Abertura Boas Vindas Tema do Congresso Comissões Sessões Programação Áreas II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores Títulos Trabalho Completo O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL NO REFORÇO DA APRENDIZAGEM Ricardo Marques Couto, Luis Fernando Lopes, Noêmia Santana Garcia, Tatiana Almeida Berti Eixo 7 - Propostas curriculares e materiais pedagógicos no ensino e na formação de professores - Relato de Experiência - Apresentação Pôster Resumo O objetivo deste relato é trazer como uma possibilidade de trabalho com os professores e alunos do Ensino Fundamental e Médio da Rede SESI de Ensino, o software GeoGebra. Em razão disso, os Analistas Técnicos Educacionais de Ciências da Natureza e Matemática, das Supervisões Estratégicas de Batatais e Presidente Prudente, orientaram dois professores de Matemática quanto à importância do registro das boas práticas docentes realizadas com o GeoGebra, que foi utilizado em aulas de geometria uma vez que os docentes relataram ter mais dificuldades para os alunos “visualizarem” os conceitos geométricos quando abordados na forma “tradicional”. Ao final da proposta, os docentes em parceria com os Analistas Técnicos Educacionais, expuseram os avanços desta ferramenta educacional útil ao ensino da matemática, e as limitações do uso do software supracitado em suas práticas docentes. O uso do software propiciou melhor envolvimento dos alunos, melhor visualização de estruturas, mais dinamismo na execução das aulas e melhores resultados em avaliações práticas evidenciando uma aprendizagem significativa. Palavras– chave: Registro. Mediação. GeoGebra. 10598 Ficha Catalográfica O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL NO REFORÇO DA APRENDIZAGEM Ricardo Marques Couto1; Luís Fernando Lopes1; Tatiana Almeida Berti2; Noêmia Santana Garcia3. SESI, SP. Local: As atividades ocorreram no Centro Educacional 342 e no Centro Educacional 423, das Supervisões estratégicas de Batatais e Presidente Prudente, respectivamente. Participantes: As atividades foram resultado da parceria entre Analistas Técnicos Educacionais, das Supervisões Estratégicas de Batatais e Presidente Prudente e professores de Matemática do Ensino Fundamental e Ensino Médio da Rede SESI de Ensino. Período: As atividades ocorreram durante o ano letivo de 2013. Descrição da Experiência Muitos são os casos em que as aulas de matemática restringem-se a exercícios de aplicação, que nada mais são do que uma repetição de um modelo de solução apresentado pelo professor. Essa prática tende a causar no aluno uma dependência direta dos procedimentos “ditados” pelo professor e nesse sentido pode-se atribuir o insucesso da aprendizagem à perda da autoconfiança e do raciocínio intuitivo matemático. A indisciplina é um efeito colateral, uma vez que muitos alunos sentem-se desmotivados e por não entenderem os procedimentos transmitidos pelo professor acabam à margem da aprendizagem. Nesse cenário, faz-se necessário a inserção de novos procedimentos e também de novas tecnologias. 1 10599 Desde o desenvolvimento dos códigos binários no século XVIII, por Gottfried Leibniz, até os dias atuais muitos dos avanços científicos perpassaram pela matemática e a informática, desde então diversos pesquisadores tais como: Menezes (1999), Oliveira (1997), Miranda (2006), Litwin e colaboradores (1995), têm discutido sobre o real papel dos computadores no processo de ensino-aprendizagem. O computador é uma ferramenta importante para o professor tanto como recurso didático quanto como recurso motivacional aos alunos, Bittar (2006) destaca que a compreensão do funcionamento cognitivo dos alunos será mais bem entendida com a utilização de um software adequado e que essa utilização favorecerá a individualização da aprendizagem e também desenvolverá a autonomia dos alunos, o que é fundamental para aprendizagem. Nesse sentido, apresentamos como ferramenta educacional o software GeoGebra (aglutinação das palavras Geometria e Álgebra), criado por Markus Hohenwarter para ser utilizado em ambiente de sala de aula é um aplicativo de