Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM): Um Estudo Sobre o Nível de Sustentabilidade das Capitais Brasileiras LÍGIA CARLA DE LIMA SOUZA Universidade Federal do Ceará [email protected] IVETE MARIA ANTUNES MATOS Universidade Federal do Ceará [email protected] MARIA DA GLÓRIA ARRAIS PETER Universidade Federal do Ceará [email protected] MARCUS VINÍCIUS VERAS MACHADO Universidade Federal do Ceará [email protected] CICERO PHILIP SOARES DO NASCIMENTO Universidade Federal do Ceará [email protected] Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM): Um Estudo Sobre o Nível de Sustentabilidade das Capitais Brasileiras Resumo A sustentabilidade está na pauta das discussões dos governos, das empresas e da sociedade em geral. Dada sua relevância, no campo das políticas públicas, a utilização de indicadores parece ser um bom caminho para mensurar e compreender o processo de construção do desenvolvimento sustentável local. Este estudo analisa o nível de desenvolvimento sustentável das capitais brasileiras, utilizando a metodologia das seis dimensões de sustentabilidade, proposta por Martins e Cândido (2008), conhecido como Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM). Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório e descritivo; utilizando a pesquisa documental. No processo de coleta de dados, utilizou-se uma lista composta por 44 índices, os quais fornecem um conjunto de informações acerca dos aspectos sociais, político-institucionais, ambientais, econômicos, demográficos e culturais das 27 capitais brasileiras, incluindo Brasília. A partir da análise dos dados, concluiu-se que o Índice de Desenvolvimento Sustentável final das capitais brasileiras ficou em 0,3819, considerado como nível de alerta, segundo a metodologia utilizada na pesquisa. Tal situação aponta a necessidade de ajustes nas políticas de apoio ao desenvolvimento sustentável, no sentido de melhorar os índices, a fim de obter níveis ideais de sustentabilidade. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável; Indicadores de sustentabilidade; IDSM. Index of Sustainable Development for Municipalities (IDSM): A Study of the Level of Sustainability of Brazilian Capital Abstract Sustainability is on the agenda of the government, business and society in general. Given its relevance in the field of public policy, the use of indicators seems to be a good way to measure and understand the process of building local sustainable development. This study analyzes the level of sustainable development of the Brazilian capital, using the methodology of the six dimensions of sustainability, proposed by Martins and Candido (2008), known as Sustainable Development Index for Municipalities (IDSM). It is a quantitative, exploratory and descriptive study; using documentary research. In the data collection process, we used a list composed of 44 indices, which provide a set of information about, political-institutional, environmental, economic, demographic and cultural capital of 27 Brazilian social aspects, including Brasilia. From the data analysis, it was concluded that the Sustainable Development Index end the Brazilian capital stood at 0.3819, considered warning level, according to the methodology used in the research. This points to the need for adjustments in policies to support sustainable development in order to improve the indices in order to obtain optimal levels of sustainability. Key Words: Sustainable Development; Sustainability Indicators; IDSM. 0 1 Introdução A ideia e as implicações do tema “desenvolvimento sustentável” ganharam força nas últimas décadas e têm permeado os discursos organizacionais, tanto na esfera pública quanto na esfera privada, tendo em vista que, diante de modelos de desenvolvimento altamente depredadores e das pressões multidimensionais por um mundo mais equilibrado sob a óptica social e ambiental, governos e empresas têm procurado articular novas formas de desenvolvimento capazes de responder às demandas da sociedade contemporânea. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável deve ser concebido por meio de uma visão ampla e em construção, envolvendo dimensões adaptáveis às realidades locais e que, por consequência, ultrapassem o conhecido tripé da sustentabilidade (econômico, ambiental e social) e a tradicional relação dicotômica entre crescimento e desenvolvimento. Concentrando-se na esfera pública, o desafio da sustentabilidade demanda uma postura pró-ativa e conjunta dos governos federal, estadual e municipal. É preciso ir além e enxergar as realidades locais, planejando ações que permitam o desenvolvimento sustentável dessas localidades nas mais diversas dimensões. Nesse âmbito, Spagenberg (1999), Bellen (2005), Louette (2009) e Martins e Cândido (2008) indicam a necessidade, para a operacionalização do desenvolvimento sustentável, de sistemas de indicadores ou instrumentos que possibilitem mensurar e conseqüentemente avaliar a sustentabilidade. Diante da temática abordada, o estudo procura responder ao seguinte questionamento: qual o nível de desenvolvimento sustentável das capitais brasileiras, considerando a construção de indicadores que possibilitem tal mensuração? Desta forma, a pesquisa tem como objetivo geral analisar o nível de desenvolvimento sustentável das capitais brasileiras, utilizando a metodologia das seis dimensões da sustentabilidade proposta pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM). Por meio do presente estudo, oportuniza-se desenvolver a temática que envolve uma perspectiva multidimensional (social, demográfica, econômica, políticoinstitucional, ambiental e cultural) de sustentabilidade local, de forma a conhecer a realidade dos principais municípios brasileiros, tendo como amostra intencional as capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. 