XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ-ALAS BRASIL. 04 a 07 de setembro de 2012, UFPI, Teresina-PI Grupo de Trabalho: GT27 - Políticas públicas Casa de índio, casa pra índio: Política de Habitação Indígena no Paraná Milton Morato Paraná (UFPR), [email protected] Introdução Inicialmente realizei uma pesquisa sobre a Historia do Paraná, sobre os relatos de viajantes e políticos sobre os grupos indígenas aqui presentes, e etnografias sobre esses grupos, depois realizei visitas as aldeia para trabalho de campo. As visitas as aldeias foram realizadas no intuito de uma observação participante, e registro fotográfico. Tal procedimento de observação possibilita a interação entre observador e observado “o método observacional é o início de toda pesquisa científica, pois serve de base para qualquer área das ciências.” (LAPLANTINE, 2000). A observação participante basea-se no contato do pesquisador com o fenômeno observado, para recolher as ações dos atores em seu contexto natural, a partir de sua perspectiva e seus pontos de vista. A observação, portanto, deve ser participante, exatamente para que experiências sejam partilhadas entre o antropólogo e o grupo estudado. A fotografia, também possibilitou uma forma de ‘reciprocidade’. Luiz Eduardo Robinson Achutti(1997), que era repórter-fotográfico de um jornal em Porto Alegre, leva fotos que já tinha tirado em visitas anteriores. para mostrar aos catadores do lixão de Vila Duque, local em que realizava sua pesquisa. Mais uma vez, procedo ao ritual de entrega de presentes, assim como alguns fazem com tribos ainda não acostumadas à presença de forasteiros ou pesquisadores. Fotografias são muito mais do que espelhos, são espelhos ideais, são espelhos mágicos, espelhos que espelham para trás, para um tempo anterior que já passou. De qualquer forma sinto que ofereço algo em troca do ato de "roubar-lhes as almas". Uma "moderna troca de presentes": a imagem real matéria prima que me oferecem - pela imagem fotográfica - a cristalização de um momento com um determinado recorte. Ambos decididos por mim. Chego e, além de atrapalhar o trabalho das catadoras, interfiro em todo o meu campo de pesquisa. Como vou trabalhar se estão todas a olhar fotografias em vez de selecionar o lixo? Que etnógrafo mais narciso traz para campo elementos que levam-no a fazer parte das cenas a serem fotografadas? Passo a fotografá-las olhando fotografias. A Rose chegou a desmontar uma moldura para colocar as suas fotos. O quadro foi parar em cima da mesa principal do galpão, perto do lugar onde fazem o repouso e o acerto de contas. Passo tam-ben a fazer parte do lugar onde fica uma espécie rara de santuário polissêmico: máscaras, Cristo, Mickey, cruz, flores. (ACHUTTI, XXVII, 1997) As fotos ajudaram na aproximação com os índios, afinal muitos conhecem outras aldeias ou tem parentes nela. Levei fotos da Aldeia Kakane Porá (em Curitiba) da Aldeia Guarani Araçai, (em Piraquara, região metropolitana de Curitiba), do time de futebol da aldeia Kaingang, de quando estiveram num evento de etnodesportes indígenas na Universidade Estadual de Maringá, em 2011. 1 - Os Índios antes do Paraná Os “vicentistas”, assim chamados por virem da Capitania de São Vicente, foram os primeiros povoadores do atual território paranaense. Moradores de Iguape, explorando as margens da baia de Paranaguá, descobriram aluviões auríferas nos córregos e rios que descem a serra do Mar e nos anos de 1630-1640 formavam os primeiros arraiais litorâneos. O principal deles seria, futuramente, a cidade de Paranaguá. Simultaneamente mineiros, também vicentistas, progredindo pelo vale profundo do rio Ribeira alcançaram seu afluente, o Açungui, e pouco mais tarde atingiram o planalto curitibano. Nas décadas de 1720-1730 acontece a decadência da mineração na região, afinal a mineração não gerava um dinheiro garantido e imediato, e a mão de obra escrava estava sendo deslocada para outras regiões de mineração no Brasil. Começa a migração para o que seria no futuro os Campos de Curitiba. "A 'bateia' foi sendo suplantada pelo 'laço, o 'curral' sucedeu à 'lavra' (BERNARDES, 1952). Em 1812 a sede da Comarca era transferida de Paranaguá para Curitiba. Bernardes(1952) chama a atenção para o fato de que, em 1854, não se ocupava 1/5(um quinto) da área do Paraná. A área ocupada seria em torno de 35.100 km2 , e sendo a estimativa da população na época 60.626 hab, temos uma media de 1,7 hab por km2 , ou seja, o processo de ocupação da terra não é acompanhado pela ocupação humana.A idéia defendida era que "Não se penetra nos territórios indígenas, e sim no sertão, sinônimo de vazio demográfico" (BERNARDES, 1952, p.433). De acordo