UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO Rodolpho de Meireles Silva ESTRUTURA ORGANIZACIONAL LOGISTICA DE UMA GRANDE EMPRESA VAREJISTA NO SETOR ALIMENTICIO EM JOAO PESSOA – PB: UM ESTUDO NO SUPERMERCADO BOMPREÇO CASTRO PINTO LTDA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS João Pessoa - PB agosto de 2008 1 Rodolpho de Meireles Silva ESTRUTURA ORGANIZACIONAL LOGISTICA DE UMA GRANDE EMPRESA VAREJISTA NO SETOR ALIMENTICIO EM JOAO PESSOA – PB: UM ESTUDO NO SUPERMERCADO BOMPREÇO CASTRO PINTO LTDA Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador(a): Maria Valéria Pereira de Araújo João Pessoa - PB agosto de 2008 2 À Professora Orientadora Maria Valéria Pereira de Araújo Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Rodolpho de Meireles Silva. João Pessoa, agosto de 2008. __________________________ Prof. Carlos Eduardo Coordenador do SESA/CCSA/UFPB Parecer do Professor Orientador: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3 RODOLPHO DE MEIRELES SILVA ESTRUTURA ORGANIZACIONAI LOGISTICA DE UMA GRANDE EMPRESA VAREJISTA NO SETOR ALIMENTICIO EM JOAO PESSOA – PB: UM ESTUDO NO SUPERMERCADO BOMPREÇO CASTRO PINTO LTDA Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: ___/___/_____ Banca Examinadora ___________________________________ Maria Valéria Pereira de Araújo Professora Orientadora DA/CCSA/UFPB __________________________________ Sandra Leandro DA/CCSA/UFPB ___________________________________ Nadja Valéria DA/CCSA/UFPB 4 DEDICATÓRIA “Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possível. A toda minha família; em especial aos meus pais e meu irmão , pelo esforço, dedicação, amor e compreensão em todos os momentos da minha vida. Aos meus amigos, pelo sentido da amizade verdadeira, confiança e alegrias.” 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pois sem Ele, nada seria possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos, destes momentos que nos são tão importantes. Aos meus pais, que tanto se esforçaram e incentivaram para que eu estivesse neste momento, sempre com muita paciência, amor, compreensão. Ao meu único irmão, que sempre me motivou nas caminhadas da vida e que esteve presente nos grandes momentos dela. E por estarmos sempre unidos dando forças um ao outro. Aos meus amigos e minha namorada, por sempre estarem unidos nos melhores e piores momentos. Aos colegas de turma, pelos ótimos momentos vividos em sala de aula e fora dela. Pelas brincadeiras vividas, pelas reuniões de estudos, trabalhos e seminários. À minha Orientadora, Professora Maria Valéria, pelo apoio moral e estímulo que me permitiram levar até ao fim este trabalho, pelos seus esforços, conselhos, reuniões e ajuda com materiais de estudo. Finalmente, e não menos importante, um agradecimento aos professores do curso, ao pessoal do departamento e coordenação. A todos os funcionários da Universidade Federal da Paraíba, ao pessoal do PIANI. E a todos que me proporcionaram, me ajudaram e contribuíram para mais um grande momento na minha vida. Muito Obrigado! 6 EPÍGRAFE “Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que se expresse sua opinião... Difícil é expressar por gestos e atitudes, o que realmente queremos dizer. Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias... Difícil é encontrar e refletir sobre os seus próprios erros. Fácil é fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir... Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer a verdade quando for preciso. Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre a mesma... Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado... Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece. Fácil é viver sem ter que se preocupar com o amanhã... Difícil é questionar e tentar melhorar suas atitudes impulsivas e as vezes impetuosas, a cada dia que passa. Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar... Difícil é mentir para o nosso coração. Fácil é ver o que queremos enxergar... Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Fácil é ditar regras e, Difícil é segui-las...” Reverência ao destino (Carlos Drummond de Andrade) 7 SILVA, Rodolpho de Meireles, Estrutura organizacional logística de uma grande empresa varejista no setor alimentício em João pessoa – PB: um estudo no Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. 66 f. Monografia (Curso de Graduação em Administração), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2008. RESUMO Atualmente, as empresas do ramo supermercadista para se manterem no mercado, que se encontra cada vez mais competitivo, precisam mostrar vantagens competitivas para os consumidores. Para alcançar esse objetivo, essas empresas do ramo alimentício estão melhorando seus serviços, abrindo novas filiais em locais estratégicos, melhorando seu marketing e seu atendimento ao cliente por meio da logística integrada. O presente trabalho teve como premissa mostrar a estrutura organizacional logística do Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. A metodologia da pesquisa se caracterizou como de natureza exploratória e descritiva e, quanto ao meio, como um estudo de caso, abordando uma análise qualitativa do conteúdo. A coleta dos dados foi realizada por meio de um questionário estruturado, observações diretas e entrevistas realizadas com o chefe do setor de mercearia. Os resultados da pesquisa mostraram que a empresa possui uma estrutura organizacional com hierarquias definidas e políticas dentro do setor logístico, como divisão de trabalho e meta. Palavras-chave: Logística. Estrutura organizacional. Varejo. Gestão de cadeia de suprimentos. 8 ABSTRACT Currently, companies of the supermarket industry to remain on the increasingly competitive market must show their competitive advantages to customers. Aiming at this goal, these companies of the food retail industry are improving their services, opening new headquarters in strategic locations, improving their marketing and their customer services through the supply chain management. This project had as a premise to show how is the logistic organizational structure of the Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. The research was developed using an exploratory and descriptive methodology through a case study, relating a qualitative analysis of the subject. Data collection was performed by a structured questionnaire, direct observations and interviews made with the head of the grocery department. The results of the research indicated that the company has defined hierarchies in their organizational structure and policies within their logistics department as labour distribution and specific target. Keywords: Logistic. Organizational structure. Retail. Supply chain management. 9 LISTA DE SIGLAS ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados B2B - Business to Business CPFR - Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment CR - Continuous Replenishment EDI - Eletronic Data Interchange ECR - Efficient Consumer Response GI – Gestão de Inventário IRP - In Plant Representatives PCP - Planejamento e Controle da Produção QR - Quick Response SMC – Suply Chain Management TI - Tecnologia da Informação VAN - Value Added Network VMI - Vendor Managed Inventory 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Estrutura Organizacional da Administração de Materiais.............................................30 Figura 2: Organização de um Sistema de Materiais......................................................................30 Figura 3: Suprimentos na Área de Materiais.................................................................................31 Figura 4: Organização e Estrutura.................................................................................................32 Figura 5: Organograma da Wal Mart Brasil LTDA......................................................................48 Figura 6: Organograma da Unidade Bompreço Castro Pinto LTDA............................................49 Quadro 1: Evolução do conceito da Logística...............................................................................23 Quadro 2: Variáveis da Pesquisa...................................................................................................46 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................13 1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema de Pesquisa.........................................13 1.2 Justificativa ............................................................................................................................14 1.3 Objetivos.................................................................................................................................15 1.3.1 Objetivo Geral.......................................................................................................................16 1.3.2 Objetivos Específicos............................................................................................................16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................................17 2.1 Contextualizando a Administração de Materiais................................................................17 2.2 Evolução da Logística............................................................................................................18 2.3 Estrutura Organizacional e Processos.................................................................................24 2.4 Modelos de Estruturas Organizacionais..............................................................................26 2.5 Estrutura Organizacional da Administração de Materiais...............................................28 2.6 A cadeia de Suprimentos e seu Conceito.............................................................................33 2.6.1 A gestão da Cadeia de Suprimentos – Supply Chain Managemet (SCM)...........................33 2.7 Práticas na Gestão da Cadeia de Suprimentos...................................................................34 2.7.1 Planejamento e Gestão Colaborativa ...................................................................................34 2.7.2 Electronic Data Interchange (EDI)......................................................................................35 2.7.3 Quick Response (QR)...........................................................................................................35 2.7.4 Efficient Consumer Response (ECR)…................................................................................36 2.7.5 Vendor Managed Inventory (VMI).......................................................................................37 2.7.6 Continuous Replenishment (CR)...........................................................................................37 2.7.7 Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment (CPFR)……..............…….