2 Desenvolvimento Sustentável e Indicadores de Sustentabilidade O modelo de desenvolvimento adotado pelas nações, desde o aparecimento e consolidação da indústria como força motriz do sistema capitalista, tem implicado um maior nível de degradação ambiental, aumento da poluição e desigualdade social, entre outras conseqüências (RIECHMANN; BUEY, 1994). Nos últimos anos, no entanto, o debate e a reflexão sobre os valores intrinsecamente relacionados ao desenvolvimento sustentável têm se expandido. Lima (1997) explica que as críticas recentes aos modelos de desenvolvimento surgem em um contexto no qual os problemas já são evidentes. Para Guimarães (2001, p.51), o modelo de desenvolvimento predominante caracterizase como “politicamente injusto, culturalmente alienado e eticamente repulsivo”, gerador de danos ecológicos e desigualdades sociais. É nesse contexto de crítica aos modelos de desenvolvimento vigentes, que surge e ganha força o conceito de desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade, os quais propõem emergência de uma nova concepção de desenvolvimento de forma equilibrada e equitativa (MARTINS; CÂNDIDO, 2008). Do ponto de vista histórico, Barbieri e Silva (2011) lembram que, embora já estivesse presente desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, sob diferentes denominações, foi a partir da Conferência das 1 Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, que a expressão “desenvolvimento sustentável” se tornou popular. A definição de desenvolvimento sustentável concebida pela Organização das Nações Unidas (ONU) foi apresentada, pela primeira vez, em 1987, através de um documento conhecido como Relatório Bruntland ou Nosso Futuro Comum, o qual propôs a definição clássica de desenvolvimento sustentável como “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p.46). Para Silva (2005), o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação que busca beneficiar a coletividade, a partir do equacionamento de problemas específicos por meio do interrelacionamento não conflituoso – e que deve ser regulamentado por instituições – entre os campos da economia, do espaço, da saúde, da educação, da cultura e do meio ambiente. Em relação às dimensões da sustentabilidade, Silva e Mendes (2005) alertam para a necessidade de se considerar o desenvolvimento sustentável sob uma ótica multidisciplinar, segundo dimensões diferentes, mas interdependentes. Sachs (2004) propõe considerar, simultaneamente, cinco dimensões para se planejar o desenvolvimento de uma sociedade rumo à sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Outros autores propõem acrescentar, ainda, outras dimensões, como a dimensão tecnológica (BUARQUE, 2002) e a dimensão política (BARBIERI, 2011). Neste trabalho, foram consideradas as dimensões utilizadas na construção do Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM): social, demográfica, econômica, político-institucional, ambiental e cultural. Com foco da pesquisa na análise do desenvolvimento sustentável em municípios, Spagenberg (1999) indica que a sustentabilidade não pode ocorrer de forma isolada, restringindo-se a um país, região, ou área circunscrita, tendo em vista a realidade de um mundo interligado em termos econômicos e comunicativos. Ao mesmo tempo, entretanto, é preciso reconhecer a necessidade de cada região enfrentar, de forma autônoma, seus dilemas e perspectivas em relação ao futuro. Para Buarque (1999), o desenvolvimento local é um processo endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos, capaz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da população. O desenvolvimento municipal é, portanto, um caso particular de desenvolvimento local, com uma amplitude espacial delimitada pelo corte político-administrativo do município. A sustentabilidade está na pauta das discussões dos governos, das empresas e da sociedade em geral. Segundo Oliveira (2005), cada vez mais o campo ambiental vem sendo instituído na esfera pública como bem comum, alcançando posição de destaque no debate sobre as condições das gerações futuras, fazendo com que ocorram permanentes negociações entre as esferas públicas e privadas, permitindo aos cidadãos a oportunidade de adquirir experiência política para a atuação social, com o objetivo de promover o desenvolvimento local. A esta nova realidade, faz-se necessário incorporar um conjunto de indicadores capazes de compreender, de forma holística, o processo de construção do desenvolvimento sustentável local, já que é consenso que uma política de desenvolvimento sustentável não é possível sem indicadores (LOUETTE, 2009). Nesse âmbito, Bellen (2005) indica a necessidade, para a operacionalização do desenvolvimento sustentável, do desenvolvimento e aplicação de sistemas de indicadores ou ferramentas de avaliação que possibilitem mensurar a