com o historiador Ruy Wachowicz(1972), é provável que o litoral paranaense já estivesse sendo freqüentado desde 1554 por grupos de indivíduos ou isoladamente, bem como, por bandeiras predadoras de índios Carijós. Vieira dos Santos, que seria o primeiro historiador do Paraná, estimou a existência, nessa época, de cerca de seis a oito mil índios na região, mas não atribui a esse período o início de um povoamento permanente dos ibéricos, pois as principais atividades exercidas pelos comerciantes ou predadores de índios eram “tipicamente nômades” (WACHOWICZ , 1972) O médico e naturalista alemão Robert Avé–Lallemant(1998), que percorreu o Brasil, conta que frequentemente no caminho entre Santa Catarina e Paraná ouvia comentários e perguntas sobre os ‘bugres’ 1 na ‘Primeira estância no Estado do Paraná’. Os senhores não encontraram bugres! Foi essa a primeira pergunta que nos fizeram quando falamos de nossa expedição. Sempre os selvagens! Há alguma coisa de terrível na luta entre esses homens-animais da selva e o civilizado da colônia! Por menos numerosos que sejam os primeiros e por menos civilização que tenham os últimos, não se pode pensar em transição de uns para as outros, em nenhum tráfego, acordo ou conciliação. Onde se encontram, espreitam-se e lutam com toda a certeza. Onde a flecha de um sai, zumbindo, da emboscada, a espingarda do outro estoura e envia-lhe uma bala sibilante contra o corpo nu. O bugre não tem direito algum, porque não reconhece nenhum direito. (AVÉLALLEMANT([1887], (1998), p.35-36) Telêmaco Morosines Borba(1908), que por longo tempo conviveu com os Kaingang como administrador do aldeamento de São Jerônimo em 1865, e mais tarde, em 1880, nomeado diretor dos índios da cidade de Tibagi, escreveu uma das primeiras monografias sobre eles. Borba escreveu: “Dizem, estes índios, que seos antepassados habitavam o território das actuaes comarcas de Castro e Guarapuava, de onde dirigiam seos ataques aos habitantes das orlas do sertão e aos tropeiros e viajantes, que percorriam a estrada que do Estado do Rio Grande do Sul se dirigia a este.” (BORBA, 1908, p.5) O primeiro que deu-lhes o verdadeiro e generico nome de Kaingangues penso que fui eu. Os que aldearam no Jatahy chamam-se 'Kaingangue-pé, isto é, Kaingangues legitimos, verdadeiros ;mas, entre elles distinguem-se os Camés, Cayurucrés e Kaingangues. Os que habitam nas imediações de Guarapuava e Palmas chamam-se Camés. Os da zona comprehendida entre os rios Piquiri e Iguassu, Xocrés, os da margem direita do Paranapanema 'Nhafkateitei'. Entretanto, falam todos a mesma lingua, usam as mesmas armas e utensilios e têm os mesmos costumes. (BORBA, 1904, p.54) De fontes governamentais também temos relatos sobre a presença indígena no Paraná. Em 15 de julho de 1854, o primeiro presidente da Província do Paraná, Zacarias de Góes e Vasconcelos, escrevia em seu relatório sobre os indígena. "He huma desgraça, mas a verdade obriga-me a dizer-vos que, nesta província, onde os índios selvagens aos milhares (a câmara municipal de Guarapuava avalia em mais 1 Bugre: O significado primeiro foi de indivíduo herético. Passou depois a designar o índio não catequizado. (MELO, Osvaldo Ferreira de. Glossário de instituições vigentes no Brasil-Colônia e Brasil-Império. Brasília: OAB Editora, 2004). de dez mil os que percorrem os sertões do Paraná) habitam o território de certos municípios." (VASCONCELOS, 1854, p.60) Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay,2 o Visconde de Taunay, também fala sobre a presença dos índios no Paraná. Logo que cheguei a Província do Paraná, de que fui presidente pouco mais de cinco meses, de 28 de setembro de 1885 a 4 de maio de 1886, tive que me avir com os chamados índios de Guarapuava. Vagava pelas ruas de Curityba uma turma semi-nua dessa gente, reclamando ferramentas, roupas, dinheiro, etc., e lamentando-se de haverem sido maltratados por brasileiros e despojados de terras que lhe pertenciam." Esta nação de indios é chamada pelos brasileiros corôados pelo costume de cortarem os cabellos á maneira dos frades franciscanos, não gostam, porém, desse apellido, e a si mesmos se chamam Caingang, que em lingua portugueza quer dizer indio ou antes aborigene. Tambem se appellidam Caingang-pé (Indio legitimo) e Caingang-venheré (Indio cabello cortado), mas os historiadores sempre os tratam pelo nome de Camés, palavra cuja etymologia aind anão foi nos dado conhecer. (TAUNAY,1888, p.258) Segundo os estudos arqueológicos, as populações "caçadoras-coletoras" associadas à Tradição Humaitá, foram as primeiras a ocupar a região do atual estado do Paraná a partir de 7.000 anos atrás. Essas populações presenciaram por volta de 