….38 2.7.8 Outsourcing..........................................................................................................................38 2.7.9 In Plant Representatives.......................................................................................................39 2.8 Influencia da Tecnologia da Informação no SCM..............................................................39 2.9 Contexto do Varejo no Brasil...............................................................................................40 12 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................................................44 3.1 Natureza da Pesquisa.............................................................................................................44 3.2 Procedimentos de Coleta de Dados......................................................................................45 3.3 Sujeitos da Pesquisa...............................................................................................................45 3.4 Tratamento de Dados............................................................................................................45 3.5 Variáveis da Pesquisa............................................................................................................46 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...................................................................47 4.1 Identificação da Estrutura Organizacional Logística........................................................47 4.2 Divisão de Trabalho e Hierarquia de Funcionamento da Área de Materiais..................51 4.3 Desempenho e Acompanhamento dos Resultados da Área de Materiais.........................53 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...............................................................................56 5.1 Parte I – Conclusões...............................................................................................................56 5.2 Parte II – Recomendações.....................................................................................................57 5.3 Parte III – Limitações e Estudos Futuros............................................................................57 REFERÊNCIAS...........................................................................................................................59 APÊNDICE...................................................................................................................................65 13 1 INTRODUÇÃO As empresas supermercadistas para possuírem vantagens competitivas no mercado têm de possuir suas estruturas organizacionais bem elaboradas e de acordo com seu estilo, além de ter como peça fundamental o trabalho com a logística. A integração dos setores deve ser feita da maneira mais precisa possível para que aumente a sua eficiência e eficácia. Portanto, o presente trabalho abordará temáticas sobre a administração de materiais e estrutura organizacional no setor de logística do Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. 1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema de Pesquisa A crescente competitividade tem levado cada empresa a procurar formas de se manterem no mercado ou de obter vantagens competitivas. Isso gerou diversas correntes de ação, porém a maioria destas observa apenas a empresa, dentro de seus limites. Neste sentido, os relacionamentos entre empresas estão sendo estudados, como forma de obter vantagens competitivas (KUO e SMITS, 2003). Estes relacionamentos extrapolam operações logísticas como a compra de suprimentos de um fornecedor ou o embarque de produtos para uma empresa cliente. Uma entidade composta por fornecedores, transportadores, empresas de manufatura, centros de distribuição, revendedores e consumidores finais é descrita com o termo cadeia de suprimentos (LUMMUS e VOKURKA, 1999). Para suporte a este trânsito de informações, diversos sistemas de informação são utilizados. Através da utilização destes sistemas de informação, as empresas conseguem integrar funções e processos similares espalhados por diferentes áreas, assim como eliminar atividades desnecessárias, aumentando assim sua capacidade de gerenciar as necessidades dos clientes e atender os padrões de qualidade dos produtos (KIM e NARASIMHAN, 2002). 14 Nota-se que grande parte destes sistemas de informação não está integrada com outros, assim as decisões tomadas com base nestes sistemas ficam limitadas. Para o gerenciamento da cadeia de suprimentos, que envolve diversas funções de diversas empresas, é necessário que as decisões sejam tomadas com base no maior número de informações possíveis. Fatores como aumento da concorrência, globalização de mercados e desenvolvimento da tecnologia da informação, tornaram o estudo da logística atividade fundamental como forma de reduzir os custos logísticos e disponibilizar o produto ao cliente, onde quer que ele esteja. Diante desse contexto, a finalidade deste projeto é responder à seguinte situação problemática: Como é formatada a estrutura organizacional logística no Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA? 1.2 Justificativa Para que se tenha um gerenciamento logístico eficaz, é necessário planejar a operação do sistema logístico, definindo a estrutura interna na empresa, controlando o fluxo de bens e serviços e planejando as atividades logísticas. Dessa forma uma especial atenção deve ser dada à estrutura organizacional da empresa, adequando-a as necessidades que o gerenciamento logístico exige. Outro fator importante é o controle das operações logísticas, para que seu desempenho seja acompanhado, avaliado, e posteriormente melhorado. A logística trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes (BALLOU, 1993). 15 Dessa forma seu objetivo é unir o mercado, a rede de distribuição, o processo de fabricação e a atividade de aquisição, de tal forma que seus clientes sejam servidos por níveis de serviços cada vez mais elevados. O Gerenciamento Logístico exige que todas as atividades que ligam o mercado fornecedor ao mercado consumidor sejam vistas como um sistema interligado, pois o impacto de uma decisão tomada em qualquer parte do sistema afetará o sistema financeiro (CHRISTOPHER, 1997). Dessa forma, os elos da cadeia trabalham de forma integrada, com a logística gerenciando as relações com os fornecedores através das atividades de Suprimentos, e na outra ponta da cadeia, gerenciando as relações com os clientes, através da Distribuição Física. O presente estudo foi realizado no Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA, pois, o corrente trabalho identificará e avaliará qual forma de estrutura organizacional logística essa empresa utiliza, visto que não se têm noticia de estudos teóricos e práticos com enfoque nessa empresa. 1.3 Objetivos Esta etapa mostrará como se formulou o objetivo geral e os específicos para a realização do projeto de pesquisa. 16 1.3.1 Objetivo Geral • Identificar e avaliar os impactos da estrutura logística do Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. 1.3.2 Objetivos específicos • Identificar e avaliar o tipo de estrutura organizacional logística adotada pela empresa; • Estudar a forma e a estrutura de funcionamento da área de materiais; • Investigar as políticas de desempenho e acompanhamento dos resultados da área de materiais. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esta abordagem limita-se à apresentação dos principais conceitos teóricos necessários ao desenvolvimento deste trabalho. Inicia-se com a contextualização da administração de materiais, posteriormente para a evolução da logística e assim por diante com outras etapas que serão fundamentais para a elaboração do projeto. O capítulo se encerra mostrando o contexto do varejo no Brasil. 2.1 Contextualizando a Administração de Materiais A Administração de Materiais tecnicamente bem aparelhada é, sem dúvida, uma das condições fundamentais para o equilíbrio econômico e financeiro de uma empresa. (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002). Para Filho (1982, pág. 21), “administração de material é o conjunto de atividades exercidas por titulares e auxiliares de órgãos que se articula para o suprimento de materiais destinados à produção, abastecimento, serviços ou execução de obras”. O conceito de departamento responsável pelo fluxo de materiais a partir do fornecedor, passando pela produção até o consumidor, é relativamente novo. Tem-se presenciado que muitas empresas adotam esse tipo de estrutura, mas ainda existem diversas que ainda não o fizeram. O nome geralmente dado a essa função é administração de materiais, ela geralmente é uma função coordenadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais, (ARNOLD, 2006). Dentro de uma conceituação atualizada, administração de material é uma atividade que abrange a execução e gestão de todas as tarefas de suprimento, transporte e manutenção do material de uma organização. “Uma Administração de Materiais deficiente utiliza mal os recursos financeiros escassos, muitas vezes sem resultados na área produtiva ou, como é mais grave, no nível de atendimento ao público”. (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002,p.2) 18 Arnold (1999) explica que para uma empresa conseguir sucesso na administração de materiais, deve projetar sistemas eficazes e eficientes na produção, ou seja, produzindo mais e gastando menos, mas sem deixar de alcançar os objetivos da empresa, logo em seguida deve administrar da melhor forma a força do trabalho e o capital dos materiais isto através do planejamento. Desta forma, deve-se tratar adequadamente do abastecimento, do planejamento e do reaproveitamento dos materiais para a melhoria do resultado de qualquer empresa. Sobre recursos, Arnold (2006, pág.20) diz que, Para se obter o máximo valor dos recursos, tem-se que projetar processos produtivos que tornem os produtos eficientes ao máximo. Depois que o processo estiver elaborado, é importante administrar sua operação para produzir bens de maneira mais econômica. Arnold (1999) ainda mostra que na área interna das empresas, existem três setores em conflito entre os objetivos da empresa, que são: Marketing, Finanças, Produção, o papel desenvolvido pela Administração de Materiais tem exatamente esta função de conseguir balancear todos os interesses da empresa de forma que o produto seja entregue ao cliente da melhor forma e com o menor custo e que todos os departamentos estejam em harmonia. Com base nos pontos citados acima se compreende que a forma mais eficaz e eficiente para conseguir uma maior produção, com um gasto mínimo é exatamente manter a empresa em balanço, ou seja, todos os departamentos estejam em equilíbrio cada um desenvolvendo suas funções com o máximo esforço e produtividade, da melhor forma imaginável para economizar sem baixar à produção. Reduzir custos com a globalização é atitude crucial para que as empresas consigam manter-se no mercado. Portanto, após o conceito de materiais, o próximo tópico será abordado a evolução da logística, que está ligada aos processos da administração de materiais. 2.2 Evolução da Logística A Logística é a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa. Entre as atividades da 19 logística está o transporte, movimentação de materiais, armazenamento, processamento de pedidos e gerenciamento de informações. Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o intuito de atender às exigências dos clientes. (CARVALHO, 2004). Atualmente, a logística empresarial, é uma área atraente que tem se propagado e vem ganhando o seu espaço como uma das mais importantes ferramentas para a alta administração, não sendo este o cenário há 20 anos (CHING, 1999). Segundo Ching (1999, p. 20), O tratamento das atividades logísticas nas empresas pode ser classificado em várias fases, de acordo com o grau de inter-relação existente entre os diversos agentes da cadeia. Esse relacionamento inicia-se na fase em que a empresa trata os problemas logísticos somente em sua ótica interna, passa em seguida pelos primeiros passos rumo à integração empresa-cliente, progride posteriormente em direção ao tratamento integrado empresas-fornecedores e atinge a fase da logística integrada. Essa classificação das fases será explicada abaixo. “Até cerca de 1950, a logística permanecia oculta, não havia uma filosofia dominante para conduzi-la. Nessa época, a empresa dividia as atividades-chave da logística sob responsabilidade de diferentes áreas” (CHING, 1999, p. 20). Ballou (1993, p. 28) afirma que nesta época “o transporte era encontrado freqüentemente sob o comando gerencial da produção; os estoques eram responsabilidade do marketing, finanças ou produção; e o processamento de pedidos era controlado por finanças ou vendas”. Em conseqüência ocorria conflito de objetivos e de responsabilidade para as atividades logísticas. A logística teve como pioneiros os estudiosos de marketing e empresários Arch Shaw (1912) e Fred Clark (1922), eles identificaram a natureza da distribuição física e como ela diferia da criação da demanda no marketing. Muitos conceitos de logística utilizados atualmente procedem da atividade logística militar utilizada na Segunda Guerra Mundial. Porém, o exemplo militar influenciou as atividades logísticas das empresas comerciais apenas alguns anos depois. Em meados de 1945, algumas empresas já haviam depositado o transporte e armazenagem de produtos acabados sob responsabilidade de um único gerente. As indústrias alimentícias foram pioneiras neste aspecto (BALLOU, 1993). 20 Pode-se observar que as atividades logísticas sempre foram administradas pelas empresas, entretanto, Ching (1999) ressalta que, a grande parte dos aperfeiçoamentos gerenciais das atividades logísticas se mostrou com o passar do reagrupamento das atividades tradicionais dentro da empresa. A resposta para pouca exploração dos benefícios do reagrupamento é que nem o ambiente econômico nem a teoria estavam preparados para criar mudanças de paradigmas. A área de administração de marketing estava no inicio, assim como a administração mudava seu foco da produção para uma inclinação ao consumidor. Além disso, após a Segunda Guerra Mundial, com a economia dos EUA em processo de rápido crescimento, o clima era produzir e vender. Isto gerava altos lucros, fazendo com que certa ineficiência na distribuição de produtos fosse tolerada. Ainda, segundo Bowersox e Closs (2001, p. 26), “nesta época, as empresas executavam normalmente, a atividade logística de maneira puramente funcional. Não existia nenhum conceito ou uma teoria formal de logística integrada”. Uma boa parte desta ausência de coordenação foi devida ao pouco nível de conhecimento das melhorias e benefícios da integração das atividades logísticas. Alguns exemplos disso foi que Arch Shaw (apud Cristopher, 1997), mostrou que as relações entre as atividades de criação de demanda e o suprimento físico... “ilustram a existência dos princípios de interdependência e equilíbrio. Uma falta de coordenação de qualquer um destes princípios ou ênfase ou dispêndio indevido com qualquer um deles vai certamente desvirtuar o equilíbrio de forças que representa uma distribuição eficiente”... “A distribuição física das mercadorias é um problema distinto da criação de demanda... não são poucas as falhas nas operações de distribuição devido à falta de coordenação entre a criação da demanda e o fornecimento físico”... “Ao invés de ser um problema subseqüente, esta questão do fornecimento deve ser enfrentada e respondida antes de começar o trabalho de distribuição”. Conforme os referenciais teóricos, vê-se que a logística mostrava-se apenas como um papel funcional até 1950, e de acordo com os autores acima citados percebe-se que naquela época existia além da falta de compreensão, certa imaturidade para mudanças de atitudes e paradigmas. Entre os anos 50 e 70, deu-se à expansão da teoria e prática da logística. No entanto, os professores de marketing e administração não demonstravam total contentamento com o que 21 havia sido criado. Eles queriam mostrar que as empresas estavam muito mais interessadas na compra e venda do que na distribuição física, e que com certa freqüência, era subestimada e colocada de lado como algo pouco relevante. Drucker (apud Ballou 1993, p. 29) “chamava as atividades de distribuição que ocorriam após a produção dos bens de as áreas de negócios infelizmente mais desprezadas e mais promissoras na América”. São ditas por Ballou (1993, p. 30), Algumas condições econômicas e tecnológicas que encorajaram o desenvolvimento da logística empresarial. Elas foram identificadas como: (1) alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores, (2) pressão por custos nas indústrias, (3) avanços na tecnologia dos computadores e (4) influências do trato com a logística militar. Com relação à primeira mudança, mostram-se alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores: durante os anos de formação da logística empresarial existiram mudanças populacionais com substancial impacto nos custos logísticos. Ocorrendo migração das áreas rurais direcionadas aos centros urbanos já estabelecidos. Os varejistas acompanharam a população para os subúrbios, tendo que adicionar mais pontos de venda, o que fazia com que tivessem que manter maiores estoques totais requeridos pelas filiais adicionais incrementando o custo da distribuição (BALLOU, 1993). A segunda grande mudança relaciona-se a pressão por custos nas indústrias: após a Segunda Guerra houve crescimento econômico substancial, seguido de recessão e um período de prolongada pressão nos lucros. Isso forçou os administradores a buscarem maneiras de melhorar a produtividade (BALLOU, 1993). Outra alteração no contexto empresarial foi o avanço na tecnologia dos computadores: os problemas logísticos tendem a tornar-se mais complicados com o passar dos anos. Esta complexidade poderia ser tratada efetivamente por novas tecnologias [...], como o computador que acabava de realizar sua estréia no mundo dos negócios. O interesse gerencial por estas técnicas cientificas foi despertado porque elas poderiam auxiliar na identificação de economias 22 significativas em áreas-problema da logística, que antes só podiam ser encontradas usando-se métodos intuitivos (BALLOU, 1993). A experiência militar: Mais de uma década antes de o mundo dos negócios interessar-se pelo assunto, os militares haviam executado aquela que foi chamada a mais sofisticada e mais bem planejada operação logística da história – a invasão da Europa (BALLOU, 1993). A logística empresarial entrou na década de 70 em estado de maturação. Após o estabelecimento dos princípios básicos, algumas empresas estavam começando a colher os benefícios do seu uso. Embora, sua aceitação ainda estivesse encaminhando, já que as empresas ainda se preocupavam mais com seus lucros ao invés da redução e controle dos custos (BALLOU, 1993). Ching (1999) recorda que existiu alguns marcos que foram fundamentais e vieram influenciar cada vez mais a logística, como a competição mundial, a escassez de matériasprimas, o constante aumento de preços do petróleo, a elevação da inflação mundial. Houve mudança de filosofia que passou de estímulo da demanda para melhor gestão dos suprimentos. Ballou (1993) mostra que controle de custos, produtividade e controle de qualidade passaram a ser áreas de muita importância pois à medida que as empresas tentavam enfrentar o fluxo de mercadorias importadas. As funções logísticas foram mais afetadas do que outros setores das empresas. Os preços do petróleo afetaram diretamente os custos de transporte, ao mesmo tempo em que inflação e forças competitivas impulsionaram os custos de capital para cima e, portanto, os custos de manutenção de estoques. O elevado estado de interesse acabou induzindo à logística integrada. Atualmente a logística é entendida como a integração tanto da administração de materiais como da distribuição física (BALLOU, 1993). Após os anos 90, Ching (1999) diz que a logística é formulada pelo compartilhamento da administração de materiais com a distribuição física. Isto mostra que no futuro a produção e a logística se aproximarão não apenas em conceito, mas em prática”. Deixando claro que ele concorda e somente confirma o que disse seu antecessor (BALLOU, 1993). 23 No início de 1991, o campo militar demonstrou a importância da logística nas suas atividades. Prevendo a Guerra do Golfo, os Estados Unidos e seus aliados tiveram que deslocar grandes quantidades de materiais a grandes distâncias, em questão de meses. Meio milhão de pessoas e mais de meio milhão de materiais e suprimentos precisaram ser transportados através de 12.000 quilômetros por via aérea, e 2,3 milhões de toneladas de equipamentos transportados por mar (CHRISTOPHER, 2002). O Quadro 1, mostra um resumo da evolução dos conceitos sobre logística. Quadro 1 - Evolução do conceito da Logística. Fonte: adaptado de Wood (1998). É importante esclarecer alguns conceitos abordados no Quadro 1. Para facilitar o entendimento da evolução do conceito da logística. O primeiro é administração de materiais que diz respeito ao fluxo de materiais, desde o recebimento da matéria-prima, passando pelas etapas de fabricação e processamento, até o estoque de produtos acabados. A distribuição que se refere à combinação de atividades e instituições ligadas à propaganda, venda e transferência física de produtos ou serviços. Ou seja, diz respeito, a assuntos mais amplos do que apenas a logística. A logística integrada compreendida como a administração do fluxo total de materiais e produtos, da fonte ao usuário. A integração inclui o fluxo de materiais, desde a aquisição de matéria-prima até a entrega dos produtos acabados aos usuários finais. Supply Chain Management é a integração dos processos do negócio desde o usuário final até os fornecedores originais que proporcionam 24 os produtos, serviços e informações que agregam valor para o cliente e, por fim, o Efficient Consumer Response (ECR) ou resposta eficiente ao consumidor trata–se de um conjunto de metodologias, cuja aplicação visa quebrar as barreiras entre parceiros comerciais. Estas barreiras costumam resultar em ineficiências, com impacto em custos e tempo de resposta ao consumidor. (MAXWELL, 2005). Muitas organizações ainda não acordaram para a importância de controlar e reduzir estoques, poucas implementaram o conceito de logística integrada (segunda fase) e raras são aquelas iniciaram implantações do tipo supply chain management (terceira fase) ou efficient consumer responser (quarta fase). (WOOD, 1998). 