sustentabilidade. Dowbor (2013) sugere que a utilização dos indicadores possibilita à contabilidade econômica ser um instrumento de cidadania, ao conceder às pessoas a oportunidade de avaliar, em termos de resultados finais para a sociedade, as iniciativas dos diversos 2 atores públicos e privados. A necessidade de desenvolver indicadores de sustentabilidade foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), no documento “Agenda 21”, como resultado da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro, em 1992. Nesse sentido, Louette (2009) indica que existe um grande número de iniciativas que elaboram “indicadores econômicos alternativos” almejando melhorar as métricas do PIB ao incorporarem novas medidas de sustentabilidade econômica, ambiental e social, além de incluir parâmetros de avaliação da felicidade/qualidade de vida. Assim, Louette (2009), listou 25 indicadores e índices de sustentabilidade utilizados pelas nações: (1) Os Princípios de Bellagio; (2) Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) + Índice de Pobreza Humana (IPH) + Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero (IDG) + Medida de Participação segundo o Gênero (MPG); (3) GNH - Gross National Happiness; (4) BIP 40 –Baromêtre dês Inegalités et de La Pauvreté; (5) BCN – Balanço Contábil das Nações; (6) BS –Barometerof Sustainability; (7) Calvert-Henderson Quality of Life Indicators; (8) DNA Brasil; (9) DS – Dashboard of Sustainability; (10) EF – Ecologica Footprint; (11) EPI – Environmental Performance Index; (12) ESI – Environmental Sustainability Index; (13) EVI – Environmental Vulnerability Index (14) GPI – Genuine Progress Indicator (IPR); (15) GSI – World Bank’s Genuine Saving Indicator; (16) HPI – Happy Planet Index; (17) IDS – Indicadores de Desenvolvimento Sustentável IBGE; (18) IEWB – Index of Economic Well-being; (19) IPRS – Índice Paulista de RS; (20) ISEW – Index of Sustainable Economic Welfare; (21) ISH – Index Social Health; (22) LPI – Living Planet Index; (23) RCI – Responsible Competitiveness Index; (24) SF – Social Footprint; e (25) WN – The Well-being of Nations. A lista de índices e indicadores de sustentabilidade apresentada por Louette (2009), não compreende a totalidade de instrumentos de mensuração do desenvolvimento sustentável já desenvolvido, mas reflete uma visão panorâmica dos principais instrumentos utilizados. Nesta pesquisa, o sistema de indicadores e índices de sustentabilidade escolhido foi o Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM), desenvolvido por Martins e Cândido (2008). Para Martins e Cândido (2008), as dificuldades no acesso, obtenção, tratamento e análise dos dados das diversas dimensões geram a necessidade da construção de mecanismos que assegurem o controle de qualidade dos dados e proporcionem algum grau de padronização. Assim, o IDSM surgiu da carência de dados específicos para municípios, uma vez que os demais instrumentos referem-se às unidades da federação ou países (MARTINS; CÂNDIDO, 2008). O sistema desenvolvido por Martins e Cândido (2008), apresenta seis dimensões, que contém 44 índices e seus desdobramentos que, em conjunto, produzem uma significativa quantidade de informações referentes aos municípios. Seguindo a metodologia do IDSM, a transformação dos indicadores em índices contribui para a visualização das realidades locais, uma vez que a investigação proposta fornece um conjunto de informações acerca dos aspectos sociais, político-institucionais, ambientais, econômicos, demográficos e culturais, de acordo com a metodologia adotada, detalhada na seção seguinte. 3 Metodologia A pesquisa classifica-se, quanto à forma de abordagem do problema e aos objetivos, como quantitativa, de natureza exploratória e descritiva (HAIR JR; BABIN; MONEY; SAMOUEL, 2003; SAMPIERI; COLLADO; LUCIO; 2013). A metodologia utilizada nesta pesquisa segue um fluxo de procedimentos pré-determinados, mediante a construção do IDSM de Martins e Cândido (2004). As técnicas utilizadas foram as 3 pesquisas bibliográfica e documental, com a coleta de dados realizada mediante a análise de documentos que caracterizaram uma perspectiva multidimensional do desenvolvimento sustentável. O Quadro 1 apresenta as dimensões, e respectivas variáveis, coletadas, tratadas e analisadas para a construção do IDSM. Quadro 1 – Dimensões e variáveis de sustentabilidade DIMENSÃO DESCRIÇÃO DIMENSÃO SOCIAL Possibilita um conjunto de informações sobre os aspectos sociais que influenciam na qualidade de vida da população e no acesso de forma igualitária aos serviços oferecidos à população. DIMENSÃO DEMOGRÁFICA Possibilita um conjunto de informações produzidas por índices demográficos que oferecem subsídios para maior controle populacional. DIMENSÃO ECONÔMICA Possibilita um conjunto de informações relacionadas aos objetivos ligados ao desempenho econômico e financeiro e aos rendimentos da população. DIMENSÃO POLÍTICOINSTITUCIONAL Está relacionada às despesas orçamentária, participação política, capacidade e esforço desprendido para as mudanças requeridas para uma efetiva implementação do desenvolvimento sustentável nos municípios brasileiros. DIMENSÃO AMBIENTAL Corresponde aos aspectos relacionados ao uso dos recursos naturais e à degradação do ambiente, e está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente, considerados