2.500 anos atrás a chegada e a ocupação de grupos falantes das línguas Jê, agricultores ascendentes dos atuais povos Xokleng e Kaingang. Os Xokleng, conhecidos arqueologicamente como "Tradição Itararé", foram os primeiros a colonizar o Paraná. Os Kaingang, vinculados pelos arqueólogos à "Tradição Casa de Pedra", entraram posteriormente no Estado, ocupando as regiões de campo nas bacias do alto Ivaí e médio Iguaçu. Por sua vez, a partir de pelo menos 2.000 anos atrás, essas populações Kaingang presenciaram a chegada de outros povos, falantes das línguas do Troco Tupi ascendentes dos Xetá e Guarani. ( CHMYZ(1968) , MOTTA(2008) ) 2 – Os Índios do Paraná: Kaingang, Guaranis e Xetás e suas habitações Nesse trecho pretendo realizar uma breve apresentação das 3 etnias indígenas do Paraná: Kaingang, Guarani e Xetá e relatos sobre suas habitações tradicionais. 2 Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay (Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1843 — Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1899), o Visconde de Taunay. Foi escritor, artista plástico, professor, engenheiro militar, político, historiador. Autor do romance Inocência. Em 1881 é eleito deputado pela província de Santa Catarina e, em 1885, nomeado presidente da província do Paraná, exercendo tal cargo até 3 de maio de 1886. Neste ano, tornase senador por Santa Catarina. 2.1 - Kaingang Os Kaingang pertencem à família lingüística Jê. Os Kaingang são a terceira maior etnia indígena do Brasil, e são encontrados no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O habitat preferencial dos povos da Tradição Cerâmica Taquara (Itararé), antepassados dos Kaingang, seriam regularmente os terrenos altos e frios com uma vegetação também adaptada à baixa temperatura que são os campos e as matas mistas com pinheiros. Aí as geadas são comuns nas madrugadas de inverno e a neve não chega a surpreender (Schmitz, 1991, p.82). No Paraná, ocuparia os três planaltos que constituem o Estado, em áreas semelhantes e partes do litoral Atlântico(Chmyz, 1971 p.ll). Esse habitat preferencial fica entre grandes rios, o Paranapanema e seus afluentes, como o Tibagi, o Itararé, entre outros; o Paraná com seus afluentes Iguaçu, Piquiri e o Ivaí (Chmyz e Sauner, 1971, p.13-14). As culturas cerâmicas identificadas pelos arqueólogos como Tradição Itararé e Tradição Casa de Pedra, no Paraná, assim como a Tradição Taquara, no Rio Grande do Sul, representariam a continuidade da ocupação mais antiga de caçadores-coletores no Sul do Brasil, e são reconhecidas como antecessoras das atuais sociedades Jê Meridionais (Chmyz 1981, p.94-5). Segundo Jose Loureiro Fernandes(1941), o território tradicional dos Kaingang era a área entre os rios Uruguai e Iguaçu. Na medida em que os interesses coloniais facilitaram, no século XVII, o aniquilamento das populações Guarani aldeadas pelos jesuítas espanhóis, os Kaingang puderam se expandir para o norte e sul daqueles rios.(FERNANDES, 1941) Kimiye Tommasino(2000), ao analisar a mobilidade territorial dos Kaingang chama a atenção para não nomeá-los erroneamente como nômade. “Nomadismo implica abandono de um território e ocupação de outro e esse não parece ser o caso dos Kaingang” (MOTA, NOELLI, TOMMASINO, 2000, p.200). Os Kaingang não abandonavam suas casas fixas, nelas ficavam alguns parentes enquanto outros saíam para caçar, pescar ou coletar e se estabeleciam nas residências temporais. Telêmaco Borba(1908) diz que os Kaingang viviam reunidos aos magotes de 50, 100 e mais individuos, sob a direção de seos caciques. Não teem habitação permanente; geralmente se mudam todos os annos, à proporção que vão rareando os meios naturaes de sua subsistencia. Quando encontram local abundante em caça e mel, constroem grandes ranchos, de 25 a 30 metros de extensão, cobertos e cercados com folhas de palmeira, sem nenhuma divisão interna, [...] no centro desses ranchos accendem os fogos para cada família.(BORBA, 1908, p.7-8) Sobre as casas construídas pelo SPI (Serviço de Proteção ao Índio) em Palmas, no Paraná, no Toldo das Lontras, Jose Loureiro Fernandes (1941) diz que algumas casas eram próximas entre si, e em torno de uma praça central. Outras casas estavam dispersas nas terras da reserva de acordo com a melhor conveniência de moradores, isoladas ou agrupadas em pequenos grupos. Isso nos permite pensar numa certa liberdade oferecida aos seus moradores ou ao cacique ou grupo ligado ao cacique.