encontrar o valor da chuva em (mm) capaz de encher a caixa de água, basta partir do principio que 1mm de água da chuva equivale a 1litro/m². Com base nos dados de Castello (2005) mais a área do telhado que é de 630m² é possível encontrar a quantidade necessária de chuva em (mm) para encher uma caixa de 60 água de 20000 litros. Ou seja, (630m² x chuva em mm = 20000 litros), então (chuva em mm = 20000 litros/630m²), esse cálculo mostra que é necessário uma chuva de aproximadamente 32 mm, para encher o reservatório. Com uma área de captação de 630m² e o reservatório com capacidade de armazenamento 20 mil litros, é necessário uma chuva de intensidade igual a 32 mm para encher esse reservatório. 61 5. RESULTADOS E ANÁLISES 5.1. RESULTADOS OBTIDOS PELA ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA EM FUNÇÃO DO FILTRO NO PERSIGAL (2) O laudo da análise microbiológica apresentado após a instalação do filtro mostra que, ocorreu uma pequena melhoria com o uso do filtro um relação à turbidez, que passou de 3,7 UT para 3,4 UT, mas esta melhora não foi significativa. Porém, o fato que se destaca é o uso da água para fins não nobres, esta informação aprova o uso do filtro mesmo não agindo de forma significativa em relação à turbidez. O filtro, na função de impedir que materiais de aspectos variados passem diretamente pela tubulação se mostrou muito eficiente, assim como mostra a figura 32. Esse aspecto prova que é viável o seu uso como mecanismo filtrante, contribuindo para a melhoria do sistema de captação. Nos demais aspectos da análise, como a presença de organismos termo tolerantes ou em relação à água ser límpida ou mesmo ao odor, não foi observado nenhuma mudança a respeito destes dados nas análises. Segundo a análise realizada, foi possível constatar a presença de coliformes termo tolerantes em ambas as situações, isto requer muito cuidado no manuseio da água, independente da atividade em que a água será aplicada, pois os riscos de adquirir doenças são grandes. Para minimizar os risco e prevenir essas doenças é necessário o uso de luvas, deve haver concentração de cloro nas cisternas entre 0,5 e 3,0 mg/l, sempre lavar bem as mãos após o manuseio da água, descartar os primeiros quinze minutos de chuva, afim de eliminar boa parte desses organismos presentes no telhado de captação, não ingerir esta água em hipótese alguma, além de instalar placadas informativas acima das torneiras informando a origem da água e se é imprópria para o consumo. 62 5.2. CONSUMO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA No decorrer dos meses de fevereiro, março, abril e maio foram realizadas as quantificações de água do persigal (1) com o uso de um hidrômetro, e a quantidade de água contabilizada durante este período foi de 363392 litros de água, para um total de 1041 suínos. A relação de consumo de água por unidade suína estudada no persigal (1) esta ligada com o fator temperatura. Dependendo da temperatura será o consumo de água desses animais, podendo oscilar para mais ou para menos. Outro fator que esta relacionado com o consumo de água em relação a prática da suinocultura é a incidência com que o sol atinge o persigal, se o persigal não tiver nenhum tipo de isolamento, assim como o persigal estudado, os suínos irão sofrer mais com o calor e conseqüentemente consumir mais água. Devido a estes fatores o consumo de água por unidade suína pode variar de um persigal para outro, e de região para região. É possível observar nos dados do mês de abril (figura 18) que houve uma significativa queda de temperatura no período do dia 9 ao dia 14 do mesmo mês, onde foi verificado um consumo de 22,6 litros/unidade, esta foi a média mais baixa se for comparada com os dados anteriores. Esse fato é explicado por mudanças climáticas ocorridas nesta época em toda região do oeste catarinense. Segundo Pereira (2010), na primeira quinzena de abril de 2010 o clima da região oeste de Santa Catarina foi influenciado por fatores climáticos vindos da região do Rio Grande do Sul, provocando uma diminuição das temperaturas. De acordo com o mesmo autor, pôde-se observar que nos dias 11 a 13 de abril ocorreu uma frente fria devido a uma forte massa polar que passava pela região, ocasionando uma diminuição na temperatura do extremo oeste catarinense. Na cidade de Guarujá do Sul onde se desenvolveu o estudo da quantificação de água, os termômetros marcaram temperaturas