Influência do Tempo Decorrido entre a Mistura e a Compactação na Resistência Mecânica de Solo-Cal Visando à Pavimentação de Baixo Custo Ludmília de Souza Dias Universidade Federal de São João Del-Rei, Campus Alto Paraopeba, Ouro Branco-MG, Brasil. [email protected] Sílvia Ferreira da Silva Universidade Federal de São João Del-Rei, Campus Alto Paraopeba, Ouro Branco-MG, Brasil. [email protected] Thiago Henrique de Castro Figueiredo Universidade Federal de São João Del-Rei, Campus Alto Paraopeba, Ouro Branco-MG, Brasil. [email protected] Taciano Oliveira da Silva Universidade Federal de São João Del-Rei, Campus Alto Paraopeba, Ouro Branco-MG, Brasil. [email protected] Heraldo Nunes Pitanga Universidade Federal de São João Del-Rei, Campus Alto Paraopeba, Ouro Branco-MG, Brasil. [email protected] RESUMO: Este trabalho apresenta um estudo laboratorial sobre o comportamento mecânico de solos tratados através de método físico-químico, utilizando cal cálcica como aditivo. Para este fim, foram selecionadas, no município de Ouro Branco, Minas Gerais, uma jazida de solo residual jovem, horizonte C (solo 1), e outra de solo residual maduro, horizonte B (solo 2). O propósito dessa pesquisa foi analisar a influência do tempo decorrido entre a mistura e a compactação na resistência mecânica de misturas íntimas de solo-cal. Para tal finalidade, analisou-se a influência dos teores de 3%, 5% e 7% de cal cálcica, calculados sobre a massa de solo seco, nas resistências mecânicas e na expansão de misturas íntimas de solo-cal, através do Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR). As amostras das misturas foram armazenadas em sacos plásticos, com retardamentos entre a mistura e a compactação de 0 (compactação imediata), 2, 4 e 6 horas. Para o solo 1 no estado natural (sem aditivo químico), constatou-se que a expansão CBR (2,69%) não atende à exigência do método de projeto de pavimentos flexíveis do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para uso desse material como reforço de subleito, visto que esse método recomenda valor de expansão menor ou igual a 2%. Para as misturas solo1-cal, os valores de expansão CBR encontrados também não atendem às exigências do método supracitado. O solo 2 atende às exigências do método do DNIT tanto no seu estado natural, com expansão CBR em torno de 0,25%, quanto combinado com cal nos teores e intervalos de tempo entre mistura e compactação definidos para essa pesquisa. Algumas quedas de resistência com o tempo de cura, constatadas nos ensaios laboratoriais das misturas solo2-cal, deixam claro que a execução de camadas de solo-cal demanda o emprego de técnicas construtivas adequadas. PALAVRAS-CHAVE: Estabilização de solos, Solo-cal, Estradas não-pavimentadas. 1. INTRODUÇÃO No estado de Minas Gerais, as rodovias municipais interligam a grande maioria dos pólos agropecuários do interior às rodovias estaduais e federais pavimentadas, escoando as produções agropecuárias e abastecendo os grandes centros consumidores. No entanto, de acordo com ANTT (2009), no estado de Minas Gerais, 84,85% das rodovias municipais ainda se encontram em leito natural. A falta de solos com características geotécnicas apropriadas, compatíveis com aquelas exigidas pelos órgãos rodoviários para a construção de estradas, torna-se um dos grandes entraves para o setor de transportes no Brasil, visto que volumes maiores de cargas são transportados com maior freqüência, a distâncias cada vez mais longas e problemáticas, exigindo que as estradas, pavimentadas e não-pavimentadas, sejam transitáveis em qualquer época do ano (MACHADO et al, 2003). O uso da cal como aditivo no tratamento de solos é o mais antigo método de estabilização química conhecido, utilizado nas mais variadas aplicações, como a Via Ápia, construída pelos romanos. Pode-se definir solo-cal como o produto resultante da mistura íntima compactada de solo, geralmente argila, cal e água, em proporções estabelecidas através de dosagem. Utiliza-se solo-cal quando não se dispõe de um material ou combinação de materiais com as características de resistência, deformabilidade e permeabilidade, adequadas ao projeto. A estabilização com cal é comumente empregada na construção de estradas, sendo geralmente utilizada em bases ou sub-bases de pavimentos (INGLES E METCALF, 1972). Outra importante aplicação do solo-cal tem sido na proteção de taludes, contra a erosão em obras hidráulicas. No processo construtivo de estradas, a compactação de camadas de solos estabilizados quimicamente constitui-se em uma etapa de grande relevância