Universidade Aberta do Brasil
Universidade Federal de Juiz de Fora
Curso de Pedagogia – UAB/UFJF
Viviane Aparecida Ferreira da Costa
Memorial do Curso
Trabalho apresentado como requisito
parcial de avaliação da disciplina
Memorial do Curso ministrada pela
Profª. Drª. Léa Stahlschmidt Pinto Silva
para o 8º período de Pedagogia da
UAB/UFJF.
Tutora a distância: Michelle de Souza
Pereira Filgueiras.
Coromandel
2011
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Trajetória acadêmica
A minha formação acadêmica começou através de informações que seria
aberto em Coromandel um local de estudo, onde as Universidades ofereceriam cursos a
distância. Esta notícia me interesso, fui então averiguar o fato e tive a felicidade de
confirmá-lo.
O meu interesse fez com que observasse todas as reportagens que falavam
sobre a data do vestibular, pois a perspectiva em participar do mesmo era muito grande.
Um dia ouvi uma reportagem na rádio em que dizia: acontecerá o primeiro vestibular da
Universidade Federal de Juiz de Fora, será oferecido o curso de Pedagogia através da
Universidade Aberta do Brasil.
Começa então a correria para pegar dinheiro emprestado para efetuar o
depósito de inscrição e na fila do banco que desespero: o sistema não estava
funcionando e só tinha dois dias para efetuá-la. Aí já começou a ansiedade: será que vou
conseguir? Mas, confiante que tudo daria certo, naquele dia não foi possível efetuar o
depósito. No dia seguinte, não tinha como ir pessoalmente ao banco devido ao fato de
ter três filhas pequenas. Pedi então ao meu pai que o fizesse para mim. Era o último dia
de inscrição. Com o depósito feito surgiu o medo, a ansiedade, a dúvida ... faço ou não
faço o vestibular pensei e cheguei a conclusão que iria estudar através do material que
tinha guardado do ensino médio: livros e cadernos. Foi muito difícil porque só estudava
a noite, durante o dia minhas filhas, uma com três anos e sete meses, as gêmeas com
um ano e oito meses não deixavam. O interesse em estudar fazia com que me esforçasse
cada vez mais e a vontade me fez superar os desafios que até então a mim se
apresentavam.
Os dias foram passando, o dia do vestibular chegando e pensava: meu Deus
será que vou conseguir passar pois já faz oito anos que não estudo, não fiz cursinho e
não sou professora. Mas estava animada. Chegou então o dia do vestibular, fui fazer a
prova confiante que tudo daria certo, mas se não passasse faria no próximo ano.
A minha preocupação era com a redação devido ter dificuldade para
escrever e vergonha das pessoas lerem o que escrevia, porém, naquele momento esqueci
tudo. Observando as colegas com total euforia quando foi liberado para entrarmos e
darmos início ao nosso futuro, pedi a Deus que me iluminasse naquele momento no qual
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teria que mostrar a minha bagagem cultural adquirida durante minha trajetória escolar.
Sabia que encontraria muitos desafios nas provas mas estava disposta a superá-los.
Feitas as provas agora só me restava esperar pelo resultado o qual seria decisório: se
entraria para um curso superior, que era meu sonho, ou teria que esperar outra
oportunidade.
Embora a ansiedade fosse muita para saber o resultado final, se estava
aprovada ou não, fui à secretaria da UAB olhei a lista e cadê o meu nome. Não o
encontrei logo e pensei: fiquei para depois. Fui embora não muito feliz, mas otimista
por ter participado de um processo amplo de seleção e avaliação.
Era uma
aprendizagem diferente que já começava e eu não sabia.
Passaram-se os dias e a perspectiva de entrar no curso de Pedagogia havia
passado depois de ver os resultados. Como estava fazendo um curso de costura pensei,
vou ter que ser uma costureira pois não consegui passar no vestibular. Terminei então o
curso de costura no dia cinco de novembro de dois mil e sete, quando no dia seguinte
fui chamada para levar meus documentos no polo UAB para começar a estudar.
Imaginem que alegria! Gritei bem alto... vou estudar ... vou estudar. Imediatamente fui
arrumar minhas filhas para irmos até ao polo levar os documentos. Não sabia se chorava
ou sorria, fiquei meio boba, meu marido estava trabalhando e fui até ao serviço dele
contar que fui chamada no polo para começar a estudar. Ele vibrou de alegria dizendo:
“eu sabia que você iria conseguir.Você é insistente quando quer as coisas.”
