3º Encontro Brasileiro de Silvicultura GEOESTATÍSTICA APLICADA A ESTIMATIVA DO VOLUME TOTAL POR ÁREA EM EUCALYPTUS SP. UTILIZANDO DADOS DE CUBAGEM Gabriel Marcos Vieira Oliveira1; José Márcio de Mello2;Matheus Andrade Ferreira3; Lucas Rezende Gomide4 1 Eng. Florestal, Doutorando em Engenharia Florestal, UFLA([email protected]); Eng. Florestal, Prof. Dr. do Depart. de Ciências Florestais, UFLA([email protected]); 3 Eng. Florestal, Mestrando em Engenharia Florestal, UFLA ([email protected]); 4 Eng. Florestal, Prof.Dr. do Depart. de Ciências Florestais, UFLA([email protected]). 2 Introdução e Objetivo O volume de madeira existente em uma área é uma informação básica nas ciências florestais, sobretudo para as linhas ligadas a silvicultura, inventário e manejo, por se tratar da variável resposta de todo o planejamento florestal.Apesar disso, esta não é de simples obtenção, pois depende de inúmeras técnicas dendrométricas e de inventário, além de tempo e recursos para ser obtida de forma precisa. Uma alternativa capaz de efetuar a predição de variáveis dendrométricas com eficácia e que não gera mais custos em relação aos métodos tradicionais é a utilização do interpolador geoestatístico, principalmente pela sua capacidade de considerar a auto correlação entre as unidades amostradas, a fim de aumentar a eficiência da estimativa[1]. O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de um interpolador geoestatístico na predição do volume total de uma área utilizando apenas as informações das árvores cubadas de Eucalyptus sp. Material e métodos Os dados utilizados foram obtidos de um plantio experimental de Eucalyptussp., clonal,com dezanos de idade,de 0,53 ha,localizadona Universidade Federal 256 de Lavras.A área selecionada possui 336 plantasgeorreferenciadas, das quais foram mensurados apenas os diâmetros à 1,3 m do solo (DAP). Dentre essas, 28 foram selecionadas aleatoriamente contemplando-se a distribuição diamétrica da área e foramcubadas rigorosamente em pé, com o Pentaprisma de Wheeleracoplado a um Suunto, obtendose os vários diâmetros às alturas relativas: 0,1; 0,3; 0,7; 1,3; 2,0 m; em seguida de 2,0 em 2,0 m até 7,0 cm de diâmetro; e por fim até o topo da árvore, leitura essa que permitia obtenção da altura total da árvore (HT). O volume das secções foi obtido pelo método de Smalian e o volume total (VT) obtido pela soma das respectivas seções. Utilizando as árvores cubadas se estabeleceu uma relação hipsométrica como base no modelo pré-selecionado: ; e também uma equação de volume com base no modelo, pré-selecionado:, em que: a e b são os parâmetros. Com essas equações oVT para as demais árvores foi obtido e, em seguida, o volume total daárea (VTA), a partir do somatório dos VT das 336 árvores. Esse volume foi utilizado como valor paramétrico para avaliaçãoda exatidão do método geoestatístico, uma vez que as 308 árvores não foram usadas no modelo espacial. Anteriormente à aplicação do método Resumos Expandidos geoestatístico, a variável de interesse, VT, foi submetida a uma análise exploratória de dados. O modelo geoestatístico é dado por: , em que, é função determinística que descreve a componente estrutural em ; é termo estocástico, que varia localmente e depende espacialmente de ; e é o erro aleatório I.I.D.N. (0, σ²). As emivariância foi calculada de acordo com o modelo:, em que, é o estimador da semivariância para cada distância ; é número de pares de pontos separados pela distância ; é valor da variável regionalizada no ponto .Para o ajuste do semivariograma foi utilizado o modelo Exponencial, pré-selecionado, ajustado pelo método dos MQO:, em que,τé o efeito pepita; σ é a contribuição; é o parâmetro alcance (m). A interpolação espacial, para predição do VT das 308 árvores, foi obtida por meio de Krigagem Ordinária de acordo com o modelo:, em que,é o estimador do valor na posição ; é o número de pontos amostrais vizinhos utilizados para a predição do valor não amostrado; é o i-ésimo peso atribuído a cada observação da variável de interesse na posição ; é definido pelo semivariograma. Para maiores detalhes vide [2]. com altos Coeficientes de Determinação (R²) e baixos Erros Padrão da Estimativa (Syx) (Tabela 1).Isso garante confiabilidade na predição dos VT para as demais 308 árvores e permite que o VTA seja utilizado como parâmetro confiável para avaliação do modelo geoestatístico. O resultado da análise exploratória de dados (não