médias mínimas de 18ºC neste mesmo período de tempo. E esse fato contribuiu para uma diminuição no consumo de água. 63 5.3. COMPARAÇÃO DOS DADOS ENTRE OS MÉTODOS DA QUANTIFICAÇÃO REALIZADA PELO PRODUTOR E HIDRÔMETRO NO PERSIGAL (1) A quantificação realizada pelo produtor visava uma permanência dos animais de 62 dias no persigal, e contava com um número menor de suínos, porém foi quantificada a água das matrizes separadamente do restante do plantel o qual não foi possível fazer na quantificação realizada com o auxílio do hidrômetro. A quantificação apresentada pelo produtor prevê um consumo de 20 litros por dia para cada matriz, o que representa um percentual de 8% da massa corporal desse animal, tendo em vista que cada matriz pesa em média 250 kg. No caso dos leitões e dos reprodutores, o consumo de água do conjunto foi de 500 litros para cada 20 indivíduos, o que corresponde a 25 litros de água por elemento em um dia. O peso médio desses suínos (leitões e reprodutores) foi em média de 17 kg, a água contabilizada teve como finalidade abastecimento para o consumo do plantel, limpeza e irrigação do assoalho devido ao calor excessivo. Percebe-se que na contabilização apresentada pelo produtor obteve-se uma média de 22,5 litros por unidade ao dia. Na quantificação obtida pelo uso do hidrômetro foi possível observar um consumo médio de 23 litros de água por unidade ao dia. Apesar dos resultados serem aproximados, o número de suínos entre as duas medições são diferentes, assim como, o peso desses animais nas duas análises se diferenciaram e também a época do ano não coincidir, logo a comparação entre as duas quantificações causam atrito devido a estes critérios. Para uma melhor aproximação, esses dados foram analisados com referências de outras pesquisas na mesma área e região onde foi elaborada a pesquisa em questão. Os dados abaixo mostram a produção de suínos para sistemas de média tecnologia, característico da Região Oeste de Santa Catarina. Segundo Perdomo 2005, a quantidade de água utilizada por dia para a necessidade de uma matriz é de 24 litros/dia, para unidade de terminação dos leitões é de 6,5 litros por dia e considerando a unidade de ciclo completo é de 64 litros por dia. De acordo com Palhares 2005, para suínos de até 55 dias seriam necessários para a necessidade desses animais 3 litros de água por cabeça ao dia, animais de 56 a 95 dias de idade é necessário a quantidade de 8 litros de água por cabeça ao dia, animais de 96 64 a 156 dias há uma necessidade de 12 litros de água ao dia por cabeça. Animais em fase de abate o que ocorre com suínos de 157 a 230 dias, verifica-se para esses animais uma necessidade de 20 litros de água por dia/cabeça. Para leitoas a quantidade de água fica em torno dos 16 litros por cabeça ao dia, e para os machos 20 litros por cabeça ao dia. Porém para esses dados não foi considerado a água para limpeza e manutenção do estabelecimento, tendo em vista apenas o consumo animal. Logo, pelos dados apresentados pelos autores em comparação com os dados apresentados no persigal em estudo persigal (1), pode-se perceber que o consumo de água fornecida pelos autores é menor em relação ao consumo de água do persigal (1), porém nos dados fornecidos pelos autores não foi contabilizado a água para limpeza e manutenção do estabelecimento, justificando o menor consumo. 65 APÊNDICE 66 Tabela 3: dados obtidos para a quantificação da água nos meses de fevereiro a abril DADOS DO MÊS DE FEVEREIRO LEITURA NO MÊS 28/02/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= 24090 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 24090 1041 1 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me= (24090/1041) 23,14 litros/und DADOS DO MÊS DE MARÇO LEITURA NO MÊS 05/03/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (150065-24090)/5 25195 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 150065 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(25193/1041) 24,2 litros/und LEITURA NO MÊS 10/03/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (271900-150065)/5 24367 LITROS MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(24367/1041) 23,41 litros/und LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 271900 1041 5 67 LEITURA NO MÊS 15/03/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (398500-271900)/5 25320 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 398500 