para o bom desempenho da obra. Dentre os aspectos de interesse no desempenho das misturas, pode-se referir a: tipos de solo e de estabilizante, teor de umidade da mistura, processo de mistura, tempo decorrido entre mistura e compactação e período de cura da camada estabilizada. Em se tratando de compactação de solos realizada em laboratório, a ABNT (1986) prescreve que, após a adição de água às amostras a serem submetidas à compactação, deve-se observar um tempo mínimo de 24 horas antes da compactação. Em especial, para solos argilosos, essa exigência visa possibilitar uma melhor homogeneização da água na amostra de solo. De acordo com Pereira (2005), ao se empregarem as técnicas de estabilização química de solos, o tempo entre mistura e compactação é um aspecto de importância significativa para a boa qualidade mecânica das misturas, pois se, na mistura, já ocorreram reações de cimentação de curto prazo antes da compactação, certamente parte do estabilizante adicionado ao solo foi utilizado na efetivação dessas reações. Considerando-se que essas ligações podem ser quebradas no processo de compactação da camada estabilizada, reduz-se, assim, o quantitativo de estabilizante disponível para a cimentação das partículas de solo, com conseqüente diminuição na resistência mecânica da mistura. Neste contexto, percebese a importância do tempo decorrido entre mistura e compactação de camadas estabilizadas quimicamente. Sivapullaiah et al. (1998) também constataram uma diminuição na resistência de misturas solo-cal não compactadas imediatamente após a mistura. Para um solo com montmorilonita como argilo-mineral predominante, estabilizado com 2% de cal, na umidade ótima, os autores observaram uma diminuição de 241 kPa para 117 kPa na resistência à compressão simples ao deixar-se o material solto durante 24 horas antes da compactação. Segundo os autores, esta diminuição na resistência é principalmente devida ao fato de que os compostos cimentantes que se formam neste período não contribuíram para o ganho de resistência. Certamente, essas constatações indicam que estudos sobre esse tópico devem ser desenvolvidos, considerando-se a gênese e os processos de formação dos solos, adquirindo, pois, um caráter regional. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais 2.1.1 Solos Foram coletadas amostras deformadas dos horizontes B e C em taludes de corte no município de Ouro Branco-MG, conforme o DNER (1994a), tomando-se o cuidado de evitar contaminação por matéria orgânica. Inicialmente, as amostras de solos foram secas ao ar, destorroadas, passadas na peneira #4 (4,8 mm), acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas para serem empregadas nos diversos ensaios geotécnicos previstos no corpo deste trabalho. 2.1.2 Cal Neste trabalho, foi utilizada uma cal hidratada comercial, de natureza cálcica, nos quantitativos de 3%, 5% e 7%, percentuais calculados sobre a massa de solo seco. 2.1.3 Água Foi utilizada água destilada na execução de todos os ensaios de laboratório. A água potável, proveniente da rede pública de abastecimento, foi utilizada na imersão dos corpos de prova por 96 horas (4 dias) antes da ruptura (ensaio de Índice de Suporte Califórnia – ISC ou CBR). 2.1.4 Mistura Os materiais (solo, cal e água) foram pesados com precisão de 0,01gf. Inicialmente, foram misturados o solo e a cal, realizando-se uma homogeneização prévia da mistura. A seguir, foi acrescentada água gradualmente para garantir total homogeneidade à mistura e evitar perdas de umidade por evaporação. Os teores de cal foram calculados em relação à massa dos solos secos, e as percentagens de materiais foram definidas de modo a se obter um teor de umidade próximo da umidade ótima da curva de compactação (± 0,5%) e um peso específico aparente seco próximo do peso específico aparente seco máximo da curva de compactação (± 0,5 kN/m3). Em geral, foi adotado um tempo de espera de 0 (compactação imediata), 2, 4 e 6 horas, para a análise da influência do retardamento da compactação na resistência mecânica e na expansibilidade das misturas. 2.2 Métodos 2.2.1 Ensaios de caracterização geotécnica Os ensaios geotécnicos para a caracterização tradicional das amostras de solos foram os que seguem: granulometria conjunta (ABNT 1984a), limites de Atterberg (ABNT 1984b, 1984c) e massa específica dos grãos do solo (ABNT 1984d). 