64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 DESCRIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MORFOLÓGICO DE Lotus japonicus ECÓTIPO GIFU PELO SISTEMA DE CODIFICAÇÃO NUMÉRICA Jossana Santos¹*, Cássia C. Ceccon¹, Adriana Favaretto¹, Simone M. Scheffer-Basso¹ 1 Universidade de Passo Fundo; *[email protected] Introdução Lotus japonicus (Regel) Larsen é uma leguminosamodelo, por possuir um genoma pequeno, floração abundante, fácil polinização, elevada produção de sementes, fácil cultivo e regeneração por cultura de tecidos. Dentre os principais ecótipos utilizados para os estudos genéticos, está o ecótipo Gifu, cuja descrição quantitativa do desenvolvimento não está disponível na literatura. Uma das abordagens para a descrição do desenvolvimento de plantas foi proposta por [1], ao estudar outra leguminosa-modelo (Medicago truncatula, Gaerth), codificando as etapas do crescimento por meio de códigos numéricos. O estudo da morfologia nas primeiras fases de desenvolvimento permite a observação de estruturas transitórias, as quais desaparecem com a passagem para a fase adulta [2]. Para isso, é comum a contagem dos metâmeros, entidade formada pelo nó associado à folha, gema axilar e entrenó, que representam a unidade estrutural básica do corpo da planta [3]. O objetivo deste trabalho foi descrever o desenvolvimento do ecótipo Gifu de Lotus japonicus, com base em códigos numéricos. Metodologia O trabalho foi realizado entre março/2012 e janeiro/2013 em Passo Fundo, RS. As plantas foram mantidas em ambiente protegido do tipo telado. Além da caracterização da plântula, foi realizada a contagem do número de hastes basais e axilares, número de metâmeros, flores e legumes. Os metâmeros foram classificados com base na metodologia proposta por [1]. Neste estudo optou-se por classificá-los em cinco estádios assim codificados: 01 (folhas expandidas), 02 (botão floral); 03 (pétalas abertas); 04 (legume verde) e 05 (legume maduro). Durante 273 dias foram codificadas todas as hastes de seis plantas. Com os dados relativos ao número total de metâmeros foi calculado o filocrono, que é tempo decorrido entre o surgimento de duas folhas sucessivas em cada haste. Foi medida a altura das plantas e avaliado o acúmulo de matéria seca em sete estádios fenológicos. Os dados foram submetidos à análise de regressão. estádio reprodutivo. Aos 84 DAE iniciou a formação das hastes basais que formaram, posteriormente, a coroa da planta, estas hastes mostraram coloração arroxeadas na base, evidenciando o acúmulo de antocianina (FIGURA 1). A floração iniciou tardiamente aos 217 DAE. As flores são amarelas, reunidas em umbela (1-3 flores), protegidas por duas brácteas basais. O número médio de metâmeros foi de 475/planta. O tempo decorrido entre o aparecimento de duas folhas sucessivas na haste principal foi de 8,3 DAE. FIGURA 1. Coroa da planta de L. japonicus ecótipo Gifu. A altura das plantas e a produção de matéria seca aumentaram linearmente. Aos 273 DAE as plantas apresentaram 47 centímetros, mostrando um hábito prostrado. A atribuição de matéria seca variou ao longo do tempo, mostrando uma redução da participação de folha e um aumento na produção de caule. Na média das colheitas, as plantas atribuíram 42% em folhas, 40% em caules e 18% em raízes. Conclusões O ecótipo Gifu apresenta parte aérea com elevado número de ramificações basais e metâmeros. A codificação numérica permite a descrição quantitativa da forma de crescimento, subsidiando futuros estudos que avaliem o desenvolvimento sob distintas condições de crescimento. Agradecimentos À Fapergs, pela concessão de bolsa de estudo. À Universidade de Passo Fundo e ao Instituto de Ciências Biológicas. Resultados e Discussão Referências Bibliográficas A plântula é epígea, os eófilos são trifoliolados, em número de cinco, e os nomofilos são pentafoliolados, com três folíolos no ápice da ráquis e dois folíolos afastados, na base da folha. As estípulas são reduzidas a duas pequenas glândulas membranosa-foliáceas. Na haste primária, o primeiro nomofilo surgiu no metâmero 6 aos 49 dias após a emergência (DAE) e aos 161 DAE, o nomofilo 14 surgiu no metâmero 19. A haste primária teve senescência precoce, aos 175 DAE, sem alcançar o [1] Buciarelli, B.; Hanan, J.; Palmquist, D.; Vance, C.P. 2006. Standardized method for analysis of Medicago truncatula phenotypic development. Plant Physiology 142: 207-219. [2] Ricardi, M.; Torres, F.; Hernández, C.; Quintero, R. 1977. Morfologia de plântulas de arboles venezolanos. Revista Florestal Venezolana 27: 15-56. [3] Barlow, P.W. 1989. Meristems, metamers and modules and the development of shoot and root systems. Botanical Journal of the Linnean Society 100: 255-279.