Construa Seu Espelho para Telescópio Newtoniano
Autor: Severino Fidelis de Moura
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Sumário
Resumo.....................................................................................................................2
Introdução.................................................................................................................3
Objetivo.....................................................................................................................3
Metodologia..............................................................................................................4
Generalidades sobre o trabalho em vidro para espelhos de telescópios..............4-5
Materiais básicos...................................................................................................5-7
Abrasivos usados na construção artesanal de espelhos..........................................7
Desbaste ou esmerilhamento grosso..................................................................8-12
Lapidação ou Ajustagem........................................................................................13
Polimento fino....................................................................................................13-16
Procedimento para o polimento fino..................................................................17-18
Provas................................................................................................................18-23
Resultados..............................................................................................................24
Considerações Finais,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,24-25
Referências Bibliográficas......................................................................................26
Aluminização...........................................................................................................27
2
Construa seu Espelho para Telescópio Newtoniano
Severino Fidelis de Moura
Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas. – CEAAL
[email protected]
http://br.geocities.com/fidelis_astronomia
Resumo:
Este trabalho trata da metodologia utilizada para a construção de espelhos
para telescópio Newtoniano, demonstrando de forma interativa como construir
espelhos para telescópios. Para este fim é necessário considerar alguns
requisitos, como: Diâmetro do espelho, tubo para compor o telescópio, seu
comprimento, espessura e a distância focal. Primeiramente deve-se adquirir os
discos de vidro para preparar o espelho e a ferramenta, com esses, é possível
proceder ao desbaste ou esmerilhado grosso. Para realizar esse procedimento
dispõe-se o disco de vidro, que será futuramente o espelho, sobre a ferramenta e
faz-se uso de esmeris (120 e 180) procedendo três movimentos principais:
longitudinal, rotação sobre seu próprio eixo e rotação sobre o eixo da bancada
própria para o desbaste, visando sempre à uniformização da superfície que está
sendo esmerilhada. Após o desbaste segue-se à lapidação ou ajustagem da peça,
que é feita a partir da realização dos movimentos supracitados, sendo que
utilizando novos esmeris com granulações menores (320, 500, 800, 1500 e 2000),
para sucessivamente ir ajustando a superfície do futuro espelho, e, posteriormente
fazer o polimento fino. Nesta etapa, muda-se a ferramenta que agora é composta
pelos materiais: breu, óleo de linhaça e cera de abelha, e, o polidor utilizado é
óxido de cério ou zirconita. Após esses três procedimentos básicos deve-se
comprovar a forma esférica do espelho mediante algumas provas ópticas. Neste
trabalho será realizada a Prova de Foucault, que é feita através de uma fonte
luminosa pontual direcionada para uma lâmina que possa interceptar os raios que
retornem do espelho, quando disposto na bancada de teste. Colocada a fonte
luminosa no centro de curvatura do espelho, e ao dobro da distância focal do
mesmo, a imagem também pontual se formará no centro de curvatura sobre a
fonte luminosa. Se a superfície do espelho é uma esfera perfeita, todos os raios
luminosos se reúnem no mesmo ponto. O desenvolvimento desse trabalho
desencadeou o interesse em demonstrar as diversas etapas para execução da
construção de espelhos para telescópios Newtonianos.
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INTRODUÇÃO:
Neste trabalho trata-se da metodologia utilizada para a construção de
espelhos para telescópio Newtoniano, demonstrando de forma interativa como
construir espelhos para telescópios. Como se sabe, desde os primórdios da
evolução do ser humano na terra a observação dos astros era vista como
indicador para a agricultura, orientação para viagens e considerações sobre as leis
da natureza. Primeiramente, os homens usando apenas o senso comun, subiram
montanhas, construiram monumentos enormes, deram nomes aos astros,
relacionando-os a deuses do qual tinham medo ou adimiração. O tempo passou e
apareceram grandes nomes que evoluiram para o advento de instrumentos
toscos, como os protótipos de Galileu, porém de uso investigativo das maravilhas
do céu.
Galileu viveu em meados do século XVI, nasceu em 1564 em pleno
alvoroço da Igreja Católica, em contrariar as opiniões de Copérnico. Abdicou de
suas teses em vista da pressão da Igreja, porém a semente ficou e renasceu no
decorrer da evolução da astronomia. Hoje já vimos maravilhas da tecnologia e de
ATM’s (Fabricantes Amadores de Telescópios) ainda tentando construí-los para
seu uso, a fim de descobrir as maravilhas do Cosmo.
