XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO BIOCLIMÁTICA DA CIDADE DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – PE PARA A PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE UTILIZANDO SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Francisco Manoel de Assis Filho1, João Victor Silva Moraes1, David Fernando Gouveia Ferreira1, Marcos Hian Alves de Figueredo1, Petrúcio Henrique de Souza Barros1, Jalmir Pinheiro de Souza Júnior2, Ricardo Brauer Vigoderis3 Introdução O Brasil tem destaque mundial na produção e exportação de frangos de corte. A expansão desse setor no país deve a avanços nas áreas de manejo, nutrição, genética e atualmente na área de ambiência. O IBGE (2012) diz que há 137,8 milhões de aves de corte em todo Nordeste, onde 31,9 milhões estão localizados no estado de Pernambuco. O município de Vitória de Santo Antão – PE localizado na zona da mata pernambucana com cerca de 372,63 km2 de área territorial e possui uma produção de 617.729 mil aves de corte. Possui clima As pela classificação de Köppen-Geiger e desta forma existe a incidência de altas temperaturas. Pesquisas indicam que os fatores térmicos do ambiente influenciam diretamente o desenvolvimento das aves, comprometendo funções vitais como a conservação da homeotermia (Barbosa Filho et al., 2009). Visando a melhoria do ambiente térmico de criação, tem se estudado índices de conforto animal, considerando a necessidade do produtor de diminuir os custos e aumentar a produção, durante o período onde, no verão, a incidência de altas temperaturas. Para se calcular o conforto ou desconforto do ambiente térmico avícola de corte, tem se utilizado o Índice Entalpia de Conforto (IEC), calculado a partir de variáveis como temperatura, umidade relativa do ar e pressão barométrica (Rodrigues et al., 2010). Para sanar os problemas causados por altos valores de Entalpia, podese equipar os galpões avícolas com sistema de arrefecimento adiabático evaporativo, que visa umidificar o ar, assim diminuindo a temperatura do bulbo seco do ar insaturado. Neste contexto, para se averiguar a eficiência da utilização desse sistema em galpões avícola, têm sido utilizadas ferramentas computacionais de simulação (De Pauli et al., 2008). Este trabalho objetivou avaliar o potencial de galpões avícolas equipados com um sistema de arrefecimento adiabático evaporativo para a criação de frangos de corte no município de Vitória de Santo Antão – PE, utilizando para tanto, valores de entalpia a partir de variáveis psicrométricas do interior de galpões simulados. Material e métodos Para a simulação do índice entalpia de conforto (IEC) dentro de galpões climatizados, no município de Vitória de Santo Antão – PE, foram utilizados para entrada do programa dados de temperatura do bulbo seco (t) e umidade relativa do ar (UR) do Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP) para uma série histórica de 9 anos (1999-2008). Além dos dados de temperatura, umidade relativa do ar e pressão barométrica local, também foram utilizadas as variáveis descritas a seguir: (a) galpão com dimensão de 100 x 10 x 3,5 m; (b) frangos de corte com massa corporal média igual a 2,6 kg, alojados na densidade de 12 aves m-2; (c) coeficiente global de transferência de calor da cobertura igual a 0,233 W m-2 K-1, com inclinação de 20°; (d) vazão de ar que atravessa a placa porosa umedecida e se infiltra ao longo do galpão, principalmente através das cortinas, iguais a 70 e 3,5 m3 s-1, respectivamente; (e) mureta de dimensões 100 x 0,20 m; para os oitões a condutância do material da parede na entrada do ar e na saída do ar foi de 3,356 W/m 2.K; (f) portão com dimensões de 6 x 2,5 m e condutância de 2,329 W/m2.K e (g) exaustores com dimensão de 1,368 x 1,368 m e vazão de 10 m3/s. De posse dos valores de temperatura de bulbo seco e umidade relativa simulados para o interior de um galpão climatizado dotado de sistema de resfriamento adiabático evaporativo, foi utilizada a equação 1, proposta por Rodrigues et. al (2010), para calcular o IEC. h 1,006.t UR 7,5t .10 pB 237, 3t .