PALESTRA PROFERIDA POR FLÁVIO CORREA PRÓSPERO NO 1º CICLO DE DEBATES:
CAPACITANDO AGENTES SOCIAIS NA DEFESA DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
POR MEIO DA DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES, NO DIA 12 DE ABRIL DE 2010, NO FLOWER’S
GARDEN BUFFET.
Vamos dar continuidade ao que a Ana Rita nos brindou sobre a informação, já que
entramos na era das redes. Eu queria lançar um novo desafio para os nossos amigos da
WebGoal, a fim de transformar a Rede Entre Amigos em uma rede viva e ativa.
Tudo aquilo que fazemos tem que ter um sentido. Para que estamos vivendo? Este
sentido pode ser expresso em poucas palavras como: por que eu vivo? Vivo em função
dos meus filhos? Vivo em função da minha família? Vivo em função de todos aqueles
que me cercam? Nesse sentido, vamos pensar a Rede Entre Amigos. Precisamos de
uma razão de vida, precisamos de uma visão de como pensamos e desenvolvemos
projetos ecológicos para a vida, precisamos de objetivos de sustentabilidade e de
como chegar lá. O grande mecanismo de desenvolvimento desses objetivos são as
redes sociais, visando a vida.
Cada de um nós tem uma visão da vida pessoal, absolutamente identificada com a sua
história de vida, com aquilo que aprendeu, com os valores adquiridos, com aquilo que
foi ensinado pelos pais, pela escola, pela universidade e depois pela própria escola da
vida. O que ficou para nós, hoje, para enxergar a vida amanhã? Temos uma dimensão
biológica, lidamos com o desafio de gerenciar o nosso corpo com uma visão holística,
uma visão do todo e não uma visão fragmentada das partes do corpo. Segundo,
precisamos gerenciar nossa vida com a dimensão do conhecimento adquirido, essa
dimensão que chamamos de cognitiva, de gestão do conhecimento, é o grande desafio
para construção do futuro. Em terceiro, para que serve o conhecimento? Porque e
para que existem dados e informações e conhecimentos acumulados se não os usamos
em nosso próprio benefício? Não adianta ter informações e conhecimento se não os
usamos em benefício daqueles que estão à nossa volta na construção do futuro. É
fundamental o uso do conhecimento e a humanidade só cresce na medida em que nós
usamos o conhecimento em benefício do coletivo. É impossível separar em partes
lógicas e administrar cada uma delas isoladamente. É fundamental entender a relação
entre os componentes de uma rede social, entender a relação existente entre o
conhecimento e a rede virtual de informações para explorar esse enorme ferramental,
o Portal da Rede Entre Amigos em benefício da construção do futuro.
É uma abordagem sistêmica que envolve o equilíbrio de todas as partes, envolve a
participação de todos os parceiros, onde cada entidade componente da Rede Entre
Amigos é uma unidade ativa, geradora de conhecimento para ser democratizado por
todas as outras entidades e daí em diante para todos. Eu me lembro há mais de 12
anos, quando começamos a conceber a Rede Entre Amigos: Imaginamos criar um
primeiro formato de acesso à informação que pudesse ser compartilhado por todos e
não ficasse restrito a poucos e que esse conhecimento fosse crescendo cada vez mais.
Se imaginarmos que o homem está nesse planeta há mais ou menos cinco milhões de
anos, o homo sapiens há 100 mil anos, todo o conhecimento acumulado pela raça
humana até 1950, se pudesse ser empilhado em caixinhas, seria equivalente à
quantidade de informação construída e acumulada de 1950 a 2000. Nos últimos 50
anos do Século XX dobramos o conhecimento da humanidade. Estamos em 2010 e a
expectativa é que em 2025, daqui a 15 anos, dobraremos o conhecimento acumulado
pela humanidade até o ano 2000. Ou seja, quatro vezes o conhecimento que tínhamos
em 1950. E isso só será possível através do armazenamento da informação e da
democratização do acesso pelas redes sociais suportadas pelas redes virtuais.