2.2.2 Ensaios de compactação e Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) Os ensaios de compactação das amostras de solos e das misturas solo-cal foram realizados na energia do Proctor Normal, segundo a metodologia descrita na ABNT (1986), para fins de determinação do peso específico aparente seco máximo (γdmáx) e da umidade ótima (Wot). Definidos os parâmetros ótimos de compactação, foram determinados os valores dos parâmetros CBR e expansão das amostras de solos e misturas solo-cal analisadas, de acordo com a metodologia proposta pelo DNER (1994b). 2.2.3 Períodos de tempo decorrido entre mistura e compactação em laboratório O procedimento de mistura solo-cal foi executado da seguinte forma: (i) peneiramento do solo natural para homogeneização do mesmo; (ii) adição da quantidade de cal calculada à massa de solo seco e adição de água; (iii) homogeneização manual da mistura e, logo em seguida, peneiramento da mesma em peneira de abertura 4,8mm; (iv) acondicionamento da mistura em sacos plásticos para preservação dos seus teores de umidade, sendo respeitado o tempo de descanso entre mistura e compactação dos corpos-deprova. 2.2.4 Avaliação da resistência mecânica das misturas solo-cal Para avaliação das respectivas resistências mecânicas e expansões dos corpos de provas das misturas solo-cal, utilizou-se o ensaio CBR, na energia de compactação do Proctor Normal, conforme metodologia apresentada em DNIT (1994). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Caracterização e classificação das amostras de solos A Tabela 1 apresenta os resultados de caracterização geotécnica das amostras do solo 1 (residual jovem de gnaisse) e do solo 2 (residual maduro de gnaisse), no estado natural. Nessa tabela, destaca-se a predominância da fração areia (42%) no solo 1, qualificando-o como um material areno-silto-argiloso, e uma fração elevada de argila no solo 2 (66%), caracterizando-o como representativo de um solo argilo-areno-siltoso. Devido a textura, obteve-se, para o solo 1, um valor de índice de plasticidade relativamente elevado (IP = 27%), com base nos valores apresentados em DNER (1996), prevendo-se a presença de um solo mais susceptível ao aumento de volume do que aquele representado pelo solo 2 (IP = 13%). Tabela 1.Caracterização geotécnica das amostras de solo. Solo Solo Parâmetro 1 2 Granulometria (%) Fração Pedregulho (ϕ > 2 mm) 0 0 Fração Areia (0,06mm < ϕ ≤ 2mm) 42 21 Fração Silte(0,002mm<ϕ≤0,06mm) 33 13 Fração Argila (ϕ ≤ 0,002 mm) 25 66 Peso Específico dos Sólidos (γs) 28,24 28,83 (kN/m³) Limites de Atterberg (%) Limite de liquidez (LL) 50 52 Limite de Plasticidade (LP) 23 39 Índice de Plasticidade (IP) 27 13 As classificações dos solos 1 e 2, de acordo com os sistemas TRB (Transportation Research Board System) e USCS (Unified Soil Classification System), encontram-se descritas na Tabela 2. Nogami e Villibor (1995) relatam que solos do grupo A-7-5 (ou MH da classificação USCS), caso do solo 2, quando lateríticos, apresentam propriedades de argila com excelente capacidade de suporte (utilizáveis até mesmo em bases de certos pavimentos), ao passo que, quando saprolíticos, podem ser altamente expansivos, resilientes e com baixa capacidade de suporte, sendo ainda afetados intensamente pela erosão hidráulica. Tabela 2.Classificação dos solos segundo os sistemas TRB e USCS. Classificação Amostra TRB USCS Solo 1 A-7-6 CL Solo 2 A-7-5 MH 3.2 Influência do tempo entre mistura e compactação na densidade das misturas solo-cal compactadas A influência do tempo entre as misturas e as compactações dos corpos de provas, na energia do Proctor Normal, sobre os valores dos pesos específicos secos máximos (γdmáx) das misturas solo1-cal é ilustrada na Figura 1. De um modo geral, constata-se, à luz dos resultados de ensaio, uma tendência de incremento do γdmáx das misturas solo1-cal comparativamente ao solo 1 em seu estado natural compactado, exceção feita para dois pontos experimentais. Ênfase particular deve ser dada às misturas com 3% de cal, as quais não apenas apresentaram valores de γdmáx superiores ao do solo natural compactado, qualquer que seja o intervalo de tempo entre a mistura e a compactação, mas também apresentou o maior incremento dentre todas as misturas consideradas neste programa experimental (mistura solo1-cal com 3% de aditivo e intervalo de tempo entre mistura e compactação de 4 horas). 