2.3 Estrutura Organizacional e Processos Algumas definições de estrutura organizacional bem como uma descrição dos principais aspectos que a compõem, sob diferenciadas perspectivas, são apresentadas neste tópico. Hall (1984) entende por estrutura organizacional a distribuição das pessoas entre posições sociais que influenciam os relacionamentos de papéis desempenhados pelas mesmas. Esta distribuição possui duas implicações: a divisão de trabalho (distribuição das tarefas entre as pessoas) e a hierarquia (distribuição das pessoas em posições). Para o autor, a estrutura organizacional atende três funções básicas: produzir produtos organizacionais e atingir as suas metas, minimizar as variações individuais sobre a organização e estabelecer o contexto no qual o poder é exercido (onde as decisões são tomadas e as atividades da organização são executadas). Sobre esta última função, Hall (1984) destaca que o fluxo de informação que entra em uma decisão é basicamente determinado pela estrutura. Vasconcelos (1989) entende estrutura como o resultado de um processo em no qual a autoridade é distribuída, as atividades são especificadas (desde os níveis mais baixos até a alta administração) e um sistema de comunicação é delineado, permitindo que as pessoas realizem as atividades e exerçam a autoridade que lhes compete para o alcance dos objetivos da organização. 25 Stoner (1985) define estrutura como a disposição e a inter-relação entre as partes componentes e cargos de uma empresa. Para o autor, a estrutura: especifica a divisão das atividades mostrando como estão interligadas, apresenta o nível de especialidade do trabalho e a disposição da hierarquia e da autoridade mostrando as relações de subordinação. Bowdicht (1992) define estrutura genericamente como os padrões de trabalho e disposições hierárquicas que servem para controlar ou distinguir as partes que compõem uma organização. Para o autor, a estrutura é concebida em termos da divisão e especialização do trabalho (diferenciação) e da maneira como é ordenada e controlada (integração). Mintzberg (1983), por sua vez define estrutura como a soma total de meios pelos quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e como é realizada a coordenação entre elas. As definições não são uniformes, mas pode-se destacar que em todas dois fatores são preponderantes: a divisão de trabalho e a hierarquização com sua respectiva distribuição de autoridade, presente explicitamente nos conceitos de todos os autores citados, exceto (MINTZBERG, 1983) que de forma implícita, considera a hierarquia como parte integrante da forma como as organizações coordenam a divisão de trabalho. Desta forma, pode-se definir estrutura organizacional como um instrumento gerencial utilizado para atingir os objetivos organizacionais, a estrutura é resultado do processo de divisão do trabalho e da definição de meios para coordenar este trabalho. Estes meios de coordenação da divisão do trabalho são definidos como elementos, características ou dimensões da estrutura organizacional por diversos autores e serão aprofundados a seguir. 26 2.4 Modelos de Estruturas Organizacionais A estrutura organizacional determina a distribuição das atividades e responsabilidades pela organização. Dependendo dos valores assumidos por um conjunto de características organizacionais, é possível identificar um tipo específico de estrutura: funcional, divisional, híbrida, matricial ou orientada para processos. (ARAUJO, 1994). Normalmente toda organização apresenta ou deveria apresentar alguma forma de estruturação interna, a qual estabelece as regras básicas para a realização de seus objetivos. Claro que as empresas não adotam um único tipo de estrutura organizacional; na realidade, fazem um mix também dos diversos modelos pelos diversos setores organizacionais (COLENGHI, 2007). Para Cury (2000), as empresas, em seus estágios iniciais, adotam estruturas simples, que atendam a seus objetivos, basicamente traduzindo preocupações com a organização da produção, visando maximizar a produtividade e a obtenção de lucros. Esses tipos de estruturas são comumente encontrados e caracterizados de modo consensual pela maioria dos autores. Embora se possa atribuir indicações, baseadas nos pontos fortes e fracos, da aplicabilidade de cada estrutura a contextos específicos. (DAFT, 1999). Cury (2000) aborda os tipos de estruturas organizacionais abaixo, sendo o primeiro modelo conhecido por estruturas tradicionais: • Linear (escalar, hierárquica, vertical ou militar) - representada graficamente por uma pirâmide, demonstra claramente a unidade de comando e o principio de escalonamento hierárquico. É um tipo de estrutura baseado na organização dos antigos exércitos. • Funcional - esse tipo de estrutura é fundamentado na técnica da supervisão funcional, tendo sido planejada para implantar as idéias de Taylor e tem larga aplicação na base da organização. 27 • Staff-and-line - segue as características básicas da estrutura linear, distinguindo-se desta pela existência de órgãos de staff junto aos gerentes de linha. Esses órgãos tem função de assessoramento e de aconselhamento ao executivo ao qual estão ligados. • Comissional ou colegiada - nesta estrutura, não existe um grande chefe tomando as decisões políticas e estratégicas da empresa, mas uma pluralidade de membros, de diferentes profissões, dividindo as responsabilidades, competindo a esse grupo o poder decisório maior. Depois da estrutura clássica, o autor apresenta as estruturas modernas: • Com base na função - a principal característica desse tipo de agrupamento é a natureza das atividades do trabalho, é aquela em que as atividades análogas, são agrupadas num órgão especifico, constituindo a grande unidade setorial da instituição. • Estrutura divisional - é aquela em que atividades díspares, mas vinculadas a um objetivo final especifico, são grupadas em uma mesma unidade organizacional, geralmente denominada “divisão de produção de...”. Por fim, Cury (2000) mostra as estruturas contemporâneas: • Estrutura com base em projeto: esse tipo de estrutura advém da idéia do desenvolvimento de um projeto. Entende-se como um grupo de atividades que têm, cada uma e em seu conjunto, uma duração estimável e finita, visando oferecer determinado produto. • Estrutura matricial: a estrutura matricial traduz uma excelente alternativa, para as organizações que desenvolvem projetos, mas pode ser utilizada pelas organizações que internalizaram a solução divisionária de produtos. Quando se adota essa estrutura, ela proporciona a empresa condições de flexibilidade e de funcionalidade adequadas para atender às mudanças ambientais e à sua própria dinâmica, possibilitando a adoção de uma sistemática adaptável de utilização de recursos e de processos de trabalho, para a consecução dos objetivos preestabelecidos. Colenghi (1997), além das estruturas citadas por Cury (2000), aborda mais um modelo de que seriam as estruturas pós-modernas, que são divididas em dois tipos: 28 • Processual - é um tipo de estrutura que modifica completamente o enfoque estrutural, o qual deixa de ser caracterizado pelas funções e de igual maneira passa a ser caracterizado pelos processos. Em vez de criar departamentos, divisões, seções etc. criam-se células de produtividade, unidades de negócio, grupos de produtos, times de qualidade, equipes multidisciplinares, força-tarefa etc. • Integrada - o desenho da estrutura integrada leva em conta os princípios da flexibilização e de igual maneira da interoperabilidade (capacidade de trocar e de igual maneira utilizar informações de maneira uniforme e de igual maneira eficiente, entre várias pessoas e de igual maneira sistemas de informação), dispensando a rigidez do modelo hierárquico tradicional, vindo assim a propiciar a dinamização das relações, a integração corporativa, bem como a especialização técnica; ademais, favorecendo ganhos de competência e de igual maneira o incentivo ao trabalho por equipes multiprofissionais. Segundo Colenghi (1997), Os instrumentos que irão ajudar na operacionalização deste modelo de estrutura organizacional deverão estar apoiados na utilização também dos diversos recursos das comunicações eletrônicas e de igual maneira das Tecnologias da Informação - TI, notadamente nos sistemas integrados de gestão empresarial e de igual maneira igualmente nas ferramentas de apoio à decisão, os quais procuram aperfeiçoar e de igual maneira integrar os processos internos e de igual maneira externos da organização de forma a disponibilizar o sustentáculo indispensável, também em nível de informações, para uma acertada tomada de decisão. 2.5 Estrutura Organizacional da Administração de Materiais A estrutura da área de materiais pode assumir várias formas, desde completamente descentralizada, em que cada unidade cuida da renovação de seus estoques, compra e demais funções de seu próprio material, até completamente centralizada, em que todas as aquisições, em todos os níveis da organização, são realizadas por um único departamento de materiais. Entre as duas formas extremas existem configurações intermediárias. 29 Há na literatura especializada vasta argumentação a favor da adoção de um ou outro modelo. Uma avaliação adequada, levando em consideração o tamanho da organização e a aplicação de modelos matriciais ou não em seus diferentes níveis, pode auxiliar a escolher a melhor forma de estruturar o sistema de materiais. Segundo Chiavenato (1991, p. 38) “a estrutura organizacional representa a maneira pela qual os órgãos e cargos estão dispostos e arranjados para o seu funcionamento em direção aos objetivos propostos pela empresa”. De acordo com Filho (1982), a estrutura dos Órgãos de Suprimento da Administração de Material de uma empresa deve variar em razão do seu fim, tipo, ramo de atividades e características operacionais próprias. Conforme os autores citados, para se ter uma estrutura organizacional correta, deve-se ter os órgãos e cargos bem estruturados para chegar a um determinado objetivo, e modificando-se adequadamente para determinado tipo de caso que a empresa for trabalhar. Filho (1982) diz que em grandes empresas a Administração pode recorrer a modelos sofisticados de estruturas, apelando para a criação de órgãos técnico-juridicos especializados. Esporadicamente, a administração de material poderá assumir tamanha complexidade, que acarretará necessitando de serviços auxiliares e de transporte, para atingir seus objetivos. A estrutura organizacional da administração de materiais tem características diferentes quando se trata de empresas primarias, secundarias e terciárias. Nos dois primeiro tipos de empresa – que se caracterizam por uma estrutura industrial – a Administração de materiais geralmente está subordinada à Administração da Produção. Nas empresas terciárias ou de serviços, a Administração de materiais geralmente esta subordinada às operações da empresa. (CHIAVENATO, 1991). 30 Administração da Produção ou das Operações Administração de Materiais Programação de Materiais Compras Almoxarifado de Matéria Prima Transporte Interno ou Suprimento Depósito de Produtos Acabados Figura 1. estrutura organizacional da Administração de Materiais. Fonte: adaptado de CHIAVENATO (1991) Já para Dias (1995), uma tradicional organização de um sistema de materiais pode ser dividida nas seguintes áreas de concentração. Materiais Compras PCP Estoques Almoxarifado Importaçã o Distribuiçã o Figura 2. Organização de um sistema de materiais. Fonte: Adaptado de Dias (1995) Com uma melhor adequação e importação do planejamento e controle da produção (PCP) nas empresas, a estrutura se tornou mais compacta, dando-se mais realce ao PCP. Algumas empresas passaram também a adotar o termo “suprimentos” para sua área de materiais. 