Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação
e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
19 a 21 de outubro de 2011
USO DE PÓ DE ROCHAS NA CULTURA DO ARROZ DE TERRAS ALTAS
Lindomar Manoel Rezende (UEG)1
[email protected]
Neidimar Alves Mariano (UEG)2
Adilson Pelá (UEG)3
Gláucia de Mello Pelá (UEG)4
[email protected]
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de rochas ornamentais do
mundo, dentre elas, destacam-se o diorito e gnaisse, comercialmente conhecidos por mármore
e granito. A indústria das rochas ornamentais gera uma enorme quantidade de efluentes,
perfazendo cerca de 200.000 toneladas de resíduos sólido por ano. Os rejeitos em sua grande
maioria são descartados em lagoas de decantação e aterros, gerando um grande problema
ambiental. (MOREIRA et al., 2005). O pó de basalto também é produzido e gerado em
grandes quantidades em pedreiras espalhadas por todo o Brasil, e pode igualmente contribuir
com nutrientes, uma vez que os solos originados destas rochas são mais férteis.
Segundo KANAPIK (1987), a mineralogia de um basalto é constituída principalmente
por piroxênios e plagioclásios. Podem incluir olivina, quartzo, feldspato potássico, anfibólios,
micas, fesdspatóides, hematita, ilmenita, magnetita, rutilo, dentre outros. Na composição
química dos minerais das rochas ígneas vulcânicas, ocorre uma maior freqüência de óxidos,
sendo o de maior importância o óxido de silício (SiO2), cuja porcentagem em peso pode variar
de 35 a 75%. Em segundo lugar vem o óxido de alumínio (Al2O3), que varia entre 12 e 18%.
Outros óxidos podem estar presentes, como: óxido de ferro, óxido de manganês, óxido de
magnésio e outros de sódio, potássio e cálcio (TURNER & VERHOOGEN, 1960 citado por
KNAPIK & ANGELO, 2007 ).
Muitos anos são necessários para a natureza fragmentar as pedras, para então, em
contato com a água, ácidos e calor, ocorrer a mineralização, disponibilizando os minerais para
as plantas. Os organismos do solo desempenham papel importantíssimo na intemperização
físico-química das rochas, sendo os fungos e bactérias os principais responsáveis por se
desenvolverem nesse meio e liberar nutrientes dos minerais do solo, dispomibilizando-os para
as planas (COUTINHO et al., 1999 citado por KNAPIK & ANGELO, 2007).
Segundo KNAPIK & ANGELO (2007), o pó de rochas apresentam potencial de
fornecer aos solos grande número de nutrientes. O basalto é apontado como possível fonte de
macro e micronutrientes, podendo levar ao rejuvenescimento de solos muito intemperizados
(LEONARDOS et al., 1976). A quantidade de elementos minerais nutritivos presentes na
rocha sedimentar de basalto é muito considerável, sendo encontradas em ppm: 86000 de Fe,
1500 de Mn, 100 de Cu, 100 de Zn, 1 de Mo e 5 de B (MALAVOLTA, 1980). No Brasil são
poucas ainda as referências de sua utilização em escala comercial na agricultura, porém na
Europa, sua utilização pode ser considerada uma prática convencional de muitos agricultores.
Os fertilizantes oferecem um rápido e efetivo meio de suplementação de nutrientes
para as plantas, quando em deficiência melhorando a produtividade (FAGERIA et al., 1977).
Logo, o seu uso racional, especialmente fósforo, em solos originalmente sob cerrado, é
considerado como o mais importante fator de maximização de produção do arroz, seguido
pelo zinco. A calagem também é uma prática fundamental para a melhoria do ambiente
1
PBIC/UEG - Programa de Bolsas de Iniciação Científica da UEG;
PVIC/UEG - Programa Voluntário de Iniciação Científica da UEG;
3
Colaborador Doutor Adilson Pelá;
4
Orientadora Doutora Gláucia de Mello Pelá.
