Artigo
Água, patrimônio
natural esgotável
Marcelo Debortoli Leandro*
A
O uso dos equipamentos de proteção
garante a segurança na obra
Lei federal nº 9.433/97, que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos e criou o sistema nacional
de gerenciamento desses recursos, aborda muitos avanços e discussões pois, ao mesmo tempo em que pode ser
aplicada em favor da recuperação e preservação dos
corpos hídricos e de sua distribuição a população, pode
ser interpretada como fonte de valor econômico. Sua
concessão para o uso, porém, é legal por meio de um
instrumento jurídico denominado de outorga. Com a lei,
as bacias hidrográficas foram beneficiadas e ganharam
espaço para a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos, que prevê a criação dos comitês de
bacias. Na linha do progresso, em torno de 20% do
consumo mundial de água doce é de responsabilidade da
área industrial.
O grande problema não é o grande consumo de água,
mas a devolução de dejetos, que geralmente não são
tratados previamente. No Brasil, a indústria só perde em
termos de poluição da água para o esgoto doméstico,
segundo dados do IBGE apresentados recentemente na
atualização do Atlas de Saneamento. Isto sem citarmos
a degradação provocada pelas atividades agrícolas através do uso indiscriminado de agrotóxicos e ao grau
tecnológico atingido pela prática de irrigação.
A média de consumo humano de água no Brasil é bem
maior que a mundial. Os brasileiros gastam 18% da água
disponível no país, contra 10% no restante do mundo.
Vivemos num país de clima tropical, detentor de 12%
do total de água doce do mundo. O desperdício é grande
e é aliado à falta de saneamento básico em boa parte das
cidades. As conseqüências futuras poderão ser muito
sérias. A Organização das Nações Unidas (ONU) vem
afirmando que, ainda na primeira metade desse século,
faltará água potável para 40% da humanidade.
Refletir e projetar um futuro próximo, através de
nossas atitudes cuidadosas pela preservação das matas, das águas, do solo, e pelas gerações futuras, são
ações que contribuem para a construção de um novo
mundo.
* Marcelo Debortoli Leandro é engenheiro agrônomo e gestor
ambiental do DLAR.T.
Linha Direta nº 309 • junho 2004 • 19
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