matemática dinâmica que combina conceitos de geometria e álgebra em uma única ferramenta . Sua distribuição é livre, nos termos da General Public License, e é escrito em linguagem Java, o que lhe permite estar disponível em várias plataformas. Na REDE SESI-SP este software foi homologado como livre, portanto, seu uso pode ser estimulado e intensificado como mais um recurso educacional. Cabe ainda ressaltar que o trabalho com o computador em sala de aula propicia, não somente a parte “lúdica”, mas também intensifica a interação entre o sujeito da aprendizagem e o seu objeto de estudo e nessa construção de novos conhecimentos podemos citar a teoria do desenvolvimento de Vygotsky, a qual explica a interatividade e a construção coletiva do conhecimento em um meio sócio histórico cultural, propiciada pela mediação aluno/aluno; aluno/professor; aluno/computador; enfim, aluno/conhecimento. Ainda na perspectiva da interação humano-máquina, podemos apontar que os conflitos que surgem diante das problemáticas apresentadas desestabilizam os alunos provocando conflitos internos que segundo Wallon favorecem desenvolvimento cognitivo social. Acreditamos que o uso do computador nesse trabalho potencializa mudanças significativas na zona de desenvolvimento proximal dos alunos e o 2 10600 trabalho coletivo entre aluno, professor e analista propicia a produção de algo que não se produziria individualmente. Foram selecionados dois professores de matemática atuantes tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio nas respectivas regiões das supervisões estratégicas de Batatais e de Presidente Prudente. O Analista de Ciências da Natureza e Matemática propôs ao docente o software GeoGebra para execução de construções interativas de figuras e objetos, visando melhorar a compreensão dos alunos através da visualização, percepção dinâmica de propriedade, estímulo heurístico à descoberta e obtenção de conclusões "validadas" na experimentação. Além disso, foi realizando um treinamento básico das ferramentas disponíveis no programa. Em um segundo momento o Analista participou do processo de ensino aprendizagem acompanhando algumas aulas desde o planejamento até a execução da mesma com o intuito de entender os objetivos e identificar as etapas do procedimento metodológico embutido na prática docente. Após o acompanhamento em sala de aula, o Analista explicou aos alunos os comandos necessários para o desenvolvimento da aula com o uso do “GeoGebra” na resolução de situações problemas propostas anteriormente pelo professor . Findada as orientações com os alunos no laboratório, os alunos resolveram as situações problemas propostas utilizando as ferramentas já explicitadas. As atividades propostas pelo professor aos alunos eram adaptações de situações problemas trazidas pelo analista baseadas no material didático da REDE SESI – SP, o livro “Movimento do Aprender”. Foram construções geométricas básicas e visualizações de problemas de geometria analítica. Aos alunos coube adaptar os comandos aprendidos às novas situações de aprendizagem no laboratório, durante a realização das atividades tanto o professor quanto o analista circularam pela sala monitorando e assessorando os alunos. Essa interação foi de extrema importância, mediar à ação do aprender propiciou aos alunos uma aprendizagem mais pontual e como consequência significativa. O projeto previa que ao final do mesmo, o professor montasse um relato de experiência a partir de suas impressões iniciais e finais a respeito do uso do software referido como uma ferramenta educacional didática capaz de reforçar bem como promover a aprendizagem e em razão disso pode-se destacar as seguintes impressões dos professores. 