ERA UMA VEZ 1,2,3…
Projeto
Curricular
Onde nos leva uma
obra de arte?...
A educadora de infância:
Anabela Ramos
2015/2016
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Sala do Pré-escolar
Projeto Curricular
1. Introdução
Serve o presente documento para fazer uma breve referência ao projeto e
organização curricular da turma para o ano letivo 2015-2016, onde serão
enunciados objetivos, estratégias de concretização e de desenvolvimento do
que consideramos ser importante e essencial trabalhar com as crianças mas
que também vão de acordo com o que é esperado da educação pré-escolar e
enunciado nas orientações curriculares e metas de aprendizagem do M.E..
Os projetos pedagógicos ou curriculares são pensados de acordo com as
necessidades e características do grupo de crianças e do contexto educativo.
Um projeto pedagógico/curricular deve ser importante para todos os que nele
estão envolvidos, deve ser enriquecedor do ambiente educativo, proporcionar
aprendizagens e experiências diversas e ricas para o processo de
desenvolvimento e crescimento global da criança, deve ir ao encontro das
necessidades e espectativas da comunidade/sociedade, pois importa refletir
necessidades, responder e/ou desenvolver questões pertinentes para a criança,
a sociedade e mundo atual. Ao mesmo tempo que permite a participação e a
construção do mesmo, de uma forma cooperada, com o grupo de crianças. O
que aqui se apresenta é uma linha orientadora que a nosso ver irá permitir o
desenvolvimento de diversos projetos e atividades que sejam um retrato dos
interesses e necessidades das crianças.
Ano letivo 2015/2016
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2. Projeto “Onde nos leva uma obra de arte...”
A educação pela Arte, como referido no ano letivo anterior, representa uma
parte integrante e muito importante do currículo do pré-escolar e do processo de
desenvolvimento e aprendizagem da criança. É um pilar essencial para a
criatividade, para o bem estar físico e emocional da criança, para a inteligência,
Representa um imenso mundo de oportunidades ricas e diversificadas,
vivências únicas, experiências e aprendizagens ao mesmo tempo que
proporciona momentos de reflexão, observação, conhecimento, expressão,
A expressão artística é a linguagem da criança. O que ela pensa, sabe,
sente, exprime através das suas expressões artísticas como a pintura ou o
desenho, nas suas brincadeiras de faz-de-conta, com os seus pares ou com os
brinquedos. Os seus gostos, seus interesses, seus medos e angustias,... A
expressão artística é veículo transmissor de prazer mas também funciona como
forma de escape para medos, frustrações, angústias,....
Porque a educação pela Arte é um tema abrangente, pertinente, adequado
e atual e porque sentimos que muito ainda pode vir a ser feito, nos propomos a
desenvolver com o grupo de crianças, um projeto relacionado com a arte, dando
alguma continuidade ao projeto desenvolvido o ano passado... Há sempre um
mas... É claro que sim. Embora se pretenda que o projeto seja uma
continuidade do ano anterior, ele não é o mesmo...
O que se pretende para o presente ano letivo é continuar a olhar e a
explorar o mundo da arte, mas desta vez com a intenção de percorrer outros
caminhos. Vamos explorar a arte ao mesmo tempo que exploramos a
matemática, a ciência, a linguagem, a escrita. A intenção é partir de uma obra
de arte e explorá-la de modo a complementá-la com as diferentes áreas de
conteúdo
ou
domínios
que
integram
a
educação
pré-escolar.
Que
conhecimentos ou aprendizagens podemos encontrar numa obra de arte? O
que uma obra de arte nos permite descobrir e aprender?
A educação pela arte (educação estética e artística) é enunciada nas
Orientações Curriculares, documento que apoia e fundamenta a educação
pré-escolar,
como
parte
integrante
e
importante
do
currículo
e
do
desenvolvimento da criança, ou seja, a arte representa um papel fundamental
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para o crescimento e desenvolvimento do ser humano, por isso deve ser parte
integrante do trabalho curricular com o grupo de crianças.
A educação pré-escolar está organizada por diversas áreas de conteúdo.
Em relação à área de conteúdo denominada como Expressão e Comunicação,
esta integra os domínios das expressões motora, plástica, dramática e musical,
o domínio da linguagem oral e abordagem à escrita e o domínio da matemática.
Para além desta, existem também a área de formação pessoal e social e a área
de conhecimento do mundo. Todas estas áreas devem ser contempladas de
uma forma articulada, visto que a construção do saber se processa de uma
forma integrada e que os diferentes conteúdos e aspetos formativos estão
relacionados entre sI, por isso não devem ser encarados como compartimentos
estanques e abordados separadamente, com o risco de tornar as propostas
educativas redutoras e incompletas.
“A formação pessoal e social integra todas as outras áreas pois tem a ver
com a forma como a criança se relaciona consigo própria, com os outros e o
mundo, num processo que implica o desenvolvimento de atitudes e valores,
atravessando a área de expressão e comunicação com os seus diferentes
domínios e a área de conhecimento do mundo que, também se articulam entre