Diante do exposto e motivado por tentar descobrir as maravilhas do
universo, de forma menos dispendiosa, após um longo período de estudo e
tentativas para construir um telescópio, segue a finalização que será demonstrada
neste trabalho.
Objetivo:
Construir artesanalmente espelhos esféricos para telescópio Newtoniano
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Metodologia:
Para confeccionar um espelho artesanal para um telescópio newtoniano,
devemos ter em mente alguns requisitos básicos:
O diâmetro do espelho, o tubo que vai ser usado, seu comprimento e
espessura mediante a distância focal estipulada.
O tubo deve ser sempre mais largo do que o diâmetro do espelho, e cerca
de 100mm maior do que a distancia focal estimada.
É aconselhável um espelho de 150mm ou acima disso, sem extrapolar o
diâmetro de 200mm, que é o limite para a portabilidade.
O material para essa finalidade é o vidro plano, o mais comum é o "soda
lime", o vidro de vidraças, feito a base de óxido de silício com a adição de óxido de
sódio (soda - Na2O) e óxido de cálcio (lime - CaO). Pode ser usado
satisfatoriamente para vários espelhos de telescópios. Sua vantagem principal é a
disponibilidade em tamanhos grandes e é barato, mas a espessura é limitada.
No Brasil é fabricado até 19 mm (3/4") mas pode ser encontrado em
espessuras maiores em placas brancas ou azuladas, conhecidos no mercado
como vidros belgas (importados pelos fornecedores da Bélgica).
1 - Generalidades sobre o trabalho em vidro para espelhos de
telescópios e as teorias do procedimento para desbaste e
polimento:
“Para um principiante é sempre motivo de surpresa, saber que as
superfícies mais precisas que o homem pode realizar são feitas à mão, sem ajuda
das pequenas ou mesmos grandes máquinas, e mediante procedimentos
aparentemente infantis. Somos vítimas do nosso “bom sentido”, pacientemente
formado nos últimos séculos da tecnologia que nos leva a admirar as famosas e
complicadas máquinas, onde é necessário um verdadeiro esforço para ter uma
visão sensata da questão. O trabalho das superfícies de alta precisão está
dominado por feitos já conhecidos ou inconscientemente aplicado desde a idade
da pedra”.
Ajustar por deslizamento uma superfície é esfregá-la contra outra de igual
tamanho, que toma agora o nome de ferramenta, com a interposição de um
abrasivo, ou seja, um pó composto por pequenos grãos cortantes ligeiramente,
umedecidos com água, mais duros que o corpo a trabalhar.
Antes de começar o trabalho de desbaste não esquecer de eliminar as
arestas dos discos de vidro com uma pedra de afiar ou através de máquinas já
disponibilizadas para esse fim.
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Ajuste por deslizamento
A combinação dos movimentos que veremos a seguir, a pressão que
vamos imprimir contra as arestas dos grãos de abrasivos provocará, numa
substância frágil como o vidro, uma quantidade enorme de fraturas e pequenos
fragmentos principalmente nas regiões sobressalentes que tendem a desaparecer.
2 - Materiais básicos:
2 . 1 - Bancada para Desbaste Grosso e Médio;
2 . 2 - Bancada para Lapidação ou Ajustagem;
2 . 3 - Bancada para o Polimento Final;
2 . 4 - Breu, Piche, Óleo de Linhaça e Cera de Abelha;
2 . 5 - Discos de Vidro conforme o planejamento;
2.6 - Ferramentas para corte de vidros para espelhos
2 . 7 - Abrasivos
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Deve-se ressaltar a necessidade da aquisição de dois discos de vidro de
igual diâmetro, um para a ferramenta outro para o espelho, o vidro discriminado
para ferramenta, poderá ser de menor espessura, e para o espelho de 150mm a
espessura mínima deve ser de 19mm.
O corte dos vidros para o espelho e ferramenta pode ser feito por
vidraceiros, no entanto o interessado pode cortar os vidros ele mesmo, através de
fresa para vidro conforme figura abaixo.
Adaptado de http://observatoriophoenix.astrodatabase.net/
Fresa manual para cortar vidro, nas dimensões de 137mm, diâmetro interno.