A dimensão do sentido humano é ecológica. Duas palavras gregas, oikos, a nossa casa,
o lar e logos o conhecimento, o conhecimento da casa, formam a base da construção
do futuro. O conhecimento que temos do planeta, hoje, nos dá condição de
desenvolvimento. E por último, precisamos de padrões de organização, padrões
mínimos não só de comportamento, mas padrões automáticos de construção do
futuro, que nós ainda não os temos disponíveis. O que são esses padrões?
Cada um de nós dispõe de padrões pessoais que compõem exatamente as nossas
qualidades e diferenças, aquilo que nos diferencia um dos outros, os seus talentos, as
suas motivações, os seus atributos e estas diferenças individuais é que dão graça à raça
humana. É esse padrão que apresentamos aos outros como elemento de
demonstração do eu; eu reconheço os talentos do outro e o outro me reconhece em
meus talentos e assim podemos trocar informações em permanente equilíbrio para
criar uma base de desenvolvimento. A relação eu, tu é uma relação de igualdade, de
respeito e de fraternidade, respeito à identidade, à capacidade de formular uma rede
social ativa.
Ecodesign são projetos ecológicos de desenvolvimento da nossa visão de mundo. Da
mesma forma que projetamos casas, estradas, aeroportos, portos, shopping centers,
qualquer que seja o projeto comercial ou econômico, projetamos sonhos e sonhos só
existem se pudermos operacionalizá-los, se pudermos construir coisas concretas. O
verdadeiro projeto é aquele que é factível ao transformar um sonho em realidade.
Essa transformação do sonho em realidade precisa ser dimensionada, definida em
grandezas físicas, em valores econômicos, factível em termos tecnológicos, viável em
termos legais, sustentável em termos ambientais, de tal maneira que essas condições
todas se somam para transformar o sonho em realidade.
A Rede Entre Amigos foi um sonho transformado em realidade e, hoje, comemoramos
12 anos. O portal que lançamos hoje é outro sonho concretizado. Ele é apenas o início
do próximo sonho que é a construção do portal vivo de terceira geração que se
realimentará e, por ser vivo, será absolutamente eficaz. Temos que transformar a rede
à imagem e semelhança de nosso cérebro, que é uma rede complexa e perfeita. Esta
rede cerebral é uma composição onde os neurônios se ligam entre si. Na média, cada
neurônio tem 10 mil ligações e cada um de nós tem mais ou menos 100 bilhões de
neurônios ativos. Portanto, podemos imaginar a capacidade de acumulação de
informação que temos armazenado em nosso cérebro. O conhecimento da
humanidade, hoje, está armazenado na Internet. A capacidade de usar esse
conhecimento em nosso benefício é o grande desafio. Mas, ele está disponível para ser
usado. O Brasil tem 60 milhões de internautas, o já que é um numero significativo. Há
30 anos brigávamos para ter acessibilidade física, para andar na rua, exercer o direito
de ir e vir. Hoje, temos o desafio da conquista dos direitos de acessibilidade da
informação em rede.
As pesquisas mostram que de toda a informação acumulada na Internet, 75% é
pornografia. Apenas 25% do conhecimento disponível são úteis e equivalem às milhões
de caixinhas, empilhadas até hoje. A Wikipédia é um exemplo, o conhecimento de hoje
está sendo acumulado por uma rede aberta de pessoas que alimentam a Wikipédia
com informação e a transformaram na maior enciclopédia viva do mundo, do planeta,
e absolutamente atualizada. A própria comunidade corrige os erros de informação. A
própria rede faz com que a disciplina e o respeito à veracidade da informação seja
protegida.
No Brasil ainda não temos a cultura do uso da informação em benefício dos outros.
Temos algumas imagens de que informação é poder e o poder está comigo. Enquanto
eu detenho a informação, eu tenho poder. E o poder, hoje, está exatamente na
direção inversa, o poder está na medida em que passamos a totalidade do
conhecimento disponível para os outros.