si. O conhecimento e a relação com o mundo social e físico supõe formas de
expressão e de comunicação que apelam para diferentes sistemas de
representação simbólica que se integram na área de
expressão e
comunicação. ... Articula a abordagem das diferentes áreas de conteúdo e
domínios inscritos em cada uma, de modo a que se integrem num processo
flexível de aprendizagem que corresponda às suas intenções e objetivos
educativos e que tenha sentido para a criança. Esta articulação poderá partir da
escolha de uma “entrada” por uma área ou domínio para chegar a todos os
outros.”1
É esta transversalidade que caracteriza a educação pré-escolar que nós
pretendemos mostrar durante o desenvolvimento deste projeto. Como já foi
referido, em ocasiões anteriores, esta perspetiva globalizante da educação
pré-escolar deve ser encarada como objetivo ou estratégia central da
1 1
PORTUGAL, Ministério da Educação – DEB (997); “Orientações Curriculares para a Educação PréEscolar”; Lisboa; p.49/51.
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intervenção ou processo educativo.
A educação pela arte...
Segundo as orientações curriculares a educação artística permite um
acesso à arte e à cultura que se traduz num enriquecimento da criança,
ampliando o seu conhecimento do mundo e desenvolvendo o sentido estético.
Em Portugal, no pré-escolar, a educação da arte é contemplada e considerada
uma mais-valia na educação das crianças e fundamentada pelo seguinte
objetivo geral: “desenvolver a expressão e a comunicação através de
linguagens múltiplas como meios de relação, de informação, de sensibilização
estética e de compreensão do mundo.”
A educação pela arte implica as diferentes representações artísticas como a
pintura, a escultura, a fotografia, dentro da expressão plástica, mas também o
teatro, a dança, a música, a poesia, entre outros, dentro dos outros domínios
artísticos.
Já referido no documento que fundamentava o projeto do ano letivo anterior,
a educação pela arte é muito importante para o desenvolvimento e processo de
crescimento da criança. Ela transforma, ou poderá transformar, a criança numa
criadora ao mesmo tempo que possibilita o desenvolvimento da criatividade,
aquela “força vital e poderosa que pode incutir significado à vida”, dá liberdade,
e permite o conhecimento acerca de si, dos outros e do mundo que a rodeia.
A expressão artística promove a experimentação e a criação, um
desenvolvimento equilibrado, que responde às necessidades de crescimento
infantis, pois possibilita uma relação da criança entre o mundo real e o
imaginário. Representa um papel fundamental no desenvolvimento e formação
do
ser
humano,
pois
é
essencial
para
o
desenvolvimento
das
capacidades/competências lúdicas, afetivas, motoras, expressivas e cognitivas.
Ou seja a educação pela arte está presente em todos os aspetos do processo
de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Ela enriquece o processo de
aprendizagem, potencia ao máximo o desenvolvimento, transformando-o num
processo mais saudável, feliz,...
A arte representa a linguagem da criança, como já referi anteriormente, é o
meio de expressão e de comunicação que permite à criança expressar
sentimentos, angústias, descobertas, vivências,... Sem ela a criança teria mais
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dificuldade, com certeza, em expressar o que está dentro de si, em mostrar
seus interesses, suas necessidades. Para além disso, é onde a criança tem a
possibilidade de transformar, de experimentar ideias, brincadeiras, materiais…
E confrontar as suas ideias com as dos outros e assim crescer.
“As formas de expressão são também meios de comunicação que apelam
para uma sensibilização estética e exigem o progressivo domínio de
instrumentos e técnicas... As atividades de expressão plástica são da iniciativa
da criança que exterioriza espontaneamente imagens que interiormente
construiu. Tornam-se educativas quando implicam um forte envolvimento da
criança que se traduz pelo prazer e desejo de explorar e de realizar um trabalho
que considera acabado.”2
Como referido no projeto do ano anterior a “expressão plástica,
principalmente o desenho e a pintura, representam uma forma de a criança se
expressar. Através das suas produções a criança expressa ideias, sentimentos,
saberes,…. Também desenha para brincar, também pinta para se sentir bem,
por curiosidade, por gosto, para experimentar,…. Através da linguagem plástica
irá expressar os seus sentimentos relativos àquilo que a rodeia, “motivada pelo
que mais a impressiona. Não admira, portanto, que quando pega nos pincéis e
tintas, exprima com emoção não o tema propriamente dito, mas o que mais a
impressiona e contribui para a sua maneira de agir” (Gonçalves, 1991, p.10). A
criança comunica aquilo que compreende acerca do mundo, as perceções, as
frustrações, as confusões. Ao pintar, a criança também tenta dar ordem à sua
vida, organizar conhecimentos, sentimentos e necessidades. Gonçalves (1976)
refere mesmo que “Muitas vezes realiza (…) o que a realidade social lhe nega.
Se, por exemplo, lhe acontece ser impedida de brincar com os seus
companheiros será, muito provavelmente, esse seu desejo ou a tristeza de não
o poder concretizar que exprime”.3
Educação pela arte apoia a criança no:

Desenvolvimento da criatividade e imaginação;

Desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação;

Desenvolvimento da linguagem e vocabulário;
2
PORTUGAL, Ministério da Educação – DEB (997); “Orientações Curriculares para a Educação PréEscolar”; Lisboa; p.49/51.
3
Projeto do ano letivo 2014/2015, p.8.
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
Desenvolvimento
da
memória,
capacidade
de
processamento
da
informação, do raciocínio lógico-matemático;

Desenvolvimento de capacidades manipulativas;

Desenvolvimento de relações e dimensões sociais;

Desenvolvimento da autoestima:

Fortalecimento do seu eu

Proporciona prazer;

...
«O que não sabe ou não consegue comunicar com palavras exprime-o
através do desenho, da pintura…. Para além de ser uma forma de comunicação
e expressão, a expressão plástica representa uma forma lúdica da criança
desenvolver e aprender sobre o mundo. É através dos seus desenhos, por
exemplo, que a criança vive diversas aventuras, experiencia sentimentos e
ambições. Inventa personagens e histórias, exorciza seus medos e fantasmas,
o que representa uma forma saudável de desenvolver o seu equilíbrio
emocional.
“Quando se trata de crianças pequenas, em vez de palavras como «arte» e
«criativo» deveríamos simplesmente falar de linguagem. (…) As crianças, tal
como os artistas, são criadoras. Quando arranha linhas e círculos, pinta com os
dedos, cola, rasga, modela com barro, dança, canta e brinca a criança está a
descobrir e a desenvolver a sua própria linguagem num duplo sentido: aprender
alguma coisa para e sobre si própria e procurar meios de comunicar com os
outros.”»4
Por onde nos leva uma obra de arte?
Como referido anteriormente pretende-se desenvolver com o grupo de
crianças um projeto relacionado com a educação pela arte, principalmente, a
expressão plástica, tal como o ano letivo anterior, mas com um desenvolvimento
totalmente diferente. Aproveitando a característica central da educação
pré-escolar que integra e interliga todas as áreas de conteúdo de modo a
favorecer a aprendizagem da criança, nos propomos explorar o mundo da arte
4
DEWEERDT, Herwig (2008); “Sobre a arte e educação.”; Infância na Europa – Explorando os temas,
Celebrando a diversidade – A Arte e as Crianças; publicação conjunta de uma rede de revistas europeias;
N.º 14; p.19 - in projeto do ano letivo anterior, p.9.
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interligando-o com os diferentes conteúdos da educação pré-escolar.
A partir de uma obra ou de uma forma de arte pretendemos desenvolver
projetos e/ou atividades dentro do domínio da matemática, da ciência, da
linguagem oral e abordagem à escrita, das outras expressões (motora, musical
e dramática) e da área de formação pessoal e social, a área mais transversal de
todas elas.
A obra de arte será o início... Os caminhos podem ser:

Os da matemática, onde a criança terá a oportunidade de construir noções
matemáticas e desenvolver o seu raciocínio lógico-matemático;

Os da ciência/área do conhecimento do mundo onde a criança poderá
exercer a sua curiosidade natural e o seu desejo de aprender e
compreender o porquê das coisas;

Os da linguagem oral e da abordagem à escrita onde a criança poderá
enriquecer o seu vocabulário, a sua compreensão acerca da linguagem,
conhecer as letras e novas palavras;

Os da expressão motora/dança, dramática e musical,... Onde a criança
poderá se expressar utilizando o seu corpo;

...
Como referido anteriormente esta é a ideia inicial, com algumas linhas
orientadoras, que se irão concretizar aquando da construção do projeto com o
grupo de crianças.
O início a obra de arte, os caminhos, as estratégias são as diferentes áreas
curriculares, o produto final... as criações das crianças, que poderão ser obras
de arte.
3. A criança dos 3 aos 6 anos
A criança em idade pré-escolar é autónoma, com capacidade de tomar
decisões e fazer escolhas, que sabe o que gosta e que quer fazer. A criança
está decidida a descobrir sobre o mundo, a brincar, que é a sua atividade
preferida. Através da brincadeira, a criança cresce, desenvolve competências e
capacidades, aprende sobre o mundo. Na brincadeira e interação com os seus
pares e adultos, a criança aprende a respeitar o outro, a partilhar, entre outros
valores e atitudes. Ela constrói a sua personalidade.
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Como se processa o desenvolvimento e crescimento do ser humano é, e
sempre foi no passado, objeto de muitos estudos e teorias. Ao longo do tempo
foi possível observar uma evolução no que diz respeito a este assunto. Houve
teorias que defendiam que a criança desenvolvia conforme os fatores
hereditários ou genéticos (maturação biológica ou orgânica), e que os fatores
externos, sociais e culturais pouca influência tinham. Também houve correntes
que designam o ambiente exterior como facto ou elemento determinante para o
desenvolvimento humano. Surgiu na psicologia uma outra teoria que assenta
numa relação entre o individuo e o meio. Segundo ela, o desenvolvimento
humano não decorre da ação isolada de fatores genéticos que procuram
condições para o seu amadurecimento nem de fatores ambientais que agem
sobre o organismo, controlando o comportamento. O desenvolvimento decorre
das trocas ou da relação recíproca que se estabelece entre o indivíduo e o meio
ambiente, durante toda a vida. Ao mesmo tempo que a criança modifica o meio
é modificada por ele.
“Em outras palavras, ao constituir seu meio, atribuindo-lhe a cada momento
determinado significado, a criança é por ele constituída; adota formas culturais
de ação qua transformam a sua maneira de se expressar, pensar, agir e sentir.” 5
Segundo Vygotsky, a construção do pensamento e da subjetividade é um
processo cultural, e não uma forma natural e universal da espécie humana. De
acordo com Kravtsova (2009), uma discípula de Vygotsky, para haver
desenvolvimento é necessário existir comunicação entre pares heterogéneos e
também com adultos, efetiva participação por parte das crianças como atores
sociais que são no processo de aprendizagem e construtores do currículo,
sempre acompanhadas pelo estímulo e apoio dos educadores.
Dentro deste cenário, pode-se afirmar que as crianças crescem e
desenvolvem inseridas num meio, em relação com os outros, que têm um papel
central na construção dos seus saberes. O desenvolvimento humano é uma
tarefa conjunta e recíproca.
«A par do seu crescimento está o desenvolvimento, a todos os níveis, motor,
emocional, moral, cognitivo,…. Por ser uma criança mais crescida e ágil
OLIVEIRA, Zilma Ramos de; “Educação Infantil: fundamentos e métodos”; Editota Cortez; São Paulo; Brazil;
2002;p. 126.
5
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assiste-se a um desenvolvimento de muitas competências motoras, cognitivas,
sociais…. A criança progride nas competências motoras, grossas e finas, tal
como a capacidade manipulativa e coordenação óculo-manual, o que irá
influenciar as suas produções gráficas, tornando-as mais completas e reais. A
sua linguagem torna-se mais sofisticada e complexa, o seu vocabulário
enriquece. A capacidade de processamento de informação, a memória, a
capacidade de pensamento, de resolução de problemas, o pensamento
lógico-matemático, entre outros, estão em pleno processo de desenvolvimento.
É na relação que tem com os seus pares e adultos, da sua vida, que a criança
constrói a sua autoestima, autonomia e moralidade.
A arte para a criança, em idade pré-escolar, é uma forma de expressão e de
comunicação,
muito
importante,
das
suas
descobertas,
sentimentos,
necessidades, saberes e conhecimentos. Através das suas produções gráficas,
principalmente o desenho e a pintura, a criança demonstra as suas vivências e
experiências, as pessoas mais importantes para si, as descobertas mais
recentes, os passeios e brincadeiras que viveu,….
“Toda a criança em é um artista de qualquer tipo cujas capacidades
especiais, mesmo que, insignificantes, devem ser encorajadas como contributo
para a riqueza infinita da vida em comum.” Herbert Read (1966:17).»6
4. Organização do ambiente educativo
Considerando que o desenvolvimento humano constitui um processo
dinâmico de relação com o meio, a organização do ambiente educativo é de
extrema importância, devendo ter em conta diferentes níveis de interação,
proporcionar experiências diversas e a autonomia das crianças.
Esta perspetiva socio-construtivista da aprendizagem baseiam-se num
conjunto de fundamentos ou princípios:

O processo de aprendizagem desenvolve-se a partir do que a criança já
sabe;
“Acentua-se a importância da educação pré-escolar partir do que as
crianças já sabem, da sua cultura e saberes próprios. Respeitar e valorizar as
6
In projeto do ano letivo 2014/2015,p. 2/3.
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características individuais da criança, a sua diferença, constitui base de novas
aprendizagens” (Orientações Curriculares, p. 19);

Criar um clima de expressão livre;

Basear o planeamento na observação e avaliação;

Optar por uma pedagogia diferenciada;

O processo de aprendizagem desenvolve-se em interação com os outros;

A criança é sujeito do processo educativo;

A criança aprende agindo, explorando o mundo à sua volta mas também
refletindo sobre a sua experiência.
Como referido no projeto do ano letivo anterior:
Na organização do ambiente educativo é importante proporcionar
momentos de aprendizagem cooperada, o que nos remete para a riqueza dos
grupos heterogéneos, onde a interação entre crianças em momentos diferentes
de desenvolvimento e saberes diversos, é facilitadora do desenvolvimento e da
aprendizagem. Por isso, a importância de momentos de trabalho entre pares ou
pequenos grupos, as comunicações e os momentos de grande grupo, onde a
criança tem oportunidade de confrontar os seus pontos de vista e de colaborar
na resolução de problemas, de partilhar as suas descobertas e saberes, de
enriquecer os conhecimentos dos outros, de contribuir para um saber mais
alargado…
A educação pré-escolar deverá proporcionar um ambiente educativo que
promova a aprendizagem da vida democrática, permitindo que a criança
participe de uma forma democrática nas decisões e escolhas que afetam o
grupo e a si própria. Tendo consciência da importância de aprender e viver num
ambiente facilitador da democracia, as crianças, na nossa sala, têm ao seu
dispor diversos instrumentos educativos (mapas: presença, atividades, agenda
semanal, tarefas,…), condições e experiências que lhe permitem participar, de
uma forma ativa, na vida do grupo. As crianças participam na tomada de
decisões, na elaboração de regras, na distribuição de tarefas. Ao fazer parte do
processo organizativo da vida do grupo, as decisões, regras, atividades ou
tarefas têm outra força e sentido para a criança, ou seja, a compreensão e a
importância dada pela criança será maior pois ela participa nesse processo.
Existe, também, a possibilidade da criança contribuir para a construção do
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processo educativo, pois ela participa através de sugestões no diário de turma,
da participação no planeamento e avaliação,…. Logicamente que o grau de
participação será maior consoante a idade, a maturidade e o momento do
desenvolvimento em que a criança se encontra. Mas desde pequena a criança
tem oportunidades e vivencia experiências de vida democrática e à medida que
cresce também a sua participação progride.
É uma sala ampla e organizada tendo em conta os objetivos pedagógicos,
as crenças e valores educativos, a estrutura física, os materiais e o grupo de
crianças, entre outros. Pretende-se neste espaço proporcionar experiências e
aprendizagens diversificadas e significativas, que vão ao encontro dos
interesses e saberes das crianças, promovendo a autonomia, a participação
cooperada, a tomada de decisões, o respeito pelos outros e pelos materiais, a
responsabilidade, a cooperação, a decisão consciente, a liberdade de escolha e
de movimentos, de uma forma consciente e confiante,….