(Loureiro Fernandes, 1941, p.l68). Diz também que "sobre as cabanas de base retangular que têm cobertura em duas vertentes, constituídas por camadas superpostas de folhas de palmeira, mas já não é com essas folhas que constroem, como outrora, paredes laterais; substituídas que foram pelos troncos das palmáceas fendidas ao meio, que são fincadas no solo, lado a lado, constituindo anteparo seguro e duradouro". Os índios mais velhos de Palmas contaram a Loureiro Fernandes que as antigas habitações eram grandes ranchos cobertos de folha de palmeira Jerivá, com paredes do mesmo material. 2.2 - Guaranis Os Guaranis do Brasil Meridional3 segundo Schaden(1962), podem ser divididos em três grandes grupos: os Nandéva, os Mbya e os Kayowá. Acredita-se que eles utilizaram 2 rotas no território brasileiro. A primeira, vindo da Argentina, chegando ao Brasil pelo Rio Grande do Sul, ao se deslocar para o norte formou os aldeamentos de Rio Branco, em São Paulo; a segunda, que do Paraguai atingiu o Paraná, formou vários aldeamentos. (Ladeira & Azanha, 1988.p.16). Os Guarani possuíam um padrão para ocupar novas áreas sem 3 Segundo Aldo LITAIFF, o número de Guarani em toda a América do Sul é de aproximadamente 65.000 indivíduos, sendo que 36.000 vivem no Brasil, mas, devido aos constantes deslocamentos de populações, é difícil precisar o número de Guarani Mbya. abandonar as antigas. Os grupos locais se dividiam com o crescimento demográfico, ou por problemas políticos, indo habitar áreas próximas, levando consigo seus objetos e plantas. Assim como trouxeram suas casas, vasilhas cerâmicas e outros objetos, os Guarani também traziam diversas espécies de vegetais úteis para vários fins (alimentação, remédios), contribuindo para o aumento da biodiversidade. As aldeias tinham tamanhos variados, podendo comportar mais de mil pessoas organizadas socialmente por meio de relações de parentesco e de aliança política. Essas famílias extensas viviam em casas longas, e cada aldeia poderia ter até sete ou oito casas. As casas eram construídas de madeira e folhas de palmáceas, podendo abrigar até trezentas ou quatrocentas pessoas e alcançar cerca de trinta ou quarenta metros de comprimento por até sete ou oito metros de altura. Algumas aldeias, dependendo de sua localização, poderiam ser fortificadas, estando cercadas por uma paliçada. (MOTA, 2008, p.27) Os domínios territoriais Guarani, denominados de guará (conjunto de diversas Tekoá) eram subdivididos em unidades territoriais sócio-economicamente aliadas, denominadas de tekoá. Cada tekoá era possui 3 espaços - a vegetação, as roças e a aldeia(NOELLI, 1993). Sem o espaço tekoá não se consegue reproduzir a vivencia tradicional Guarani, o tekó, segundo Meliá(1989) “sem tekoá não há tekó”. Azanha & Ladeira (1988) definem o tekoá como sendo “o lugar onde existem as condições de se exercer o modo de ser/estar Guarani”. Para Ladeira (1989) dificilmente hoje a área de uma aldeia guarani consegue suprir o verdadeiro significado geográfico e ecológico de um tekoá, porque seus limites físicos muitas vezes são insuficientes para conter neste espaço todos os elementos imprescindíveis para a plena vivência da tradição sócio-cultural. A mobilidade faz parte do modo de vida dos Mbyá e, se por um lado implica em se manterem dispersos por comunidades formadas por famílias extensas num amplo território. Os deslocamentos são uma estratégica para manter a ligação entre as aldeia, a troca de semestes, alem de visita aos familiares, participação de festas, eventos, jogos de futebol etc. A boa caminhada (oguatá porã), também esta baseada no mito da busca da Terra Sem Mal, “Yvy marã eÿ” (CLASTRES, 1978). Alem disso, a mobilidade dos Mbyá acabou por dificultar seu contato mais direto com o Jurua(branco), o que ajudou a manter sua cultura tradicional mais preservada. Schaden(1974) refere-se a eles como “os guarani menos aculturados”. Litaiff & Darella (2000,p.20) observaram que as habitações encontradas nas aldeias Mbyá são pequenas construções com telhados de duas águas, recobertas com travessas de bambu ou finos barrotes de madeira e revestidos com folhas, e a estrutura é formada por troncos de árvores cortados a machado de forma longitudinal, fincados no chão, amarrados a uma travessa no sentido horizontal, com cipó. Quando se referiam a casa guarani os missionários espanhóis utilizavam o termo "choza", uma palavra que conota a construções humildes e precárias, o que implica num juízo de valor de marginalidade e improvisação. Entretanto as "chozas" guaranis possuíam uma tradição construtiva, que incluía rituais para a seleção e retirada das madeiras. Segundo Bartolome Melia, as casas guaranis eram orientadas a leste, eram pequenas cabanas com a porta para leste. A casas ficavas do lado de um campo e de um córrego, esses córregos fazem uma nevoa. Uma espécie de lugar onde está a forca e a energia divina, e aos poucos