31 SUPRIMENTOS PCP COMPRAS DISTRIBUIÇÃO ESTOQUES IMPORTAÇÃO ALMOXARIFADO Figura 3. Suprimentos na área de materiais. Fonte: Adaptado de Dias (1995) A relação de subordinação da área de materiais passou também por fases de mudanças. Encontram-se atualmente empresas em que o gerente de materiais é subordinado ao diretor industrial. Dependendo do porte da empresa, encontra-se incluso a área de materiais em nível de diretoria, como diretor de suprimentos ou diretor de materiais. 32 DIRETOR EXECUTIVO DIRETOR ADM/FINAN DIRETOR INDUSTRIA L DIRETOR COMERCIA L GERENTE DE MATERIAIS DIRETOR EXECUTIVO DIRETOR ADM/FINAN DIRETOR DE PRODUÇÃO DIRETOR COMERCIAL DIRETOR MATERIAIS Figura 4. Organização e estrutura. Fonte: Adaptado de Dias (1995). Segundo Filho (1982) não obstante as dificuldades, o melhor modelo de estrutura dos órgãos é o que se rege pelas principais atividades de suprimento, com as adaptações aos casos concretos. Chiavenato (1991) complementa explicando que, é obvio que cada empresa escolhe o tipo de estrutura organizacional mais adequada às suas necessidades e características operacionais. Se a empresa é primária, os materiais quase sempre são adquiridos para possibilitar as operações de extrações. Se a empresa é secundária, os materiais entram necessariamente na composição do produto, e servem também para possibilitar as operações de produção ou de transformação. E se for terciária, os materiais podem entrar na composição do serviço prestado, e também podem servir para possibilitar as operações de prestação de serviços. Assim, cada empresa tem o seu próprio modelo de estrutura organizacional de Administração de Materiais específica para seus tipos de necessidades e desejos. 33 2.6 A cadeia de Suprimentos e seu Conceito A cadeia de suprimentos é definida como sendo o conjunto de atividades desde a aquisição de matéria prima até a distribuição do produto para o consumidor final, passando pela manufatura e montagem, armazenagem, controle de estoques, controle de entrada e saída de materiais, distribuição entre os elos da cadeia, entrega ao consumidor e também o sistema de informações envolvido (LUMMUS e VOKURKA, 1999). Furlaneto (2002) explica que a cadeia de suprimentos é um sistema envolvendo os fornecedores de matéria prima, os processadores, os serviços de distribuição e comercialização e os clientes, todos estes ligados através da aquisição de produtos e fluxo de recursos e informações. Sua formação deve ser uma decisão estratégica, por ser composta de uma rede de empresas. 2.6.1 A gestão da Cadeia de Suprimentos – Supply Chain Managemet (SCM) Segundo Lummus e Vokurka (1999), o gerenciamento da cadeia de suprimentos ou Supply Chain Management (SCM) é responsável por integrar e coordenar as atividades da cadeia de suprimentos. Procura também conciliar as principais áreas da cadeia, com intuito de promover a produção e distribuição de mercadorias na quantidade, local e momento certos (SIMCHI-LEVI et al., 2003). Pires (1998) define SCM como uma visão expandida, atualizada e holística da administração de materiais tradicional, abrangendo a gestão da cadeia produtiva de maneira estratégica e integrada. O autor apresenta como principal objetivo neste novo modelo de gerenciamento o aumento da sinergia entre os elos da cadeia, buscando maior nível de satisfação do cliente, redução de custos e acréscimo no valor agregado. A customização de bens e serviços, o uso de soluções integradas e o desenvolvimento de competências diferenciadas são em geral os 34 principais responsáveis pelo acréscimo de valor agregado a um dado produto ou serviço (PARRA, 2000). Lummus e Vokurka (1999) apresentam alguns pontos que devem ser considerados na gestão da cadeia de suprimentos, como associação das estratégias da cadeia de suprimentos com as da empresa como um todo, para alcançar os objetivos da corporação; identificação das metas estabelecidas na cadeia e o desenvolvimento de medidas de desempenho para atendê-las; desenvolvimento de sistemas para a obtenção de previsões de demanda mais alinhadas às variações de mercado; melhor gestão do relacionamento com fornecedores buscando redução de custo e cumprimento dos prazos de entrega acertados; desenvolvimento de redes logísticas customizadas para atender cada segmento de consumidores; desenvolvimento de uma rede de informações capaz de oferecer visão clara de todo o fluxo de produtos e permitir apoio à decisão e adoção de medidas de desempenho interfuncionais e interempresariais para que haja associação entre todos os aspectos da cadeia de suprimentos. 2.7 Práticas na Gestão da Cadeia de Suprimentos Algumas práticas e conceitos do SCM, que apresentam elevado grau de utilização atualmente, são apresentados na próxima seção devido a sua relevância para uma efetiva gestão da cadeia de suprimentos. 2.7.1 Planejamento e Gestão Colaborativa A colaboração dentro da cadeia de suprimentos ocorre quando duas ou mais empresas dividem a responsabilidade de trocar informações sobre o planejamento, gestão, execução e medição de desempenho (PIRES, 2004). 35 Para Wanke (2004), diversos clientes e fornecedores buscam redesenhar seu fluxo de produtos, e conseqüentemente as operações de produção e de distribuição, através de um maior compartilhamento de informações de demanda. Nesta seção são apresentadas as principais práticas e iniciativas utilizadas na gestão colaborativa da cadeia de suprimentos. 2.7.2 Electronic Data Interchange (EDI) O Eletronic Data Interchange (EDI) – Intercâmbio Eletrônico de Dados – surgiu com intuito de executar a troca de informações de forma estruturada entre as empresas parceiras em determinados negócios, possibilitando que o acesso aos dados fosse feito em tempo real (PIRES, 2004). Segundo Mazzeo (2001), o EDI é adotado pelas empresas para auxiliar a integração de sua cadeia de suprimentos, seus distribuidores, suas relações com governos e com os bancos comerciais, estando dentro da relação chamada business-to-business (B2B). A estrutura tecnológica para a troca de mensagens exige a padronização dos formatos e o uso de protocolos de comunicação de dados. Para apoio a essa estrutura, empresas prestadoras de serviços de comunicação (VAN – Value Added Network) oferecem a base tecnológica necessária. 2.7.3 Quick Response (QR) Segundo Wanke (2004), no Quick Response (QR) – Resposta Rápida – os fornecedores recebem os dados coletados nos pontos de venda no cliente e utilizam essa informação para sincronizar suas operações de produção e seus estoques com as vendas reais. O cliente continua 36 colocando seus pedidos de forma individual, mas os dados do ponto de venda são utilizados pelo fornecedor para aprimorar sua previsão e programação. O QR surgiu no setor têxtil e de confecções nos EUA, apresentando grandes impactos nas operações de distribuição. Os produtos não são mais armazenados em centros de distribuição, mas sim movimentados através de instalações de cross-docking, visando à redução no tempo de resposta do fluxo de produtos e, conseqüentemente, reduzindo os níveis de estoque (WANKE, 2004). 2.7.4 Efficient Consumer Response (ECR) O ECR – Efficient Consumer Response – Resposta Eficiente ao Consumidor – busca a melhoria da qualidade, simplificação de rotinas e procedimentos, padronização e racionalização dos processos de distribuição. Sua viabilidade está fundamentada na parceria entre os elos que compõem a cadeia de distribuição dos produtos: fabricante; distribuidor; atacadista e varejista, todos voltados para o consumidor final (CAMPOS, 2000). Esta prática visa o melhor atendimento da real demanda dos clientes através de um sistema de reposição automática dos estoques consumidos nos pontos de venda. (PIRES, 2004). Para Robles (2001), o objetivo principal do ECR é reduzir os custos de distribuição, minimizando estoques, tempo de ressuprimento, processamento de pedidos, custo de transporte e manuseio. Pode ainda propiciar o planejamento e gerenciamento conjuntos entre fornecedores e distribuidores finais, através de parcerias, fundamentadas em contratos de médio e longo prazo. Em um cenário onde as informações são mais confiáveis, os fabricantes e fornecedores podem planejar a reposição para os varejistas em um tempo cada vez menor. Desta forma, o fabricante deixa de fazer grandes lotes para atender o consumidor e passa fabricar em ordens individuais, programadas para suprir as necessidades específicas dos clientes (PARRA, 2000). 37 O ECR utiliza-se do EDI como ferramenta capaz de proporcionar a transmissão eletrônica em tempo real para os fabricantes do consumo nos pontos de venda, desencadeando a rápida reposição do estoque consumido. Pode tratar também da projeção de demanda futura, que controla o fluxo de materiais e produtos através da cadeia, ou seja, aciona a produção do fabricante de forma que esta se aproxime cada vez mais da demanda real (WANKE, 1997). 2.7.5 Vendor Managed Inventory (VMI) O sistema Vendor Managed Inventory (VMI) – baseia-se na premissa de que ao se gerenciar os estoques na cadeia de suprimentos, os fornecedores são capazes de melhor programar suas operações, motivados pela diminuição nos custos de produção, distribuição e manutenção de estoques (WANKE, 2004). No VMI, o fornecedor se responsabiliza por gerenciar o seu estoque no cliente, incluindo o processo de reposição. A implantação do VMI é facilitada quando inserido numa relação de parceria e confiança, com um compartilhamento intensivo de informações (PIRES, 2004). 2.7.6 Continuous Replenishment (CR) O Continuous Replenishment (CR) – Reposição Contínua – é uma prática que elimina a necessidade de pedidos de ressuprimento e possui como meta estabelecer uma cadeia de suprimentos flexível e eficiente, onde o estoque seja suprido de forma contínua (BOWERSOX, 2001). Para Wanke (2004), nesta estratégia os fornecedores recebem os dados do ponto de venda para preparar carregamentos em intervalos regulares e assegurar a flutuação do estoque no 38 cliente entre determinados níveis de máximo e mínimo. Esses níveis de estoque podem variar em função de padrões sazonais de demanda, promoções e mudança no consumo. 2.7.7 Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment (CPFR) Segundo Pires (2004), o Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment (CPFR) – Planejamento, Previsão e Reposição Colaborativa – é uma ferramenta que visa facilitar o relacionamento entre empresas, principalmente no que se refere à previsão de vendas, abordando questões como: influência das promoções nas previsões de venda e na gestão de estoques; influência de modificações no padrão de demanda; manutenção de estoques para garantir a disponibilidade de produtos na prateleira; possibilitar maior coordenação entre as empresas da cadeia e permitir maior sincronização entre os diversos processos dos setores de manufatura e processos de previsão. No CPFR, fabricantes e varejistas compartilham sistemas e processos de previsão de vendas. O objetivo principal, neste caso, é identificar qual empresa gera previsões de vendas mais precisas para um determinado produto, região e horizonte de planejamento (WANKE, 2004). 2.7.8 Outsourcing Segundo Pires (2004), outsourcing é uma prática onde parte dos produtos e serviços utilizados em uma empresa são providenciados por outra empresa externa, de forma colaborativa e independente. Este conceito visa, através da concentração nas principais atividades do negócio: maximizar os retornos de investimento; reduzir os riscos tecnológicos e financeiros; superar a falta de recursos internos; liberar recursos produtivos; aumentar eficiência e eficácia dos 39 processos e promover o acesso mais rápido a tecnologia e expandir os benefícios da Reengenharia. 