2
1
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radicular, podendo até favorecer ganhos de produtividades nos solos (ALVAREZ &
RIBEIRO, 1999). Contudo, a adubação que utiliza fontes de alta solubilidade apresenta
limitações econômicas para o uso em culturas de baixo retorno financeiro, como é o caso da
cultura do arroz, sendo importante o estudo de fontes alternativas e mais viáveis
economicamente.
Cultivado em várias nações o arroz é uma gramínea do gênero Oryza, é um dos
principais cereais do mundo. Na maioria dos casos, quase toda a produção é destinada ao
consumo interno destes países. Esta poaceae cresce nas mais variadas condições: de 50° de
latitude norte a 40° de latitude sul, e em altitudes inferiores ao nível do mar ou superiores a
3.000 metros. Existem duas espécies cultivadas, o Oryza sativa L., muito comum nas zonas
tropicais e temperadas, e o Oryza glaberrima, originário da África ocidental. No Brasil, a
rizicultura iniciou-se em meados do século XVIII, a produção brasileira esta por volta de 11
milhões e 500 mil toneladas de arroz por ano. Segundo ABADIE et al., (2005), esses grãos
são plantados em dois ecossistemas diferentes: várzeas e terras altas. O ecossistema de
várzeas, também chamado de cultivo irrigado, é mais comum na região sul, representando
cerca de 40% da área destinada à rizicultura no Brasil. No ecossistema de terras altas tem sido
cultivado em áreas de pastagens degradadas, pois a cultura de arroz tem boa tolerância à solos
ácidos (FAGERIA, 2000).
Ainda é importante destacar que a produtividade do arroz de sequeiro em
monocultura é diminuída a partir do segundo ano de exploração, devido a fatores advindos
da própria cultura. Já sistemas de produção que envolve rotação de culturas e manejo
adequado do solo podem manter a sustentabilidade desses solos e tornar o cultivo do arroz
de sequeiro um empreendimento economicamente atrativo (GUIMARÃES & BEVITÓVI,
1999).
Os solos de Cerrado apresentam baixa fertilidade natural, com teores extremamente
baixos de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e zinco. Além de pouco férteis, os
solos de cerrado são extremamente ácidos, o que diminui a disponibilidade de nutrientes para
as culturas. O nitrogênio, o fósforo e o potássio são os que a planta necessita em maior
quantidade, enquanto que a deficiência de Zn é comumente observada em arroz de terras
altas (FAGERIA, 1999).
OBJETIVO
O projeto objetivou avaliar a eficiência do uso de resíduos de rochas basálticas e
graníticas na cultura do arroz de terras altas, em solos do cerrado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental da UnU de Ipameri, situado no
município de Ipameri-GO, num LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico. A sede
do município se encontra a uma latitude de 17º 41’ S, longitude 48º 11’ N e altitude de 800 m,
com clima, segundo a classificação de Köppen, do tipo Aw, constando temperaturas elevadas
com chuvas no verão e seca no inverno.
Utilizou-se o delineamento experimental blocos casualizados, arranjados em
esquema fatorial 2 x 5 com três repetições. O primeiro fator corresponde às fontes basalto e
granito. O segundo fator consiste as dosagens (0, 600, 1200, 1800 e 2400 Kg ha-1) aplicadas
no sulco de plantio com 15 dias de antecedência à semeadura.
Utilizaram-se dados de análise do solo da área, realizada anteriormente para outros
experimentos, cuja saturação por bases era de 50%, não sendo necessária calagem. Preparouse a área destinada à implantação da cultura de arroz de maneira convencional com dois
meses de antecedência, com o uso de grade aradora para promover o revolvimento do solo e
cultivador para abertura dos sulcos para o plantio. A semeadura realizou-se no dia 12 de
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dezembro de 2010 e a adubação de base realizada manualmente, usando-se a fonte de N-P-K
com a dose de 190 Kg ha-1 da formulação 5-25-15, igualmente em todas as parcelas.