fundamentaispara manter a qualidade de vida e ambiental das atuais e futuras gerações. DIMENSÃO CULTURAL Está relacionada àquantidade de equipamentosculturais existentes nos municípios brasileiros. VARIÁVEIS Esperança de vida ao nascer Mortalidade infantil Prevalência da desnutrição total Imunização contra doenças infecciosas infantis Oferta de serviços básicos de saúde Escolarização Alfabetização Escolaridade Analfabetismo funcional Famílias atendidas com programas sociais Adequação de moradia nos domicílios Mortalidade por homicídio Mortalidade por acidente de transporte Crescimento da população Razão entre a população urbana e rural Densidade demográfica Razão entre a população masculina e feminina Distribuição da população por faixa etária Produto interno bruto per capita Participação da indústria no PIB Saldo da balança comercial Renda familiar per capita em salários mínimos Renda per capita Rendimentos provenientes do trabalho Índice de Gini de distribuição do rendimento Despesas por função: com assistência social, educação, cultura, urbanismo, habitação urbana, gestão ambiental, ciência etecnologia, desporto e lazer, saneamento urbano e saúde Acesso a serviço de telefonia fixa Participação nas eleições Número de conselhos municipais Número de acessos à justiça Transferências intergovernamentais da União Qualidade das águas: aferição de cloro residual, de turbidez, de coliformes totais Tratamento das águas: tratada em ETAs e por desinfecção Consumo médio per capita de água Acesso ao sistema de abastecimento de água Tipo de esgotamento sanitário por domicílio Acesso à coleta de lixo urbano e rural Quantidade de bibliotecas Quantidade de museus Quantidade de ginásios de esportes e estádios Quantidade de cinemas Quantidade de unidades de ensino superior Quantidade de teatros ou salas de espetáculos Quantidade de centros culturais Fonte: Adaptado de Martins e Cândido (2008) 4 O universo da pesquisa são os municípios brasileiros, encontrando-se uma amostra intencional constituída das 27 capitais brasileiras, incluindo Brasília, das quais buscou-se coletar os dados relacionados a cada variável e contemplada no Quadro 1. Inicialmente, buscou-se conhecer os documentos relacionados por Martins e Cândido (2008) como fonte de pesquisa para o levantamento dos dados. Foram feitos downloads dos documentos e softwares e, em seguida, foram coletados os dados de cada variável para posterior cálculo dos índices e do IDSM. Os dados coletados foram agrupados em tabelas, com o uso do software Microsoft Excel®. As variáveis foram transformadas em índices, calculados de duas formas: primeiro, através da proposta metodológica desenvolvida pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para verificação de processo de desenvolvimento sustentável em países da América Latina, que ajusta os valores das variáveis numa escala, cujo valor mínimo é 0 (zero) e o máximo é 1 (um). A segunda consiste em identificar o tipo de relação (positiva ou negativa) que cada variável apresenta nas dimensões de sustentabilidade dos municípios estudados.Assim, uma variável apresenta uma relação positiva quando o índice melhorar com o aumento do indicador e uma relação negativa quando o índice piorar com o decréscimo do indicador. O Quadro 2 apresenta as fórmulas utilizadas. Quadro 2 – Fórmulas utilizadas para o cálculo dos índices e do IDSM RELAÇÃO POSITIVA I = (x-m)/(M-m) I = índice calculado para cada município X = valor de cada variável em cada estado e município M = valor mínimo identificado nessas localidades M = valor máximo identificado nessas localidades RELAÇÃO NEGATIVA I = (M-x)/(M-m) Fonte: Martins e Cândido (2008) A base de dados para o cálculo dos índices foi operacionalizada de forma a considerar os valores mínimos e máximos observados. A fórmula para o cálculo dos índices foi aplicada conforme o tipo de relação. Cada variável originou um índice, resultando em 44 índices. Para o cálculo do IDSM por dimensão, os índices de cada dimensão foram agregados e, por meio da média aritmética, chegou-se ao IDSM Social, Demográfico, Econômico, Político-Institucional, Ambiental e cultural das capitais brasileiras. Por último, para o cálculo do IDSM final, foi feita a média aritmética dos IDSM das dimensões estudadas. A representação dos IDSM por dimensão e a final faz a classificação dos índices em níveis de sustentabilidade, que variam entre os níveis crítico, alerta, aceitável e ideal, conforme Quadro 3. Quadro 3 – Classificação e representação dos índices em níveis de sustentabilidade ÍNDICE (0 – 1) 0,0000 – 0,2500 0,2501 – 0,5000 0,5001 – 0,7500 0,7501 – 1,0000 Fonte: Martins e Cândido (2008) Na análise, fez-se estatística NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE Crítico Alerta Aceitável Ideal descritiva (FAVERO; BELFIORE; SILVA; CHAN, 2009) do desempenho dos IDSM nas seis dimensões. Para a análise da relação das dimensões de IDSM e as regiões brasileiras, utilizou-se ANACOR, pois esta permite visualizar associações através de mapas perceptuais ou associação de frequências de variáveis não métricas (FAVERO; BELFIORE; SILVA; CHAN, 2009). Antes de operacionalizar a ANACOR, primeiramente foi feito o Teste Qui-Quadrado, para verificar a dependência das variáveis a um nível de 10% de significância. Os dados 5 foram tratados com o suporte do software Microsoft Excel®. e do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 21). 