3.3 Influência do tempo entre mistura e compactação na resistência mecânica das misturas solo-cal compactadas Figura 1. Influência do tempo entre mistura e compactação na densidade das misturas solo1-cal compactadas. A influência do tempo entre mistura e compactação na densidade das misturas solo2cal é ilustrada na Figura 2. Constata-se que, diferentemente das misturas solo1-cal, que apresentaram incrementos significativos nos valores de γdmáx para todos os teores de cal, as misturas solo2-cal apresentam aumentos significativos desse valor apenas para os teores de 5% de aditivo. É provável que as diferenças granulométricas entre os solos 1 e 2 justifiquem as diferentes sensibilidades dos mesmos à estabilização química promovida pela cal. Neste caso, a mistura que apresenta o melhor desempenho corresponde àquela constituída por 5% de aditivo químico e, de forma similar ao constatado para a mistura solo1-cal, o intervalo de tempo de 4 horas também se apresenta, dentre os considerados nessa pesquisa, como aquele que melhor mobiliza o aumento de γdmáx de misturas do solo 2 com cal. Figura 2. Influência do tempo entre mistura e compactação na densidade das misturas solo 2-cal compactadas. A Figura 3 apresenta o comportamento mecânico das misturas solo1-cal para intervalos de tempo entre misturas e compactações representativas de situações práticas de campo. Para a mistura solo1-cal com teor de 5% houve maior oscilação nos valores da resistência mecânica, observando-se que o menor e o maior valor de CBR (ou ISC) foram encontrados nos intervalos de tempo de 2 e 4 horas, respectivamente. No teor de 7% de cal, observase pouca variação na resistência mecânica, sendo que as mesmas não apresentaram acréscimo em relação ao solo natural. No teor de 3%, ocorreu um aumento de resistência em relação ao solo natural nos tempos de 2 e 4 horas e para o teor de 5%, este aumento é verificado nos tempos de 4 e 6 horas. Figura 3.Valores de CBR das misturas solo 1-cal considerando-se o intervalo de tempo entre misturas e compactações que refletem situações de campo A Figura 4 apresenta o comportamento mecânico das misturas solo2-cal para intervalos de tempo entre misturas e compactações representativos de situações práticas de campo. Primeiramente, constata-se que os valores de CBR mobilizados pelas misturas solo2-cal compactadas são de um modo geral, significativamente maiores que aquelas mobilizadas pelas correspondentes misturas solo1-cal, evidenciando as diferentes sensibilidades destes solos, granulometricamente distintos, à estabilização química. Observa-se que, para os teores de cal de 3%, 5% e 7%, ocorreram os valores máximos de CBR para os intervalos de tempo de 2 horas (15,92%), 4 horas (15,11%) e 6 horas (12,74%), respectivamente. Para os valores de pico das misturas com teores de cal de 3% e 5% e também para o tempo de 6 horas no teor de 3%, ocorreu um acréscimo de resistência em relação ao CBR do solo natural. De forma similar ao que foi observado para as misturas solo 1 cal, o teor de 7% de aditivo foi o único que não conseguiu mobilizar valores de CBR superiores ao do solo natural compactado, qualquer que seja o tempo decorrente entre a mistura e a compactação. De acordo com TRB (1987), são necessários valores mínimos de CBR de 40, 80 e 100%, na energia do Proctor Normal, para sub-base, base de rodovias de baixo volume de tráfego e base de rodovia de grande tráfego, respectivamente, o que ratifica, pelos valores de CBR encontrados nessa pesquisa, que os solos analisados melhorados com cal têm seus usos restritos à camada de melhoramento ou reforço do subleito, que, de acordo com o DNIT (2006), deve apresentar valor de CBR maior ou igual a 2%. Figura 4. Valores de CBR das misturas solo2-cal considerando-se intervalos de tempo entre misturas e compactações que refletem situações de campo. parâmetro para as misturas solo1-cal e solo2cal, respectivamente. Verifica-se, inicialmente, que os valores de expansão CBR mobilizados pelas misturas solo2-cal compactadas são significativamente menores que aqueles apresentados pelas correspondentes misturas solo1-cal, evidenciando, portanto, as diferentes sensibilidades desses solos à redução de sua variação volumétrica pela estabilização química. Para a mistura solo1-cal, com relação aos valores de expansão CBR encontrados nessa pesquisa, em função dos intervalos de tempo entre misturas e compactações e diferentes teores de cal, não houve de um modo geral, melhoria na expansão CBR com relação ao valor desse parâmetro para esse solo no estado natural (2,69%). Ainda que alguns poucos pontos experimentais correspondentes às misturas a 3% e 5% tenham gerado reduções na expansão CBR comparativamente à expansão CBR do solo natural, esses valores são tecnicamente inaceitáveis, de modo que todas as condições (com ou sem aditivo) não atende às exigências do método de projeto de pavimentos flexíveis do DNIT que recomenda valor de