essa nevoa se dissipa, e o sol entra na casa. A casa tem 3 portas, a da frente pra leste, a do lado pro norte, e outra pro sul, a Oeste não tem porta, a oeste ficam as marakas, os bastões, as varas. (conversa pessoal realizada em 2011) Se os materiais das antigas casas eram muito simples, isso também tinha relação com uma facilidade maior que eles possuíam em mudar o local de residência, mudando-se para mais perto da roça, para outras áreas mais produtivas. O antropólogo Silvio Coelho dos Santos(1975), alertava, já na década de 1970, que na região sul não existia nenhum posto indígena criado especificamente para atender os Guaranis, todos os postos foram, originariamente, criados para atender aos Kaingang ou aos Xokleng. Segundo Tommasino(1992) o fato dos Guaranis viverem em algumas Terras Indígenas (Tis) kaingang se explica por razões históricas: de um lado, os Guarani não receberam terras próprias do governo e, de outro, os Guarani (já pacificados anteriormente) foram utilizados pelos governos imperial e republicano como anteparo estratégico nos processos de conquista dos Kaingang arredios de toda a região. Uma vez conquistados os Kaingang, os Guarani permaneceram nas mesmas terras delimitadas das colônias indígenas do Império (colônias indígenas de São Pedro de Alcântara e São Jerônimo) e, depois, das reservas indígenas criadas no início do século XX pelo governo republicano. 2.3 - Xetás Os Xetá pertencem ao tronco lingüístico Tupi-Guarani. Habitavam tradicionalmente o noroeste paranaense, às margens do rio Ivaí, no distrito de Serra dos Dourados, e os municípios de Umuarama, Douradina e Ivaté. Havia notícias da existência de grupos indígenas na região da Serra de Dourados entre o final dos anos de 1940 e no início de 1950, o que levou a uma série de investigações para manter contatos com os grupos que habitavam a região. Foram encontrados vestígios materiais que confirmavam a presença indígena, e em 1956, a Universidade do Paraná, hoje UFPR, formou uma equipe de pesquisa. O reconhecimento da presença Xetá não impediu que o governo do estado desenvolvesse sua política de colonização, atingindo diretamente o território e a população Xetá. Na época do contato, em 1940, já seriam poucos. Estavam debilitados pela redução de sua área de domínio, ocupada pela agricultura cafeeira. (SILVA, 1998) Em 1872, a expedição do engenheiro Bigg-Wither, próximo ao Rio Bonito, afluente do rio Ivaí, encontra um grupo de 26 indígenas chamados chamados "botocudos". Em 1956, uma expedição do Serviço de Proteção ao Índio(SPI) chefiada pelo professor Jose Loureiro Fernandes, contatou um grupo de 30 Xetás em 3 acampamentos. Segundo Vladimir Kozak, que participou da expedição, este grupo desapareceu logo depois deste contato, mortos por uma epidemia de gripe. Kozak realizou gravações dos cantos e mitos e alem de fotografias e gravações em vídeo. Entre 1955 e 1961 esse trabalho etnográfico prossegue com um grupo de 18 Xetás na fazenda Santa Rosa. Em 1958, uma das expedições da Universidade do Paraná a Fazenda Santa Rosa, o linguista Chestmir Loukotka recolheu um vocabulário de aproximadamente 500 palavras Xetás. Os índios Xetá costumavam dormir ao relento, sobre esteiras posicionadas em tomo de uma fogueira central. Ao redor das pessoas eram fincadas pequenas estacas no solo para evitar que alguém pudesse rolar sobre o fogo. Os pequenos abrigos denominados tapuy eram utilizados somente como proteção para o sol, a chuva ou o frio, e eram habitações que comportavam de quatro a seis pessoas. Para a montagem do tapuy faziam-se necessário no mínimo 2 homens, que amarravam galhos transversalmente a uma estrutura previamente montada com 12 galhos de árvores ou troncos novos e flexíveis, e hastes de bambu, formando uma espécie de cúpula. O teto era recoberto com folhas de palmeira de jerivá, ticando aberta a parte inferior da habitação. Somente nos dias mais frios de inverno o tapuy permanecia totalmente vedado. (Museu Paranaense, SD) FIGG 1: Aldeia Xetá - Fonte Jornal Gazeta do povo 5-03-2005 No Paraná, os descendentes dos Xetás vivem nas comunidades indígenas Guarani e Kaingang. São Jerônimo da Serra é a aldeia com maior número de famílias Xetá no Brasil. No Paraná, além de São Jerônimo da Serra e Curitiba, há Xetá em Guarapuava e Umuarama. Os estados de Santa Catarina e São Paulo também possuem famílias Xetá. Atualmente, os Xetá somam aproximadamente 300 pessoas.