4 Apresentação e análise dos resultados 4.1. Análise da Dimensão Social O grupo de índices da dimensão social corresponde, especificamente, aos objetivos ligados à satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social. A Tabela 1 apresenta o percentual dos níveis de sustentabilidade social para cada variável estudada, considerando todas as capitais brasileiras. Tabela 1 – Nível de sustentabilidade social, por variável DIMENSÃO SOCIAL CAPITAIS BRASILEIRAS Esperança de vida ao nascer Mortalidade infantil (por 1000 nasc. vivos) Prevalência de desnutrição total Imunização contra doenças infecciosas infantis Sarampo Tríplice Poliomielite BCG Oferta de serviços básicos de saúde Nº de procedimentos básicos de saúde por habitante Nº de médico por 1.000 habitantes Nº de leitos hospitalar por 1.000 hab. Nº de habitantes por estabelecimento de saúde Escolarização 0 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 anos ou mais Alfabetização 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 anos ou mais Escolaridade Analfabetismo funcional Famílias atendidas por transferência de benef. Sociais Adequação de moradia nos domicílios Domicilio com banheiro Domicilio com água encanada Domicilio urbanos com serviço de coleta de lixo Domicilio com energia elétrica Domicilio com densidade acima de dois moradores Mortalidade por homicídios Mortalidade por acidentes de transporte SUSTENTABILIDADE SOCIAL NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE SOCIAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS, POR VARIÁVEL (%) SEM IDEAL ACEITÁVEL ALERTA CRÍTICO INFORM. 0 11,11 44,44 37,04 7,41 29,63 29,63 37,04 3,70 0 92,59 3,70 0,00 3,70 0 7,41 7,41 3,70 11,11 62,96 66,67 7,41 22,22 22,22 18,52 66,67 44,44 7,41 7,41 22,22 22,22 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 3,70 3,70 48,15 14,81 7,41 33,33 37,04 37,04 7,41 40,74 51,85 11,11 0 0 0 7,41 22,22 7,41 7,41 14,81 25,93 14,81 40,74 33,33 14,81 44,44 29,63 18,52 33,33 33,33 22,22 33,33 33,33 25,93 37,04 0 0 0 0 0 51,85 62,96 85,19 14,81 33,33 37,04 25,93 11,11 37,04 33,33 7,41 7,41 0,00 33,33 18,52 3,70 3,70 3,70 14,81 14,81 0 0 0 0 0 22,22 25,93 25,93 25,93 0 7,41 3,70 14,81 7,41 37,04 48,15 22,22 6,90 62,96 7,41 18,52 66,67 29,63 37,04 33,33 44,83 22,22 66,67 44,44 18,52 18,52 11,11 29,63 44,83 7,41 22,22 22,22 7,41 14,81 3,70 14,81 0,00 0 0 0 0 0 0 0 3,45 Fonte: Dados da Pesquisa (2013) A partir da análise conjunta dos índices de sustentabilidade social referentes às capitais brasileiras, verifica-se queapenas 6,9% das capitais apresentam nível ideal de sustentabilidade social, 44,83% aceitável, 44,83% de alerta e nenhuma apresenta nível 6 crítico. A Tabela 2 apresenta a estatística descritiva do IDSM social das capitais brasileiras. Tabela 2 – Estatística descritiva de IDSM social das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,537 0,301 0,675 0,087 Fonte: Dados da pesquisa (2013). O município de Vitória-ES, por revelar um IDSM social de 0,675, cuja situação classifica-se como aceitável, apresenta o melhor nível de sustentabilidade social em relação às demais capitais, enquanto a capital com pior nível é Porto Velho-RO com um IDSM social de 0,301, que representa situação de alerta. No geral, as capitais brasileiras estão em nível de alerta. 4.2 Análise da Dimensão Demográfica O grupo de índices da dimensão demográfica corresponde, especificamente, a aspectos relacionados à população. A Tabela 3 apresenta o percentual dos níveis de sustentabilidade demográfica para cada variável estudada. Tabela 3 – Nível de sustentabilidade demográfica, por variável DIMENSÃO DEMOGRÁFICA CAPITAIS BRASILEIRAS NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE DAS CAPITAIS BRASILEIRAS, POR VARIÁVEL (%) SEM IDEAL ACEITÁVEL ALERTA CRÍTICO INFORM. Crescimento da População 3,70 11,11 25,93 59,26 0 Razão entre a população urbana e a rural 11,11 7,41 22,22 62,96 0 Densidade demográfica 33,33 11,11 18,52 55,56 0 Razão entre a populaçãomasculina e a feminina 51,85 11,11 18,52 48,15 De 0 a 4 anos 3,70 0 3,70 92,59 0 De 05 a 09 anos 3,70 3,70 0 92,59 0 De 10 a 15 anos 3,70 3,70 0 92,59 0 De 15 a 19 anos 3,70 3,70 0 92,59 0 De 20 a 29 anos 3,70 0,00 0 96,30 0 De 30 a 39 anos 3,70 3,70 0 92,59 0 De 40a 49anos 3,70 3,70 0 92,59 0 De 50 a 59 anos 3,70 3,70 0 92,59 0 De 60 a 69 anos 92,59 0 3,70 3,70 0 De 70 a 79 anos 92,59 0 3,70 3,70 0 De 80 acima 92,59 0 0 7,41 0 20,00 0 20,00 60,00 0 0 População residente por faixa etária SUSTENTABILIDADE DEMOGRÁFICA Fonte: Dados da Pesquisa (2013) O IDSM demográfico das capitais apresenta os seguintes resultados: 20,00% das capitais apresenta nível ideal; nenhuma apresenta nível aceitável; 20,00% nível de alerta e 60% apresenta situação crítica. A Tabela 4 apresenta o resultado do IDSM demográfico das capitais brasileiras. 7 Tabela 4 - Estatística descritiva de IDSM demográfico das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,327 0,250 0,631 0,072 Fonte: Dados da pesquisa (2013). A cidade de São Paulo-SP, com um IDSM de 0,631, encontra-se em um nível aceitável e apresenta o melhor nível de sustentabilidade demográfica em relação às demais capitais brasileiras. A capital com pior nível de sustentabilidade demográfica é Porto Alegre-RS, com um IDSM de 0,250 e um nível de sustentabilidade em alerta. 