2.7.9 In Plant Representatives O IRP caracteriza-se pela presença de representantes de determinadas empresas trabalhando em tempo integral em seus fornecedores, criando uma comunicação dinâmica e mais confiável entre as empresas envolvidas (PIRES, 2004). O representante do fornecedor, conhecido como In-plant, se torna responsável por decisões relacionadas à programação de produção e aquisição de insumos, além de se dedicar a projetos de engenharia simultânea. O In-plant substitui as funções do comprador e do planejador no cliente e a função do vendedor no fornecedor (WANKE, 2004). A próxima seção aborda a tecnologia da informação como ferramenta de grande importância no gerenciamento da cadeia de suprimentos, capaz de possibilitar o acesso à informação nos diversos níveis da cadeia. 2.8 Influencia da Tecnologia da Informação no SCM A Tecnologia da Informação (TI) é cada vez mais parte primordial da gestão da cadeia de suprimentos, subsidiada pela integração entre os sistemas de telecomunicações e informática. A disseminação da informação é o passo inicial para o desenvolvimento de parcerias e estratégias capazes de gerar a transparência nos processos de decisão. O uso da TI contribui para o desenvolvimento dos gerenciadores dos bancos de dados, dos aplicativos de apoio à decisão, e 40 dos e-services (serviços vinculados ao uso da Internet), além de representar um importante fator de geração de vantagem competitiva. Simchi-Levi et al. (2003) definem as metas da TI dentro da cadeia de suprimentos como sendo o processo de vincular o ponto de produção e o ponto de entrega ou compra de forma natural, capaz de estabelecer um rastro de informações que acompanha o produto físico, e permite o planejamento, rastreamento e estimativa dos lead times baseados em dados reais. Ressalta-se ainda que a implementação de soluções avançadas em TI requer, em muitos casos, mudanças na estrutura organizacional, comportamentos e descrição do trabalho dos funcionários. Com o desenvolvimento da TI, uma das práticas que se tornou possível e bastante difundida foi o e-Commerce (comércio eletrônico), onde ocorre a substituição dos processos físicos por processos eletrônicos e a criação de novos modelos de cooperação entres clientes e fornecedores, representando o processo de venda direta da empresa ao consumidor final, via Internet. No ramo varejista, a Tecnologia da Informação também se destaca. Permite maior integração entre os fornecedores e o varejo através da comunicação de dados tanto da previsão de demanda quanto do consumo, aumentando a precisão na programação dos fornecedores e confiabilidade na entrega. 2.9 Contexto do Varejo no Brasil O varejo, segundo Stern et al. (1996), Berman (1996) e Rosembloon (1999) caracterizase por atividades de negócios que vendem produtos e serviços aos consumidores para uso pessoal, familiar ou residencial. Nos últimos anos, o varejo vem sofrendo mutações expressivas no seu processamento. No Brasil, A partir da década de 50, com a abertura da economia para os produtos manufaturados, com a reabertura da economia no início da década de 90, com a estabilização da 41 moeda em 1994, e ainda com a globalização, fica evidente a necessidade das empresas se adaptarem a nova realidade (CORONADO, 2007). Na primeira fase do comércio atacadista, desenvolveram-se no país, ao longo da história recente, alguns centros de atacado; os mais importantes são São Paulo e Rio de Janeiro. A segunda fase começou no pós-guerra, quando o governo iniciou forte programa de abertura de rodovias. Em 1950, São Paulo possuía 5.572 estabelecimentos atacadistas, que representavam 41% do volume nacional de vendas. Em 1960, São Paulo e Rio de Janeiro tinham 8.500 estabelecimentos atacadistas que vendiam 70% do total de vendas brasileiras. No início da década de 70, comentava-se que o atacado estava extinguindo-se. Entretanto em 1973, houve a crise do petróleo que fez com que as empresas segurassem seus custos, ocasionando o fechamento de várias filiais pelo país. Com a crise da economia e as dificuldades que os fornecedores encontravam na época. Fizeram com que o setor atacadista reconquistasse boa parte do mercado e passasse a ser considerado um setor de grande importância na economia brasileira, preenchendo-se como parceiro do produtor e do varejista na cadeia de suprimentos. (CORONADO, 2007). A função do setor atacadista tem sido historicamente definidora do comércio, pois cabe ao atacadista fomentar a produção, importar as mercadorias e distribuílas aos mais longínquos lugares dentro e fora do país. (CORONADO, 2007 p. 6). Pode-se dizer que o setor varejista, vem atravessando maior ritmo de transformação e respondendo às modificações tecnológicas, econômicas e sociais. Na cadeia de suprimentos, o varejo é o setor que está mais próximo do consumidor final. Constantemente, presencia-se o surgimento de novos modelos de varejistas, como hipermercados, lojas de conveniência, supermercados 24 horas. Verifica-se também novos formatos de lojas em uma única pessoa jurídica, como revistarias com café, postos de gasolina com conveniência, supermercados com medicamento. Dessa forma, diferentes tipos de varejos tornam-se mais flexíveis, comercializando as mesmas categorias de produtos. Exemplos disso podem ser dados como, os supermercados concorrem com especialistas em eletrodomésticos e as lojas virtuais concorrem com as lojas de varejo. (CORONADO, 2007). 42 Observa-se grande competição dentro dos formatos varejistas, o que faz com que as margens para a indústria de alimentos e bebidas estejam sob constante pressão. Os intermediários varejistas tomam muitas formas atualmente, incluindo lojas de departamentos, negociantes de massa, hipermercados, lojas especializadas, lojas de conveniência, franquias, clubes de compras, clubes de armazéns, organizadores de catálogos e varejistas on-line. Além disso, os varejistas podem ocupar-se de bens com marca própria (marca de loja) e podem também se integrar verticalmente para trás de forma eficaz na cadeia de suprimento (COUGHLAN et al., 2002). No que se refere aos tipos de varejo, existe um grande número de formatos diferentes de lojas varejistas, dependendo de foco, tamanho, número de produtos que carrega, especialização e outros fatores. Os formatos ainda variam conforme sua definição em cada país. No Brasil, os tipos mais importantes de varejista para distribuição são hipermercados, supermercados, lojas de conveniência, lojas de especialidades (açougues, varejões, padarias, entre outros), mercearias e outros formatos (PARENTE, 2000). Estes podem ser independentes (são proprietários e operam uma loja), que têm como principais vantagens, a flexibilidade em desenvolver estratégias, a velocidade de mudança e a habilidade em oferecer serviços pessoais (BERMAN, 1996). As redes de lojas, com maior poder de negociação, escala em atividades, possibilidade de compras diretas e busca de especialistas para o setor (capacidade gerencial superior), e, por ultimo, as centrais de compras, as quais suas vantagens são parecidas com as das redes de lojas, que por sua vez tem como diferença agregar vários proprietários de lojas com objetivo comum. Nos dias atuais, presenciamos a evolução do comercio; de um lado existe a concentração em grandes lojas de auto-serviços combinadas com atacado; por outro lado, o varejo, com supermercados e hipermercados, também realiza a função de comercialização dos produtos com marca própria, produzidos por fabricantes parceiros, atividade conhecida por trading marketing.(CORONADO, 2007 p. 7). Berry (1999), quando analisa o futuro do varejo, explica que os tempos da concorrência baseada no preço estão ficando de lado. Daqui para frente, os varejistas deverão se adequar ao modelo de criação de valor para os seus clientes, o que implica em maximizar benefícios 43 valiosos, minimizar os custos, e adotar algum diferencial em relação aos concorrentes, diferencial esse que esteja em mutação para não ser imitado. Diante dos fatos citados, pode-se observar que os anos 90 trouxeram várias mudanças que representaram impactos sobre o setor varejista, como a liberação das importações e o aumento da concorrência interna. No Brasil, a entrada de participantes externos e o conseqüente transplante de conceitos mais modernos de operação impuseram a necessidade de profundas transformações para a maior parte das empresas. O varejo é o principal agente no canal de distribuição de alimentos em todo o mundo. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o varejo de auto-serviço representou, em 2002, cerca de R$ 79,8 bilhões em faturamento, crescendo nominalmente 10,1% em relação a 2001. Este faturamento representou 6,1% do PIB e contribuiu com mais de 718 mil empregos diretos (SUPERHIPER, 2003). São cerca de 68,9 mil pontos de vendas apontadas pela ABRAS. As cinco maiores empresas do setor detinham cerca de 39,4% do total do mercado em 2002, de acordo com a AC Nielsen. No Brasil, destacam-se os grupos como o brasileiro CBD (Pão de Açúcar), Carrefour, Bompreço, Wal Mart entre outros. A concentração varejista no Brasil é uma realidade que também é verificada em muitos outros países. No caso brasileiro, verifica-se que as 20 maiores redes varejistas detêm cerca de 51% do faturamento do setor no ano de 2002, sendo que 38,8% do faturamento total concentramse apenas nos cinco maiores varejistas do país (SUPERHIPER, 2003). 44 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste tópico, abordou-se, a escolha dos procedimentos metodológicos e todos os seus instrumentos de técnicas de pesquisa, analise de dados e seu tratamento, bem como sua natureza da pesquisa e seu sujeito. Esses procedimentos metodológicos serão importantes para a clara compreensão dos resultados do presente projeto. 3.1 Natureza da Pesquisa Pretendeu-se através deste estudo, identificar o tipo de estrutura organizacional logística do supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA em João Pessoa e comparar com os conceitos mais modernos de logística, através de um estudo de caso exploratório, definido por Marconi e Lakatos (1990) como um estudo em que, a partir de um problema formulado, procura familiarizar o pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno visando à realização de futuras pesquisas para modificar ou clarificar conceitos. Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva, pois visou descrever a estrutura organizacional logística dessa empresa. Segundo Vergara (2004) A pesquisa descritiva identifica traços de determinada população ou de determinado fenômeno. Além de estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem obrigatoriedade de explicar os fenômenos que descreve, mas pode servir de base para tal explicação. 