Caso Sociedade da Água do Luso Ajustamentos Contabilísticos1 1. Introdução A Sociedade da Agua do Luso SA (SAL) está matriculada na Conservatória do Registo Comercial da Mealhada sob o nº 1/120301 e tem sede no Luso. A sua linha de produtos de águas minerais, de engarrafamento e distribuição, incluem, para além da Água Luso, as marcas Nascente Cruzeiro e Água Fonte Viva. Outros negócios da empresa são o Grande Hotel do Luso e as Termas do Luso. A Água do Luso foi a primeira água mineral a obter o estatuto de “Marca de Produto Certificado” do CERTIF, em Abril de 2000. As vendas das águas minerais concentram-se essencialmente em Portugal (no continente e ilhas) através de distribuidores cujos vendedores são certificados pela SAL. Em 2000 houve alterações na estrutura accionista relevantes: - Em 20 de Abril a Centralcer, Central de Cervejas SA, lançou uma oferta pública de aquisição geral sobre as acções representativas do capital social da SAL, tendo passar a deter 79.654 acções correspondentes a 95,62% do capital social e dos respectivos direitos de voto; - Em 29 de Setembro a Centralcer torna pública a sua decisão de adquirir potestativamente as 3.646 acções da SA ainda não detidas por si e em 9 de Outubro deste mesmo ano foi publicado o anúncio do registo tornando-se assim efectiva a aquisição, passando a deter 100% do capital da SAL. - Em 6 de Dezembro a Central cer vendeu a totalidade destas acções à VTR, Sociedade Gestora de Participações SA, passando a ser esta a única accionista da SAL. 2. O Sector na Europa Enquadramento legal Depois de anos de discussão, foi assinada em 15 de Julho de 1980, a directiva europeia que enquadra e regulamenta a exploração e comercialização de águas minerais naturais. 1 Este caso foi elaborado para efeitos de ensino com vista a suscitar a reflexão e discussão em sala de aula e não tem qualquer intuito de evidenciar ou ilustrar alguma forma eficiente ou ineficiente de gerir determinada situação. João Carvalho das Neves, professor associado do ISEG, 2002. 1 Esta directiva permitiu uma aproximação entre as legislações dos diversos Estados membros da União Europeia abrindo a possibilidade de expansão ao mercado europeu das águas minerais naturais. A definição de água mineral natural contida na directiva assenta em quatro elementos fundamentais: - origem subterrânea e protegida - pureza bacteriológica original - estabilidade dos componentes físico – químicos - certos efeitos favoráveis à saúde Em 1996 a directiva europeia foi objecto de revisão parcial e no seu âmbito passou a incluir, também, a definição de "água de nascente", caracterizada por dois elementos fundamentais: - respeito dos parâmetros físico – químicos aplicáveis às demais águas destinadas ao consumo humano pureza bacteriológica original Estas dois tipos de águas naturais têm em comum um conjunto de exigências que visam assegurar a sua maior qualidade, em particular, a obrigação de engarrafamento no local da nascente, a interdição de transporte em contentores cisterna e a proibição de todo e qualquer tratamento susceptível de modificar as características essenciais da água. Estrutura e evolução do sector No contexto económico Europeu as águas minerais naturais e de nascente representam 45% do sector das bebidas. As águas sem gás representam 57% do total do consumo de águas, enquanto em Portugal essa percentagem é de quase 90% (quadro 1). Portugal tem uma quota de 2,2% no mercado europeu de consumo de águas, sendo os maiores países a França, a Itália e a Alemanha que em conjunto representam 80% do mercado europeu (quadro 1). 