Identidade de modelos na estimativa do volume de árvores de Pinus caribaea var. hondurensis Edson Lachini1 Adriano Ribeiro de Mendonça2 Leonardo Cassani Lacerda1 Gilson Fernandes da Silva2 1 Introdução Nos inventários florestais, de regra é feita a medição da altura total (H) de algumas árvores e do diâmetro a 1,30 m (DAP) de todas as árvores da unidade amostral. Também, é comum realizar a cubagem rigorosa para a obtenção do volume individual (vi) das mesmas. Com os dados de DAP, H e vi, são geradas as equações para a estimativa do volume das árvores das unidades amostrais. Entretanto, estes modelos devem ser ajustados de forma a representar s variações dos povoamentos florestais como a espécie, o sítio, a densidade e a idade. Com isso, um grande número de equações é gerado, o que dificulta o trabalho do profissional responsável pelas estimativas de produção de uma determinada empresa. Mas, esse trabalho, pode ser feito gerando uma única regressão, de forma a diminuir o número de equações [6]. Ao estudar diferentes situações experimentais admitindo um modelo para cada situação, pode-se verificar se os modelos são idênticos, mostrando possível ou não a representação do conjunto de equações por meio de uma equação comum [4]. É neste contexto que se inserem a identidade de modelos. A identidade de modelos é utilizada para avaliar uma ou mais variáveis de interesse. Como exemplo da utilização da identidade de modelos na área florestal tem-se os trabalhos de [2], [1] e [3]. O presente trabalho visa avaliar a identidade de modelos para estimativa de volume de árvores de Pinus caribaea var.hondurensis. 1 Graduando de Engenharia Florestal, Bolsita do Pibic-UFES, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected]. 2 Professor, Departamento de Engenharia Florestal, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro, ES, Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected] 1 2 Material e métodos 2.1 Caracterização dos dados Os dados utilizados foram provenientes da Empresa Caxuana, localizada no município de Nova Ponte, Minas Gerais, Brasil. As árvores-amostra utilizadas são oriundas de povoamentos de Pinus caribaea var. hondurensis, com 5, 6 e 7 anos de idade. Foi feita a cubagem rigorosa, e medidos os diâmetros nas alturas de 0,1m; 0,7m; 1,30m; 2,00m; 3,0m; 4,0m; 5,0m; e depois de 2 em 2 m, além da altura total da árvore. O volume das seções foi obtido a partir do método de Smalian. A Tabela 1 apresenta a distribuição diamétrica das árvores-amostra para estimativa do volume de árvores de Pinus caribaea var. hondurensis. Tabela 1 - Distribuição diamétrica das árvores-amostra para estimativa da relação hipsométrica de árvores de Pinus caribaea var. hondurensis. Classe de altura total (H) Classe de DAP Total 7,5 12,5 17,5 > 17,5 7,5 9 6 15 12,5 18 34 52 17,5 1 49 26 8 84 13 28 24 65 22,5 27,5 8 33 41 32,5 2 18 20 >32,5 1 37 38 Total 28 102 65 120 315 2.2 Modelos analisados Os modelos escolhidos, reduzidos e completos, para estimativa volumétrica de Pinus caribaea var. hondurensis foram: a) Spurr - linear Vi = β 0 + β1DAPi 2 H i + ε i (reduzido) (1) V = β 01 D1 + β 02 D2 + β 03 D3 + β11 D1 DAPi 2 H i + β12 D2 DAPi 2 H i + β13 D3 DAPi 2 H i + ε i (completo) (2) Em que: Vi = volume total da árvore i (m3); DAPi = diâmetro a 1,30m do solo (cm), da árvore i; Hi = altura total da árvore i (m); βj = parâmetros do modelo; εi = erro aleatório, Dj= 1, se a árvore pertencer a idade j e 0, caso contrario; βkj = parâmetro k do modelo para a idade j. b) Schumacher e Hall – não linear Vi = β 0 DAPi β H i β + ε i (reduzido) 1 2 (3) Vi = (β01 D1 + β0 2D 2 + β0 3D 3 )DAPi (β11D1 + β12D 2 + β13D 3 ) H i (β 21D1 + β 22D 2 + β 23D 3 ) + ε i 2 (completo) (4) 2.3 Testes de identidade de modelos 2.3.1. Modelo linear A análise de variância para testar a identidade dos modelos de regressão é apresentada na Tabela 3. Tabela 2 - Análise de variância para o teste de identidade do modelo de Spurr. Fonte de Variação GL SQ QM β ’X’ Y Modelo Completo (hp) ~ ~ Modelo Reduzido θ ’Z’ Y p ~ ~ Diferença para testar hipótese (h-1)p SQ(completo)-SQ(reduzido) Resíduo Total Em que: Fc n-hp SQ(total)-SQ(completo) n Y’Y SQ( diferença ) QM ( diferença ) ( h − 1) p SQ( resíduo ) QM ( resíduo ) n − hp β e θ = vetor de parâmetros estimados do modelo; Y = vetor da variável dependente; X e Z = matriz ~ ~ ~ da variável independente; h= número de idades amostradas; p= número de parâmetros do modelo reduzido; n = número de observações; GL= grau de liberdade; SQ= soma de quadrados; QM: quadrado médio; Fc = estatística F. Assim, se Fc < Fα [ (h-1)p, n-hp], a um nível de significância α, as equações das h idades são idênticas. Deste modo, a equação ajustada com as estimativas dos parâmetros comuns, pode ser usada como uma estimativa das h equações envolvidas. 