METROSUL IV – IV Congresso Latino-Americano de Metrologia “A METROLOGIA E A COMPETITIVIDADE NO MERCADO GLOBALIZADO” 09 a 12 de Novembro, 2004, Foz do Iguaçu, Paraná – BRASIL Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios INCERTEZAS DE MEDIÇÃO ENVOLVIDAS NA CALIBRAÇÃO DE VIDRARIA VOLUMÉTRICA DE LABORATÓRIO Monica Costa Padilha 1, Luiz Nelson Ferreira Gomes1, José Renato Real Siqueira 2, Elcio Cruz de Oliveira 3,Paula Fernandes Aguiar4,Francisco Radler de Aquino Neto 1* 1 UFRJ – Instituto de Química – Departamento de Química Orgânica, Rio de Janeiro, Brasil 2 INMETRO – DIMEC, Rio de Janeiro, Brasil 3 TRANSPETRO, Rio de Janeiro, Brasil 4 UFRJ – Instituto de Química – Departamento de Química Analítica, Rio de Janeiro, Brasil Resumo: Os laboratórios analíticos nas suas mais diversas áreas de atuação, necessitam garantir a confiabilidade de seus resultados através de procedimentos e técnicas validadas. Como meio de garantir o resultado analítico é necessário que toda a vidraria volumétrica utilizada seja calibrada através de procedimentos que permitam determinar a incerteza de medição. O artigo apresenta o trabalho desenvolvido no Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico LADETEC - IQ - UFRJ, na área da calibração de vidraria volumétrica discutindo as variáveis relacionadas as condições ambientais e as possíveis fontes de erro, encontradas durante as operações de calibração. São apresentadas e discutidas as equações utilizadas para o cálculo da estimativa do volume de vidrarias volumétricas e da massa específica da água e do ar. É apresentado um diagrama de causa e efeito para a calibração de vidrarias, descrevendo todas as possíveis fontes de incertezas associadas a cada parâmetro envolvido na estimativa do volume de uma vidraria volumétrica. Palavras chave: calibração, incerteza de medição, vidraria volumétrica de laboratório. 1. INTRODUÇÃO Calibração é definida formalmente como sendo um conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões. A calibração de vidraria volumétrica exige condições ambientais tais como: temperatura ambiente, temperatura da água utilizada para calibração, umidade relativa, pressão atmosférica, controladas por instrumentos calibrados por laboratórios credenciados à Rede Brasileira de Calibração (RBC). Tais instrumentos com seus resultados de medição, combinados com os resultados da calibração de vidrarias volumétricas de laboratório geram erros desconhecidos nos valores de medição, o que gera dúvida em um resultado de medição. A quantidade provável de erros desconhecidos pode ser definida apenas por meio de uma estimativa mais aprofundada chamada incerteza de medição. Ela é calculada de acordo com o Guia para Expressão de Incerteza de Medição (Guide to the Expression of Uncerrtainty in Measurement) da ISO (GUM). O GUM define a incerteza de medição como um “parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão de valores que poderiam ser perfeitamente atribuídos ao objeto medido”. 2. MODELO MATEMÁTICO PARA A ESTIMATIVA DO VOLUME DE UMA VIDRARIA VOLUMÉTRICA ⎛ ⎞ ⎛ ρ ar ⎞ 1 ⎟ ⋅ ⎜1 − ⎟ ⋅ (1 − γ ⋅ (Tágua − 20)) V20 = (ma ) ⋅ ⎜ ⎜ (ρ ⎟ ⎜ ) − ρ ρ B ⎟⎠ ar ⎠ ⎝ ⎝ água Sendo: V20 = volume a temperatura de 20oC, em mL. ma = massa do recipiente com água, em g. ρágua = massa específica da água, em g/mL. ρar = massa específica do ar, em g/mL ρB = massa específica dos pesos de calibração da balança, em g/mL. γ = coeficiente volumétrico de expansão térmica da vidraria, em oC-1. Tágua = temperatura da água usada no ensaio, em oC. 2.1. MODELO MATEMÁTICO PARA A ESTIMATIVA DA MASSA ESPECÍFICA DA ÁGUA ρ água = V 20 ma .( ρ B − ρ ar ) ( 1 + γ ( T − T 20 )) ρ +ρ ar B Sendo: V20 = volume a 20oC, em mL. ma = massa de água, em g. ρar = massa específica do ar, em g/mL. ρB = densidade do peso de calibração da balança, em g/mL. γ = coeficiente volumétrico de expansão térmica da vidraria, em oC-1. Tágua = temperatura da água usada na calibração, em o C. 2.2. MODELO MATEMÁTICO PARA A ESTIMATIVA DA MASSA ESPECÍFICA DO AR ρ ar = 0,34844 ⋅ Patm − H % ⋅ (0,00252 ⋅ Tamb − 0,020582) (Tamb + 273,15) Sendo: ρar = massa específica do ar, em Kg/m3. Patm = pressão atmosférica, em Pa. H% = umidade relativa do ar, em %. Tamb = temperatura ambiente, em oC. K1 = 0,34844 (Kg/m3).°C/Pa K2 = -0,00252 Kg/m3 K3 = 0,020582 (Kg/m3).