2 Quadro 1 - Evolução da Produção de Águas Minerais Naturais e de Nascente na União Europeia por Países e por Tipos de Água (2000) Em mil milhões de litros SEM GÁS Volume 78 23 843 20 3.536 7.406 nd nd 5.460 70 612 18.048 Alemanha Áustria Bélgica Dinamarca Espanha França Grã-Bretanha Irlanda Itália Países Baixos Portugal Total COM GAS % Volume 1,0% 7.654 3,7% 600 68,0% 397 65,6% 10 94,6% 201 81,8% 1.648 nd nd nd nd 65,0% 2.940 46,8% 79 88,6% 79 57,0% 13.608 TOTAL % Volume 99,0% 7.732 96,3% 623 32,0% 1.240 34,4% 30 5,4% 3.736 18,2% 9.054 nd nd nd nd 35,0% 8.400 53,2% 149 11,4% 691 43,0% 31.655 % 24,4% 2,0% 3,9% 0,1% 11,8% 28,6% nd nd 26,5% 0,5% 2,2% 100,0% Volume: em mil milhões de litros; nd: não disponível Fonte: UNESEM/GISEMES Em termos de embalagem a Alemanha é o país em que o consumo em garrafa de vidro é esmagador, tendo em consideração a sua política ambiental. Portugal à semelhança de todos os outros países europeus o maior consumo dá-se em garrafas de plásticos (quadro 2). Quadro 2 - Evolução da Produção de Águas Minerais Naturais e de Nascente na União Europeia por Países e por Tipos de Materiais das Embalagens (2000) em mil milhões de litros Alemanha Áustria Bélgica Dinamarca Espanha França Grã-Bretanha Irlanda Itália Países Baixos Portugal Total VIDRO 6.950 354 273 nd 408 1.956 nd nd 1.890 18 96 11.945 PLÁSTICO 782 269 756 nd 3.303 7.098 nd nd 6.468 99 595 19.370 CARTÃO 0 0 50 nd 26 LATAS 0 0 161 nd 0 nd nd 42 4 nd nd 122 189 28 TOTAL 7.732 623 1.240 nd 3.736 9.054 nd nd 8.400 149 691 31.625 Fonte: UNESEM/GISEMES Nota: O total deste mapa é diferente pelo motivo de não incluir o valor da Dinamarca; nd: não disponível O consumo de água nascente é mínimo na Europa, exceptuando França, tendo alguma expressão em Espanha e Portugal. Portugal é o país que tem uma maior percentagem de consumo deste tipo de água em relação ao consumo total (quadro 3). 3 Quadro 3 - Evolução da Produção por Países da União Europeia (2 anos) 1999 Em mil milhões de litros Alemanha Áustria Bélgica (*) Dinamarca Espanha França Grã-Bretanha Irlanda (*) Itália Países Baixos Portugal Total 2000 Minerais Nascente 7.709 0 598 0 1.259 nd 3.130 366 6.050 2.520 nd 74 8.050 0 135 11 423 225 27.427 3.121 Total 7.709 598 1.259 3.496 8.570 nd 74 8.050 146 648 30.548 Var. % Minerais Nascente 7.732 0 623 0 1.240 18 12 3.462 275 6.354 2.700 nd nd 8.400 0 139 10 459 232 28.427 3.228 Total 7.732 623 1.240 30 3.736 9.054 nd 8.400 149 691 31.655 99/00 0,3% 4,2% -1,5% nd 6,9% 5,6% nd nd 4,3% 1,9% 6,8% 3,6% Fonte: UNESEM/GISEMES (*) Inclui águas minerais e águas de nascente; nd: não disponível Os países europeus com maior consumo per capita são a Itália, a França e a Bélgica, ultrapassando a centena de litros anuais. Portugal com um consumo per capita na ordem dos 65 a 70 litros anuais é dos países europeus com menor consumo (quadro 4). Quadro 4 - Evolução do Consumo por Habitante e por Países da União Europeia (2 anos) 1999 LITROS POR ANO Alemanha Áustria Bélgica (*) Dinamarca Espanha França Grã-Bretanha Irlanda (*) Itália Países Baixos (*) Portugal 2000 Minerais 97.1 75.0 Nascente 0 0 123.0 78.2 89.0 9.1 39.0 155.0 42.1 20.0 0 17.3 22.1 Total 97.1 75.0 123.0 nd 87.3 128.0 nd 20.0 155.0 17.3 64.2 Minerais 98.6 79.8 8.0 86.5 92.0 140.0 44.7 Nascente 0 0 124.0 3.0 7.0 41.0 0 17.1 21.5 Total 98.6 79.8 124.0 11.0 93.5 133.0 nd nd 140.0 17.1 66.2 Fonte: UNESEM/GISEMES (*) Inclui águas minerais e águas de nascente; nd: não disponível 3. O sector em Portugal Enquadramento legal De referir, antes do mais que a Constituição Portuguesa inclui