4.3 Análise da Dimensão Econômica O grupo de índices que compõe essa dimensão está relacionado aos objetivos de eficiência dos processos produtivos. A Tabela 5 apresenta o percentual dos níveis de sustentabilidade econômica para cada variável estudada. Tabela 5 - Nível de sustentabilidade econômica, por variável DIMENSÃO ECONÔMICA CAPITAIS BRASILEIRAS NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE DAS CAPITAIS BRASILEIRAS, POR VARIÁVEL (%) IDEAL ACEITÁVEL ALERTA CRÍTICO SEM INFORM. 3,70 3,70 14,81 77,78 0 3,70 0 11,11 85,19 0 85,19 11,11 0 3,70 0 Até 1/4 (Salário Mínimo) 62,96 22,22 11,11 3,70 0 Mais de 1/4 a 1/2 (Salário Mínimo) 85,19 7,41 3,70 3,70 0 De 1/2 a 1 (Salário Mínimo) 88,89 3,70 3,70 3,70 0 De 1 a 2 (Salário Mínimo) 3,70 3,70 0 92,59 0 De 2 a 3 (Salário Mínimo) 3,70 3,70 0 92,59 0 Mais De 3 (Salário Mínimo) 3,70 3,70 3,70 88,89 0 Renda Per Capita 25,93 7,41 11,11 55,56 0 Rendimento Provenientes Do Trabalho 3,70 37,04 37,04 22,22 0 Índice de Gini de distribuição do rendimento 18,52 37,04 29,63 14,81 0 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA 33,33 8,33 16,67 41,67 0 Produto Interno Bruto per capita Participação da Industria no Produto Interno Bruto Saldo da Balança Comercial Renda Familiar Per Capita Fonte: Dados da Pesquisa (2013) O nível de sustentabilidade econômica das capitais brasileiras revela os seguintes resultados: 33,33% das capitais apresentam nível ideal de sustentabilidade, 8,33% nível aceitável, 16,67% situação de alerta e 41,67% nível crítico. Diante desses resultados, pode-se constatar que a maioria das capitais apresenta nível de sustentabilidade desfavorável, comprometendo a qualidade de vida da população. A Tabela 6 apresenta o resultado do IDSM econômico das capitais brasileiras. Tabela 6 – Estatística descritiva do IDSM econômico das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,442 0,317 0,596 0,075 8 Fonte: Dados de pesquisa (2013). A capital com melhor nível de sustentabilidade econômica é Vitória-ES, com um IDSM de 0,596, revelando um nível de sustentabilidade aceitável, e a capital com pior nível de sustentabilidade econômica é Salvador, comum IDSM de 0,317, apresentando um nível de alerta. Em média, as capitais estão em nível de alerta. 4.4 Análise da Dimensão Político-Institucional O grupo de índices da dimensão político institucional corresponde, especificamente, aos objetivos ligados ao fortalecimento da cidadania e das instituições. A Tabela 7 apresenta o percentual dos níveis de sustentabilidade político institucional para cada variável estudada. Tabela 7 – Nível de sustentabilidade político institucional, por variável DIMENSÃO POLÍTICOINSTITUCIONAL CAPITAIS BRASILEIRAS NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE DAS CAPITAIS BRASILEIRAS, POR VARIÁVEL (%) IDEAL ACEITÁVEL ALERTA CRÍTICO SEM INFORM Despesas com Assistência Social 18,52 37,04 25,93 14,81 3,70 Despesas com educação 11,11 25,93 33,33 25,93 3,70 Despesas por função Despesas com cultura 3,70 3,70 48,15 40,74 3,70 Despesas com urbanismo 14,81 37,04 22,22 22,22 3,70 Despesas com habitação urbana 14,81 11,11 3,70 66,67 3,70 Despesas com gestão ambiental 7,41 3,70 18,52 66,67 3,70 Despesas com Ciência e Tecnologia 7,41 0,00 3,70 85,19 3,70 Despesas com desporte e lazer 11,11 25,93 29,63 29,63 3,70 Despesas com saneamento urbano 3,70 3,70 18,52 70,37 3,70 Despesas com saúde 7,41 37,04 22,22 29,63 3,70 0 0 0 0 100,00 Comparecimento nas eleições 14,81 3,70 40,74 37,04 3,70 Número de Conselhos Municipais 25,93 48,15 11,11 14,81 0,00 Acesso à justiça Transferências intergovernamentais da União SUSTENTABILIDADE POLÍTICO-INSTITUCIONAL 11,11 14,81 22,22 51,85 0,00 14,81 25,93 25,93 25,93 7,41 0,00 13,33 60,00 20,00 6,67 Acesso a serviços de Telefonia Fixa Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Não foi possível coletar os dados da variável “acesso a serviços de telefonia fixa”. Os resultados da Tabela 8 mostram que o IDSM político institucional revela uma situação de alerta em quase todas as capitais do país. Nenhuma das capitais apresenta a classificação ideal, e apenas 13,33% encontra-se em nível de sustentabilidade aceitável. Enquanto 60,00% apresentam nível de alerta e 20,00% nível crítico. A Tabela 8 apresenta o resultado do IDSM político-institucional das capitais brasileiras. Tabela 8 – Estatística descritiva do IDSM político-institucional das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,372 0,236 0,514 0,075 Fonte: Dados da pesquisa (2013). 9 A capital brasileira que apresentou o melhor IDSM político-institucional foi São Paulo-SP, com índice de 0,514 e a que apresentou o menor foi Salvador-BA, com índice 0,236. 