Logo de inicio percebi que não era nada fácil, a responsabilidade e
disposição era um fator fundamental devido ser um mundo completamente estranho
cheio de tecnologia, não conhecia ninguém, não tinha ido a Juiz de Fora. Entrei através
de vaga excedente. Pensei o que vou fazer? Mas o secretário foi muito gentil me
informando o nome de algumas pessoas dizendo que as procurasse que elas iriam me
ajudar até que as tutoras presenciais chegassem. Só a partir daí me senti aliviada.
Bom, fui conhecer o laboratório de informática, não sabia nem ligar o
computador, não tinha senha para acessar a plataforma, que confusão na minha cabeça,
mas foi bom, ali conheci algumas colegas as quais me auxiliaram naquele momento e
me senti apoiada.
Depois de alguns dias chegaram nossas queridas tutoras presenciais cheias
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de carinho e disposição para ensinar e também aprender. Confesso que a cada dia
encontrava mais dificuldade em tudo a começar pelo acesso a plataforma, depois nos
conteúdos e comunicação com as colegas.
O tempo foi passando as tutoras enviavam mensagem para os tutores
presenciais tentando solucionar o meu problema de acesso à plataforma e não recebiam
sequer uma informação. Passaram-se quatro meses de desafios. As minhas tarefas eram
enviadas através da plataforma das tutoras, muitas vezes elas me ligavam trim-trim alô, boa noite é Viviane? Sim. - Você precisa vir ao polo presencial reenviar suas tarefas.
E eu dizia:estou indo. Outra vez lá ia eu pela avenida em diferentes horários de manhã,
da tarde e muitas vezes da noite. Podia fazer sol o chuva, estava perseverante e
esperançosa que teríamos soluções para os problemas de envio das tarefas, tornando
tudo cansativo tanto para mim como para as tutoras.
Até que na abertura do segundo período a professora Beatriz Bastos Teixeira
veio a Coromandel e conversamos com ela, explicamos a situação e ela se dispôs a
ajudar. Fiquei feliz pois já não aguentava mais aquela situação. Então a professora
Beatriz entrou na plataforma e me cadastrou em todas as disciplinas. Passei então a ter
acesso à plataforma.
Começa um novo processo, as longas horas de estudo e como dizia Cecília
Meireles Toc-Toc-Toc a Canção dos Tamanquinhos, eram os nossos sapatos nos
corredores do polo presencial. Blá-blá-blá eram as discussões sobre as dificuldades
quanto a questão da aprendizagem virtual e aprendizagem dos conteúdos. Nossa que
mundo diferente, até então não sabia o que era uma graduação, assistir comentários são
maravilhosos, “ nossa o fulano está se graduando” mas quando foi minha vez ... hum
que loucura. A começar pelo mergulho no mundo virtual, depois palavras acadêmicas,
disciplinas que pareciam um dinamite na minha cabeça. Porque estava acostumada com
a rotina do ensino médio, faça a leitura e responda, agora estava num processo de
aprendizagem onde as disciplinas tem fundamentos teóricos e metodológicos ... Ufa!
Neste começo não foi fácil, precisei de muito apoio da família do marido, as
filhas ainda pequenas mas, principalmente, do apoio dos professores que eram os
responsáveis pelas disciplinas, dos tutores a distância, e aqui no pólo da cooperação de
todos, coordenadora, secretário,tutoras presenciais e colegas, que passei a conhecer
muitas vezes incomodando-as nas altas horas da noite ou nos domingos para pedir
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ajuda. As dificuldades nos levam a novos caminhos aprendemos a pedir ajuda e ajudar
há um envolvimento que se resume em interação e gratificação.
Agradeço primeiramente a Deus por me conduzir em todos os momentos e
às tutoras presenciais que muito contribuíram para meu desenvolvimento, sem elas do
meu lado, cobrando, corrigindo, ligando, mandando email, talvez hoje não estaria
terminando este curso. Mas o porquê disso tudo? Posso dizer primeiramente que sentia
muita vergonha dos textos que escrevia, vergonha por não saber acessar a plataforma e
fazer as atividades. Em segundo lugar, pela dificuldade de ir até ao polo e por não
entender quase nada que estava escrito nos textos. Até que na disciplina Memórias e
Saberes a tutora pediu que realizássemos um trabalho em grupo. Foi muito bom porque
a partir dessa atividade começamos a nos conhecer, a ter mais contato, criando laços de
amizade, tornando o estudo mais participativo e interativo.