diversas categorias de bens que integram o domínio público do Estado, entre as quais encontramos na alínea c) do número 1 do artigo 84º, as nascentes de águas mineromedicinais. Assim, o Decreto4 lei 90/90 contempla, no âmbito dos bens que integram o domínio público do Estado, a categoria dos recursos hidro-minerais que compreendem as águas minerais naturais e as águas minero-industriais. Nos termos do artigo 3º do decreto-lei nº 90/90 são águas minerais naturais, as águas bacteriologicamente próprias, de circulação profunda, com propriedades terapêuticas ou simplesmente efeitos favoráveis à saúde humana. As características destas águas deverão ser certificadas pelo Ministro da Economia, sob proposta do Instituto Geológico e Mineiro, que tem em consideração o parecer da Direcção Geral da Saúde. A categoria das águas de nascente, que podem ser objecto de propriedade privada, é constituída, nos termos do artigo 6º do Decreto-lei nº 90/90, pelas águas subterrâneas naturais próprias para beber na respectiva origem. O artigo 51º do decreto-lei nº 90/90 remete para legislação própria a fixação da disciplina específica aplicável a cada um dos recursos. - O Decreto-lei nº 86/90, de 16 de Março, estabelece o regime jurídico a que fica sujeito o exercício das actividades de prospecção, pesquisa e exploração das águas minerais naturais. Este diploma estabelece que a outorga de direitos se passa a fazer através de c ontrato administrativo, que substitui a figura dos alvarás. É, igualmente, consagrada a figura do perímetro de protecção, que abrangerá três zonas: imediata, intermédia e alargada. Estes perímetros são definidos com fundamento em estudos hidro-geológicos. São também regulamentadas as figuras de Director Técnico e de plano de exploração. - O Decreto-lei nº 84/90, de 16 de Março, estabelece o regime de aproveitamento económico das águas de nascente. A exploração destas águas está sujeita ao regime de prévio lic enciamento. São estabelecidos mecanismos legais que permitem a protecção dos aquíferos. - O Decreto Lei nº 156/98, de 6 de Junho, que revogou o Decreto lei nº 283/91, de 9 de Agosto, e respectiva regulamentação, assegura a transposição para a Ordem Jurídica nacional da Directiva nº 80/777/CEE, do Conselho, de 15 de Julho e das modificações que lhe foram introduzidas pela Directiva nº 96/70/CE, do parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de Outubro, relativa à exploração e comercialização das águas minerais naturais e que estabelece também as regras aplicáveis ao acondicionamento e comercialização das águas de nascente. - O Decreto lei nº 236/98, de 1 de Agosto, que estabelece normas, critérios e objectivos de qualidade para as águas em função dos seus usos, aplica-se às águas de nascente, nos parâmetros de qualidade que não são contemplados em legislação específica. As águas minerais naturais estão expressamente excluídas do âmbito deste diploma. 5 Estrutura e evolução do mercado Em 2000, estiveram em funcionamento 31 oficinas de engarrafamento, das quais 18 de águas minerais naturais e 13 de águas de nascente. O sector apresentou neste ano um volume de negócios superior a 35 milhões de contos, tendo estado directamente afectos a esta actividade entre 1400 e 1600 trabalhadores, considerando as variações referentes ao trabalho sazonal. No mercado total das águas engarrafadas (águas minerais naturais e águas de nascente) encontram -se três tipos de águas: - agua lisa - engarrafada tal como é captada; - agua gasocarbónica - com gás natural - agua gaseificada - com adição de gás carbónico. A figura 