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Fresa para cortar vidro, uso em máquinas, 92mm
3 - Abrasivos usados na construção artesanal de espelhos:
Esmeril 120 – Óxido de Alumínio
Esmeril 1000 – Óxido de Alumínio*
Esmeril 180 – Óxido de Alumínio*
Esmeril 320 – Óxido de Alumínio
Esmeril 500 – Óxido de Alumínio*
Esmeril 800 – Óxido de Alumínio
Esmeril 1500 – Óxido de Alumínio
Esmeril 2000 – Óxido de Alumínio
Polidor para Cristal – Zirconita
Rouge – Óxido de Ferro
Óxido de Cerium (Cério)
Breu e piche (só serve o alcatrão) poderão ser encontrados em algumas
casas de vendas para materiais da construção civil, ou no ramo de produtos
químicos.
Cera de abelha, nas casas do ramo em madeiras especializadas.
No ramo de material óptico é possível adquirir materiais conforme
discriminaremos abaixo para a confecção da peça desejada.
*Os materiais assinalados, podem ser encontrados em Maceió, ou outra capital
brasileira, nas casas direcionadas à confecção de óculos, e tanto pode ser Óxido
de Alumínio como Carbureto de Silício. Costuma-se usar carbureto de silício nas
granulações até o grão 180.
O óxido de ferro, comumente chamado Rouge abrasivo para polimento
final, muito caro, usado em lapidação nas joalharias etc. O rouge da construção
civil (Xadrez), precisa de certos cuidados para uso sem risco de danificar o
espelho. O óxido de Cério, é vendido nas cores rouge, rosa ou branco.
Para iniciar esta atividade você pode aproveitar uma área livre, a garagem,
um terraço ou uma dependência disponível da casa sem, contudo criar
desconforto com os locatários da mesma, ou de onde você estiver dividindo o
ambiente.
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4- Desbaste ou esmerilhamento grosso:
Para proceder ao esmerilhado grosso ou desbaste, dispõe-se o disco de
vidro de espessura menor, chamado de ferramenta, apoiado em cima da bancada
e resguardado através de presilhas, (Ver Bancada de Desbaste).
A bancada deve está fixa, ou provida de lastro, para evitar balanço ou
movimento desnecessário. Na seqüência, mistura-se com água um pouco de
esmeril 120 ou 180 (conforme o que tivermos em mãos) em um dos potes e com
uma colherinha de madeira ou plástico, ou com os dedos, despeja-se em cima do
vidro ferramenta. Em seguida, deslizaremos o espelho em círculos sobre a
ferramenta, embora Jean Texereau, ATM (Fabricante Amador de Telescópios)
renomado na construção de espelhos, recomende movimentos longitudinais como
se fosse um “I”, porém é a prática e o operador quem deve decidir qual movimento
escolher.
Bancada para Desbaste
A bancada deve está fixa, ou provida de lastro, para evitar balanço ou
movimento desnecessário. Na seqüência, mistura-se (suspensão) com água um
pouco de esmeril 120 ou 180 (conforme o que tivermos em mãos) em um dos
potes e com uma colherinha de madeira ou plástico, ou com os dedos, despeja-se
em cima do vidro ferramenta. Na seqüência, o espelho será deslizado em círculos
sobre a ferramenta, ou se executa movimentos conforme Texereau. No
esmerilhado grosso aconselham-se os movimentos circulares, há menos riscos de
erro na abertura da concavidade do espelho. Proceder nos movimentos
longitudinais nos esmeris seguintes. Não devemos esquecer os movimentos
alternados de deslocamentos do disco superior e a movimentação que o operador
deve fazer em torno da bancada, obedecendo aos três movimentos que veremos
a seguir:
9
4. 1- Primeiro movimento:
O espelho deslizará em circulo sobre a ferramenta, passando pelo seu centro e
aproximando-se da extremidade sem, no entanto, chegar a ela. Ou o movimento
de vai e vem, conforme Jean Texereau.
4. 2 - Segundo movimento:
Agora será a rotação do espelho sobre seu próprio eixo, a fim de uniformizar o
desbaste.
4. 3 - Terceiro movimento:
Seria o deslocamento esporádico da ferramenta também em círculo. Essa
ferramenta encontra-se presa na bancada, assim o operador circulará em volta da
mesma, com certa regularidade, enquanto executa as outras atividades de
esmerilhamento.
