Latência Latência é o atraso de tempo entre o momento que um evento iniciou e o momento que os efeitos iniciam. A palavra deriva do fato que durante o período de latência, os efeitos do evento estão latentes, ou seja, potenciais ou não ainda observados. O significado de latência pode variar dependendo do domínio do problema (CHESHIRE, 2006). Latência em Redes com Comutação de Pacotes A latência em uma rede com comutação de pacotes é medida como sendo de: ● ● ida, o tempo decorrido desde o envio do pacote pelo emissor até o recebimento pelo receptor; ida e volta, a latência de ida mais o tempo decorrido desde o envio da resposta pelo receptor até o recebimento pelo emissor. A latência de ida e volta é mais utilizada porque pode ser medida a partir de um único ponto. Esta latência exclui a quantidade de tempo que o receptor gasta processando o pacote. O comando ping, disponível em diversos sistemas operacionais e que usa o Internet Control Message Protocol (ICMP), pode ser utilizado para medir a latência de ida e volta. Ping não processa os pacotes, ele apenas envia uma resposta quando recebe um pacote (realizando, desta forma, uma não operação – NOP), assim ele é um meio bastante preciso para medir a latência. Quando é importante obter uma maior precisão, a latência de ida para um enlace pode ser definida de forma mais restrita como o tempo do início da transmissão do pacote até o tempo do início do recebimento do pacote. O tempo do início da recepção do pacote até o fim da recepção do pacote é medido separadamente e denominado atraso de transmissão. Esta definição de latência é independente da vazão do enlace e do tamanho do pacote, e é o atraso mínimo absoluto possível com aquele enlace. Entretanto, em uma rede não trivial, um pacote típico é passado adiante por muitos enlaces através de diversos roteadores, cada um não inicia a passagem adiante de um pacote até recebê-lo completamente. Em tais redes, a latência mínima é a soma da latência mínima de cada enlace, mais o atraso de transmissão de cada enlace com exceção do último, mais a latência de passagem adiante de cada roteador (TANENBAUM, 2003). Comparação entre Latência e Vazão Um mal-entendido comum é achar que o aumento da vazão resulta em aumento da velocidade de conexão (mais baixa latência). Contudo, em muitos casos, o oposto é verdadeiro. Isso depende do contexto e dos requerimentos (CHESHIRE, 2006). Relação entre Latência e Vazão A latência e a vazão juntas determinam a velocidade percebida de uma conexão, e esta velocidade pode variar bastante, dependendo das necessidades do usuário. Uma página web com um modem de 56 Kbps de um servidor localizado há 4.800 Km é baixada muito bem através da Internet. A latência é bem baixa (tipicamente 15 segundos) e uma página web típica (cerca de 100 Kbytes) é transferida em 10 a 30 segundos. Porém, a transferência do conteúdo de um Digital Versatil Disc (DVD) pelo mesmo modem poderia levar uma semana ou mais. O envio do DVD pelos correios seria bem mais rápido. Mudando o modem para uma linha de comunicação T1 (1,5 Mbps) e com latência similar, uma página web é baixada em menos que um segundo, o que é uma melhoria substancial. Um DVD de 5 Gbytes levaria cerca de 7 horas e meia para ser baixado (TANENBAUM, 2003). Conclusão Este relacionamento entre vazão e latência também explica porque os satélites não são meios de comunicação muito populares para a Internet. Embora a vazão de um satélite seja muito alta e muito econômica, a latência de ida e volta através do satélite (1 a 2 segundos) faz com que aplicações sensíveis à latência, tal como jogos, sejam uma experiência muito ruim. E a latência de um satélite em uma conexão de rede privada virtual (VPN) é bem intolerável. Por outro lado, uma conexão via Digital Subscriber Line (DSL) ou a cabo pode ter uma latência excelente. Por exemplo, uma conexão via DSL, partindo de Salvador, com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma latência de 18 milisegundos (mseg). O mesmo tempo de ida e volta, cerca de 2.900 Km, realizado à velocidade da luz, leva cerca de 6 mseg. Então, mesmo que as velocidades de conexão cresçam bastante, há um limite imposto pela física. Referências CHESHIRE, Stuart. Latency and the Quest for Interactivity. Disponível em: <http://www.stuartcheshire.org/papers/LatencyQuest.html>. Acesso em: 15 Nov. 2006. TANENBAUM, A. S. Redes de Computadores. 4a edição. Editora Campus. 2003.