Cada parcela experimental constituiu-se de 6 linhas com 3 m de comprimento e com
espaçamento de 0,4 m entre linhas, correspondendo a uma área de 7,2 m2,com densidade de
70 sementes por metro linear. Utilizou-se a cultivar de arroz BRS Sertaneja, bem adaptada às
condições da região. A área útil da parcela constituiu-se pelas quatro linhas centrais,
deixando-se 0,5 m nas extremidades. O controle de plantas daninhas foi realizado
manualmente, de forma a manter a área sempre limpa. Segundo dados do Centro de Previsão
de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
durante o período de condução do experimento, ocorreram um total de precipitação pluvial de
683 mm, assim distribuídos da semeadura 12 de dezembro, a colheita 15 de março: dezembro
(166 mm), janeiro (259 mm), fevereiro (107 mm) e março (151 mm).
Os parâmetros avaliados, no final do ciclo da cultura foram: pH em água na camada
de 0 a 0,2 m do solo, amostras coletadas dez dias após a colheita, produtividade de grãos na
área útil da parcela, com teor de água corrigido para 13% com base na massa seca, obtidas em
amostras com 100 grãos; número de panículas por metro linear, avaliados em 3 metros
lineares por parcela; peso médio das panículas, em amostras com 20 panículas por parcela;
peso de 1000 grãos e % de grãos vazios e cheios, em amostras de 100 grãos por parcela.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tuckey a 5% de probabilidade, usando o software de estatística Sisvar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso de pó de rochas promoveu incremento na produtividade do arroz até a
dosagem de 1405 kg ha-1, cuja produtividade máxima correspondente foi 3211 kg ha-1 para
a fonte basalto e de 1138 kg ha-1, cuja produtividade máxima correspondente foi 3018
kg ha-1 para a fonte granito. Porém, na média de todas as dosagens, verificou-se que o pó de
basalto foi superior ao pó de granito. Para os componentes da produção não foram
observados ajustes significativos. KNAPIK & ANGELO (2007), também não encontraram
diferenças significativas no uso de pó de basalto sobre o diâmetro do coleto de Prunus
selowii. Isso provavelmente em função de que os nutrientes contidos nesses materiais são
lentamente liberados, não atendendo às exigências da cultura.
Quando comparando as fontes pó de basalto e pó de granito em relação à
produtividade, percentagem de grãos cheios, peso de 1000 grãos, nota-se a superioridade do
pó de basalto, entretanto, como mostra o pequeno coeficiente de variação (CV%), a diferença
não foi significativa entre as fontes testadas, uma vez que quanto menor o CV%, mais
homogêneo é o conjunto de dados, resultado semelhante mostra a diferença mínima
significativa (DMS), comparada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, sendo maior que
a diferença entre as médias de pó de basalto e pó de granito. Analisando-se número e peso
das panículas, não houveram diferenças significativas entre nas condições testadas.
Em relação ao potencial de hidrogênio, o pó de basalto tinha um pH de 9,1, já o pó
de granito apresentou um pH de 9,2, ambos alcalinos. Conforme aplicações crescentes de
pó de rochas notaram-se um aumento do pH no solo. Esse aumento no pH pode explicar a
redução na produtividade da cultura com as dosagens acima de 1241 kg ha-1, pois o arroz é
uma cultura que se desenvolve melhor em valores de pH entre 5,0 e 5,5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. O uso de pó de rochas proporcionou aumento de produtividade na cultura do arroz, até
dosagens de 1405 kg ha-1 e 1138 kg ha-1 para basalto e granito respectivamente.
2. O basalto mostrou-se superior ao granito em termos de produtividade da cultura.
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3. O efeito do pó de rochas elevando o pH do solo reduziu produtividade, principalmente
com as maiores dosagens.
4. Não foi possível verificar diferenças nos parâmetros morfológicos em função das condições
e dosagens de pó de rochas utilizadas neste experimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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