Em meio à coxilha
Lá está uma enorme pedra
Parece uma mesa
Para servir ceias
Aos deuses que estão a ermo.
Sobre ela nasceu uma flor
Sabe-se como, pois
Da pedra brotou, emergiu.
Um certo dia
Uma ave de rapina que planava
Sobre ela mergulhou,
Voraz a devorou.
Sangrando ficou a laje,
Vertendo lágrimas de dor
Essas que se fizeram uma,
Depois outra, mais outras
E assim, não mais parou
De escorrer, fazendo-se
Sanga que foi fluindo,
Sem mais parar,
Fez-se rio, largo e profundo,
Face tamanha a dor,
Pela surpresa do inesperado,
Brutal arrebate do amor,
Sem causa a justificar,
O ataque cruel
Sem sentido,
A destruir o belo,
O inocente, gratuito
Que era só oferta
Que nada pedia,
Há não ser oferecer
Sua forma e a sua cor.
Até hoje a pedra
Olha, sem parar, o céu
A perguntar, a perguntar:
Porque?!!! Porque?!!! ...Porque?!
Porque?!
(em meio a coxilha)
22092013
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