AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA EM PORTUGAL CONTINENTAL DURANTE AS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS Bruno Miguel Meneses Raquel Saraiva Maria José Vale Rui Reis Projeto Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros* Coordenação – DGT Equipa (DGT) – Maria José Vale (coordenadora); Rui Reis (coordenador de investigação); Paulo Patrício (coordenador técnico); Bruno M. Meneses *em articulação com a COS, CECAC e APA Ocupação do solo em Portugal Continental Os corpos de água • A gestão sustentável da água constitui uma preocupação crescente, sobretudo na ligação associada à sustentabilidade e desenvolvimento das nações • Importância do conhecimento da componente espacial no equilíbrio entre o uso e ocupação do solo (LULC) com o uso sustentável dos recursos naturais • Água – um recurso distribuído de forma desigual no espaço e no tempo, sendo impreterível na implementação de estratégias de desenvolvimento a consideração destas duas componentes • • Destaque para o conhecimento detalhado da componente temporal, nomeadamente das transições de uso e ocupação do solo No território português assistiu-se ao aparecimento de novos corpos de água durante as últimas décadas • Construção de novas barragens (e.g. Barragem do Alqueva) e a outras intervenções antrópicas para o aproveitamento deste recurso natural (água), de modo a satisfazer as necessidades energéticas, agrícolas, domésticas, entre outras | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Ocupação do solo em Portugal Continental Os corpos de água Capacidade de armazenamento em albufeiras e disponibilidade hídrica 25000 Coeficiente de 3.0 regularização* 22500 20000 17500 2.5 2.0 Capacidade de armazenamento das 3) albufeiras(hm (hm3) 1.5 Escoamento anual na foz com garantia de 90% (hm3) (hm3) - Regime natural 1.0 Escoamento anual na foz com (hm3) -- Regime garantia de 90% (hm3) Regularizado 0.5 Escoamento na Foz (hm3) (hm3) 0.0 Coeficiente de regularização [hm3] 15000 12500 10000 7500 5000 2500 0 *Relação entre a capacidade de armazenamento e o valor médio do escoamento (reflete a disponibilidade hídrica) Fonte dos dados: INAG (2001) | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Determinação da ocupação do solo por corpos de água Recurso às unidades amostrais (UA) com informação de LULC das últimas três décadas do Projeto Landyn* Definição de corpos de água (Memória descritiva da COS, 2007) “Superfícies de água doce que incluem cursos de água e planos de água, naturais e artificiais; superfícies de água salgada, que incluem oceanos, e/ou de água salobra que incluem lagoas costeiras e desenbocaduras fluviais” Informação considerada para a definição de “corpos de água” no Projeto Landyn Agregação dos seguintes tipos de ocupação da Carta de Ocupação do Solo (COS): • • • • • • • • Albufeira da Barragem do Funcho (Algarve) cursos de água naturais canais artificiais lagos e lagoas interiores artificiais lagos e lagoas interiores naturais reservatórios de barragens reservatórios de represas ou de açudes charcas, aquicultura interior lagoas costeiras e desembocaduras fluviais * Projeto desenvolvido em articulação com os projetos COS, CECAC e APA | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Determinação da ocupação do solo por corpos de água Recurso às unidades amostrais (UA) com informação de LULC das últimas três décadas do Projeto Landyn Esquema metodológico para a obtenção de cartografia de ocupação de solo (COS) em diferentes momentos | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Determinação da ocupação do solo por corpos de água Recurso às unidades amostrais (UA) com informação de LULC das últimas três décadas do Projeto Landyn Unidades Amostrais • Área por amostra - 4Km2 • Total de amostras - 1279 • UA distribuídas aleatoriamente por todo o território continental • UA obtidas através da foto-interpretação