1 mostra a evolução do mercado total (mercado nacional e exportação) em comparação com 1999, de cada um destes três tipos de águas. Figura 1 - Evolução dos Segmentos (Mercado Nacional e de Exportação - Mil. Litros) Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" Dentro destes diferentes segmentos deve ainda fazer-se uma distinção entre águas minerais naturais e águas de nascente. Esta distinção resulta das primeiras se integrarem no domínio público do Estado (sendo a respectiva exploração assegurada através de um contrato de concessão), oferecerem uma composição estável do ponto de vista físico-químico e possuírem propriedades terapêuticas ou simplesmente efeitos favoráveis à saúde. As águas de nascente, pelo contrário, são objecto de propriedade privada, apesar de carecerem de licenciamento e apenas têm de ser, na origem, águas próprias para beber. Ambas as categorias, devem ser bacteriologicamente próprias na origem, sendo-lhes vedados quaisquer tratamentos no processo de exploração, embalamento e comercialização, com excepção dos tratamentos físicos expressamente autorizados como a filtragem, a decantação e a oxigenação (é permitida ainda a adição de gás carbónico). Só podem ser transportadas pré-embaladas. 6 Em Portugal existem 33 marcas de água, das quais 20 são águas minerais naturais e 13 são águas de nascente. Estas últimas representaram, no ano findo, 34% do mercado nacional (figura 2). Figura 2 - Importância por Categorias (Mercado Nacional e de Exportação - Mil. Litros) Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" As vendas de águas minerais naturais e de águas de nascente apresentam no último decénio um crescimento de 77,7%, tendo o consumo por habitante passado de 36,7 litros/ano, em 1991, para mais de 65 litros/ano, em 2000 (Figura 3 e 4). Figura 3 - Evolução do Consumo Por Habitante no Mercado nacional Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" Figura 4 - Evolução das Vendas Totais (Nacional e Exportação) Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" 7 Em 2000 as vendas no sector cresceram 5,5%, em relação a 1999, tendo sido atingido o volume de vendas de aproximadamente 683 milhões de litros. Quadro 5 - Vendas Totais Por Segmentos e Categorias - Mercado Nacional e Exportação Segmentos Milhões de litros 1999 2000 99/00-% Águas Minerais Sem Gás (Lisas) Águas de Nascente Gasocarbónica Gaseificadas 353.9 46.4 22.6 381.5 47.2 22.1 7,8 1,7 - 2,2 Sub Total 422.9 450.8 6.6 Sem Gás (Lisas) Gaseificadas 222.8 1.8 230.4 1.84 3,4 2,2 Sub Total 224.6 232.2 3,4 TOTAL 647.5 683.0 5,5 Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" Quadro 6 - Vendas Totais por Tipo de Embalagem - Mercado Nacional Tipos de Embalagens Milhões de Vasilhas 1999 Águas Minerais Vidro reutilizável 169.8 567.6 11.0 222.8 790.4 Sub Total Nascente 2000 Vidro reutilizável Sub Total TOTAL 98/99-% 164.5 579.6 18.0 214.0 793.6 - 3.1 2.1 63.6 - 3.9 0,4 Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" As exportações, em 2000, representaram cerca de 4 a 5% das vendas totais do sector, tendo neste ano sofrido grande incremento (quadro 7). Quadro 7 - Vendas Exportação por Segmentos e Categorias Milhões de litros Segmentos Minerais Nascente 1999 2000 98/99-% Sem Gás (Lisas) Gasosa Natural Gaseificadas 6.5 1.0 0.9 11.0 1.5 1.0 69.2 50.0 11.1 Sub Total 8.4 13.5 60.7 8.1 0.00 18.0 0.04 122.2 8.1 18.04 122.7 16.5 31.54 91.2 Sem Gás (Lisas) Gaseificadas Sub Total TOTAL Fonte: Estatística APIAM Nota: Os valores do ano 2000 não incluem a marca "Marão" 8 4. Os relatórios e contas da empresa Evolução histórica