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(25320/1041) 24,32 litros/und CONTINUAÇÃO DOS DADOS DO MÊS DE MARÇO LEITURA NO MÊS 20/03/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (524033-398500)/5 25107 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 524033 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(25107/1041) 24,12 litros/und LEITURA NO MÊS 25/03/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (643237-524033)/5 23661 LITROS MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(23661/1041) 22,73 litros/und LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 643237 1041 5 68 LEITURA NO MÊS 30/03/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (524033-398500)/5 25107 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 769661 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(25107/1041) 24,12 litros/und DADOS DO MÊS DE ABRIL LEITURA NO MÊS 04/04/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (893990-769661)/5 24866 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 893990 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(24866/1041) 23,89 litros/und LEITURA NO MÊS 09/04/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1017145-893990)/5 24631 LITROS MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(24631/1041) 23,66 litros/und LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1017145 1041 5 69 LEITURA NO MÊS 14/04/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1134835-1017145)/5 23538 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1134835 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(23538/1041) 22,61 litros/und CONTINUAÇÃO DOS DADOS DO MÊS DE ABRIL LEITURA NO MÊS 19/04/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1258250-1134835)/5 24683 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1258250 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(24683/1041) 23,71 litros/und LEITURA NO MÊS 24/04/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1379935-1258250)/5 24337 LITROS MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(24337/1041) 23,38 litros/und LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1379935 1041 5 70 LEITURA NO MÊS 29/04/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1497493-1379935)/5 23512 LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1497493 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(23512/1041) 22,58 litros/und DADOS DO MÊS DE MAIO LEITURA NO MÊS 04/05/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1616705-1497493)/5 23842LITROS LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1616705 1041 5 MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(23842/1041) 22,9 litros/und LEITURA NO MÊS 09/05/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1722386-1616705)/5 21136 LITROS MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(21136/1041) 20,30 litros/und LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1722385 1041 5 71 LEITURA NO MÊS 14/05/2010 MÉDIA DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE O PERIODO M= (1823324-1722385)/5 20188 LITROS MÉDIA DE CONSUMO POR UNIDADE DURANTE O PERIODO Me=(20188/1041) 19,39 litros/und LEITURA DO HIDRÔMETRO QUANTIDADE PERIODO EM LITROS DE SUINOS EM DIAS 1823320 1041 5 72 Tabela 4: Laudo da análise microbiológica da água antes da instalação do filtro LAUDO DE ÁNALISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA Tipo de abastecimento: Solução Alternativa Individual Tipo De Água: Não Tratada / In Natura Município: Guarujá Do Sul Endereço do Local de Coleta: Linha Possato Ponto de Coleta: Direto do reservatório Data de Entrada no Laboratório: 04/5/2010 LEITURAS DE CAMPO Data de Coleta: 04/5/2010 Hora da Coleta: 08:40 Nome do Coletador: Hélio Horário de Entrada no Laboratório: 10:35 VALORES DE REFERÊNCIA (Portaria 518/MS de 25/03/2004) Cloro Residual Livre mg/L Min. 0,2 mg/L na rede de distribuição pH: Entre 6,0 e 9,5 na rede de distribuição Cloro (LACEN) mg/L (método colorimétrico - DPD) RESULTADOS ANÁLITICOS PARÂMETROS MÉTODO Características Organolépticas Aspecto: Límpido Odor: Não Objetável Características Físico-Químicas Turbidez: 3,7 UT Características Microbiológicas Coliformes Totais: Presença em 100 ml Coliformes Termo tolerantes: Presença em 100 ml VALORES DE REFERÊNCIA (Portaria 518/MS de 25/03/2004) Não Objetável Nefelométrico Máx. 5 UT Ausência em 100 ml Ausência em 100 ml CONCLUSÃO A amostra realizada NÃO