Efetuando estes movimentos e recolocando nova quantidade de esmeril,
em alguns minutos, notaremos que o espelho vai tomando a forma côncava e a
ferramenta convexa. Use uma régua e poderá conferir a concavidade. Enxágüe a
face do espelho e a exponha ao sol contra uma parede, conferindo sempre a
distância focal, esta é a meta ideal.
Continuamos o esmerilhamento, lavando o espelho e repondo uma nova
porção de esmeril, medindo a distância focal, contra a luz do Sol, sobre uma
parede, até o limite necessário (ver Tabela 1)
Nesta mesma Bancada, depois de lavada por duas, três ou mais vezes,
passaremos a usar os abrasivos de no 320, 500 até de preferência o de número
800.
Nessa etapa, devemos esmerilhar o espelho em questão, pelo menos por
uma hora para cada classificação dos abrasivos. Esse procedimento é chamamos
de Ajustagem. Nas páginas seguintes veremos esse desenvolvimento. Os
movimentos agora de um modo diferente, em forma de um “I” onde o operador
fará deslizar o espelho sobre a ferramenta, tendo o cuidado de avançar apenas
alguns centímetros da borda da ferramenta, isto garantirá a distancia focal
estipulada.
Correções da distância focal nessa etapa, poderá ser feita através do
esmeril 320, demora, mas os resultados serão positivos quanto a curva estipulada.
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5 -Tabela 1: Diâmetros e distância focal mínima para espelhos totalmente esféricos.
Onde, (f 3 ≥ 3,49 D 4), sendo: f = Distância focal em mm e D = diâmetro em mm.
Ø do espelho em
f
Relação focal F/D
Flecha em mm
mm
90
612
6,8
0,83
100
704
7,0
0,89
110
799
7,3
0,95
120
898
7,5
1,00
130
999
7,7
1,06
135
1050
7,8
1,08
137
1071
7,8
1,10
140
1103
7,9
1,11
145
1155
8,0
1,14
150
1209
8,1
1,16
160
1318
8,2
1,21
165
1373
8,3
1,24
170
1428
8,4
1,26
180
1542
8,6
1,31
190
1657
8,7
1,36
200
1774
8,9
1,41
210
1893
9,0
1,46
220
2015
9,2
1,50
230
2138
9,3
1,55
240
2262
9,4
1,59
250
2389
9,6
1,64
254
2440
9,6
1,65
Adaptado de http://observatoriophoenix.astrodatabase.net/
Como vimos acima, para qualquer valor abaixo do exposto na Tabela 1, o
espelho terá de ser parabolóide. A fórmula acima é empírica.
Devemos medir a distância focal com certa regularidade, para não
passarmos do valor desejado. Com a evolução do esmerilhamento, se passar do
valor especificado, inverteremos a posição espelho / ferramenta e traremos de
volta a distância focal. O procedimento de lavar o espelho e a ferramenta
prossegue, assim como, o procedimento de conferir a distância focal. O ideal seria
a mudança de ambiente, para cada etapa do trabalho. Como não é tão fácil mudar
de ambiente, mudaremos pelo menos de bancada e teremos menos riscos de
acidente para com os espelhos.
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Ferramenta fixa na bancada (espelho por cima)
Bancada Fixa para Diversas Atividades na Construção de Espelhos
12
Bancada Móvel para Diversas Atividades na Construção de Espelhos
Bancada Fixa e Motorizada para Diversas Atividades na Construção de
Espelhos
13
6 – Ajustagem e Lapidação:
Na Ajustagem, (ver página 9) faremos usos, primeiros dos esmeris 320, 500
e 800, é um procedimento onde você aprimora a curva do espelho e elimina as
irregularidades deixadas pelos abrasivos anteriores. Sempre lembrar a mesma
seqüência dos movimentos já anunciados.
A Lapidação é a continuação do aprimoramento da face do espelho através
do uso dos materiais cada vez de granulações mais finas para o aperfeiçoamento
final com os esmeris 1000, 1500 e 2000. Todos óxidos de alumínio, ou carbureto
de silício. Os movimentos serão os mesmo do esmeril 350. Trabalhar pelo menos
40 minutos em cada um desses abrasivos e não esquecer a seqüência contínua
dos três movimentos já descrito no esmerilhado grosso, como também a limpeza
excessiva da bancada, após cada uso de determinado esmeril.