expansão menor ou igual a 2% para materiais utilizados como reforço de subleito. O solo 2 atende as exigências do método supracitado tanto no seu estado natural, com expansão CBR em torno de 0,25%, quanto combinado com cal nos teores e intervalos de tempo entre misturas e compactações apresentados na Figura 6. Salienta-se que as misturas com solo2-cal com teor de 3% para todos os intervalos de tempo entre misturas e compactações propostas, exceto para compactação imediata (0 hora), foram as que apresentaram as menores expansões CBR. 3.4 Influência do tempo entre mistura e compactação na expansão CBR das misturas solo-cal compactadas Numerosos métodos permitem determinar a expansão dos solos, predominando, contudo, para finalidades viárias e para pavimentação, o uso do procedimento adotado no ensaio CBR (ou ISC), obedecendo às metodologias proposta pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT. Com relação à expansão CBR, as Figuras 5 e 6 apresentam os valores encontrados para esse Figura 5. Valores de Expansão CBR das misturas solo1cal considerando-se intervalos de tempo entre misturas e compactações que refletem situações de campo. Figura 6. Valores de Expansão CBR das misturas solo 2cal considerando-se intervalos de tempo entre misturas e compactações que refletem situações de campo. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados dos ensaios geotécnicos de laboratório permitiram concluir que o teor de aditivo e o intervalo de tempo entre a mistura e a compactação podem influenciar as propriedades físicas (γdmáx) e as propriedades de desempenho (resistência mecânica e expansibilidade) de misturas solo-cal constituídas por solos de comportamento laterítico. Para os dois solos empregados nessa pesquisa, foi possível notar, a capacidade do aditivo químico de mobilizar uma melhoria no γdmáx, assim como identificar uma condição de ótimo dessa melhoria em termos de percentagem de aditivo e de intervalos de tempo entre mistura e compactação. Com relação ao desempenho mecânico, para as misturas solo1-cal, não houve ganhos significativos com relação aos parâmetros resistência mecânica e expansão, e particularmente no que diz respeito a esta ultima propriedade, nem o solo natural compactado, nem as misturas solo1-cal foram capazes de atender à exigência do método de projeto de pavimentos flexíveis do DNIT para fins de aceitação desses materiais como reforço de subleito. As misturas solo2-cal analisadas apresentaram, em geral, comportamento aceitável para utilização em camadas de reforço de subleito, pois apresentaram valores de CBR maiores ou iguais a 2% e valores de expansão menores ou iguais a 2%. Alguns poucos pontos experimentais não atenderam à exigência técnica correspondente à expansão. Nesse caso, foi possível evidenciar, experimentalmente, a capacidade do aditivo químico de melhorar o desempenho da camada de solo natural compactada, gerando, para a maioria das combinações solo-aditivo e dos respectivos intervalos de tempo entre mistura e compactação, maiores valores de CBR e menores valores de expansão. A despeito dos resultados obtidos, os quais evidenciam a viabilidade técnica da estabilização química de alguns tipos particulares de solos lateríticos, algumas quedas de resistência com o tempo de cura, constatada nos ensaios laboratoriais, deixam claro que a execução de camadas solo-cal demanda o emprego de técnicas construtivas adequadas, incluindo controle da mistura, com o propósito de garantir ocorrência de reações pozolânicas e evitar a formação de compostos prejudiciais à resistência e à expansão. 5. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo apoio financeiro com a concessão de bolsa de iniciação científica à primeira autora. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT. Anuário Estatístico dos Transportes Terrestres. Brasília – DF. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7181: Análise Granulométrica, Solos, Método de Ensaio. Rio de Janeiro, 1984a. 15p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6459: Solo, Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, 1984b. 6p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7180: Solo, Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de Janeiro, 1984c. 6p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6508: Solo, Determinação da Massa Específica Aparente.Rio de Janeiro, 1984d. 8p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7182: Solo: ensaio de compactação – Procedimento. Rio de Janeiro, 1986. 10p. 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