5ª feira Santa
28 de Março de 2013
Ex 12, 1...14 Sl 115 1Cor 11, 23-26 Jo 13, 1-15
AMAR E SERVIR
Todos os ensinamentos de Jesus conduzem seus discípulos a uma mesa
celebrativa, que se transforma em altar - sacramento da Cruz - onde oferecem um
sacrifício agradável ao Pai. O envio dessa mesa acontece no serviço, sacramentalizado
no gesto do lava-pés.
Herdamos da rica tradição judaica, graças a Jesus, o costume de celebrar a fé ao
redor de uma mesa. Trata-se de uma refeição ritual que não se pretende alimentar o
corpo, mas de comer, isto é, assimilar na própria vida o que cremos e o que nos
compromete. Não se trata também de alimentar unicamente a dimensão espiritual ou
aquela intelectual com ensinamentos doutrinais.
O essencial da Eucaristia consiste em fazer memória: “fazei isto em memória de
mim”. Isso não exclui a dimensão do encontro, da aprendizagem e nem do crescimento no
discipulado, apenas ressalta que a essência está no “Memorial”, na atualização do fato
celebrado — a Salvação no nosso hoje — pela ação do Espírito Santo. E isto acontece ao
redor de uma Mesa.
O Evangelho descreve vários momentos do ministério de Jesus à mesa, como
locais de encontro, de ensinamento ou de comemoração celebrativa. Jesus sentou-se à
mesa com Levi e os cobradores de impostos (Mc 2,15), com o fariseu Simão (Lc 7, 36),
com Lázaro, Marta e Maria, no jantar de Betânia (Jo 12,1-2) e com Zaqueu (Lc 19,2-10). A
multiplicação dos pães (Mt 14,17ss) foi uma grande mesa, profecia da universalidade da
Mesa Eucarística, sacramento vivo de Deus alimentando a humanidade.
Foi numa mesa celebrativa, reunindo festa e memória, que recebemos o grande
dom da Eucaristia. Desde então, aquela mesa deixou se ser uma mesa qualquer e tornouse Altar, local onde oferecemos nosso sacrifício a Deus. Tornou-se uma Mesa Pascal, que
faz a passagem da mesa pascal judaica à Mesa da Páscoa de Jesus Cristo. É ao redor
dessa Mesa que proclamamos nosso “Mysterium fidei” anunciando a Morte do Senhor,
proclamando sua Ressurreição e esperando sua vinda gloriosa. Nós bebemos dessa
tradição viva, assegurada e testemunhada por Paulo, como uma Eucaristia, um sacrifício
de louvor, que invoca o nome do Senhor e compromete seus celebrantes com os
mandamentos e os preceitos divinos.
É uma mesa pascal que também nos ajuda a passar de um jeito de viver para outro,
simbolizado no gesto do lava-pés. Neste sentido, é interessante perceber que a Liturgia
não se serve de nenhum relato da Última Ceia descrita pelos Sinóticos, mas escolheu a
passagem de João para destacar o lava-pés e demonstrar que a ceia judaica ganha novo
sentido na ceia de Jesus Cristo. Um deles, é que sua celebração compromete os
celebrantes com o serviço fraterno.
Do ponto de vista espiritual, compreende-se que participa dignamente da Mesa
Eucarística quem faz a sua páscoa na direção do serviço fraterno, no sair de si para doar
a própria vida em favor do irmão e da irmã. O envio que dessa Mesa não sela pactos de
poderes, mas de compromisso com o serviço gratuito e fraterno.
É uma Mesa que não dá destaque nem oferece honrarias; oferece um avental a
cada celebrante para seguir o exemplo do Mestre. É, pois, na Eucaristia que comungamos
a mesma vocação e missão de Jesus: tornar-se servidor de Deus e dos homens (Mc
10,45), comungando o mesmo pão e o mesmo Vinho, Corpo e Sangue do Senhor.
Homilia Pe. João Luiz
( LUIZ ANTONIO PETROCINO – M.E.C.E. MISSA 08:30h )
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