“O espaço das salas onde decorre a aprendizagem pela ação é
organizado de forma a possibilitar que a criança efetue escolhas. As crianças
têm acesso fácil a uma variedade grande de objetos interessantes e podem
deslocar-se livremente de uma área de interesse para outra de acordo com a
evolução das suas atividades lúdicas.”7
7
HOHMANN, Mary; WEIKART, David; “Educar a criança”; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997,
pp.163.
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5. Organização do tempo
Como referido no projeto do ano letivo anterior:
“O tempo educativo contempla de uma forma equilibrada diversos ritmos
e tipos de atividade, em diferentes situações – individual, com outra criança,
com um pequeno grupo, com todo o grupo – e permite oportunidades de
aprendizagens diversificadas, tendo me conta as diferentes áreas de
conteúdo.”8
A rotina deve ter uma distribuição flexível, embora corresponda a uma
sucessão de momentos. Porque é intencionalmente planeada pelo educador,
tendo em conta o espaço educativo, as experiências e as oportunidades que se
pretendem desenvolver e viver, e conhecida pelas crianças, que sabem o que
podem fazer nos diversos momentos e prever a sucessão de momentos, a
rotina é educativa, promove a autonomia e a segurança. A partir dos diversos
momentos diários, a criança começa a construir as primeiras noções temporais
ao mesmo tempo que lhe é oferecido uma sequência de acontecimentos que a
criança pode seguir e compreender. É uma rotina estruturada e flexível, em que
os diversos momentos fazem sentido para a criança e proporcionam a tomada
de decisões e a participação cooperada. A rotina da nossa sala está organizada
de modo a proporcionar diferentes tipos de atividades e momentos de interação
e partilha e contempla diversos ritmos.
8
PORTUGAL, Ministério da Educação – DEB (997); “Orientações Curriculares para a Educação PréEscolar”; Lisboa; p.52.
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2.ª Feira
3.ª Feira
4.ª Feira
5.ª Feira
6.ª Feira
Marcação de presenças e planeamento
Trabalho de projeto/ trabalho nas áreas / atividades propostas
Arrumar
Arrumar
Arrumar
Arrumar
Arrumar
Comunicações
Comunicações
Comunicações
Comunicações
Comunicações
Pausa
Pausa
Pausa
Pausa
Pausa
Planeamento
Trabalho em
Música
Inglês
Conselho de
Semanal
grande grupo
ALMOÇO
Hora do Conto
SESTA
Hora do Conto
Cooperação
TEMPO DOS 5 ANOS
Hora do Conto
LANCHE
Hora do Conto
Leitura da Ata
Arrumação de
Motricidade
Dança
trabalhos
Trabalho nas áreas / brincadeira livre no recreio
Registo das atividades/trabalho de grande grupo; balanço dos mapas, experiências
cientificas, passeios, teatros, rimas,….
AGENDA SEMANAL
Ano letivo 2015/2016
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6. Objetivos Gerais
Temos como objetivos gerais os enunciados na Lei-quadro da educação
pré-escolar que fundamentam e apoiam o trabalho desenvolvido na nossa sala:

Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança;

Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos;

Contribuir para a igualdade de oportunidades de acesso à escola e de
sucesso da aprendizagem;

Estimular o desenvolvimento global da criança;

Desenvolver a expressão e comunicação;

Despertar a curiosidade e pensamento crítico;

Proporcionar bem-estar e segurança;

Proceder ao despiste de inadaptações, deficiências ou precocidades o
promover o melhor encaminhamento e orientação;

Incentivar a participação das famílias;

...
FIM
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