SESSÃO DE APRESENTAÇÃO PÚBLICA DA EMPREENDEREGIÃO NORTE DE PORTUGALGALIZA Discurso do Prof. Doutor António Guimarães Rodrigues, Reitor da Universidade do Minho Exma. Conselheira para a Educação e Organização Universitária da Junta da Galiza, em representação do Governo da Junta da Galiza Exmo. Representante das Universidades Galegas da EmpreendeRegião, Prof. Senén Barro Ameneiro Exmo. Prof. Carlos Hernandez, em representação da UNINVEST Exmos. Representantes das Universidades do Porto e de Trás-os-Montes e Alto Douro Exmos. Presidentes das Autarquias do Baixo e Alto Minho Exmas. Autoridades e Individualidades presentes Exmos. Convidados É com grande satisfação que tenho o privilégio de presidir a esta sessão de apresentação pública da EmpreendeRegião Norte de Portugal-Galiza. Desde a sua primeira versão que os Estatutos da Universidade do Minho definem, na missão da instituição, no seu Artigo 1º, nos nos 2 e 3, o seguinte: - A Universidade dedicará atenção especial às particularidades da região em que se insere, contribuindo para o seu desenvolvimento social e económico, e para o conhecimento, defesa e divulgação do seu património cultural. - Para a prossecução dos seus fins, a Universidade pode celebrar convénios, protocolos, contratos e outros acordos com instituições públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras. Ao longo dos anos, a Universidade formou e desenvolveu competências, criou uma base científica sólida, assumiu a internacionalização como indispensável para a adopção de padrões de qualidade, e desenvolveu uma interacção muito forte com o tecido sócio-económico, não só no território próximo, mas igualmente a nível nacional. A Universidade assumiu como o primeiro dos seus objectivos estratégicos a consolidação de uma Região do Conhecimento no Minho. Esta definição, proposta pela Reitoria, tem enquadrado a actuação da Universidade desde 2002. Foram dados passos consistentes nesse sentido, sistematicamente promovendo a construção de uma malha de desenvolvimento sustentado. No início de 2003, a Universidade do Minho assinou um Protocolo com a Associação Industrial do Minho, as Câmaras Municipais de Braga, Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão dirigido ao desenvolvimento de uma área geográfica, com vértices nestas quatro cidades, englobando cerca de 800.000 habitantes, e um território de 400 Km2. 1 Ao longo de 2003, a Universidade prosseguiu, lançando o desafio às 24 autarquias do Baixo e Alto Minho, para a subscrição de um Pacto de Desenvolvimento Regional. A Cerimónia Pública ocorreu no Salão Medieval em 10 de Janeiro de 2004. Subscreveram o Pacto 18 das 24 autarquias do Minho, a Associação Industrial do Minho, a Universidade e as Uniões Sindicais de Braga e de Viana do Castelo. O Pacto representou um processo inclusivo e um compromisso de cooperação orientado ao desenvolvimento articulado de um espaço territorial associado ao Baixo e Alto Minho. Vale a pena recordar a simplicidade dos princípios inscritos no Pacto de Desenvolvimento Regional: a) O objectivo central de promoção do desenvolvimento equilibrado da região orientado à correcção de assimetrias; b) A promoção de um paradigma de resposta rápida, suportado pela mobilidade acrescida nas vertentes interna e internacional; c) A promoção da região como parceira efectiva na afirmação e implementação da Economia Digital, com intervenção nas cadeias de valor de produtos e serviços ditos tradicionais, e no funcionamento da administração pública, sobretudo ao nível local; d) A promoção da integração da região nas redes da sociedade da aprendizagem, organizando acções para a melhoria da educação e qualificação dos cidadãos e, em especial, dos activos ou dos jovens prestes a entrar no mercado de trabalho; e) A promoção da região como matriz de referência permanente, através de acção de marketing territorial, com vista à atracção de investimentos nacionais e estrangeiros em sectores com elevado valor acrescentado; f) A promoção da dinâmica da região como espaço científico e cultural. Uma Região ou um espaço territorial