Atividade com professores
Foi realizada uma atividade com os professores da escola Ernesto Dornelles, no
início do segundo semestre de 2013, visando ambientá-los nos temas de filosofia
trabalhados em sala de aula.
O conteúdo da atividade consistiu na primeira aula do projeto Argumentação e
Epistemologia que fora trabalhada com alunos do segundo ano do Ensino
Médio:
Leia o seguinte texto:
Marcelo e Roberto estão conversando sobre o texto que o professor de Física
passou na última aula:
"A astrologia não é um conhecimento verdadeiro: o psicólogo Bernard
Silverman, da Michigan State University, estudou o casamento de 2.978 casais e
o divórcio de 478 casais, comparando com as previsões de compatibilidade ou
incompatibilidade dos horóscopos, e não encontrou qualquer correlação 1."
Marcelo: Agora você está convencido de que a astrologia não é um
conhecimento verdadeiro?
Roberto: Claro que não, esta é a verdade do professor de física.
Marcelo: Como assim?
Roberto: Cada pessoa tem a sua verdade. A verdade do professor de física é a de
que a astrologia não é um conhecimento verdadeiro, mas a verdade do astrólogo
é a de que a astrologia é um conhecimento verdadeiro.
Marcelo: Mas você não acha que um dos dois está errado?
Roberto: Claro que não, o que é verdadeiro para uma pessoa pode não ser
verdadeiro para outra.
Marcelo: Você está confundindo conhecimento com opinião.
Roberto: Qual a diferença?
Marcelo: Uma opinião é algo que a pessoa acredita. Mas não é porque uma
pessoa acredita em uma determinada concepção da realidade que esta
concepção é verdadeira.
Roberto: Mas quem é que diz que algo é verdadeiro ou não? São as pessoas.
Portanto, uma concepção é verdadeira para a pessoa que acredita que ela seja
verdadeira.
Marcelo: Você está afirmando que para uma concepção sobre a realidade ser
verdadeira basta a pessoa acreditar que ela é verdadeira?
Roberto: Sim.
Marcelo: Então se eu acredito que o Sol gira ao redor da Terra, é verdade que o
Sol gira ao redor da Terra?
Roberto: É verdade para você.
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Texto de Kepler de Souza Oliveira Filho, postado no endereço eloetrônico: http://www.if.ufrgs.br/ast/astrologia.htm
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Marcelo: Não existe algo que seja verdadeiro para todo mundo?
Roberto: Existe, mas isto ocorre, ou por coincidência, ou porque as pessoas são
educadas para acreditar em algumas verdades, através da cultura.
Marcelo: Mas a consequência do que você está dizendo é a de que a opinião de
uma pessoa sempre será verdadeira. Agora imagina se uma pessoa acredita que
o Sol gira ao redor da Terra enquanto outra acredita que é a Terra que gira ao
redor do Sol. Então será verdadeiro que o Sol gira ao redor da Terra, e também
será verdadeiro que o Sol não gira ao redor da Terra, o que é uma
contradição.
Roberto: Não. O que é verdadeiro para um, não é verdadeiro para outro.
Marcelo: Então todo conhecimento é subjetivo?
Roberto: Sim.
Marcelo: Existem opiniões que são apenas a expressão de gosto, p. ex.: prefiro
melancia ao melão. Este é tipicamente o caso da opinião subjetiva. E quando
alguém afirma que a melancia tem mais calorias que o melão? É novamente
uma mera questão de gosto?
Roberto: O que diferencia as duas afirmações?
Marcelo: A primeira afirmação refere-se a um aspecto subjetivo, o meu gosto
por melancia, já a segunda refere-se a algo objetivo: a quantidade média de
calorias que cada uma destas frutas possui. Para saber que prefiro melancia ao
melão basta apenas refletir sobre meus gostos, ou seja, preciso apenas pensar
em mim mesmo. É óbvio, contudo, que no segundo caso preciso investigar a
realidade.
Roberto: Mas não sou eu quem investiga a realidade, com minha mente e os
meus sentidos? Qual a diferença entre refletir sobre o meu gosto e investigar a
realidade?
Marcelo: Numa resposta mais imediata: quando quero saber se prefiro melancia
ou melão basta provar as duas frutas; agora se quero descobrir qual delas tem
mais calorias em média, preciso examiná-las, fazer mediações, testes, em suma,
investigar os dois “objetos”. Um aspecto menos óbvio é o fato de que, quanto ao
gosto, não posso estar enganado, o mesmo não ocorrendo no que diz respeito ao
teor calórico das frutas- outra pessoa pode realizar testes com as duas frutas e
descobrir que os resultados estão errados.
Roberto: Mas você não provou que existe conhecimento objetivo.
Marcelo: Este não é um assunto que possa ser decidido num diálogo tão rápido.
Temas como este são típicos da filosofia, que é uma investigação onde as provas
que visam sustentar as teorias são produzidas através de argumentos. E
produzir argumentos sólidos sobre temas tão gerais não é uma tarefa fácil.
Atividade:
1) Qual a sua opinião sobre esta questão? Por quê?
2) Anote as respostas em seu caderno.
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