exposta) mostrou que a variável de interesse tem distribuição aproximadamente normal, simétrica e não possui nenhuma observação discrepante. Foi observado um efeito de tendência leve, mas não significativo. Tabela 1. Equação e estatísticas de ajuste da relação hipsométrica e da equação de volume. Var. Equação/Estatísticas de ajuste HT R²= 0,88 Syx= 1,97 m VT R²= 0,97 Syx= 0,0384 m³ O semivariograma experimental, com o ajuste do modelo Exponencial (Figura 1), indica acentuada correlação espacial da variável VT, uma vez que, há aumento da semivariânciaa medida que se aumenta a distância, seguida de uma tendência de estabilização [2]. O desempenho do modelo geoestatístico foi avaliado pela exatidão a predição de VTA, tal que:.Também foi comparada a estimativa de VTA utilizando apenas uma estimativa média do VTA, supondo uma amostra casual simples (ACS), tal que: . Todos os procedimentos foram executados utilizando o software R [3] e ArcMap [4]. Resultados e discussão As equações ajustadas para estimativa de HT e VT apresentaram alta precisão com estatísticas de ajuste consideráveis, ambas Figura 1. Semivariograma experimental. Os parâmetros do modelo ajustado e as 257 3º Encontro Brasileiro de Silvicultura estatísticas de erros podem ser vistos na Tabela 2. Tabela 2. Parâmetros ajustados do modelo Exponencial e respectivos erros da predição. com um erro de apenas -1,63%. Enquanto a estimativa pela média apresentou uma subestimativa de 7,50%, o que, na prática pode comprometer todo um planejamento florestal. Tabela 3. Exatidão da predição do VTA. Parâmetro Valor Efeito pepita ( 0,016238 Método VTpredito Exatidão Contribuição (σ) 0,053807 242,5 m³/ha - Alcance ( 87,81100 Parâmetro (Equação) Erro Médio -0,0055 246,5 m³/ha -1,63 % Erro Médio Padronizado Krigagem (Geoest.) -0,0103 Média (ACS) 224,3 m³/ha 7,50 % Erro Padrão Médio 0,1964 O efeito pepita(, o qualindica a variação não estruturada do fenômeno estudado,apresentou um efeito relativamente pequeno, o que sugere um processo de inferência adequado. A contribuição (σ) encontrada indica que76,8% da variação total ( + σ) pode ser explicada pelo componente espacial. O alcance mostra que a distância máxima que o VT está correlacionado espacialmente é de 87,8 m, a partir desse ponto as conservações podem ser consideradas independentes [2]. Com relação aos erros, o Erro Médioe Erro Médio Padronizado indicam ajuste adequado do modelo com valores próximos de zero. No entanto, o Erro Padrão Médio apresentou-se elevado, indicando que somente o componente espacial não é capaz de predizer por si só os VT das árvores individuais com precisão. Porém o objetivo, nesse caso, não é estimar individualmente VT e sim VTA. O desempenho dos métodos pode ser observado na Tabela 3. O valor paramétrico, supostamente real, do VTA foi de 242,5 m³/ha, sendo que o método geoestatístico predisse um valor de 246,5 m³/ha, o que implica em uma alta exatidão 258 Isso demostra o considerável desempenho do método geoestatístico, mesmo utilizando apenas a informação de 28 árvores e a relação de dependência da varável no espaço, foi possível predizer os VTA sem nem ao menos a mensuração DAP das demais 308 árvores. Ao contrário da equação de volume que necessariamente depende de DAP e/ou HT. Além de tudo, a interpolação espacial, no caso a krigagem, permite a geração de mapas/superfícies de classificação e assim visualizar a estrutura da distribuição da variável de interesse no espaço (Figura2). Figura 2. Mapa de krigagem da variável VT na área de estudo. Resumos Expandidos Conclusão É possível estimar o volume total de uma área florestal plantada, com considerável exatidão, apenas utilizando informações das árvores cubadas e sua correlação espacial por meio de métodos geoestatísticos. Referencias Bibliográficas [1] MELLO, J. M. de et al. Métodos de amostragem e geoestatística para estimativa do número de fustes e volume em plantios de Eucalyptus grandis. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 39, n. 1, p. 157-166, jan./mar. 2009. [2] MELLO, J. M. Geoestatística aplicada ao inventário florestal. 2004. 110f. Tese(Doutorado em Recursos Florestais) –ESALQ, Piracicaba, 2004. [3]R Development Core Team (2012). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http:// www.R-project.org/. [4]ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCHINSTITUTE – ESRI. ArcGIS Professional GIS for the desktop, versão 9.3. 2008. 259