só é efectivamente viável, se reconhecida fora das suas fronteiras, em ligações de múltiplas complementaridades. Uma Região do Conhecimento não pode, por definição, ser uma Região fechada sobre si mesma. A própria identidade de uma Região constrói-se em função das suas singularidades e especificidades e em função da afirmação do valor da complementaridade reconhecida por outras Regiões. O reforço da ligação à Galiza está nos objectivos da Universidade do Minho, da mesma forma que foram estabelecidas ligações a redes diversas, nacionais e estrangeiras. A Universidade constituiu, directa e indirectamente, importante factor na promoção da infra-estruturação em banda larga da região, na reconversão e inovação em sectores tradicionais, na conceptualização e promoção de clusters alternativos. A Universidade foi agente activo na valorização da cadeia do conhecimento. A Universidade promoveu um eixo interior de desenvolvimento transversal ao tradicional modelo de desenvolvimento sectorial aprisionado pelos vales. As identidades e os diferentes espaços territoriais constituem simultaneamente focos de competição e de cooperação. O Minho, o Norte de Portugal, a Galiza e o Espaço Global traduzem apenas diferentes dimensões, e o foco em diferentes níveis de abstracção. A EmpreendeRegião é uma Região do Conhecimento identificada com um território que reúne cerca de 6 milhões de habitantes, abarcando o Norte de Portugal e a Galiza. A EmpreendeRegião é um conceito de território onde existe uma Rede cooperativa de agentes dinamizadores de empreendimento – Bancos, Empresas, Sociedades de Capital de Risco - operando num território com mais de 6 milhões de habitantes, abrangendo a Região Norte de Portugal-Galiza. Nas parcerias estabelecidas com os agentes produtores de conhecimento desta grande Região – universidades, institutos politécnicos, centros de investigação, centros tecnológicos, parques de ciência e tecnologia – esta Rede pretende articular e apoiar, financeira e logisticamente, as actividades desses agentes, criando empresas inovadoras de base tecnológica, conglomerados de sectores tecnológicos, redes de marketing global, plataformas de colaboração intersectoriais, redes de consultorias. O conhecimento, a inovação, a internacionalização e o investimento de risco são ingredientes necessários para o desenvolvimento sustentado. A EmpreendeRegião coloca oportunidades e impõe que se aceitem e enfrentem desafios arrojados. Os ilustres membros da mesa fizeram a apresentação da UNINVEST e da EmpreendeRegião. Em 2003, quando, juntamente com a Associação Industrial do Minho e os representantes das quatro autarquias subscritoras de um primeiro protocolo, foram apresentadas ao então Ministro das Cidades e do Território algumas das nossas convicções, expliquei que não era intenção – como se poderia supor – angariar a criação de algum parque tecnológico. A reunião do então ainda reduzido número de agentes de desenvolvimento traduzia a sua vontade e disponibilidade para um esforço articulado para o desenvolvimento, conscientes das fragilidades estruturais socio-económicas da região e da urgente necessidade de inventar os cenários futuros. Ainda em 2003, no processo de construção do Pacto de Desenvolvimento Regional, abordei, juntamente com o Presidente da Associação Industrial do Minho, a Agência Portuguesa de Investimento. Em 2004 pudemos ter voz na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte. Houve sempre a consciência do sentido e da necessidade de interessar, de envolver e de articular as agências nacionais neste processo. Há seguramente razões políticas e de estratégia que competem à legitimidade da esfera de actuação do Governo. E há também as oportunidades que se apresentam, fruto de um trabalho construído, persistente e sistemático. As Universidades neste século XXI, para além do seu papel de criação do conhecimento, devem retomar o seu papel interventor na sociedade, comprometendo-se e responsabilizando-se com essa mesma sociedade. Universidade do Minho, 17 de Fevereiro de 2006 A. Guimarães Rodrigues Reitor