(2010) 3- A experiência da COHAB-Curitiba: Kakané Porá Em março de 2004, aproximadamente 100 índios chegaram a Estação Ecológica do Cambuí, que fica numa área de proteção ambiental no interior do parque Iguaçu ,na divisa entre Curitiba e São José dos Pinhais, na Avenida Comendador Franco 9553.. No início do ano de 2004 o grupo estava acampado num terreno das Faculdades Espírita, em Piraquara, mas tiveram de deixar o local por determinação da Justiça. As construções da estação ecológica estavam desocupada há alguns anos e serviram de abrigo para as famílias indígenas. "Quando chegamos aqui, estavam nas paredes várias fotos e cartazes sobre os índios, mas índio mesmo é a primeira vez que aparecia", disse o cacique Carlos Alberto Luiz dos Santos, o “Kajer”, da etnia Kaingang. No local funcionou o Museu Ecológico da Reserva Biológica do Cambuí, organizado pelo geólogo, ex-professor da UFPR, e ambientalista João José Bigarella que foi desativado a aproximadamente 17 anos, depois de uma enchente, mas parte do material ficou lá.. "Somos todos artesãos e é isto que torna complicada nossa permanência no interior, precisamos que alguém compre o que produzimos. Lá(em Mangueirinha) temos uma área grande para viver, mas não conseguimos renda suficiente para sobreviver ", disse o Cacique Carlos. Parte do grupo veio de uma aldeia indígena em Mangueirinha (interior do Paraná). "Lá temos uma área grande para viver, mas não conseguimos renda suficiente, disse o Cacique Carlos. No Cambuí os índios dividiam pequenas casas e 1 barracão. Havia apenas 3 banheiros, e 2 chuveiros, sendo que 1 deles estava estragado e só podia ser utilizado para banho de água fria. As roupas eram lavadas em uma caixa de água antiga compartilhada por toda a comunidade. Havia sinais de umidade, falta de saneamento e grande quantidade de insetos. No dia 9 de dezembro de 2008, 35 famílias indígenas mudaram-se para casas de 43 m2 , construídas pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba, em uma área de 44,2 mil metros quadrados (equivalente ao tamanho de pouco mais de cinco campos de futebol). O terreno fica no bairro Campo do Santana, próximo da BR-116, na Região Sul de Curitiba, do Caximba, e de algumas olarias, fábrica de telhas e cerâmicas, o que gera um trânsito pesado de caminhões pelo região. A aldeia tem 35 casas, ao redor de uma praça. Não ha subdivisão de lotes. As casas ficam ao lado de um bosque de 9,6 mil metros quadrados, existente no terreno. “Não é um lugar perfeito, porque a área verde é pequena e índio gosta de mato, mas será mais fácil receber as pessoas aqui”, disse o cacique Carlos. O nome da aldeia surge da união das palavras ''kakané'', do kaingang, que significa ‘fruto da terra’ e ''porã'', do guarani, que significa ‘bom’, um nome que segundo as autoridades presentes, representaria a multiplicidade dos indígenas da aldeia – mas não existe nenhuma referência aos Xetás no nome da aldeia. O então presidente COHAB-Curitiba e atual presidente da COHAPAR (Companhia de Habitação do Paraná), Mounir Chaowiche, esteve presente, e disse que foram gastos R$ 705 mil com as casas e benfeitorias., valor esse financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento(PAC). De acordo com um termo de comodato entre a Prefeitura de Curitiba e a FUNAI, as famílias não poderão ceder, nem vender, nem desvirtuar o uso residencial dos imóveis. Mesmo não tendo que pagar pelos imóveis, cada família paga os custos com água e energia elétrica. Os índios também se comprometem a cuidar de um bosque existente na área da aldeia. Uma das grandes novidades na vida dos índios que vivem na nova aldeia é a presença de chuveiro elétrico. Antes eles tomavam banho frio ou tinham que esquentar água para fazer a própria higiene. "Vai ser bom principalmente no inverno. Minha filha mais velha, de 6 anos, era a que mais sofria com a falta de chuveiro quente. Ela tinha que tomar banho pela manhã, antes de ir para a escola e quase morria de frio no inverno", disse Cleuza Fernandes, Guarani que mora com dois filhos e um irmão. Outra maravilha, na opinião de Elza, é a pia para lavar louça que finalmente vai poder comprar. "Agora eu posso ter uma pia. Antes, nem adiantava querer porque não tinha como". A idéia é criar na aldeia uma atividade que lhes garanta uma certa sustentabilidade financeira. Tentaram fazer um pomar, mas o primeiro problema foi como buscar as mudas doadas. Entraram em contato com a FUNAI, mas não conseguiram um carro com caçamba, somente com a ajuda de uma ONG conseguiram buscar as mudas, mas, infelizmente as formigas destruíram a plantação. Foi dito, em 2010, que a FUNAI não os deixou usar o veneno. As casas, que na época da construção, foram anunciadas que seriam diferentes para cada etnia indígena, uma casa com um determinado modelo para os Kaingangs, e outro modelo para os Guaranis, no final eram iguais . FIG 2: As casas, no centro da aldeia uma FIG 3: Imagem da aldeia, com as casas