Posso afirmar que foram dias difíceis, mas que foram superados devido
sermos uma equipe grande, uns ajudando aos outros. As oficinas presenciais
proporcionaram um relacionamento pessoal com diversos tutores, isso trouxe mais
aproximação de nós alunos com os professores e tutores, além de adquirirmos novas
experiências, novos conhecimentos tornando-se esses momentos sem igual em nosso
ensino.
Mesmo tendo um suporte amplo em cada disciplina via plataforma o contato
pessoal nos dava uma segurança, sentíamos pisar em terra firme e não só virtualmente.
Aprendemos uma teoria e uma prática, surgiam as dúvidas, as pesquisas e as discussões
via plataforma além do blá-blá-blá pessoalmente, tudo isso a procura de aprendizagem,
interação e participação.
Às vezes exercíamos o papel de aluna, às vezes o papel de crianças
querendo colo. Pensei várias vezes que não conseguiria concluir o curso, tudo que
escrevia estava errado, escrevo mal, não entendia os conteúdos devido a escrita ser
muito formal. A visão era melhorar, mas tudo parecia estar do mesmo jeito. No decorrer
dos períodos comecei a aprender a pesquisar no Google, a conversa com as tutoras,
colegas e mais ainda a leitura dos textos me deram um empurrão para um crescimento.
Mas as tutoras presenciais me ajudaram muito, sozinha jamais obteria
sucesso. No momento atual, quando necessito, compartilho com elas as alegrias e às
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vezes as tristezas também. Problemas pessoais, as dificuldades para estudar e as tutoras
sempre me animando: “esforce-se que você vencerá.” Até mesmo alguns tutores a
distância nos ajudavam e ajudam através de mensagens, davam aquele clique
perguntado “o que está acontecendo? Você sumiu, posso te ajudar?”
Respondia a pergunta com respostas enormes, pedido de socorro, por não ter
enviado a tarefa na data correta, por não conseguir compreender o texto e muitas
questões a serem respondidas.
Alguns tutores ou professores nem ligam. Dito popular: “se virem”, mas
outros com total delicadeza estabelecem as normas e regras, procuram ouvir, tentam
solucionar os problemas, nos respondem com jeito. Isso faz a diferença devido ao fato
de ficarmos horas e horas na frente de um computador. Eu especificamente aprendi que
o bom professor não é aquele que oferece só conteúdos, mas um envolvimento com o
aluno e com a sociedade de modo geral.
Numa graduação desenvolve-se todo o processo de formação onde estão
inseridas disciplinas preparadas com o objetivo de ensinar os alunos.
Na disciplina de Língua Portuguesa havia um texto para fazermos uma
resenha. Fiz, mas não ficou adequado e tive que refazer tudo novamente o que achei
muito difícil, mas aprendi muito. A partir disso, comecei a perceber a minha capacidade.
Se no primeiro erro pensamos em desistir nunca conseguiremos nada, pois a vida é
cheia de erros e acertos.
No decorrer do curso tive altos e baixos nas provas presenciais, sempre
peguei recuperação, porém nunca desisti. No dia de fazer as provas as colegas até
brincam: “você vai fazer hoje, será que passa?” Sempre falo: “não sei” mas qualquer
coisa estou aqui para a recuperação, ainda bem que existe recuperação. Procuro ver as
coisas da melhor forma possível, se está difícil penso na possibilidade de melhorar.
Duas disciplinas foram fundamentais: Estágio e Monografia devido ambas
terem seus fundamentos teóricos e também a parte prática, de pesquisa, de observação e
interação. Ajudam a desenvolver nossas atitudes, a relação aluno/professor e
professor/aluno.
Não posso dizer em nome de todas as colegas a importância deste curso em
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suas vidas, mas para mim trouxe uma aprendizagem ampla de conhecimentos aos quais
não tinha acesso se não fosse através deste curso de Pedagogia. Percebi muito empenho
de todos os envolvidos nessa modalidade de curso a distância que ainda passa por
adaptações, mas acredito que a cada dia melhora dando mais segurança para os
professores e principalmente aos alunos.
As relações e participações são às vezes conflitantes, pois são muitas
cabeças pensantes. A cada dia vamos aprimorando nossos conhecimentos e mais do que
tudo cresce a cada dia a expectativa para a formatura, o futuro emprego que por sinal
será prazeroso para mim, estar dentro de uma escola ensinando e, mais ainda,
aprendendo com os alunos as suas culturas, o seu jeito de ser e de viver, dividir e
compartilhar nossas conquistas através da aprendizagem.