45 3.2 Procedimentos de Coleta de Dados Para a realização da presente pesquisa foram coletados dados primários (entrevistas, questionários), e dados secundários (pesquisas bibliográficas). Os primários são aqueles que não foram antes coletados, estando ainda em posse dos pesquisados, e que são coletados com o propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento. Os secundários são aqueles que já foram coletados, tabulados, organizados e catalogados, estando já à disposição dos interessados (MATTAR, 1994). O instrumento utilizado para obter a coleta de dados foi realizado através de questionários estruturado com perguntas abertas voltadas para atender ao objetivo a que se propõe o estudo, alem de entrevistas e observações. 3.3 Sujeitos da Pesquisa O público alvo da pesquisa foi constituído pelo chefe do setor de mercearia do Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. 3.4 Tratamento de Dados Após coletados os dados foram analisados de forma qualitativa, Para Minayo (2003), a pesquisa qualitativa é o caminho do pensamento a ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma realidade. 46 3.5 Variáveis da Pesquisa As variáveis da pesquisa foram definidas de acordo com o Quadro 1, a fim de nortear a consecução dos objetivos. Foram descritas a partir dos objetivos específicos, e a partir dela também foram definidos os vetores de investigação. Estes por sua vez revelaram em cada variável o que será objetivo de investigação nos questionários e entrevistas. Objetivos Específicos (OE) OE1 Descrição Identificar o tipo de estrutura organizacional logística adotada pela empresa Variável da Pesquisa Vetores de investigação • Tipologia da estrutura organizacional logística • OE2 OE3 Estudar a forma e a estrutura de funcionamento da área de materiais Investigar as políticas de desempenho e acompanhamento dos resultados da área de materiais Quadro 2 – Variáveis da Pesquisa. Fonte: Adaptado de Oliveira (2005, p.202). Forma e estrutura de funcionamento Desempenho e acompanhamento dos resultados da área de materiais • • • Tipo de estrutura organizacional logística adotada Estrutura da divisão de trabalho e atribuição dos cargos Hierarquia e sistema de tomada de decisão Definição de metas Coordenação e acompanhamento dos resultados 47 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS No presente capítulo será apresentada inicialmente a empresa ao qual a pesquisa foi realizada, posteriormente a análise dos dados coletados na pesquisa de campo realizada com o chefe de mercearia. A referida pesquisa de campo foi realizada no período do mês de agosto, no Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA que se situa na Praça Castro Pinto, centro, João Pessoa – PB. Onde foram coletados depoimentos do chefe do setor de mercearia através de questionário estruturado com perguntas abertas, observações e gravações, além de observações no interior da empresa (setores da empresa, galpão e estrutura física). Para facilitar o entendimento do leitor, a presente análise dos dados será distribuído em 3 (três) partes. Com o intuito de responder aos objetivos do trabalho, que serão apresentador a seguir. 4.1 Identificação da Estrutura Organizacional Logística Neste primeiro objetivo será mostrado como é definido a estrutura organizacional da empresa a nível nacional, pois, é de fundamental importância relacionar essa estrutura para o melhor entendimento de toda a organização, depois será abordado o organograma da unidade. Em um primeiro momento constatou-se que o supermercado Bompreço foi comprado pela maior empresa do ramo varejista no mundo que é a Wal Mart. A Wal Mart é uma organização norte-americana que tem sedes espalhados por todo o mundo. Aqui no Brasil a empresa opera 152 unidades, que são localizadas em 14 estados brasileiros. No nordeste conta com 116 lojas. São 71 Supermercados Bompreço, 27 Hiper Bompreço, 15 balaios e 3 Hiper Magazine, além de 93 drogarias Bompreço. A estrutura organizacional determina a distribuição das atividades e responsabilidades pela organização. Dependendo dos valores assumidos por um conjunto de características 48 organizacionais, é possível identificar um tipo específico de estrutura: funcional, divisional, híbrida, matricial ou orientada para processos. (ARAUJO, 1994). Normalmente toda organização apresenta ou deveria apresentar alguma forma de estruturação interna, a qual estabelece as regras básicas para a realização de seus objetivos. Claro que as empresas não adotam um único tipo de estrutura organizacional; na realidade, fazem um mix também dos diversos modelos pelos diversos setores organizacionais (COLENGHI, 2007). Para o melhor entendimento das estruturas será abordado o organograma da Wal Mart Brasil e da unidade Supermercado Bom Preço Castro Pinto LTDA. Presidente Vice-Presidente Vice-Presidentes Diretores Distritais Figura 5.organograma da Wal Mart Brasil LTDA. Fonte: questionário aplicado com o chefe do setor de mercearia (2008) Como mostra a figura 5, o entrevistado relata que atualmente o organograma da Wal Mart se divide em presidente, vice-presidente, seguindo a ordem aparecem os vice-presidentes, diretores e os distritais. Os Distritais são gerentes gerais por estado e abaixo dos distritais existem os gerentes de cada unidade Bompreço. A seguir será apresentado o organograma da unidade Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. 49 Gerente Setor de Recursos Humanos De Loja Chefe de Mercearia Chefe de Atendimento Chefe de Perecíveis Encarregados Encarregados Encarregados Base Base GI Base Figura 6. organograma da unidade Bompreço Castro Pinto LTDA Fonte: questionário aplicado com o chefe do setor de mercearia (2008) Na figura 6. Apresenta-se o organograma relatado pelo chefe do setor de mercearia, que nos mostrou como é formada a hierarquia dentro da unidade da empresa. Primeiramente no topo é mostrado o gerente de loja, seguido dos chefes de setores que se dividem em mercearia, atendimento e perecíveis. Logo após estes chefes ou gerentes de setores estão os encarregados de cada setor e por fim a base ou setor operacional, paralelo a estes setores existe o GI (Gestão de Inventários) que são apenas dois funcionários responsáveis por conferir, controlar, e evitar erros no estoque, tentando sempre minimizar o estoque através de contagens periódicas a fim de minimizar erros na parte de contagem de materiais. 50 Embora para a área de recursos humanos não exista um setor específico para cada unidade, esse setor trabalha em mais de uma unidade, geralmente trabalham com duas ou três lojas, e é dividido em lojas super (supermercados) e hiper (hipermercados). O grau de poder do chefe de recursos humanos é o mesmo do gerente de loja, embora um trabalhe com a parte administrativa da unidade e o outro seja responsável pelo pessoal. Percebe-se então que o Supermercado aborda a estrutura organizacional linear (clássica, vertical, hierárquica). Cury (2000) mostra que a estrutura linear é representada graficamente por uma pirâmide, demonstra claramente a unidade de comando e o princípio de escalonamento hierárquico. É um tipo de estrutura baseado na organização dos antigos exércitos. Constatou-se também que a organização possui um padrão de estrutura organizacional para todas as unidades, embora acrescenta-se setores de acordo com o porte da unidade. O entrevistado relata da seguinte forma. “Existem unidades que vocês irão encontrar chefe do setor de mercearia, atendimento, perecíveis, administrativo, chefe de bazar, chefe de têxtil etc. No caso dos Hipermercados”. Percebe-se então que a empresa possui a logística dividida em setores, como mercearia, perecíveis, bazar etc. E, o setor chamado GI que controla e confere os produtos. Essa abordagem da estrutura organizacional linear estabelecida na empresa não condiz com conceitos mais recentes e modernos de logística. De acordo com os estudos mais recentes sobre logística, mostra-se que a estrutura organizacional logística deve ser processual e integrada. De acordo com Colenghi (1997) a estrutura processual é um tipo de estrutura que modifica completamente o enfoque estrutural, o qual deixa de ser caracterizado pelas funções e de igual maneira passa a ser caracterizado pelos processos. Em vez de criar departamentos, divisões, seções etc. criam-se células de produtividade, unidades de negócio, grupos de produtos, times de qualidade, equipes multidisciplinares, força-tarefa etc. E a estrutura integrada para o mesmo autor leva em conta os princípios da flexibilização e de igual maneira da interoperabilidade (capacidade de trocar e de igual maneira utilizar informações de maneira uniforme e de igual maneira eficiente, entre várias pessoas e de igual maneira sistemas de informação), dispensando a rigidez do modelo hierárquico tradicional, vindo assim a propiciar a dinamização das relações, a integração 51 corporativa, bem como a especialização técnica; ademais, favorecendo ganhos de competência e de igual maneira o incentivo ao trabalho por equipes multiprofissionais. A visão da organização como um conjunto não é nova. Gonçalves (1997) afirma que esta é a forma organizacional que deverá ser empregada no decorrer deste novo século, propondo que “as organizações somente poderão obter o alinhamento e o desempenho necessários num ambiente de competição global e mudanças permanentes se conseguirem se focar nos seus processos”. A importância dos estudos de processos é enfatizada por Rummler e Brache (1994), quando os autores afirmam que “a maioria das dimensões-chave do desempenho da organização resulta de processos interfuncionais”. Esta é uma colocação relativamente nova, pois, de acordo com Hammer e Champy (1994), “grande parte dos homens de negócios não está orientada para os processos, eles estão voltados para tarefas, serviços, pessoas ou estruturas, mas não para processos”. Portanto, nota-se que a empresa por ainda utilizar sua estrutura de forma clássica, isto é, baseado na função e na hierarquia, não obtém total eficiência e eficácia. Pois, o conceito logístico é sistêmico, então percebe-se que há um contratempo nesta estrutura utilizada pela organização. Como o mercado quer que as decisões sejam tomadas mais rapidamente, e quando as pessoas trabalham por processos, elas trabalham de uma forma sistêmica, há uma probabilidade que o trabalho seja realizado mais rápido para atingir a meta da logística. Já a forma de estrutura funcional, há toda uma hierarquia, uma unidade de comando e direção que podem comprometer o atendimento da eficiência da logística, comprometendo o tempo de resposta (lead time). 