°C K4 = 273,15 °C 3. INCERTEZA DE MEDIÇÃO As principais fontes de incertezas associadas à estimativa do volume de uma vidraria volumétrica de laboratório são: • Massa específica da água; • Massa específica do ar; • Medição da massa do recipiente com água; • Massa específica dos pesos da balança; • Coeficiente de expansão cúbica do vidro. As fontes de incertezas associadas à cada parâmetro listado acima estão representadas pelo diagrama abaixo: Uma vez tendo calculado o valor das incertezas relacionadas a cada fonte, calcula-se a incerteza padrão combinada, que é a soma quadrática de todas as incertezas provenientes das estimativas de entrada relacionadas a uma fonte. Por exemplo a incerteza padrão combinada devido a temperatura da água uc(tH2O) é estimada a partir da soma quadrática das incertezas provenientes da resolução e calibração do termômetro utilizado juntamente com a variação da temperatura da água utilizada durante a calibração. O passo seguinte seria o cálculo dos coeficientes de sensibilidade, que são obtidos pela derivação parcial de cada estimativa de entrada (variável dependente) em relação a estimativa de saída (variável independente). As derivadas parciais ∂f / ∂xi , denominadas coeficientes de sensibilidade (Ci), descrevem como a estimativa de saída (como por exemplo, f = ρágua) varia com alterações nos valores das estimativas de entrada (xi = tH2O). Para incorporar as diferentes contribuições das estimativas de entrada estimamos os coeficientes de sensibilidade associados a cada modelo matemático previamente descrito. Sendo assim, a incerteza padrão de uma dada fonte de incerteza é obtida multiplicando-se o coeficiente de sensibilidade pela incerteza padrão combinada. Embora a incerteza padrão combinada possa ser usada para estimar a incerteza do resultado da medição, é necessário fornecer uma medida de incerteza que defina um intervalo em torno do resultado da medição com o qual se espera abranger uma extensa fração da distribuição de valores que poderiam ser razoavelmente atribuídos ao mensurando (volume da vidraria volumétrica – V20°C). A medida adicional de incerteza que satisfaz o requisito de fornecer um intervalo do tipo indicado anteriormente é denominada incerteza expandida (U), que é obtida multiplicando-se a incerteza padrão pelo fator de abrangência (K). O fator de abrangência (K), é proveniente da distribuição t de Student com um nível de confiança de 95,45%, para um número de graus efetivos de liberdade calculado pela equação de Welch- Satterthwaite: ν eff μ c 4 (V20 ) = (μ yV20 )4 ∑ νi i =1 Sendo: μc(V20) = Incerteza padrão combinada do mensurando V20. μy(V20) = Incerteza padrão da estimativa de saída. νeff= graus de liberdade associados a cada uma das fontes de incerteza de V20. AGRADECIMENTOS CAPES, CNPq, FUJB (Fundação Universitária José Bonifácio), pelo apoio financeiro e pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS [1] Guia para expressão da incerteza de medição, Terceira edição brasileira publicada pelo INMETRO e pela ABNT, agosto 2003. [2] Vocabulário Internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia, publicado pelo INMETRO portaria INMETRO 029, de 10/03/1995. Autores: Prof. Dr. Francisco Radler de Aquino Neto, LADETEC – Departamento de Química Orgânica – Instituto de Química – UFRJ; Centro de Tecnologia – Bl A- Sala 607 – Ilha do Fundão – Cidade Universitária – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 21949-900, (0XX)21-22603967 e (0XX)2125627134,radler @iq.ufrj.br Farmacêutica, Monica Costa Padilha, LADETEC – Departamento de Química Orgânica – Instituto de Química – UFRJ; Centro de Tecnologia – Bl A- Sala 607 – Ilha do Fundão – Cidade Universitária – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 21949-900, (0XX)21-22603967 e (0XX)21-25627134, [email protected] Prof. MSc, Luiz Nelson Ferreira Gomes, LADETEC-LAB DOP – Departamento de Química Orgânica – Instituto de Química – UFRJ; Centro de Tecnologia – Bl A- Sala 607 – Ilha do Fundão – Cidade Universitária – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 21949-900, (0XX)21-22603967 e (0XX)2125627134, lnelson @iq.ufrj.br Quim., José Renato Real Siqueira, INMETRO, DIMEC, Rio de Janeiro, RJ, Brasil MSc, Elcio cruz de Oliveira, Transpetro, Av Presidente Vargas, 328 - 7°andar – Centro – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 20091-060, (0XX)21-32119223 e (0XX)21-32119300 Prof. Dr. Paula F. de Aguiar, Departamento de Química Analítica - Instituto de Química - UFRJ; Centro de Tecnologia - Bl A- Sala 517 - Ilha do Fundão - Cidade Universitária - Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 21949-900 (0XX) 21-25627877, [email protected]