3 10601 • Prática da professora de Matemática do E.F e E.M do Centro Educacional 423: “No início do projeto, eu não tinha intimidade com o software apesar de conhecer outros, aprendi os comandos básicos e a partir daí comecei a extrapolar esses conhecimentos em outras situações problemas, comecei até a problematizar outras. O programa é muito rico em recursos enriquecendo meu aporte teórico. Quando o analista propôs aos alunos as situações problemas previamente estudadas por nós, me senti seguro e para minha surpresa os alunos dominaram os comandos rapidamente conseguindo articular seu conhecimento prévio com as novas problemáticas”. “A turma por mim escolhida para desenvolver o projeto foi o 9° ano, trabalhamos a seguinte expectativa de ensino e aprendizagem: Fazer uso de instrumentos de medida como régua, compasso, esquadro, transferidor, etc. para efetuar a construção da mediatriz de um segmento, da bissetriz de um ângulo, de retas paralelas e perpendiculares, das alturas e medianas de um triângulo, de alguns ângulos notáveis e de segmentos divididos em partes proporcionais. Em função do conteúdo apresentado propusemos aos alunos algumas atividades simples, mas que mobilizassem alguns conceitos chaves presentes na expectativa, segue abaixo uma das atividades”: 1. Abaixo se vê a representação de um trecho de estrada em linha reta. Uma antena deve ser instalada na estrada de modo que fique à mesma distância da casa e do posto policial. • Determine a posição da antena de acordo com a informação dada e esboce a figurado aparelho. • As ondas emitidas percorrem uma distância maior até a casa ou até o posto? • Há outros lugares, mesmo fora da estrada, em que se possa instalar a antena de modo que ela esteja à mesma distância da casa e do posto policial? Represente dois destes lugares no desenho anterior. 4 10602 “Os alunos gastaram um tempo maior do que o previsto para se organizarem de modo a resolver o problema utilizando a interface gráfica do GeoGebra, contudo, modelaram matematicamente e através de retas, semirretas, mediatriz e interceptações confeccionaram o seguinte esquema”: (produção do 9° ano C.E 423 – Presidente Prudente) “ Explicaram todos os itens através da figura acima, justificando o percurso equidistante das ondas emitidas pela antena. Houve muita empolgação com o software, muitos alunos exploraram outras funções não apresentadas nessas aulas. Todos sem exceção participaram do processo de construção, havia um computador para cada aluno na sala e isso favoreceu o desenvolvimento do projeto. Vale apontar aqui uma ressalva, havíamos planejado o projeto para duas aulas, no entanto, levamos quatro aulas para finalizar e avaliar cada produção”. “Acredito que a inserção da informática educacional na prática docente se faz muito necessário, pois aproxima os alunos do concreto possibilitando também a ação mediadora do professor, vindo de encontro à concepção de ensino e aprendizagem da REDE SESI-SP”. Foi parte integrante da avaliação do projeto a analise e a devolutiva do acompanhamento realizado pelo analista ao processo de ensino aprendizagem desenvolvido pelo professor em suas aulas, uma vez que o 5 10603 objetivo maior foi afinar ainda mais a prática docente do professor com a proposta da rede SESI-SP. • Prática da professora de Matemática do E.F e E.M do Centro Educacional 342: Identificar figuras semelhantes e investigar as propriedades matemáticas que definem semelhança, bem como determinar a razão de semelhança. a) Considere os polígonos BCDE e FGHI. b) Identifique e registre os ângulos e segmentos nos polígonos BCDE e FGHI. c) Identifique e registre os ângulos correspondentes e os segmentos correspondentes dos polígonos. d) Utilizando a ferramenta “Ângulo”, clique dentro de cada polígono e registre a medida de cada ângulo dos polígonos. O que você pode concluir em relação às medidas dos ângulos correspondentes nos polígonos? e) Utilizando a ferramenta “Distância, Comprimento ou Perímetro”, clique nas extremidades de cada segmento dos polígonos e registre suas medidas. Em seguida, utilizando uma calculadora, determine as razões (com aproximação 6 10604 para duas casas decimais) entre os segmentos correspondentes do polígono BCDE e do polígono FGHI. O que você pode concluir em relação às razões determinadas? f) Utilizando a ferramenta “Distância, Comprimento ou Perímetro”, clique dentro de cada polígono e registre seu perímetro. Em seguida, utilizando uma calculadora, determine a razão