e vectorização a partir de imagens georreferenciadas (unidade mínima 1 ha), processo auxiliado pela informação das Cartas de Ocupação do Solo (COS1990 e COS2007) Albufeira da Barragem do Funcho (Algarve) Exemplo de amostra LULC L23 - Matos L24 – Outras formações lenhosas; cortes e novas plantações; viveiros florestais; aceiros e/ou corta fogos L 27 – Floresta abertas de folhosas (excluindo espécies invasoras e eucalipto) L 31 – Corpos de água | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Determinação da ocupação do solo por corpos de água Recurso às unidades amostrais (UA) com informação de LULC das últimas três décadas do Projeto Landyn Importância da data da informação aerofotográfica de base Episódios de seca em Portugal Continental Classificação SPI Ano Região afetada 1980/81/82 Todo o território Moderada a severa 1992/93 Todo o território Moderada a extrema 1995 Sul Moderada a severa 2004/2005 Todo o território Moderada a extrema (Standardized Precipitation Index) Albufeira da Barragem do Funcho (Algarve) Fonte: Planos gestão das bacias hidrográficas (APA, 2012). Exemplo de amostra LULC L23 - Matos L24 – Outras formações lenhosas; cortes e novas plantações; viveiros florestais; aceiros e/ou corta fogos L 27 – Floresta abertas de folhosas (excluindo espécies invasoras e eucalipto) L 31 – Corpos de água | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Determinação da ocupação do solo por corpos de água Exemplos de fotografias áreas com corpos de água em diferentes momentos e a distribuição espacial das unidades amostrais por NUT II Distribuição espacial das unidades amostrais (1279) por NUT II Portugal Continental • Área total (8 897 135,1 ha) • Área das amostras com os diferentes tipos de ocupação do solo (499 650,6 ha) | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Corpos de água em Portugal Continental Ocupação do solo por corpos de água em 1980, 1995 e 2010 em Portugal Continental* Ano 1980 1995 2010 Área Área total [ha] 80284 [% da área de Portugal Continental] 0,9 Área total [ha] 81269 [% da área de Portugal Continental] 0,9 Área total [ha] 104066 [% da área de Portugal Continental] 1,2 Variação da área ocupada por corpos de água entre os anos de 1980/1995 e 1995/2010 * Área estimada. No processo de avaliação da exatidão temática ente as unidades amostrais e a área da COS2007 utilizou-se um teste de hipóteses do qual se obteve o resultado de -7,3x10-15 (significância do teste 0,05). | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Corpos de água em Portugal Continental Ocupação do solo por corpos de água em 1980, 1995 e 2010 por NUT II Área total da Região [ha] REGIÃO Corpos de água (NUT II) [ha] 1980 Área NUT II [%] Área de Portugal Continental [%] Corpos de água 1995 Área NUT II [%] [ha] Área de Portugal Continental [%] Corpos de água [ha] 2010 Área NUT II [%] Área de Portugal Continental [%] Norte 2128403 14925 0,7 0,2 14829 0,7 0,2 15142 0,7 0,2 Centro Lisboa Alentejo 2819994 294021 3155109 11157 14191 29016 0,4 4,8 0,9 0,1 0,2 0,3 12480 14164 29142 0,4 4,8 0,9 0,1 0,2 0,3 12997 14144 50646 0,5 4,8 1,6 0,1 0,2 0,6 Algarve TOTAL 499608 8897135 10995 80284 2,2 --- 0,1 0,9 11014 81629 2,2 --- 0,1 0,9 11136 104066 2,2 --- 0,1 1,2 0.569 Área de Portugal Continental ocupada por corpos de água em diferentes momentos 0.6 1980 2010 0.125 0.124 0.124 0.159 0.159 0.160 0.146 0.140 0.125 0.170 0.2 0.167 0.3 0.168 [% ] 0.4 1995 0.328 0.326 0.5 0.1 0.0 Norte C entro L is boa Alentejo Algarve | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Corpos de água em Portugal Continental Ocupação do solo por corpos de água em 1980, 1995 e 2010 por NUT II Perdas e ganhos de área ocupada por corpos de água em diferentes momentos resultante das diversas transiçoes que ocorreram de/para outros tipos de ocupação | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Corpos de água em Portugal Continental