e campo de cobertura para uso comum. futebol (Googlemaps, 2011) A Secretaria de Educação prometeu para 2013 uma escola indígena na aldeia. Mas, nem sempre o local que os índios gostariam que fosse erguida a escola é o local escolhido pelo governo, e isso aconteceu lá também. "Queremos a escola para que nossas tradições possam ser mantidas. O ideal é que haja uma professora que fale tanto o português quanto nossas línguas nativas. Assim, dando uma educação mais específica a nossos filhos, poderemos preservar melhor nossos costumes e nossa cultura. Além disso, as crianças ficarão mais seguras, pois não terão que sair da aldeia e se deslocar para ir à escola", afirmou a então vice-cacique Jovina Renh-gá, índia Kaingang. Em uma das minhas idas de ônibus até a aldeia, ouvi o motorista falando para o cobrador da linha Caximba ao se aproximar da aldeia, “porque esses índios não ficam no mato, tanta gente precisando de casa.” Esse comentário mostra como para grande parte da população o “lugar de índio é no mato”. Um dos pedreiros que trabalhou na construção da aldeia contou-me que quase todo dia aparecia alguém perguntando se era um novo conjunto habitacional, se eram casas pra alugar. Para Stephen Baines, a dúvida popular quanto a ser possível preservar a comunidade indígena no contexto da cidade "baseia-se no preconceito humilhante de que o índio pertence à mata e deve permanecer em sua aldeia". Nessa discussão, a própria designação "índios urbanos" normalmente utilizada para essas populações é criticada por alguns sob a alegação de reforçar a associação da identidade indígena com o pertencimento a este ou aquele lugar.(BAINES, 2001) Quando fiz o relatório do Componente Indígena para a duplicação da BR-116, em 2010, a grande preocupação dos indígenas era com o aumento do volume de caminhos e ônibus na estrada que passa na frente da aldeia. Diziam que quando passa um caminhão muito grande parece que a casa treme. Realmente a rua é bastante movimentada, passam ônibus de Curitiba, ônibus que vão para outros municípios, caminhos que desviam da BR-116, caminhos das fábricas de telhas e olarias da região. Naquele partir daquele momento percebi que nenhum programa de construção de casas para comunidades tradicionais , e ate conjuntos populares para não-índios, realiza vistorias e manutenção das casas. E mesmo que os indígenas tenham uma experiência com construção civil – já ouvi de vários, em diferentes aldeias, que trabalharam como servente de pedreiro, pedreiro – não dispõem do equipamento nem de material similar aos das casas para reparar pequenas avarias. Diferente das casas tradicionais, em que podiam retirar a madeira, taquaras, folhas de palmeiras da mata. Das 35 famílias que vieram para a aldeia, 27 estavam em Cambuí, as outras famílias estavam espalhadas pela cidade. Muitos moraram nos velhos prédios, de 1 cômodo, no centro de Curitiba. Então, foi uma oportunidade de morar num local melhor, com outros indígenas, numa casa, então sempre foram muito comedidos em criticar as casas, mas as comparações com os modelos de casas do governo estadual apareciam: “aqui o banheiro é dentro da casa” , “a varanda é maior”. Alias a varanda, eventualmente, virava garagem quando estavam com um carro emprestado, com alguma visita que vinha de carro. Com isso a porta que fica na frente da casa, ao lado da varanda, ficava inutilizável, pois a porta não abria, e as pessoas tinham que entrar pela porta dos fundos. Em algumas casas construíram um ‘puxadinho’ pra guardar coisas. E como no inicio todas as casas estavam ocupadas, as cestarias e o artesanato ficavam na casa de alguns índios. 4- O Programa Estadual ‘Casa da Família Indígena’ A companhia de Habitação do Paraná(COHAB-PR) possui, desde 2003, um programa de construção de casas em comunidades indígenas, chamado ‘Casa da Família Indígena’, que, segundo o Governo do Estado do Paraná, respeita a individualidade de cada etnia. FIG 4: Casa guarani FIG 5: Casa kaingang São 2 projetos de casas diferentes, um para os Kaingangs, um para os Guaranis. As casas possuem 52 m², são construídas em alvenaria com esquadrias em madeira, 2 quartos, sala, cozinha, banheiro externo, varanda, e cobertura em telhas de cerâmicas. O investimento do Governo em cada casa é de aproximadamente R$ 10 mil. Na década de 1980 o governo do Paraná construiu casas pré-moldados em algumas aldeias. Uma queixa que ouvi dos indígenas que moram nas novas casas é que, com a grande variação de temperatura no estado do Paraná, no verão, essas casas são muito quentes, e no inverno, muito frias. Segundo indígenas que moram nas novas casas, com a mudança diminuíram os casos de doenças respiratórias acarretadas