VI Encontro Nacional da Anppas
18 a 21 de setembro de 2012
Belém – PA – Brasil
Casas de Taipa em Juazeiro do Norte, Ceará: De vetor de
doenças a construção sustentável.
Deborah Macêdo dos Santos(UFC)
Arquiteta e Urbanista, mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade
Federal do Ceará, campus Cariri.
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Carlos Wagner Oliveira(UFC)
Possui graduação em Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Ceará (1994),
mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal do Ceará (1997) e doutorado em
Biosystems Engineering - University of Tennessee (2003).
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Celme Torres Ferreira da Costa(UFC)
Graduação em Engenharia Civil pela Universidade de Pernambuco (1993), Especialização em
Recursos Hídricos (1998) e Mestrado em Tecnologias Energéticas Nucleares (2000) pela
Universidade Federal de Pernambuco, Doutorado em Engenharia Civil/Recursos Hídrico
UFC
Emmanuelle Monike Silva Feitosa(UFC)
Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Ceará campus Cariri; Pós-Graduanda em Redação Jornalística pela Universidade Potiguar; Bacharel em
Comunicação Social pela UEPB
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Thiago Bessa Pontes(UFPE)
Analista de Sistemas, mestrando em Ciências da Computação na Universidade Federal de
Pernambuco.
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Sarah de Lima Pinto(UFC)
Graduada em Enfermagem pela Universidade Regional do Cariri (2003), especialista em
Administração Hospitalar pela FIC e em Saúde da Família pela URCA, e mestranda em
Desenvolvimento Regional Sustentável pela UFC Cariri.
[email protected]
Ana Raquel Bezerra Saraiva(UFC)
Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (2005) e Especialização
em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará (2008). Atualmente encontra-se
fazendo Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável, pela UFC.
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Francismar de Menezes Alves(URCA)
Tecnologo da Construção Civil com habilitação em topografia e estradas. Graduando em
engenharia de produção mecânica pela URCA Cariri.
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O presente trabalho se trata de uma pesquisa sobre as casas de taipa de Juazeiro do Norte no estado do
Ceará. Em pesquisa exploratória foi sabido que a prefeitura municipal contratou técnicos no ano de
2011 para fazer levantamento das casas de taipa da zona rural do município a fim de substituir-las por
casas de alvenaria intencionando erradicar a doença de chagas da região.
Sua metodologia consiste em recolher os pontos de GPS cedidos pela secretaria de habitação coletados
in loco com o GPS Garmin, etrex, a fim de produzir um mapa com o “shapefile” de Juazeiro locando os
pontos. E, através de um levantamento bibliográfico de estudo interdisciplinar, encontrar possíveis
alternativas para sanar a problemática do aparecimento da doença de chagas nos moradores das casas
de taipa fazendo uma análise qualitativa crítica dos resultados obtidos através da elaboração
quantitativa do mapa.
A doença de chagas é trasmitida pelo inseto Triatoma infestans, mais conhecido como barbeiro. Este
inseto tem preferência por locais escuros e de baixa temperatura, fazendo com que, em Juazeiro do
Norte, cidade quente e de abundante iluminação natural, o inseto faça morada nas fendas entre os
espaços de madeira e barro das casas de Taipa e saia de noite para se alimentar. Neste ato, o barbeiro
deposita suas fezes no sangue da pessoa. Se contaminado ele transmitirá a doença.
Entretanto, demolir as casas de taipa da região para erradicar a doença pode apresentar aspectos
negativos no âmbito da sustentabilidade e memória coletiva. No que diz respeito à sustentabilidade, é
sabido que a construção com materiais naturais são ecologicamente mais benignos, pois desde o início
dos tempos estão interagindo integrados com o meio ambiente mantendo uma relação de harmonia
com o entorno da edificação sem lhe causar danos preservando a paisagem e integrando os
ecossistemas. Já com relação à memória, esta técnica construtiva era exemplo de expressão
arquitetônica constante no município onde, pouco a pouco, as velhas casas de taipa deram lugar a
modernas construções de alvenaria, restando poucos exemplares desta tipologia na zona urbana.
Entretanto, na zona rural, ainda existem vários exemplares das casas de taipa, porém estas casas
costumam ser confeccionadas sem planejamento, estudo, responsável técnico. Sempre em regime de
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mutirão. Sem preocupações com o alicerce, as fendas e as brechas que facilitariam a reprodução de
espécies transmissoras de doenças, como ratos e insetos.
Foi catalogado um número expressivo de casas de taipa na zona rural de Juazeiro do Norte. São 160
casas distribuídas nos sítios: Planalto, Catolé, Amaro Coelho, Junco, Sabiá, Baixada da Onça, Chumbada,
Leite, Novo, Popô, Pau seco, Marrocos, Logradouro, Muleque, Várzea da Ema, Massapê, Pelo Sinal,
Cabeça da Vaca, Horto, Riachão, Gaviãozinho, Gavião e Sussuarana, que a prefeitura está se dispondo a
substituir por casas de alvenaria convencionais a fim de evitar a proliferação do inseto barbeiro e,
conseqüentemente, da doença de chagas.
Embora muito nobre a decisão da prefeitura de substituir as casas de taipa por casas de alvenaria, nesta
pesquisa pode-se entender que existem meios para erradicar a proliferação do inseto barbeiro sem que
se extinga a técnica construtiva mais tradicional do município.
A casa de taipa ser vetor de doenças não é regra geral, se forem tomadas algumas precauções desde a
fase de planejamento arquitetônico, estes males podem ser evitados. Para prevenir o apodrecimento
rápido das madeiras estruturais pode-se executar uma base de pedra elevando as paredes do solo de 50
a 60 cm. A casa também deve ser rebocada e coberta para que não haja degradação da taipa originando
rachaduras que permitam a instalação do barbeiro
Outro fator que tem contribuído para o desaparecimento das casas de taipa é que esta ficou
estigmatizada como habitação predominante da pobreza, da miséria. Com o uso predominante das
construções de novas tecnologias pela classe dominante, o uso da taipa ficou sendo a tecnologia
construtiva possível para a moradia necessária da pobre população do interior do Ceará. Em decorrência
disto, lutar pela permanência das casas de taipa parece ser inútil tendo em vista todo o significado de
pobreza e miséria que lhe foi atribuída durante gerações. Por fim, a cultura do consumismo e do status
social continuaria a exigir da prefeitura casas de alvenaria.
Principais referências:
ZUQUIM, Maria de Lourdes. Os caminhos do rural: uma questão agrária e ambiental. EDITORA SENAC.
São Paulo 2007. Pág203
OLIVEIRA, Amália Xavier. O Padre Cícero que eu conheci: verdadeira história de Juazeiro do Norte.
Editora Massangana, Juazeiro do Norte, 1982. Pag.65
BORGES, L. V. S; COLOMBO, C. R. Construções com terra: alternativa voltada à sustentabilidade.
OLIVEIRA JR, W; BARROS, C. Cartilha do paciente portador da doença de chagas.
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PISANI, Maria Augusta Justi. Taipas: a arquitetura de terra. Sinergia - Revista do Centro Federal de
Educação Tecnológica de São Paulo, São Paulo, v. 5. n. 1. Jan/Jun de 2004.