E isso só pode ser feito com liberdade e ética. Não é possível construir a sociedade do
futuro sem ética. E qualquer pessoa que faça discursos por moralismos, se autooutorgando direitos morais, faz da ética um uso processual ou ocasional. A ética é um
valor absoluto e verdadeiro que permanece presente, do qual não podemos abrir mão
em nenhuma situação, em nenhuma circunstância. Quando abrirmos mão dos valores,
deixamos de lado a capacidade real de construção do futuro. Redes sociais só podem
ser construídas na liberdade e com ética.
É a partir dessa visão que chegaremos ao que chamamos de sustentabilidade dos
projetos. Sustentabilidade no sentido econômico, social, ambiental, de tal maneira que
a auto-sustentabilidade seja conquistada por todos, como a Ana Rita colocou sobre a
emancipação das pessoas para exercer sua cidadania em toda a plenitude. E é a essa
plenitude que queremos chegar através da auto-sustentabilidade de todos via Rede
Entre Amigos.
O que é a rede? Uma rede não linear, uma rede aberta, uma grande malha. O padrão
básico dessa rede é o padrão básico da vida. Nós replicamos a nós mesmos e toda vez
que geramos um filho por um ato de amor passamos a ele toda a nossa herança
genética, o milagre da transposição. E para cada célula gerada por esse novo ser são
passadas todas as informações históricas biológicas do pai e da mãe. Esta rede natural
é realmente alimentada de célula para célula. A célula se divide em duas, as duas criam
novas células com as mesmas bases informacionais genéticas. A vida se faz através da
replicação viva dessas características. Este padrão é eterno e vai evoluindo de acordo
com a nossa própria história.
Nossa responsabilidade, nosso dever é preparar este planeta para as gerações futuras.
Nem sempre temos a consciência disso. Mas somos biofílicos, ou seja, cada um nós
não vive sem o outro. Temos capacidade de atração da vida pela vida. Uma rede é
exatamente isto. A atração das organizações, a atração do mundo do conhecimento
das organizações aqui presentes, é fazer desse padrão da vida um padrão de vida
virtual para que ela possa ser democratizada. Assim, transformamos redes não lineares
em redes funcionais. Função é aquilo que nós exercemos para preparar o amanhã.
E das redes funcionais passamos às redes de comunicação. Qualquer jovem, hoje,
entre 12 e 17 anos, conhece tudo sobre rede social, via Orkut, Facebook, Twitter e
várias outras que estão na internet, sabem utilizar esta comunicação social em rede
em alta velocidade. Temos capacidade de fazer um upgrade dos “Facebooks, da vida”
para transformar a Rede Entre Amigos neste depositório enorme de conhecimento, ser
desenvolvida e a ser multiplicada.
Temos três tipos de ações: os hubs, os inovadores e os chamado netweavers.
Os hubs são cada um dos associados da Rede. O hub é a biblioteca do saber. Cada
organização que tem sua biblioteca ou integra a biblioteca do seu saber na Rede Entre
Amigos para que alimente as outras entidades, realimenta e renasce uma rede
beneficiando a todos os usuários desta Rede. Este é o grande objetivo de ser parceiro
da Rede Entre Amigos.
Inovadores são aqueles que estão sempre um passo a frente. Uma em cada mil
pessoas é inovadora, inovadores são todos aqueles que pensam em criar as condições
do amanhã, melhores do que foram ontem e melhores do que são hoje. Esse é o
desafio: agregar uma novidade, uma descoberta, uma nova informação a cada
momento. A grande preocupação é colocar a informação na “Wikipédia” da Rede
Entre Amigos de tal maneira que ela possa ser disponibilizada e acessível a todos e
possa ser reproduzida e distribuída.
Por último, todos nós que entramos na Rede Entre Amigos, somos os netweavers,
aqueles que dão graça, sentido e reproduzem a informação. Gostaríamos que todos
passassem a ser portadores do símbolo netweavers - agitadores da informação,
agitadores enquanto distribuidores, replicadores, multiplicadores entre todas as
organizações que participam da Rede Entre Amigos.
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Palestra - Parceria em rede - Flavio Prospero