Às vezes não temos oportunidades de dialogar mais com as colegas,
professores, tutores e coordenadores devido às atividades cotidianas de cada um de nós,
pois afinal todos estamos repletos de tarefas .
Em nossa turma há momentos prazerosos, de muitas risadas quando nos
reunimos para as aulas presenciais ou reuniões. Há pessoas maravilhosas que nos fazem
rir, por sinal, tem uma em especial, amiga de coração, às vezes parece uma palhaça para
nos alegrar e temos uma cantora que nunca vou esquecê-la. Assim cada um com seu
jeitinho, bem humorado, com grandes habilidades, sensíveis, mais formais, assim somos
nós.
Estou um pouco triste por não ter conseguido fechar todas as disciplinas
para formar junto com a turma. Mas estou feliz por minhas colegas que conseguiram
alcançar seus objetivos de chegar à colação de grau. O sonho de colar grau não termina,
continua até que eu o realize.
No processo vivido tivemos no primeiro período as disciplinas Memória e
Saberes, Linguagem e TIC. Mas o que é isso? São disciplinas. Ah ... Como vou escrever
palavras bonitas sendo que não sei? Quando se trata de memórias há inúmeras
lembranças, mas quando me lembro do texto “Sala de aula” do autor Marcos Bagno ...
que linguagem complexa, não entendo, estudei português a vida toda e agora me
aparece essa tal de Linguagem para complicar e de cara me deixar em recuperação.
Tudo bem, até que a disciplina TIC me aparece falando dos avanços
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tecnológicos e suas práticas dentro de uma escola, que o professor deve se preparar para
conhecer, aprender e posteriormente ensinar nessa modalidade, ou seja, no mundo
virtual .
Passei a refletir sobre minha trajetória escolar a qual trouxe a tona muitas
lembranças guardadas na minha memória.
No período seguinte do curso veio a inserção de mais disciplinas e o desafio
que parecia uma turnê virtual, acessa aqui, apaga ali, mexe e remexe e vamos estudar
Sociologia que ensina sobre a bagagem cultural que o aluno adquire em seu cotidiano.
Mas será que essa bagagem pode ter vínculos com a aprendizagem ou são apenas
conhecimentos prévios?
Tudo é aprendido e transformado, o que antes era visto como impedimento
hoje virou objeto de brinquedo que é o caso do lúdico, aprender brincando, a criançada
adora as cantigas de roda, as brincadeiras de pique esconde, mas como aprender para
ensinar?
Como aprendi através das observações no estágio e com as viagens virtuais
destinadas a Universidade Federal de Juiz de Fora, ao e-mail de cada professor ou tutor
que orientam as disciplinas. Embora as dúvidas surjam, temos a sala virtual e os emails
para pedir orientações. Hoje, no mundo virtual, podemos aprender diversas teorias pois
temos referências de autores, indicações de textos oriundos das pesquisas bibliográficas
que são coordenadas pela equipe dos mestres e doutores que um dia foram alunos como
nós e venceram os obstáculos, conforme pretendo vencer até apresentar a monografia.
Isso até dá um frio na barriga, mas logo passa.
Hoje se me perguntam se valeu a pena o esforço feito digo que sim e se
fosse para começar tudo novamente começaria. Cada professor, tutor presencial ou tutor
a distância, todos proporcionaram um ensino maravilhoso que jamais esquecerei. A
experiência realmente é o que nos passa, o que presenciamos, as vivências cotidianas
são eficazes, mas não o suficiente para desenvolvermos um trabalho de qualidade em
educação. Percebi que quanto mais aprendo, mais tenho o que aprender.
O envolvimento com a educação me faz refletir que tudo deve ser
melhorado, aprendido, devido ao fato de sermos cidadãos democráticos que lutamos
para um melhor ensino. Seja por parte da comunidade escolar ou pela sociedade de
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modo geral todos devem colaborar no processo ensino aprendizagem.
Quanto ao meu processo de formação foi gratificante, penso concluir minha
formação e dar segmento a novos estudos para melhor desenvolver o que já foi
aprendido.
Agradeço a Deus pela grande oportunidade de aprendizagem que tenho,
pelo apoio da família e de todos envolvidos no processo de ensino da Universidade
Federal de Juiz de Fora e também à coordenadora do polo de Coromandel, à Secretária
de Educação, enfim a todos que contribuíram e contribuem para minha trajetória
acadêmica.
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Viviane Aparecida Ferreira da Costa - Memorial Pedagogia