Transições da ocupação do solo por corpos de água Transição que ocorreu em solos ocupados por corpos de água em 1980 para outros tipos de uso e ocupação do solo por NUT II até 2010 (área em ha) NUT II LULC em 1980 Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve TOTAL Corpos de água Corpos de água Corpos de água Corpos de água Corpos de água Corpos de água Agrícolas Agroflorestais 12 30 12 714 0 768 0 0 0 14 0 14 LULC em 2010 Artificia- Corpos Florestas lizados de água 107 60 83 12 8 270 14449 10287 14043 26628 10885 76292 30 406 36 215 0 687 Incultos Zonas húmidas TOTAL 311 375 0 1424 103 2213 15 0 18 9 0 42 14925 11157 14191 29016 10995 • Maior transição de solos ocupados por corpos de água para incultos na Região do Alentejo | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Corpos de água em Portugal Continental Transições da ocupação do solo por corpos de água Área dos corpos de água em 2010 por NUT II resultante da transição de outros tipos de uso e ocupação do solo observados em 1980 (área em ha) LULC em 1980 Agrícolas Agro-florestais Artificializados Corpos de água Florestas Incultos Zonas húmidas TOTAL Norte Corpos de água 187 0 92 14449 302 111 0 15142 Centro Corpos de água 692 344 62 10287 368 1245 0 12997 LULC em 2010 Lisboa Corpos de água 66 0 0 14043 0 35 0 14144 Alentejo Corpos de água 11529 7350 132 26628 3593 1415 0 50646 Algarve Corpos de água 0 0 0 10885 114 137 0 11136 TOTAL 12474 7694 286 76292 4377 2943 0 104065 • Maior transição de solos ocupados por agrícolas para corpos de água na Região do Alentejo | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Considerações finais Os corpos de água aumentaram de área em Portugal Continental (cerca de 0,01% entre 1980/95 e 0,27% entre 1995/2010). O aumento de área ocupada por corpos de água resultou da transição que ocorreu em solos com outros tipos de ocupação, destacando-se os solos agrícolas e de inculto entre 1980/95, enquanto entre 1995/2010, destaca-se a transição que ocorreu em solos de inculto. Entre as cinco NUT 2 verificou-se desigualdades relativamente à área ocupada pelos corpos de água nos vários momentos: • O Alentejo sobressai com a maior ocupação por corpos de água, evidenciando-se esta região também pelo elevado aumento deste tipo de ocupação entre as últimas décadas em avaliação; • As restantes regiões também apresentaram aumento de área ocupada por corpos de água, com exceção da Região de Lisboa, onde se observou uma ligeira redução, devido à conversão deste tipo de ocupação sobretudo para solos artificializados (solos ocupados atualmente por indústria, comércio e equipamentos gerais), processo com maior evidência entre as duas primeiras décadas. | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros Considerações finais Os resultados obtidos neste estudo são fundamentais para outras avaliações: • Elaboração de cenários futuros e compreensão das forças motrizes, incluindo políticas responsáveis; pelas alterações de uso e ocupação do solo; • Gestão dos recursos hídricos; • Estimativa das emissões e retenções de carbono e energia. Colaboração com a APA no quadro do protocolo de Kyoto; Harmonização dos dados de acordo com a Diretiva INSPIRE • CAOP (Unidades Administrativas - Anexo I) • COS (Ocupação do solo - Anexo II) • Ortos (Ortoimagens - Anexo II) Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG) • Disponibilização da informação - Metadados | Alterações de uso e ocupação do solo em Portugal Continental: caracterização, forças motrizes e cenários futuros BRUNO M. MENESES [email protected] http://www.dgterritorio.pt/a_dgt/investigacao/landyn/ http://landyn.isegi.unl.pt/ Projeto coordenado por: MARIA JOSÉ LUCENA E VALE [email protected] [email protected] Parceiros (Coordenação) Financiamento DIREÇÃO GERAL DO TERRITÓRIO Rua da Artilharia Um, 107 1099-052 Lisboa Portugal (+351) 21 381 96 00 Fax: (+351) 21 381 96 99 [email protected]