4.5 Análise da Dimensão Ambiental O grupo de índices da dimensão ambiental corresponde, especificamente, aos objetivos ligados a preservação e conservação do meio ambiente, que segundo Martins e Cândido (2008) são considerados fundamentais para manter a qualidade de vida e ambiental das atuais e futuras gerações. A Tabela 9 apresenta o percentual dos níveis de sustentabilidade ambiental para cada variável estudada. Tabela 9 - Nível de sustentabilidade ambiental, por variável DIMENSÃO AMBIENTAL CAPITAIS BRASILEIRAS NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE DAS CAPITAIS BRASILEIRAS, POR VARIÁVEL (%) SEM IDEAL ACEITÁVEL ALERTA CRÍTICO INFORM Qualidade das águas Conform. quantidade de amostras analisadas para aferição de cloro Incidência de amostras de cloro residual fora do padrão Conform. quantidade de amostras analisadas para aferição de turbidez Incidência de amostras com turbidez fora do padrão Conform. Quantidade de amostras para identificar coliformes 3,70 0 14,81 77,78 3,70 88,89 0 7,41 3,70 0,00 3,70 3,70 18,52 70,37 3,70 66,67 14,81 11,11 3,70 3,70 3,70 14,81 59,26 22,22 0 92,59 0 0 3,70 3,70 Tratada em ETAs 62,96 11,11 3,70 18,52 3,70 Tratada por desinfecção 14,81 3,70 11,11 62,96 7,41 Consumo médio per capita de água L/(hab*dia) 29,63 51,85 7,41 7,41 3,70 Acesso ao sistema de abastecimento de água 3,70 3,70 0 92,59 0 Acesso a esgotamento sanitário 3,70 3,70 0 92,59 0 Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico 3,70 3,70 0 92,59 0 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 25,00 16,67 8,33 50,00 0 Incidência de amostras com coliformes totais fora do padrão Volume de águas tratada (1000m3/ano) Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Os resultados da Tabela 9 mostram que o IDSM ambiental revela uma situação de alerta em quase todo o país. Nenhuma das capitais apresentam as classificações ideal e crítico, ou seja 14,81% encontram-se no nível de sustentabilidade aceitável e 85,19% das capitais apresentam nível de alerta. A Tabela 10 apresenta o resultado do IDSM ambiental das capitais brasileiras. Em média, as capitais estão no nível de alerta do IDSM ambiental. Tabela 10 – Estatística descritiva do IDSM ambiental das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,435 0,266 0,596 0,074 Fonte: Dados da pesquisa (2013). 10 A capital brasileira que apresentou o melhor IDSM político institucional foi São Paulo com índice de 0,596 e a que apresentou o menor foi Macapá com índice 0,266. Os melhores níveis de sustentabilidade ambiental foram identificados nas Regiões Sudeste. 4.6 Análise da Dimensão Cultural O grupo de índices da dimensão cultural corresponde, segundo Martins e Cândido (2008) ao processo de desenvolvimento de uma localidade, no sentido de contribuir para a formação do cidadão, construção de um ambiente com mais qualidade de vida, bem como a projeção do município através da valorização e divulgação de sua cultura, podendo acarretar em diversos outros benefícios, que são considerados fundamentais para manter a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. A Tabela 11 apresenta o percentual dos níveis de sustentabilidade ambiental para cada variável estudada. Tabela 11 - Nível de sustentabilidade cultural, por variável DIMENSÃO CULTURAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE DAS CAPITAIS BRASILEIRAS, POR VARIÁVEL (%) SEM IDEAL ACEITÁVEL ALERTA CRÍTICO INFORM 3,70 7,41 3,70 85,19 0 0 0 0 0 100,00 Cinemas Unidades de ensino superior 3,70 3,70 3,70 88,89 0 3,70 0,00 22,22 74,07 0 Teatros ou salas de espetáculos 7,41 0,00 3,70 88,89 0 Museus 7,41 3,70 18,52 70,37 0 Centro cultural 0 0 0 0 100,00 SUSTENTABILIDADE CULTURAL 0 0 0 100,00 0 Bibliotecas Ginásios de esportes e estádios Fonte: Dados da Pesquisa (2013) O IDSM cultural revela uma situação crítica em termos de sustentabilidade cultural em quase todas as capitais brasileiras, ou seja 3,70% estão classificadas no nível ideal e aceitável, 18,52% alerta e 74,07% encontram-se no nível de sustentabilidade crítica. Esse resultado, no qual todas as variáveis da dimensão cultural encontrar-se no nível crítico, segundo Cândido e Martins (2008) reafirma a necessidade de políticas públicas orientadas para melhoramentos no setor cultural, para a valorização, divulgação e preservação da história e da cultura do município. A Tabela 12 apresenta o resultado do IDSM cultural das capitais brasileiras. Tabela 12 – Estatística descritiva do IDSM cultural das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,179 0,009 0,923 0,215 Fonte: Dados da pesquisa (2013). A capital brasileira que apresentou o melhor IDSM cultural foi São Paulo com índice de 0,923, considerado ideal, e a que apresentou o menor foi Boa Vista com índice 0,009. Em média as capitais brasileiras estão no nível crítico de IDSM cultural. Os melhores níveis de sustentabilidade ambiental foram identificados nas Regiões Sudeste. A Região Norte evidenciou os piores índices de sustentabilidade cultural. 4.7 Cálculo e Análise do IDSM Final O cálculo do IDSM final abrange todo o conjunto de informações sobre a sustentabilidade, levantado nos tópicos anteriores, a partir da média dos IDSM social, 11 demográfico, econômico, político-institucional, ambiental e cultural. Os índices calculados proporcionam um importante framework para a definição e direcionamento de políticas públicas que visam o alcance do desenvolvimento sustentável. A Tabela 13 apresenta a estatística descritiva do IDSM final das capitais brasileiras. Tabela 13 – Estatística descritiva do IDSM final das capitais brasileiras Média Mínimo Máximo Desvio-padrão 0,382 0,291 0,625 0,069 Fonte: Dados da pesquisa (2013). De acordo com os resultados, o IDSM das capitais brasileiras não apresenta resultados satisfatórios ou favoráveis, visto que apenas uma capital apresentou um IDSM final aceitável e todas as outras encontram em nível de alerta. Em média as capitais apresentam índices no nível de alerta. A capital que