Depois de lavado com sabão diversas vezes, o espelho estará pronto para
o polimento final.
7 - Polimento fino
Para proceder ao Polimento Fino, iremos precisar da ferramenta polidora,
para isso você vai precisar de Breu, Piche, Óleo de linhaça e Cera de abelha, que
serão misturados, esta mistura deverá ser aquecida e derretida numa panela rasa,
em fogão com fogo baixo e muito cuidado para evitar acidente.
A cera de abelha será usada em cima da ferramenta já preparada, serve
para agregar os pequenos grãos de pó, do polidor.
Deve-se circundar a ferramenta (vidro) com uma tira de papel e em seguida
despejar a mistura. Antes é bom fazer um teste da mistura em um pedaço de
papel e esperar o esfriamento para verificar a consistência da torta de breu. Faça
um teste com a unha do polegar, não deve deixar a marca da unha a não ser
através dum certo esforço. Aqueça novamente a mistura e despeje em cima do
vidro, (este deve estar aquecido a 50o C) assim não haverá risco da quebra do
mesmo. A camada de breu deve ficar com a espessura em torno de seis a oito
milímetros.
Antes do esfriamento total, deve-se molhar o espelho com água de sabão e
moldar aquela massa que será o polidor para o nosso espelho. Em seguida
devem-se abrir canais (linhas horizontais) na superfície convexa da ferramenta,
deixando uma distancia de 2,5 cm de um canal para o outro e, além disso, estes
canais nunca devem passar pelo centro da ferramenta.
14
O vidro ferramenta circundado por uma tira de papel
Fabricação da Ferramenta para o Polimento Fino
15
Ferramenta Polidora
Prensagem da ferramenta polidora
16
Bancada para Polimento Fino
Estufa improvisada para aquecimento da ferramenta e dos vidros no
momento da confecção e do amoldamento da torta de breu. Podemos
aquecer as peças na presença do sol ou na estufa, aqui não se cogita de
verão ou inverno.
Estufa para aquecimento do Espelho e da Ferramenta
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8 - Procedimento para o polimento fino:
Com espelhos menores do que 30cm de diâmetro, pode-se trabalhar
indiferentemente espelho acima ou abaixo. Os resultados dependem muito de
fatores difíceis de prever antecipadamente (posição, tamanho das mãos no
manuseio dos vidros, pressões involuntárias). Aconselhamos o começo do
polimento com o espelho abaixo. O operador terá menos dificuldades com as
anomalias que devem ocorrer com as bordas do espelho. Na prática o operador
notará que deverá trabalhar, por exemplo, 30 minutos espelho abaixo, outros 30
minutos espelho acima. Por natureza se efetuar o polimento sempre com o
espelho acima logo notará uma profundidade maior do que a natural e desejada
no espelho, contornará essa anomalia sempre invertendo espelho / ferramenta.
Uma outra curiosidade será calçar o espelho com almofadas, ou seja,
assentá-lo sobre rodelas de feltro ou algo macio, sobre o plano onde escolher para
confeccioná-lo. Observe que: se a ferramenta vai por cima será a borda do
espelho a clarear primeiro, se o espelho vai por cima é o fundo do espelho a
clarear primeiro e não as bordas. Agora mãos obra.
Numa bisnaga, destas em uso em lanchonete, suspende-se o polidor em
água, de forma que seja feita uma suspensão, ligeiramente concentrada.
Despejamos em cima da ferramenta ou do espelho (conforme a opção de
início do polimento, e manteremos os movimentos de ida e volta como se
estivéssemos fazendo um “I”, como também os outros movimentos. O
deslocamento inicial não deve ultrapassar os três cm da borda da ferramenta, para
um espelho de 200mm de diâmetro. Após os primeiros 30 minutos já podemos
observar uma zona central brilhante. Daí em diante, começará o uso do Teste de
Foucault, só assim poderemos acompanhar nossa evolução no trato com a
performance do espelho. O processo de lapidação levará de 4 a 6 horas, sem
contar o tempo gasto para os retoques.
18
Bancada para polimento final
9 - Provas:
Logo que começamos o processo de Polimento devemos comprovar a
forma esférica do espelho mediante algumas provas ópticas. A mais comum
destas provas é a prova de Foucault, ou Teste da Sombra.
