Ter e Ser - UNESP TEXTOS DE APOIO Soneto de Bocage, poeta árcade português Expressões: Locus Amoenus Aurea Mediocritas Intertextualidade: A cidade e as serras, de Eça de Queirós A era do hiperconsumismo Consumo = Terapia Intertextualidade: O mal-estar na civilização, de Freud Felicidade é inatingível Prazer barato= relação com o consumismo Cena do filme “Admirável Mundo Novo”. Selvagem John conta às crianças “civilizadas” a história de Romeu e Julieta. O consumo se sobrepõe ao sentimento. Sociedade condicionada a fazer do consumo a sua razão de ser. Soma = Consumismo. PROPOSIÇÃO Consumir de maneira desenfreada parece, hoje, ser uma das maiores preocupações do mundo moderno. Desse modo, o que é importante para ser feliz? Ter ou ser? 1. 2. a) b) c) Abordar a concepção moderna de felicidade, a qual está relacionada com o consumo. Responder à questão. O “ter”, de fato, é mais importante para ser feliz. Os aspectos mais relacionados ao “ser”, como os relacionamentos, o altruísmo, a espiritualidade, entre outros, sobrepõem o valor material e são mais importantes para se alcançar a felicidade. Equilibrar a importância de “ter” e o “ser” para se alcançar a felicidade. NÃO SE ESQUEÇA DE... ... UTILIZAR CONECTIVOS! Ex: 1º: Aborda a valorização de aspectos mais relacionados ao “ser” no contexto literário. 2º: A felicidade parece estar mais associada ao consumo. Na sociedade moderna, entretanto, a felicidade parece estar mais associada ao consumo. APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS O importado vermelho de Noé, de André Sant’Anna. O escritor hiper-realista André Sant’Anna, em sua obra “O importado vermelho de Noé”, mostra de maneira muito incisiva a importância das posses para o indivíduo. O fato de o homem ser aquilo que tem, como explicita a obra, é também visto na realidade. As pessoas são julgadas por seu poder de aquisição, e não por seu caráter. Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Essa característica é preocupante, pois a sociedade pode tornar-se parecida com a descrita na obra “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. A “soma”, droga utilizada pelos personagens para trazer alegria e não haver frustração, pode ser comparada, com ressalvas, ao consumismo. O Cortiço, de Aluísio Azevedo Esse desejo de posse – e a conclusão de que posse é poder – aparece também na literatura brasileira no livro “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, por exemplo. Nele, o personagem “João Romão” rouba, engana e trapaceia exclusivamente para ver seu cortiço e suas riquezas prosperarem, sobrepondo os valores humanos como honestidade e fidelidade. Estes, que antes seriam mais importantes no contexto do “ser”, passam a perder valor na situação do “ter”, revelando, também na sociedade real, o egoísmo humano e uma ideia de felicidade diretamente associada ao material. UM BOM TÍTULO É PRENÚNCIO DE UMA BOA REDAÇÃO Os pratos da Felicidade CONCLUSÃO: Portanto, o sentimento talvez mais buscado pelo homem é, de fato, mais complexo do que sugere o raciocínio de muitas mentes seduzidas pelo “ter”. A felicidade é concebida através do preenchimento de lacunas interiores, essencialmente, pelo que se pode obter física e emocionalmente, e não apenas pelo que se tem ou pelo que se é. Em outras palavras, os componentes importantes para ser feliz não são embasados nas pendências da balança na qual estão o “ser’ e o “ter”, muito pelo contrário, são baseados no equilíbrio de ambos. TEXTO ACIMA DA MÉDIA O prazer barato da atualidade Ao se considerar o capitalismo como mal surgido para assolar a sociedade a partir do século XIX, fez parecer que a vida anterior ao advento da industrialização era plena e feliz. No entanto, o descontentamento diante do desejo humano de concentrar bens já era refletido na produção artística neoclássica do século anterior. Os árcades almejavam, na sua poesia, uma vida contrária à vida da aristocracia e sonhavam uma tranquilidade longe do poder e da nobreza. No século seguinte, os românticos, nas mais diversas evasões, preferem o espiritualismo e a subjetividade no lugar de uma realidade competitiva pautada pelo capital, base da economia burguesa. Demonizar o capitalismo, no entanto, em pleno século XXI, em que a tecnologia e o consumo são aliados do bem –estar, não é muito coerente. A associação entre o consumo, status social e felicidade parece andar de mãos dadas com as gerações que se valorizam mediante a marca do tênis, a posse de objetos de última tecnologia ou os espaços que procuram frequentar. Longe da tranquilidade do locus amoenus, da vida pacata e feliz proposta pelos neoclássicos, grande parte das pessoas hoje veste uma máscara para viver o prazer barato de satisfação no ato de comprar objetos que não as completam, mas as colocam em um patamar de aceitação social, logo, aceitação de si mesmas. O próprio pai da psicanálise, ao discorrer sobre o prazer barato como realização dos desejos do homem, afirmou, na sua teoria freudiana, que a felicidade é um objeto inatingível. Prazeres momentâneos, então, seriam constantemente buscados pela civilização – entre eles, é possível mencionar aquele obtido através do ato de comprar. A civilização e o capitalismo podem, de certa forma, apontar as escolhas diante do que seria a felicidade. O homem moderno vive os mesmos dilemas do homem de outras épocas, o que significa que ser feliz pode ser idolatrar o consumo e valorizar a imagem ou o poder. Todavia, pode ser também a valorização de aspectos pautados na simplicidade, como sugeriam os poetas árcades. Assim, o equilíbrio entre as vertentes “ter” e “ser” revela-se mais adequado no que se refere à busca pela felicidade.