apresentou o melhor índice foi São Paulo-SP, com um IDSM de 0,625. Em contrapartida, a capital com pior nível de sustentabilidade é Maceió-AL, com um IDSM de 0,291. A média do IDSM final de todas as capitais foi de 0,382, o que representa um nível de alerta da sustentabilidade nas principais cidades do território brasileiro. Para analisar a associação entre as regiões brasileiras e os índices de IDSM, utilizou-se a ANACOR. Entretanto, inicialmente foi feito o Teste Qui-Quadrado, Tabela 14, que apresenta os resultados do referido teste para a associação entre região e os IDSM. Tabela 14 - Teste Qui-Quadrado Associação N p-value Regiões x IDSM social 27 0,059 Regiões x IDSM demográfico 27 0,201 Regiões x IDSM econômico 27 0,002 Regiões x IDSM político-institucional 27 0,530 Regiões x IDSM ambiental 27 0,351 Regiões x IDSM cultural Fonte: Dados da pesquisa (2013). 27 0,069 De acordo com a Tabela 14, percebe-se que há associações entre as regiões e IDSM social, IDSM econômico e IDSM cultural, com significância estatística de 10%. Já com as variáveis IDSM demográfico, político-econômico e cultural não se verificou associação. A ANACOR para IDSM social e IDSM econômico só foi explicada por apenas uma dimensão, o perfil de linha região. A região norte apresenta maior concentração de suas capitais na situação de alerta do IDSM social. Para as capitais do Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, percebe-se que há maior concentração no nível aceitável de IDSM social. Já o IDSM econômico apresenta maior concentração de capitais do Norte, Nordeste e Sudeste no nível de alerta, já as capitais do Sul concentram-se no nível aceitável do índice. Já a associação Região e o IDSM cultural é explicada pelas duas dimensões e pode ser observada pela Figura 1. 12 Figura 1 - Mapa perceptual das regiões e do nível de IDSM cultural Fonte: Dados da pesquisa (2013). De acordo com a Figura 1, percebe-se que a maior associação está entre as capitais da região sudeste e os níveis aceitável e ideal. Já as capitais das regiões CentroOeste, Nordeste e Norte estão associadas ao nível crítico. 5 Conclusões O tema sustentabilidade tem se tornado cada vez mais presente nas discussões do governo, empresas e sociedade em geral. É uma preocupação da sociedade garantir que as gerações futuras tenham condições de atender as suas necessidades, e para que isso venha a ocorrer, modelos de desenvolvimento mais sustentáveis devem ser construídos e colocados em prática. Os atuais modelos de desenvolvimento, no entanto, parecem não estar orientados com políticas públicas que promovam a sustentabilidade, em todas as suas dimensões, sendo importante mensurar o nível de sustentabilidade resultante das políticas públicas atuais. Diante desse contexto, o estudo teve como objetivo analisar o nível de desenvolvimento sustentável das capitais brasileiras, utilizando a metodologia das seis dimensões da sustentabilidade proposta por Martins e Cândido (2008) com Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios (IDSM). Foram identificados os níveis de sustentabilidade social, demográfica, econômica, político-institucional, ambiental e cultural das capitais brasileiras, constatando-se que as capitais das regiões Sudeste e Sul apresentam maiores e melhores índices de sustentabilidade, quando comparadas às capitais das outras regiões brasileiras. O Índice de Desenvolvimento Sustentável final, quando reunidas todas as capitais, ficou em 0,3819, nível de alerta para a sustentabilidade. Esse resultado evidencia a necessidade de um maior compromisso dos governos municipais das capitais estudadas com relação à sustentabilidade, em suas mais diversas dimensões. O objetivo a ser perseguido inclui a transformação dos índices em nível crítico para o nível ideal de sustentabilidade, seguindo a metodologia utilizada nesta pesquisa, o que pode ser possível por meio da indução de políticas públicas orientadas para a promoção da sustentabilidade, capazes de provocar ações estruturais que resultariam em alterações relevantes para o desenvolvimento sustentável. 13 Como limitação da pesquisa, por questões relativas à acessibilidade, não foi possível incluir dados acerca do “número de procedimentos básicos de saúde por habitante”. “acesso a serviços de telefonia fixa”, “ginásios de esportes e estádios” e “centro cultural”. Ademais, ressalta-se a utilização das capitais como amostra selecionada para a pesquisa, o que certamente tende a elevar os índices, tendo em vista que as capitais, em teoria, possuem os melhores indicadores se comparado aos demais municípios que compõem os estados brasileiros. Assim sendo, como sugestões para pesquisas futuras, têm-se a possibilidade e abrangência da pesquisa aos demais municípios brasileiros. 6 Referências BARBIERI; José Carlos; SILVA, Dirceu da, 2011. Desenvolvimento sustentável e educação ambiental: uma trajetória comum com muitos desafios. RAM, REV. ADM. Mackenzie, v. 12, n. 3, edição especial, São Paulo, mai/jun. BELLEN, Hans Michael Van, 2005. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: Editora FGV. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Balança comercial brasileira por município. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/sistema/balanca/> Acesso em 13 jul. 2013. _____. 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