dos negócios e resultados A evolução desfavorável nos resultados de 2000 é justificada no relatório e contas desse ano na base dos seguintes factos: - agressividade no sector das águas , o que obrigou a empresa a um esforço promocional de descontos e ofertas promocionais na ordem dos 75.000 contos, para volume de negócios praticamente idênticos ao do ano anterior; - acréscimo de custos de cerca de 200.000 contos resultante do aumento do preço do PET (matéria prima de fabrico de garrafas) que passou de um preço médio de 150 Esc por kg em 1999 para 210 Esc por kg em 2000; - Os investimentos nos últimos anos têm crescido, incluindo o vasilhame e paletes, pelo que as amortizações aumentaram também em cerca de 13.000 contos, mais 14% do que no ano anterior; - A informática foi dada em outsourcing, sendo o ano de 2000 o primeiro ano completo nesta forma de serviço, enquanto em 1999 foi apenas 7 meses, resultando daqui um acréscimo de 30.000 em relação ao ano anterior; - Foi registado como custo do exercício, as indemnizações pagas no ano 2000 por rescisão dos contratos de trabalho por mútuo acordo no valor de 49.572 contos, enquanto nos anos anteriores se praticava uma política contabilística de diferim ento desses custos por 3 anos. A justificação dada pela empresa para a alteração desta política é “pelo facto de tais indemnizações já não se enquadrarem no processo de reestruturação”. Quadro 8 – Evolução o Volume de Negócios e Resultados Líquidos 1998 Vendas de mercadorias Vendas de produtos Prestação de serviços Volume de negócios Resultados líquidos Índice de crescimento: dos negócios dos resultados líquidos Contos 3.318 6.252.866 489.417 6.745.601 583.223 1999 % 0,0% 92,7% 7,3% 100,0% 8,6% 100,00 100,00 Contos 3.110 6.872.513 511.319 7.386.942 897.206 109,51 153,84 2000 % 0,0% 93,0% 6,9% 100,0% 12,1% Contos 1.965 6.889.689 518.514 7.410.168 547.594 % 0,0% 93,0% 7,0% 100,0% 7,4% 109,85 93,89 Perspectivas futuras dos negócios Prevê-se a continuidade de uma nível concorrencial agressivo no sector das águas, com o mercado a apresentar potencial de crescimento, dado o ainda nível baixo de consumo per capita face aos restantes país es europeus. Além disso, as restrições sobre o consumo de álcool levam ao incentivo do consumo de águas em muitas ocasiões. 9 De qualquer modo, a empresa considera ser muito importante o esforço comercial que lhe vai ser exigido se não quiser perder quota de mercado. No sector hoteleiro e termal a principal exigência tem sobretudo a ver com a qualidade de serviços a um preço equilibrado, num mercado onde a oferta é múltipla e também agressiva. Distribuição de resultados A proposta de distribuição de lucros nos últimos três exercícios (1998-2000) foi a seguinte: Quadro 9 – Distribuição de Resultados Distribuição de resultados: Reserva legal Reservas livres Dividendos Total 1998 29.161 0 554.062 583.223 1999 44.860 0 852.346 897.206 2000 27.380 520.214 0 547.594 A alteração de política de dividendos em 2000 tem a ver com a necessidade da empresa acumular fundos para fazer face à sua nova política de investimentos e financiamento. Política de investimentos e financiamento em 2000 A sociedade adquiriu a 6 de Dezembro de 2000 uma participação de 12,75% no capital social da Centralcontrol SGPS, SA, sociedade que controla a 100% o capital social da Centralcer, Central de Cervejas, SA. Para fazer face a este investimento financeiro a SA abriu celebrou com o BES e o BESI um contrato de abertura de crédito no montante de 6.224.996 contos, destinando-se 5.974.364 contos à aquisição das acções da