entre o perímetro do polígono BCDE e do polígono FGHI. O que você conclui em relação à razão entre os perímetros dos polígonos e a constante de proporcionalidade encontrada no item e? g) Utilizando a ferramenta “Área”, clique dentro de cada polígono e registre sua área. Em seguida, utilizando uma calculadora, determine a razão entre a área do polígono BCDE e do polígono FGHI. O que você conclui em relação à razão entre as áreas e a constante de proporcionalidade encontrada no item e? h) Movimente o ponto H (e os pontos B, C, D, E, se quiser, de modo a obter um novo polígono convexo). Realizes novamente os itens de b) até g). i) Movimente o ponto H (preferencialmente os pontos B, C, D, E de modo a obter polígono convexo). O que você observa em relação às medidas dos ângulos correspondentes nos polígonos? E em relação à medida dos lados, perímetro e área dos polígonos? E em relação às razões dos segmentos correspondentes dos polígonos? E em relação à razão dos perímetros e das áreas? j) Com base nos seus experimentos elabore uma definição matemática para polígonos semelhantes. Conclusão 7 10605 Romper com o ensino meramente transmissivo em matemática não é e nunca será tarefa fácil aos educadores, contudo, acreditamos que o repensar e o reconstruir possam ser um caminho nessa árdua tarefa. O construtivismo matemático é um termo que designa o construir para provar, o operar com o concreto ainda que seja “virtual” é uma interpretação verificacional que se mediada através de elementos que qualifiquem essa interação podem levar a uma aprendizagem significativa. Neste caso a mediação entre o sujeito e o objeto se dá através do software GeoGebra, não só pelas técnicas ou comandos ensinados pelo professor/analista, mas também pela “intuição” matemática. Uma das limitações apontadas pelos educadores foi o tempo desprendido para o desenvolvimento da atividade proposta, inicialmente eram previstas duas aulas que posteriormente se estenderam para quatro aulas. A visão de que o professor cumpre sua “missão” de mestre quando o mesmo cumpre a maior quantidade de matéria em aula é uma visão comum e estereotipada do papel real do professor no processo de ensino e aprendizagem, o conteúdo não deve ser prioridade, o objetivo principal é que os alunos tenham o maior aproveitamento possível de um conceito ou um conjunto desses. Gerar situações onde o aluno deva ser criativo, perspicaz é um dos objetivos das situações problemas propostas e nesse cenário, os relatos dos professores confirmaram nosso objetivo inicial. Dessa forma podemos pensar o uso do software referido não só como uma ferramenta educacional para o reforço da aprendizagem, mas também, como um poderoso recurso para modelagem matemática de situações diversas. Referências CASTORINA, JOSÉ ANTÔNIO. O debate Piaget-Vygotsky: a busca de um critério para sua avaliação. In: Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1988. p.7-50. GALVÃO, IZABEL. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 7ª ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 2000. p.134. VYGOTSKY, LEV S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.p168. 8 10606 MATOS FILHO, Maurício A. Saraiva de; MENEZES, Josinalva Estácio; SILVA, Ronald de Santana da; QUEIROZ, Simone Moura. O uso do computador no ensino de matemática: Implicações nas teorias pedagógicas e a infraestrutura Escolar. Disponível em: MIRANDA, R. G. Informática na Educação – representações sociais do cotidiano. 3 ed.São Paulo: Cortez, 2006. LITWIN, E. et al. Tecnologia Educacional Políticas, Histórias e Propostas. Trad. Ernani Rosa. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 1997. MENEZES, J. E. A utilização de jogos de estratégia via computador na introdução de conceitos matemáticos em sala de aula. In: Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE), 9, 1998, Águas de Lindóia-SP. Anais em CD. OLIVEIRA, R. de. Informática Educativa. 10a ed. Campinas: Papirus, 2006. Notas 1 Analista Técnico Educacional do SESI/SP. 2 Professora de Matemática do SESI (C.E. 342) 3 Professora de Matemática do SESI (C.E. 423) 9 10607