pela umidade e frio nas antigas casas, também os problemas com insetos teriam diminuído. Interessante perceber que mesmo tento a nova casa, muitos não abandonaram, totalmente, a casa antiga, às vezes usando-a como depósito, e as vezes usando as 2 casas. FIG 6 e FIG 7: Casa nova e antigas Conclusão Mesmo que os projetos de casas não sejam totalmente adequados as diferentes culturas indígenas, são importantíssimos. A lógica cultural dos povos indígenas faz com que os espaços sejam utilizados da ^maneira indígena”. As políticas públicas melhoraram nas últimas décadas, mas ainda existe muito o que realizar. A construção de casas para os indígenas não basta por si, precisa estar acompanhada de outros programas. Não existe um modelo de casa indígena “melhor” e outro “pior”, mas, cada um tem certas características, mas que podem ser aprimorados tendo em vista o perfil atual dos indígenas no Paraná. Referências bibliográficas ACHUTTI, Luiz Eduardo Robinson . Fotoetnografia: um Estudo de Antropologia Visual sobre o Cotidiano, Lixo e Trabalho, Porto Alegre, Palmarinca, 1997. AVÉ-LALLEMANT . Robert . Viagem pelo Paraná(1858). Fundação Cultural de Curitiba,. Coleção Farol do Saber. 1995 AZANHA, G.; LADEIRA, M. I. Os índios da Serra do Mar – A presença Mbyá Guarani em São Paulo. São Paulo: CTI/Nova Stela,1988. BAINES, Stephen .As Chamadas Aldeias Urbanas ou Índios na Cidade. Brasil Indígena. Brasília, V.2, N. 7, 15-17, nov./dez. 2001. Acesso em 10 / 06 / 2009 Disponível em http://www.funai.gov.br/ultimas/artigos/revista_7.htm#001 BERNARDES, Nilo. Expansão do Povoamento no Estado do Paraná. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.14, n. 04, p. 427-456, out.-dez. 1952. BORBA, Telêmaco Augusto Enéas Morosini . Actualidade Indígena. 1908. _____________________________________ Observações sobre os indigenas do Estado do Paraná. Revista do Museu Paulista, vol. VI, p.53-62. São Paulo: Typographia do Diario Official, 1904 FERNANDES, José Loureiro . "Frei Luís de Cimitile", Separata da Revista do Círculo de Estudos Bandeirantes, III:1 Curitiba, 1956. __________________________________ Os Caingangues de Palmas. Paraná, Arquivos do Museu Paranaense, junho, 1941, Vol. 1, Curitiba. KOZAK, Vladimir . Os índios xetás. Boletim do Instituto Histórico, Geográfico e Etnologico Paranaense. vol XXXVIII., 1981. LADEIRA, Maria Inês; MATTA, Priscila(org).Terras Guarani no Litoral: as matas que foram reveladas aos nossos antigos avós = Ka´agüy oreramói kuéry ojou rive vaekue y. São Paulo: CTI - Centro de Trabalho Indigenista, 2004. Disponível em http://www.trabalhoindigenista.org.br/livros-online.asp . LAPLANTINE, Françoise. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2 ed. 2000. LITAIFF, Aldo. As divinas palavras: identidade étnica dos Guarani-Mbya. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1996. _____________ DARELLA, M. D. P. Os índios Guarani Mbyá e o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. In: XXII Reunião Brasileira de Antropologia, 2000, Brasília. MELIÁ, Bartome. O Guarani: uma bibliografia etnológica. Santo Ângelo, FUNDAMES/FISA, 1987. MOTA, Lúcio Tadeu. As Guerras dos Índios Kaingang: a historia épica dos índios Kaingang no Paraná. Maringá, Editora da UEM, 1994. _________________ ; NOELLI, Francisco Silva; TOMMASINO, Kimiye (orgs.). Uri e Waxi: Estudos Interdisciplinares dos Kaingang. Londrina, UEL, 2000. __________________;NOVAK, Eder. Os Kaingang do Vale do Rio Ivai-Pr. Eduem, 2003. SANTOS, Sílvio Coelho dos .Educação e sociedades tribais. Editora Movimento. Porto Alegre. 1975. SCHADEN, Egon .Aspectos fundamentais da cultura guaraní. Difusão Européia do Livro, São Paulo, 1962. TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle . Os índios Caingangs (Coroados de Guarapuava). Monographia acompanhada de um vocabulário do dialecto de que usam. Revista Trimensal do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro, suplemento ao tomo LI (comemorativo do quinquagésimo aniversário do Instituto), Outubro de 1888. p. 251-310. Rio de Janeiro: Typographia de Pinheiro & C TOMMASINO, Kimiye. A História dos Kaingáng da bacia do Tibagi: uma sociedade Jê Meridional em movimento. Tese de doutorado apresentada ao departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo(USP), 1995. ____________________ Os Kaingang e a construção do tempo atual. Boletim 31 de julho/dezembro de l996 do Centro de Letras e Ciências Humanas. Londrina, l996. VASCONCELOS, Zacarias de Góes e .Relatório do Presidente da Província do Paraná, na abertura da Assembléia legislativa Provincial, 15/07/1854. , Typographia Paranaense. WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda., (1972), (1988).