ATENDE aos padrões de potabilidade estabelecidos na Portaria N° 518/MS de 25/03/2004, no que se refere às características MICROBIOLÓGICAS, abordadas no presente laudo. Dionísio Cerqueira, 5/5/2010 73 Tabela 5: Laudo da análise microbiológica da água após a instalação do filtro LAUDO DE ÁNALISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA Tipo de abastecimento: Solução Alternativa Individual Tipo De Água: Não Tratada / In Natura Município: Guarujá Do Sul Endereço do Local de Coleta: Linha Possato Ponto de Coleta: Direto do reservatório Data de Entrada no Laboratório: 12/5/2010 LEITURAS DE CAMPO Data de Coleta: 12/4/2010 Hora da Coleta: 9:45 Nome do Coletador: Hélio Horário de Entrada no Laboratório: 10:50 VALORES DE REFERÊNCIA (Portaria 518/MS de 25/03/2004) Cloro Residual Livre mg/L Min. 0,2 mg/L na rede de distribuição pH: Entre 6,0 e 9,5 na rede de distribuição Cloro (LACEN) mg/L (método colorimétrico - DPD) RESULTADOS ANÁLITICOS PARÂMETROS MÉTODO Características Organolépticas Aspecto: Límpido Odor: Não Objetável Características Físico-Químicas Turbidez: 3,4 UT Características Microbiológicas Coliformes Totais: Presença em 100 ml Coliformes Termo tolerantes: Presença em 100 ml VALORES DE REFERÊNCIA (Portaria 518/MS de 25/03/2004) Não Objetável Nefelométrico Máx. 5 UT Ausência em 100 ml Ausência em 100 ml CONCLUSÃO A amostra realizada NÃO ATENDE aos padrões de potabilidade estabelecidos na Portaria N° 518/MS de 25/03/2004, no que se refere às características MICROBIOLÓGICAS, abordadas no presente laudo. Dionísio Cerqueira, 19/5/2010 74 5. CONCLUSÃO Pode-se observar através do estudo aplicado ao persigal (1) que o consumo de água utilizada para produção suína encontra-se na faixa de 23 litros de água por dia para cada unidade suína, considerando nesta quantificação o consumo dos animais da espécie suína, a irrigação do ambiente em dias de temperaturas elevadas, a limpeza do estabelecimento e higienização do maquinário utilizado para confecção do alimento consumido no persigal. Segundo dados de autores o consumo de água por unidade suína na fase adulta é de 24 litros por dia, e em fase de desenvolvimento é de 6,5 litros por indivíduo, porém esses dados não levam em consideração o consumo de água utilizada na limpeza e manutenção do persigal o que explica a média de água mais elevada no estudo elaborado. O consumo de 23 litros de água por dia para cada suíno é um valor considerado relativamente alto. Isso pode inviabilizar a prática da suinocultura futuramente, decorrente do alto teor de consumo de água em relação à produtividade, pois a água vem sendo um bem cada vez mais escasso e precioso no meio em que vivemos. De fato pode-se perceber que um meio alternativo e econômico para minimizar esse quadro do consumo de água na suinocultura em curto prazo, seria a implantação de sistemas de captação da água da chuva, que mostram-se versáteis e acessível economicamente, tendo a possibilidade de adicionar a eles sistemas artesanais como filtros para complemento de eficiência. O filtro elaborado para melhorar a qualidade do sistema de captação no persigal (1) mostrou-se insuficiente no melhoramento da turbidez da água, mas eficiente em reter materiais de maior granulometria impedindo que esses causassem danos ao sistema, logo pode-se comprovar que ouve um melhoramento no sistema de captação com a instalação do filtro. Os sistemas de captação da água da chuva requerem manutenção e cuidados com o manuseio da água, pois a água pode estar contaminada e entrando em contado com a pele ou mesmo na ingestão da água, esta pode causar doenças como cólera e febre tifóide. 75 Portanto através dos resultados obtidos e analisados foi possível contabilizar a água consumida no persigal (1) e relatar a influência da temperatura no consumo da água, assim como, a importância em criar meios alternativos para minimizar os efeitos da escassez da água, como a implantação de sistemas de captação da água da chuva. Os cuidados com os sistemas de captação da água da chuva, e que com medidas simples e econômicas pode-se implementar esses sistemas deixando-os mais eficazes. 76 REFERÊNCIAS ALEM SOBRINHO, Pedro. Ministério da Saúde, Portaria Nº. 518 de 25 de Março de 2004, São Paulo. Disponível em: <http//www.dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-518.htm>. Acesso em: 28 de setembro de 2009. 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