4.2 Divisão de Trabalho e Hierarquia de Funcionamento da Área de Materiais Nesta etapa do estudo de caso será abordada a maneira ao qual é feito a divisão de trabalho e a hierarquia nos setores de logística da unidade. Em um primeiro momento será explicado como é atribuída à divisão de trabalho, em seguida explica-se como é elaborado a 52 hierarquia do setor. Será mostrado como se realiza as tomadas de decisão e se todos os níveis têm autonomia para a tomada de decisão dentro do setor. O entrevistado relatou que nos setores de logística existe uma divisão de trabalho. O pessoal da base tem seus trabalhos divididos. Alguns situam-se na reposição das prateleiras, outros na embalagem de produtos, existem também os balconistas, entre outros e são divididos de acordo com seus setores. Os encarregados têm o papel de fiscalização dos funcionários da base e também recebem ordens dos chefes dos setores e passam para o pessoal da base, como também se houver algum problema no setor de base, eles repassam as informações para os chefes de setores. Pode-se dizer que os encarregados trabalham com repasses de informações e fiscalização dos setores. Os chefes de setores respondem e tomam decisões a nível setorial como também são responsáveis pelo acompanhamento dos setores. O entrevistado explica como é realizada uma parte da atividade dos repositores. “Chegam às mercadorias no depósito, e nossos repositores dentro de sua seção verificam o quê e onde é preciso reabastecer, dando prioridade aos produtos do tablóide, produtos promocionais, não podendo deixar faltar de maneira nenhuma ao cliente.” Como já foi mostrado, existe o GI que trabalham apenas dois funcionários e que são responsáveis pelo controle, e por conferir os estoques. Os dois funcionários se encontram no mesmo patamar hierárquico e trabalham da mesma forma. Cada funcionário tem o poder de tomar decisões, embora não exista uma política ou incentivo definido para isso, essas tomadas de decisões podem ser feitas a qualquer hora dependendo do caso a ser tratado. O entrevistado dá como exemplo uma situação que se passou com ele. “Uma vez aconteceu de aparecer uma carne de má qualidade quando eu era balconista do setor de carnes. Eu inspecionei a carne e constatei que não estava nas condições ideais de ser repassada para o cliente e barrei o produto do fornecedor, mas em seguida o fornecedor foi junto ao chefe do setor e o mesmo autorizou a entrada do produto”. O entrevistado ressalta que os subordinados às vezes têm certo receio em tomar decisões porque não querem ter responsabilidades maiores que seus cargos ou tomar certas decisões e não 53 ter efeito algum. “Muitas vezes os colaboradores têm o poder e usam, mas não se beneficiam com o poder e acabam se prejudicando”. O entrevistado mostra um caminho a ser seguido após esta experiência que foi vivida por ele. O mesmo repassa aos seus subordinados que quando tomarem decisões comunique aos seus chefes e entrem em um consenso, pois as tomadas de decisões são muitas vezes benéficas para a empresa. Percebe-se que por a empresa utilizar sua estrutura baseada na função e de forma hierárquica, as tomadas de decisão são basicamente centralizadas nos superiores, o que ocasiona em aumento de tempo se determinada decisão for passada entre os graus hierárquicos. Se a empresa utilizasse sua estrutura de forma processual, e se houvesse um contratempo em determinado processo, o funcionário teria autonomia suficiente para tomar a decisão, usufruindo do empowerment (poder de tomar decisão), com isso reduzindo o tempo de resolução do problema. 4.3 Desempenho e Acompanhamento dos Resultados da Área de Materiais Neste último tópico referente aos objetivos pretendidos para a análise e tratamentos dos dados do estudo de caso, será relatado se a empresa possui metas para os setores logísticos, se estes setores possuem metas individuais para seus colaboradores e se a infra-estrutura é suficiente para atender os requisitos da organização. Na entrevista realizada com o chefe do setor de mercearia, o mesmo relatou que todas as unidades Bompreço possuem metas. A meta é estipulada por mês. O referencial é feito com base no ano anterior. O entrevistado diz que a empresa tem um percentual estipulado de quebra máxima, no caso 1,55% ao mês. Com esta base a empresa calcula seus custos e quanto se é perdido. O serviço de entrega de produtos é feito através de fornecedores. Se um determinado 54 pedido for feito e chegar ao Bompreço danificado ou quebrado, quem se responsabiliza é o fornecedor e não o supermercado. Em outro momento da entrevista foi perguntado ao entrevistado se os colaboradores dos setores possuem metas a cumprir individuais e se existe um acompanhamento dos resultados. Com base nos dados coletados se verificou que os colaboradores não possuem metas individuais. O trabalho dos colaboradores de base é apenas de reposição, embalagem de produtos, e atendimento (balconistas). Os encarregados do setor de fiscalizar os da base e o chefe de passar as atividades para os encarregados que serão feitas ao pessoal da base, além de responder por decisões a nível gerencial. Por ultimo, na entrevista feita com o chefe do setor de mercearia foi perguntado ao mesmo se a infra-estrutura é suficiente para atender os requisitos da empresa. Com base na pergunta feita ao entrevistado, ele relatou que a infra-estrutura da empresa está aquém do seu porte atualmente. “Hoje nesta unidade, existem ‘x’ pessoas na parte do abastecimento de produtos ou ‘x’ nos caixas, mas para se ter um abastecimento adequado ou ter caixas suficiente para que as filas fiquem pequenas deveria possuir o dobro de pessoas” O entrevistado ainda complementa seu pensamento dando sugestões acerca do problema citado. “O que poderia ser feito para melhorar esta lacuna seria de quando um caixa estiver ocioso ou qualquer outro funcionário estiver com tempo livre. Saírem de sua função e trabalhar em outra que estiver precisando no momento”. Ele dá um exemplo mostrando que se um colaborador do abastecimento não estiver alocando materiais que o mesmo fosse para o caixa, se a fila dos caixas estiver com muitos consumidores esperando para serem atendidos. Então, com as informações relatadas pelo entrevistado praticamente não há um desempenho e acompanhamento dos resultados da área. Não pode-se ao certo dizer se a empresa atinge suas metas ou não, visto que o supermercado não estipula metas para cada funcionário. Se o colaborador não tem total clareza do que deve fazer, como deve fazer e quanto deve alcançar para atingir suas metas individuais e do setor, eles irão fazer o que acham que devem fazer. A meta como foi explicada pelo entrevistado, que é o percentual de quebra, não pode-se dizer que 55 seja um completo indicador de desempenho, visto que a empresa deveria estipular outras formas de indicadores de desempenho para alcançar seus objetivos. Pode-se dizer que a empresa trabalha de forma não planejada na base do acerto e do erro. Esta análise não pode ser aprofundada visto que não se pode avaliar o que não pode ser medido. 56 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Neste tópico serão visualizadas as principais conclusões e recomendações no que se refere à estrutura organizacional logística do Supermercado Bompreço Castro Pinto LTDA. As conclusões e recomendações que mostrarem importantes serão apresentadas para futuros pesquisadores que se mostrarem interessados e quiserem se aprofundar na pesquisa sobre o tema, ou ainda, para qualquer outra pessoa que tenha curiosidade acerca do assunto abordado que queiram aprofundar-se em seus conhecimentos. O capitulo divide-se em três partes, no primeiro momento serão apresentadas as conclusões, no segundo momento as recomendações e no terceiro as limitações e futuros estudos. 5.1 Parte I – Conclusões Conforme foi realizada a pesquisa e sua analise de dados, conclui-se que a estrutura organizacional da empresa: • Existe estrutura organizacional definida, embora com leves modificações conforme o porte da unidade. Como o caso dos Hipermercados e os Supermercados; • Cada setor tem seus chefes, encarregados e o pessoal da base. O GI é um setor responsável pela parte de conferir, controlar, e evitar erros no estoque; • Existe uma divisão de trabalho no supermercado, onde cada funcionário tem seu papel especifico; • Existe apenas uma meta na área de logística e os funcionários não possuem metas individuais; • A empresa não avalia e monitora as pessoas para que a empresa alcance seus objetivos; 57 5.2 Parte II – Recomendações Após a análise dos resultados obtidos com as informações abstraídas do questionário aplicado ao chefe do setor de mercearia, o autor apresenta algumas sugestões: • Elaborar uma política de metas individuais com remuneração variável para os funcionários que atingirem suas metas; • Incentivar todos os funcionários a terem maior autonomia e tomadas de decisão, visto que, a empresa não possui uma política para isso; • Melhorar a infra-estrutura e utilizar melhor os recursos e treinamentos para os funcionários da unidade, pois, a empresa necessita de uma ampliação para atender melhor seus clientes e uma melhor eficiência nas suas ativididades; • Modificar a estrutura da empresa, pois ela não aborda os conceitos mais recentes da logística; • Incluir metas individuais e do setor de logística para seus funcionários; • Avaliar e monitorar os funcionários para que alcancem seus objetivos e o da empresa. 5.3 Parte III – Limitações e Estudos Futuros Este trabalho possibilita a continuidade dos estudos na empresa, visto que a pesquisa foi trabalhada tendo apenas um entrevistado que pudesse responder pela empresa toda. Por questão de demanda na carga de trabalho dos funcionários da organização, curto tempo para entrevistas, dificuldades em encontrar uma empresa que recebesse visita e por outras razões, não foi possível manter contato e aprofundar ainda mais os conhecimentos acerca da organização. 58 Pelo fato de término do projeto escrito, a pesquisa necessitou ser finalizada, embora fosse bem interessante que esta pesquisa fosse continuada e aprimorada, tendo mais pessoas para ser entrevistadas, abordar outros aspectos da organização e estudos de comparação com outras empresas do mesmo setor. 59 REFERÊNCIAS ABRAS. 3º Ranking das Centrais de Compras. SuperHiper. São Paulo, n. xxx., novembro 2003. Disponível em: < http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/Varejo/VAR10___Estrat%E9gias_Peq_Varejo.PDF>. Acesso em: 25 maio. 2008. ___. Ranking 2002. SupeHiper. São Paulo, n. 320, p. 12-116, maio 2003. 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Supply Chain Management . RAE- Revista de Administração de Empresas, v.38, n.3, p.55-63, São Paulo Jul./Set 1998. 65 APÊNDICE UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO PESQUISA REFERENTE AO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PERÍODO 2008.1 PROFESSORA: DRA. MARIA VALÉRIA ARAÚJO Sr(a), pedimos sua colaboração no sentido de responder ao questionário a seguir, referente a uma pesquisa desenvolvida em virtude da elaboração de trabalho monográfico, o qual se irá constar como requisito para conclusão do curso de graduação em Administração de Empresas. 1) A empresa possui algum organograma ou estrutura organizacional? Sim ou Não? 2) Se sim, qual a estrutura organizacional/organograma adotado pela empresa? 3) Existe estrutura organizacional específica para a área de logística? 4) A empresa adota um único modelo de estrutura organizacional padrão para toda a rede? Caso exista. 5) Existe uma divisão de trabalho na área de materiais? Sim ou Não? 6) Se existir, como funciona essa divisão de tarefas? 7) Como é elaborado a atribuição de cargos na área de materiais? 8) Existe alguma hierarquia dentro da área de materiais? Explique como funciona. 9) Como são feitas as tomadas de decisão? 66 10) Os colaboradores têm algum tipo de autonomia para a tomada de decisão? Ou ela é centralizada com os gestores do setor? Com funciona? 11) A empresa estipula metas para o setor logístico? 12) No setor logístico existem metas individuais para os colaboradores? 13) Se existir, como é feito a definição das metas do setor? E das metas dos colaboradores? 14) Caso exista metas do setor e dos colaboradores na área de logística, existe um acompanhamento dos resultados? Como funciona? 15) Na sua opinião, a infra-estrutura é suficiente para atender os requisitos da empresa?