Centralcontrol e os restantes usados para apoio de tesouraria. Para este financiamento, pode constatar-se na nota 32 do anexo às contas, que foi realizado um penhor mercantil a favor das instituições financeiras sobre os bens móveis da Fábrica do Luso, do Grande Hotel e sobre as marcas industriais Luso e Cruzeiro, bem como penhor de 1º grau sobre as acções da Centralcontrol adquiridas com o respectivo financiamento. Desta forma o passivo financeiro em 31 de Dezembro de 2000 era de 6.055.648 contos, onde se inclui um incentivo financeiro reembolsável obtido no âmbito do SIFIT III no montante de 81.285 contos. Na nota 32 do anexo às contas constata-se que existe, como é obrigatório por lei, uma garantia bancária de 81.285 contos a favor do Fundo de Turismo. Acção Judicial Está pendente à vários anos uma acção judicial contra a SAL instaurada pela Câm ara Municipal da Mealhada, tendo o Tribunal da Relação de Coimbra em 1994 decidido 10 favoravelmente o recurso apresentado por aquela Câmara. Em 1995 a SAL apresentou recurso para o Supremo Tribunal de Justiça. A acção mantém-se pendente, no entanto, o relatório da gestão de 2000 refere que “os princípios de acordo foram negociados e estabelecidos, faltando o acordo final do Estado, igualmente parte da acção, para que seja subscrito entre as partes”. 5. Informações extraídas do anexo às demonstrações financeiras Política contabilística De acordo com as informações dos anexos às contas a política contabilística tem sido consistente na medida em que, “as demonstrações financeiras foram elaboradas em harmonia com os princípios contabilísticos estabelecidos no POC, aos custos históricos derrogados pela reavaliações efectuadas ao abrigo dos diplomas legais e atendem à especialização dos exercícios”. Entre as políticas contabilísticas destacam-se: - As taxas de amortização são as definidas no Decreto Regulamentar nº 2/90 de 12 de Janeiro; - Os investimentos financeiros valorizados ao custo de aquisição. De referir que a sociedade detém 12,75% na já referida Centralcontrol, 1,45% na sociedade de embalagens Embopar e 0,07% na sociedade de animação turística do Mondego Odabarca; - As existências valorizadas ao custo de aquisição acrescidas do custo de transporte e no caso dos produtos acabados e em curso, ao custo industrial variável; - As dívidas de e a terceiros em moeda estrangeira estão valorizadas ao câmbio oficial em vigor à data do balanço; - As provisões para cobrança duvidosa e para existências, seguem o método estabelecido no código do IRC, respectivamente artº 34º e 35º; Uma das derrogações à consistência foi referida no relatório da gestão de 2000, quanto à contabilização das indemnizações por rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo. Da nota nº 6 do anexo dos relatórios e contas construí-se o seguinte quadro: 11 Quadro 10 – Tratamento contabilístico das indemnizações ao pessoal de 1998 a 2000 Reestruturação da empresa - valor das indemnizações: de 1997 a diferir pelos anos 1998 e 1999 de 1998 a diferir pelos anos 1999 e 2000 de 1999 a diferir pelos anos 2000 e 2001 de 2000 a diferir pelos anos 2001 e 2002 Total custos diferidos Indemnizações pagas no ano Imputações anuais dos custos diferidos: Imputação do ano 1996 = 1/3 Imputação do ano 1997 = 1/3 Imputação do ano 1998 = 1/3 Imputação do ano 1999 = 1/3 Imputação do ano 2000 = 100% Custos de exercícios anteriores nos custos com pessoal 1998 3.194 47.452 50.646 71.178 15.255 3.194 23.726 42.175 1999 2000 23.726 32.362 16.181 0 16.181 49.572 56.088 48.543 3.194 23.726 16.181 23.726 16.181 49.572 