2.3.2. Modelo não linear De acordo com [6] as hipóteses avaliadas no teste de identidade de modelos não lineares são: H0= o modelo reduzido ajustado para as três idades é idêntico aos modelos completos ajustados para cada idade; Ha= não H0. 2 Por meio do teste proposto por [5] será calculado o valor de χ c (5): SQR(completo ) SQR( reduzido ) χ c2 = − n. ln (5) Em que: χ c = estatística qui-quadrado calculada; ln= logaritmo neperiano; SQR(reduzido) = soma 2 de quadrado dos resíduos do modelo reduzido; SQR(completo) = soma de quadrado dos resíduos do modelo completo. 2 O valor de crítico tabelado ( χ α ) será obtido por meio dos graus de liberdade da diferença entre o número de parâmetros do modelo completo e do modelo reduzido a 5% de 3 2 probabilidade. Assim se χ c for maior que o valor crítico fornecido pela tabela, ao nível de 5% de significância, rejeita-se a hipótese nula (Ho) e, com isso, conclui-se que não se pode utilizar o modelo reduzido para representar as três idades. 3 Resultados e discussões 3.1 Modelo linear A Tabela 3 representa a análise de variância para o teste de identidade do modelo linear de Spurr para as idades 5, 6 e 7 anos. Tabela 3: Análise de variância para o teste de identidade do modelo de Spuur. Fonte de Variação GL SQ QM Fc Modelo Completo 9 113,163311 Modelo Reduzido 3 113,134586 Diferença para testar hipótese 6 0,02872531 0,004788 1,83ns Resíduo 306 0,79902097 0,002611 Total 315 113,962332 Fα 2,13 Em que: GL= graus de liberdade; SQ= soma de quadrados; QM: quadrado médio; Fc = estatística F calculada Por meio do quadro de análise de variância, pode-se visualizar que o valor de Fc na junção das idades 5, 6 e 7 anos é menor que o valor de Fα, o que nos leva a concluir que os modelos completo e reduzido não possuem diferença significativa ao nível de 5% de significância. Como isso, o modelo reduzido pode ser utilizado para estimativa do volume de árvores individuais de P. caribaea var. hondurensis nas diferentes idades avaliadas. 3.2 Modelo não linear A Tabela 4 apresenta os resultados do teste de identidade para o modelo de Schumacher e Hall na estimativa do volume de árvores de Pinus caribaea var. hondurensis. Tabela 4: Resultados do teste de identidade para o modelo de Schumacher e Hall. χ c2 χ α2 Idade (anos) GL 5, 6 e 7 5e6 5e7 6e7 Em que: GL = graus de liberdade; 6 3 3 3 χ c2 12,79 1,89 9,60 22,07 = Estatística qui-quadrado calculada; 4 12,59 12,59 12,59 12,59 χ α2 = valor crítico tabelado. Analisando os resultados apresentados na Tabela 4, percebe-se que idades 5, 6 e 7 anos e 6 e 7 anos é rejeitada a hipótese H0. Isto significa que, a um nível de 5% de significância, não é permitido utilizar o modelo reduzido para estimar volume de Pinus caribaea var. hondurensis. Já para as idades 5 e 6 anos e 5 e 7 anos não deve-se rejeitar H0, o que implica que para o modelo de Schumacher e Hall, pode-se utilizar somente uma equação para cada um desses pares de idade. 4 Conclusões De acordo com os resultados obtidos para as condições em que foi desenvolvido este estudo, conclui-se que: - Considerando o modelo de Spurr, pode-se utilizar somente uma equação ajustada para estimar o volume das três idades avaliadas em Pinus caribaea var. hondurensis; - Considerando o modelo de Schumacher e Hall, pode-se utilizar somente uma equação ajustada para estimar o volume aos 5 e 6 anos e 5 e 7 anos em Pinus caribaea var. hondurensis. 5 Referências [1] CAMOLESI, J. F. Volumetria e teor de alfa bisabolol para a candeia Eremanthus erythropappus. 2007, 90 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Lavras, Lavras. 2007. [2] MARTINS, E. F. P.; SILVA, J. A. A. da; FERREIRA, R. L. C.; JANKOVSKY, T.; BRITO, C. C. R. de. Curvas de índice de sítio para Leucaena leucocephala (LAM.) DE WIT no agreste de Pernambuco. Ciência Florestal. Santa Maria. v. 17, n.4, 2007. [3] NOGUEIRA, G. S.; LEITE, H. G.; REIS, G. G.; MOREIRA, A. M. Influência do espaçamento inicial sobre a forma do fuste de árvores de Pinus taeda L. Revista Árvore, Viçosa, v.32, n.5, p.855-860, 2008. [4] REGAZZI, A. J. Teste para verificar a identidade de modelos de regressão. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.31, n.1, p.1-17, 1996. [5] REGAZZI, A. J.; SILVA, C. H. O. Teste para verificar a igualdade de parâmetros e a identidade de modelos de regressão não-linear. I. Dados no delineamento inteiramente casualizado. Revista de Matemática e Estatística, São Paulo, v.22, n.3, p.33-45, 2004. [6] SCOLFORO, J. R. S.. Biometria florestal: modelos de regressão linear e não-linear; modelos para relação hipsométrica, volume, afilamento e peso de matéria seca. Lavras: UFLA/FAEPE, 2005. 352p. 5