A PEQUENA EMPRESA E OS NOVOS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO É cada vez mais generalizada, felizmente, a crença sobre a incapacidade do modelo baseado na grande empresa fordista gerar um desenvolvimento sustentável e com justiça social. No Brasil, em particular, a manutenção da vergonhosa distribuição de renda, que só perde para três paupérrimos países africanos, demonstra, em parte, as falhas do modelo. Perdem também consistência as políticas setoriais que colocam a pequena empresa apenas como agente marginal da dinâmica das grandes corporações. Seria ela, por essa ótica, uma forma ineficiente de produção, uma opção de segunda classe. Em oposição a esse modelo, tomam corpo teses que pregam a emergência do território, do local, como espaço privilegiado para a execução de políticas ativas de promoção de desenvolvimento e do papel fundamental das pequenas empresas nessas políticas. É urgente disseminar um novo modo de construção das políticas públicas, fundadas num espaço em que governo, iniciativa privada e terceiro setor modelem uma outra institucionalidade. O que se quer é instituir um espaço público, porém não estatal, que seja capaz de captar e refletir as várias dinâmicas e arranjos estabelecidos nos mais diversos territórios. Instituição envolvida diretamente com a temática do desenvolvimento dos pequenos negócios, o SEBRAE participa ativamente desse novo pensar. Na busca desses conhecimentos fomos à Itália, à região conhecida como Terceira Itália, estudar detalhadamente os chamados distritos industriais, territórios embasados nas tradições, na história e nos pequenos negócios, hoje responsáveis por metade das exportações italianas. No Brasil, em parceria com o CNPq e a FINEP, a Financiadora de Estudos e Projetos, o SEBRAE promoveu um amplo estudo, realizado pela RedeSist, sobre os chamados arranjos produtivos locais, que inspirou esta publicação. APRESENTAÇÃO O estudo indica claramente que qualquer política focada nos pequenos negócios deverá partir do território, dos arranjos1 onde se encontram. O enfoque no território, por outro lado, aumenta a abrangência das variáveis envolvidas. Se antes nos preocupávamos apenas com as questões relacionadas às empresas, agora devemos contemplar todas aquelas variáveis relacionadas à criação de um ambiente favorável à pequena produção nesses territórios, como governança, cooperação e capacidade de inovação. Ao difundir esse conjunto de reflexões, especialmente junto aos estudiosos e instituições envolvidas com a temática do desenvolvimento, o SEBRAE espera contribuir na construção de políticas voltadas para fundar uma sociedade que seja mais justa e igualitária, fruto de um espaço público e comum. Sérgio Moreira Diretor-presidente do SEBRAE 8 1 Conforme definição adotada pela RedeSist, constante desta publicação.