89.479 43.101 Ainda na nota 6 do anexo às contas destaca-se que o valor da acção é de 20.000.000 contos. A empresa provisionou e fez um depósito a prazo de 75.014 contos à ordem do Tribunal do Circulo de Anadia para custos de preparo da acção. Em 1997 este Tribunal utilizou 46.359 contos, ficando a caução e a provisão com um saldo de 28.655 contos. No exercício de 1999 a empresa reforçou esta provisão em 30.000 contos. Da nota 8, sintetiza-se o seguinte mapa de despesas de investigação e desenvolvimento: Quadro 11 – Despesas de I&D capitalizadas e amortizadas Saldo Inicial: 432 Despesas de investigação e desenvolvimento 4832 Amortizações acumuladas de despesas de I&D Movimento no exercício: 432 Despesas de investigação e desenvolvimento 4832 Amortizações acumuladas de despesas de I&D Saldo final: 432 Despesas de investigação e desenvolvimento 4832 Amortizações acumuladas de despesas de I&D 1998 1999 2000 39.937 27.049 39.937 33.288 40.537 39.018 6.239 600 5.730 1.185 39.937 33.288 40.537 39.018 40.537 40.203 Na nota 15 a sociedade refere que os bens utilizados em regime de locação financeira a partir de Janeiro de 1994 passaram a ser contabilizados em contas do imobilizado e de acordo com as normas estabelecidas para a contabilização da locação financeira; As dívidas activas e passivas do pessoal da empresa, referidos na nota 25, são as seguintes: 12 Quadro 12 – Dívidas activas e passivas do pessoal Dívidas a receber: Fundo de habitação Fundo de auxílio Outras operações com pessoal Soma Dívidas a pagar: Remunerações 1998 1999 2000 1.145 364 2.583 4.092 921 891 5.572 7.384 877 729 5.306 6.912 489 281 0 Para além das duas garantias bancárias já referidas anteriormente, uma a favor do Fundo de Turismo e outra a favor dos bancos BES/BESI, exite ainda uma garantia bancária à EDP de 12.442 contos referente à modificação dos postos de transformação do Luso e do Cruzeiro e ainda uma outra de 2000 contos a favor do Ministério da Industria e Energia – Instituto Geológico e Mineiro, nos termos do artº 54º do decreto-lei 86/90 de 16 de Março e do artº 2º do contrato de concessão de exploração de água mineral natural. Na nota 47, e de acordo com o artº 20º do decreto-lei 103/80 de 9 de Maio e o artº 2º do decreto-lei 534/80 de 7 de Novembro, a sociedade declara não ter quaisquer dívidas em mora ao sector público estatal. Certificação Legal de Contas As certificações legais de contas apresentam como ênfase comum aos três anos em análise, a existência da acção judicial pendente referida anteriormente, movida pela Câmara Municipal da Mealhada. Em 1999 refere existirem negociações em curso e em 2000 embora as negociações estejam em curso, as implicações dessa negociação estão já reflectidas nas demonstrações financeiras. Existem, ainda mais dois tipos de ênfase: - nos anos de 1998 e 1999 refere-se que a empresa diferiu por três anos os custos com indemnizações por rescisões contratuais por mútuo acordo “por os mesmos se enquadrarem no âmbito do plano de reestruturação da Sociedade”. Note-se que já anteriormente apresentámos um quadro com os valores anuais das indemnizações e diferimento dos respectivos custos; - a SROC refere não ter sido possível confirmar a titularidade das acções que a sociedade adquiriu da Centralcontrol, pelo facto de ainda não terem sido emitidas. 