RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS DE PINGUINS DE MAGALHÃES (Spheniscus
magellanicus) A ÁGUA DOCE X ÁGUA SALGADA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O
CATIVEIRO
Laura Reisfeld1; Kaue Moraes1; Lygia Spaulussi1; Ricardo Cesar Cardoso1; Laura
Ippolito1; Rafael Gutierrez1; Bruna Silvatti1; Cristiane Schilbach Pizzutto²
1
Aquário de São Paulo, Rua Huet Bacelar, 407, São Paulo, São Paulo, 04275-000, Brasil
[email protected]
²Departamento de Reprodução Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia –
Universidade de São Paulo – Brasil
O pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) é a espécie mais comum na
costa brasileira. São animais que despendem grande parte do seu tempo em água,
informação esta, fundamental para a manutenção desta espécie em cativeiro. Pinguins
em cativeiro estão predispostos a pododermatites (comumente conhecida como
bumblefoot) devido a mudanças nos padrões normais de atividade, hábitos sedentários,
tempo prolongado em superfícies duras e abrasivas e menor tempo na água.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a preferência ambiental de um grupo de
pinguins-de-Magalhães, mantidos em cativeiro no Aquário de São Paulo, em duas
condições diferentes de água: doce e salgada.
Os animais haviam sido mantidos por três meses em água doce, sendo
transferidos à água salgada; no mês anterior e posterior à transição de água seus
comportamentos foram registrados pelo método de amostragem focal por intervalo de
tempo de 30 segundos, totalizando 60 horas de observações para cada animal.
Foi observado que, quando mantidos em água doce, os animais permaneciam
4,33% de seu tempo na água, enquanto que, em água salgada esse tempo aumentou
para 77,8%, demonstrando uma preferência significativa pela segunda opção.
A mudança no padrão de atividade, além de aumentar o tempo de forrageamento
na água, também permitiu a observação de um maior repertório de comportamentos
típicos da espécie e diminuiu a incidência de pododermatites, sinalizando ser uma
ferramenta importante na tentativa de proporcionar bem-estar para esta espécie em
cativeiro. Apesar de controvérsias a respeito da relevância clínica e fisiológica da
utilização de água salgada para animais em cativeiro, nossos resultados justificam a
manutenção destes animais em água salgada.
Referências
1 - V. Ruoppolo, A. C. Adornes, A. C. Nascimento and R. P. Silva, “Reabilitação de
pinguins afetados por petróleo”, Clínica Veterinária, 51: 72-83, 2004.
2 - M. K. Stoskopf and S. K. Stoskopf SK, Aquatic birds. In: Fowler ME (ed.) Zoo & Wild
Animal Medicine (2nd ed) pp 294-313. WB Saunders: Philadelphia, USA, 1986.
3 - T. D. William, The penguins. Oxford: Oxford University Press, 1995.
4 - A. T. M. Lisa, D. J. Lawrence, W. Jeff, G. Jeremy and K. Edmund, “Dietary salt
supplementation for African penguins (Spheniscus demersus) housed in freshwater
habitats—yes or no?”, Proceedings of Penguin Conference, Boston MA, p. 19, 2010.
5 - Spheniscus penguin husbandry manual. First edition. Edited and compiled by the
Penguin TAG. A publication of the EAZA. Section B: Management in captivity Housing and
enclosure requirements. Pp.33-39
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