(71,28 0,052.t ) (1) h – Entalpia especifica, kJ/kg de ar seco t – Temperatura, °C UR – Umidade relativa do ar, % pB – Pressão barométrica local, mmHg 1 Primeiro Autor é Estudante Graduando de Agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG). Av. Bom Pastor s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP: 55292-270. E-mail: [email protected] 2 Segundo Autor é Mestre em Administração, Av. José Custódio das Neves 138, Garanhuns, PE, CEP 55296-140. 3 Terceiro Autor é Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal do Rural de Pernambuco, Av. Bom Pastor s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55292-270. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Segundo Queiroz et al. (2012), as faixas de IEC são assim delimitadas: Conforto entre 37,4 e 52,1 kJ/kg de ar seco, alerta entre 52,2 e 63,0 kJ/kg de ar seco, crítica entre 63,1 e 72,6 kJ/kg de ar seco e letal acima de 72,7 kJ/kg de ar seco. Resultados e Discussão Na Figura 1 são apresentados os valores médios diários dos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, para a série histórica de 1999 a 2008. A Tabela 1 indica a distribuição de frequência dos dias para as situações de conforto, alerta, crítica e letal. Analise dos dados indica que nos quatro meses estudados todos os valores de IEC estão na faixa do Crítico, indicando assim que há grande perda na produção devido ao estresse térmico exercido nas aves. Sendo assim no munícipio de Vitória de Santo Antão – PE, em todo o período estudado, foi detectado valores de IEC que indicam perdas produtivas e econômicas, mesmo se os galpões fossem equipados com sistema de arrefecimento adiabático evaporativo. Com isso os produtores locais deveriam investir em outros sistemas de climatização do ambiente, como: aspersão sobre a cobertura. Referências Barbosa Filho, J.A.D.; Vieira, F.M.C.; Silva, I.J.O. et al. Transporte de frangos: caracterização do microclima na carga durante o inverno. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.12, p2442-2446, 2009; De Pauli, D.G.; Silva, J.N.; Vigoderis, R.B.; Tinoco, I.F.F.; De Iorio, V.O.; Galvarro, S.F.S.; Desenvolvimento de um software para o dimensionamento de sistemas de ventilação e resfriamento evaporativo em instalações avícolas climatizadas. Engenharia da Agricultura. v.16, n.2, p. 167-179, 2008. IBGE, Produção da pecuária municipal 2011. Rio de Janeiro, 2012. In: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=260400&idtema=121&search=pernambuco|carpina|pecuari a-2012> (acessado em 25 de outubro de 2013). Queiroz, M.L.V.; Barbosa Filho, J.A.D.; Vieira, F.M.C. Avaliação o Conforto Térmico de Frangos de Corte de Forma Direta e Prática. 2012. Disponível em http://www.neambe.ufc.br/arquivos_download/Guia%20Pratico%20de%20Utiliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Tab elas.pdf . Acesso em 25 de Julho de 2013. Rodrigues, V.C.; Silva, I.J.O.; Vieira, F.M.C.; Nascimento, S.T. A correct entalphy relationship as thermal comfort index for livestock. International Journal Biometeorology, Berlim, v.55, n.3, p. 455-459, jul. 2010. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Tabela 1. Distribuição de frequência dos dias nas faixas do índice entalpia de conforto para frangos de corte na sexta semana, para os meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março de 1999 a 2008. Faixa (kJ/kg de ar seco) Conforto 37,4 a 52,1 Alerta 52,2 a 63,0 Crítica 63,1 a 72,6 Letal 72,7 a 106,0 Dezembro 0 0 31 0 Janeiro 0 0 31 0 Fevereiro 0 0 28 0 Março 0 0 31 0 Figura 1. Índice Entalpia de Conforto de Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março para os anos de 1999 a 2008