13 BALANÇO 1998 1999 2000 41.924 44.500 45.235 8.331.549 7.992.631 8.166.625 1.680 1.680 6.351.869 (5.173.837) (5.017.118) (5.256.903) 280.641 506.512 508.028 (Provisões para depreciação de existências) (2.654) (2.894) 0 Dívidas de Terceiros - Médio e Longo Prazo 0 0 0 2.253.250 2.440.446 1.477.919 30.733 33.331 31.825 (29.419) (31.360) (31.596) 283 287 299 Adiantamentos a fornecedores 87 9.736 0 Estado e outros entes públicos 230.595 160.925 334.769 Outros devedores 41.131 30.169 27.087 (Provisões para outras cobrança duvidosa) (2.225) 0 (2.225) Títulos Negociáveis 703.039 603.039 302.039 Depósitos Bancários e Caixa 174.699 516.414 189.382 19 0 26 71.347 74.749 43.731 6.952.842 7.363.047 12.188.110 ACTIVO Imobilizado Imobilizações Incorpóreas Imobilizações Corpóreas Investimentos Financeiros (Amortizações acumuladas) Existências Dívidas de Terceiros - Curto Prazo Clientes c/c Clientes de cobrança duvidosa (Provisões para clientes de cobrança duvidosa) Empresas participadas e participantes Acréscimos e Diferimentos Acréscimos de proveitos Custos diferidos TOTAL DO ACTIVO 14 CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO 1998 1999 2000 CAPITAL PRÓPRIO Capital 1.124.550 1.124.550 1.124.550 Reservas de reavaliação 340.246 340.245 340.245 Reservas legais, estatutárias e outras 726.218 755.380 800.240 0 0 0 583.223 897.206 547.594 0 0 0 2.774.237 3.117.381 2.812.629 36.541 115.849 106.762 2.258.742 2.249.241 8.256.324 0 0 0 1.210.553 1.212.051 562.570 151 151 0 3.484 5.463 4.072 0 0 0 87.518 31.511 36.108 267.447 326.176 21.736 4.669 2.485 1.846 219.364 221.788 314.297 90.136 80.951 71.766 TOTAL DO PASSIVO 4.178.605 4.245.666 9.375.481 TOTAL DO PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO 6.952.842 7.363.047 12.188.110 Resultados transitados Resultado líquido do exercício Dividendos antecipados TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO PASSIVO Provisões para Riscos e Encargos Dívidas a Terceiros - Médio e Longo Prazo Dívidas a Terceiros - Curto Prazo Dívidas a instituições de crédito Fornecedores c/c Empresas do grupo, participadas e participantes Outros accionistas Adiantamentos de clientes Fornecedores de imobilizado - c/c Estado e outros entes públicos Outros credores Acréscimos e Diferimentos Acréscimos de custos Proveitos diferidos 15 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 1998 1999 2000 3.318 3.110 1.965 6.252.866 6.872.513 6.889.689 489.417 511.319 518.514 6.745.601 7.386.942 7.410.168 (49.677) 12.907 161.249 6.251 0 0 85.145 64.081 69.726 0 0 0 10.422 6.304 5.698 6.797.742 7.470.234 7.646.841 71.937 61.352 5.976 2.524.896 2.525.744 2.776.570 1.762.150 1.886.101 2.079.729 908.915 908.492 937.316 8.509 7.264 9.232 17.118 26.001 293.915 516.153 522.350 595.306 Provisões do exercício 2.540 111.156 4.013 Total de custos operacionais 5.812.218 6.048.460 6.702.057 985.524 1.421.774 944.784 27.200 37.333 50.663 9.636 4.170 55.581 1.003.088 1.454.937 939.866 Proveitos e ganhos extraordinários 29.489 69.448 49.308 Custos e perdas extraordinárias 86.009 76.606 138.138 946.568 1.447.779 851.036 363.345 550.573 303.442 583.223 897.206 547.594 336 336 332 Vendas de mercadorias Vendas de produtos Prestação de serviços Volume de negócios Variação de produção Trabalhos para a própria empresa Proveitos suplementares Subsídios à exploração Outros proveitos e ganhos operacionais Total de proveitos de exploração Custo das mercadorias Custo das matérias-primas e subsidiárias consumidas Fornecimentos e serviços externos Custos com o pessoal Impostos Outros custos e perdas operacionais Amortizações do exercício RESULTADOS OPERACIONAIS Proveitos e ganhos financeiros Custos e perdas financeiras RESULTADOS CORRENTES RESULTADOS ANTES DE IMPOSTO Imposto sobre o rendimento do exercício RESULTADOS LÍQUIDOS DO EXERCÍCIO Nº médio de empregados 16