A prova de Foucault é feita através duma fonte luminosa pontual, e de uma
navalha, faca, ou uma lâmina que possa interceptar os raios que retornem do
espelho, quando disposto na bancada de teste.
Colocada a fonte luminosa no centro de curvatura do espelho, e digamos,
ao dobro da distância focal do mesmo, a imagem também pontual se formará no
centro de curvatura sobre a fonte luminosa. Se a superfície do espelho é uma
esfera perfeita, todos os raios luminosos se reúnem no mesmo ponto e a
superfície do espelho ficará toda iluminada se, porém interceptarmos a luz de
regresso com uma navalha, dentro ou fora do seu ponto de convergência, se
observará sua sombra projetada sobre a superfície do espelho, com uma divisa
reta entre a luz e a sombra.
19
Se a navalha for colocada exatamente na convergência dos raios
luminosos, haverá iluminação total ou sombra total, conforme a navalha cubra a
imagem pontual ou não. Esta é uma das melhores maneiras de medir o raio de
curvatura com precisão.
Teste de Foucault visto de frente
20
Teste de Foucault visto de perfil
Concha para derreter a Cera de Abelha
21
Figura retirada do Livro: El Telescópio Del Aficionado, traduzido por: Jorge Lopéz.
www.geocities.com/jorgealm22
22
Suporte para o teste de Foucault (suporte do espelho)
Suporte para uso do teste de Foucault (suporte do espelho)
23
Detalhes de Construção do Aparelho de Foucault
Figura retirada do Livro: El Telescópio Del Aficionado, traduzido por: Jorge Lopéz.
www.geocities.com/jorgealm2
24
10 – Resultados:
Espelhos Aluminizados (prontos para uso)
11 - Considerações Finais:
Como vimos, as dificuldades existem, no entanto, o deslumbramento que
causará a pessoa que se proponha a construir um espelho para seu uso particular
ou de amigos, servirá de recompensa.
Aqueles que se dedicarem à construção de um espelho para telescópio,
não devem arrefecer quando encontrarem dificuldades no meio do serviço, é
costume o principiante deparar-se com inconvenientes na execução da tarefa que
abraçou. Naturalmente teremos que nos confrontar com os tratados da Ótica
Geométrica, que não atenderão as nossas necessidades em geral, e sim partilhar
com os conhecimentos da Ótica Física, esta sim, resolve e mostra o caminho para
o final da tarefa.
25
Por isso, a construção de um espelho e da montagem do telescópio ficará
mais viável do ponto de vista técnico, se o interessado detiver conhecimentos,
pelo menos de nível médio.
Com esse trabalho tivemos interesse em demonstrar as diversas etapas
para execução dessa tarefa, a qual será muito proveitosa e gratificante. Imagine
como ficará fascinado o autor dessa façanha quando olhar através do telescópio,
cujo espelho foi construído por si próprio, e descobrir a separação de estrelas que
jamais aconteceria sem ajuda ótica.
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12 - Referências Bibliográficas:
FARIA, Romildo P. Fundamentos de astronomia. 2ª. ed, Campinas: Papirus,
1985.
GARCIA, Joaquim. Como construir um telescópio, Lisboa, 1986.
MALACARA, Juan Manuel. Telescópios y estrellas. Fondo de Cultura Economica.
Mexico 2000.
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Manual do astrônomo: uma introdução á
astronomia observacional e à construção de telescópios. 5ª ed. Rio de Janeiro,
2001.
TEXEREAU, Jean. How to make a telescope, 2ª. ed, 1984.
TEXEREAU, Jean. El telescopio del aficionado. Traduzido por Jorge López
http://geocities.com/jorgealm22
OBSERVATÓRIO FENIX: http://observatoriophoenix.astrodatabase.net
27
13 - Aluminização
Em Belo Horizonte:
B. Riedel Ciência e Técnica Ltda.
Rua João Carlos, 250 - Horto
Belo Horizonte - MG
Cep: 31030-360
TeleFax : 31-3461-9922
Câmara para espelhos de até 400 mm de diâmetro.
São Paulo - SP
Eikonal Instrumentos Ópticos Ind. e Com. Ltda.
Av. Corifeu de Azevedo Marques, 1936 sala 9 - Butantã
Telefone: 11-3721-4052 - Fax 11-3721-3580
Em São Paulo:
Engefilm
Roberto Verzini
Telefone: 11-5073-9593
28
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