HOSPITAL SÃO MARCOS CLÍNICA DE GINECOLOGIA E MASTOLOGIA Teresina - Piauí - Brasil JORNAL DA MAMA Publicação destinada a esclarecimento da comunidade Prevenção Primária do Câncer de Mama O câncer de mama é a neoplasia maligna que mais acomete as mulheres no mundo ocidental. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) de 2010 mostram que o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres nas regiões nordeste, centro-oeste, sudeste e sul do país, depois do câncer de pele não melanoma. O câncer de uma maneira geral é causado por alterações que ocorrem no nosso material genético (gens). Temos gens que controlam o crescimento e morte das nossas células (ciclo celular). Quando eles sofrem alterações (mutações) há a perda de controle do crescimento das mesmas que passam a crescer de forma desordenada e intensa (câncer). Cada tipo de câncer tem seus fatores de risco individuais, sejam eles genéticos, epigenéticos familiares, reprodutivos ou comportamentais. Recentes evidências científicas informam como o nosso estilo de vida, que inclui alimentação, prática de exercícios, tabagismo, uso de álcool influenciam diretamente nos nossos gens e ajudam no aparecimento do câncer (fatores epigenéticos). É muito importante ressaltar que o câncer de mama, na maioria dos casos (80 a 85%) ocorre de maneira esporádica, ou seja sem a presença de fatores de risco familiares e em apenas 5 a 10% há a presença dos mesmos. Mas o que determina o risco de uma mulher vir a ter câncer de mama? O câncer de mama é uma doença multifatorial, ou seja existem vários fatores que podem influenciar no seu desenvolvimento. Os fatores de risco mais fortes não poderão ser modificados por nossos hábitos ou escolhas cotidianas. Exemplos: ser do sexo feminino, envelhecer; menstruar antes dos 10 anos; parar de menstruar (menopausa) depois dos 55 anos; ter história familiar de câncer de mama em 2 parentes de primeiro grau ( mãe, irmã ou filha); ter herdado alterações genéticas que levem ao risco de desenvolver câncer de mama (alteração nos genes BRCA1 e BRCA2); já ter tido câncer de mama uni ou bilateral e hiperplasia atípica. Outros fatores de risco (epigenéticos), embora mais fracos (sobrepeso e obesidade, sedentarismo, alimentação rica em gorduras de origem animal, massas e açucares refinados) quando acumulados podem se tornar mais fortes. Interessante, portanto, investir na mudança de estilo de vida adotando hábitos mais saudáveis, como bem estabelecidos pela literatura médica. São eles: 1. Manter-se no peso ideal para sua altura e idade; 2. Fazer atividade física regular: no mínimo 3 x semana por 30 a 40 minutos; 3. Alimentar-se com mais frutas, cereais, verduras e legumes; 4. Diminuir a ingestão de gorduras de origem animal: carne vermelha, leite integral, queijos amarelos, ovos, manteiga, toucinho, linguiça, defumados como presuntos e apresuntados. 5. Diminuir a ingestão de açucares e massas de absorção rápida, especialmente os refinados como farinha de trigo, açúcar de açucareiro branco ou mascavo. 6. Preferir as massas integrais como: pão, arroz, macarrão e biscoitos integrais. 7. Preferir as gorduras de origem vegetal: azeite de oliva, óleo de soja, milho, girassol e sementes oleaginosas, tais como: castanha de caju e do Pará, amêndoas, nozes. 8. Evitar consumo de álcool excessivo: mesmo 1 a 2 doses por dia, aumenta moderadamente o risco para câncer de mama. Outro fator de risco que merece atenção especial é o uso de terapia hormonal (TH) substitutiva na pós menopausa (chamada antigamente TRH). O uso de hormônios pode ser muito benéfico para afastar ou diminuir os sintomas que ocorrem neste período da vida da mulher, como: calores, ressecamento vaginal, diminuição do desejo sexual, osteoporose, dentre outros. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para que o uso dos hormônios neste momento possa trazer mais benefícios e menos riscos. 1. Não usar terapia hormonal sem prescrição médica. 2. O ginecologista/mastologista deve avaliar após conhecimento dos sintomas, história pessoal e familiar da mulher, se as vantagens do uso de hormônios superam os riscos. 3. O uso da terapia hormonal na pós-menopausa não deve exceder 5 anos. Exceções devem ser discutidas caso a caso com seu médico. 4. Realizar mamografia anual, especialmente antes de iniciar o uso da terapia hormonal (TH) e enquanto estiver usando. Para as mulheres consideradas de alto risco para desenvolver câncer de mama existem recursos, como a prevenção com medicamentos (tamoxifeno ou raloxifeno) e cirurgia (retirada das mamas profilaticamente e/ou dos ovários). Estes são casos especiais que ocorrem em apenas 5 a 10% dos todos os cânceres de mama. Por sua raridade e pelo impacto destes tratamentos na vida da mulher, é fundamental a indicação e acompanhamento preciso pelo mastologista. Mulheres de alto risco para desenvolver câncer de mama 1. Jovens que já tiveram câncer de mama uni ou bilateral ou hiperplasia atípica. 2. Com história de alteração genética comprovada (BRCA1 e BRCA2 positivos); 3. Com 2 ou mais parentes de 1º grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de mama; Dra. Andrea Cronemberger Rufino Mastologista e Ginecologista – Hospital São Marcos