NOVOS? USADOS? Há espaço para todos Flávio Marcos de Souza (Solange Galante) 78 FLAP INTERNACIONAL No Brasil, o mercado de aeronaves usadas tem estado bem aquecido e até mesmo a Embraer, ainda jovem nesse segmento, dá uma atenção especial às aeronaves de segunda mão. 79 FLAP INTERNACIONAL Flávio Marcos de Souza O mercado de usados, no Brasil, é maior que de aeronaves novas, especialmente no caso de aeronaves de asa fixa. Está aquecido. Em resumo, esta é a opinião dos especialistas da área em relação ao mercado de aeronaves usadas no Brasil. Por exemplo, para as empresas que trabalham com comércio exterior, as tradings, a maior parte das aeronaves por elas importadas são de segunda mão. “Esse mercado tem aumentado bastante. Eu diria que a nossa operação deve estar 60/40, ou seja, 60% usadas e 40% aeronaves novas”, observa Luciano Sapata, vice-presidente da Sertrading. Ele percebeu que o movimento de aeronaves usadas aumentou muito depois da crise de 2008, quando o preço de aviões e helicópteros no exterior despencou e os usados tornaram-se bem baratos se comparados aos novos. “A diferença ficou muito grande e o cliente optou por adquirir especialmente as seminovas, de pouco uso.” Juliano Lefèvre, diretor Comercial da Comexport, é de mesma opinião. “O mercado de usados, pelo menos aqui no Brasil, é maior que de aeronaves novas, especialmente no caso de aeronave de asa fixa. Especificamente em relação aos helicópteros, chegam mais aeronaves novas, embora haja um mercado interno de usados bem forte nesse segmento.” Um dos fatores para isso são as limitações de prazo de entrega das fábricas, ou seja, nem sempre elas podem entregar um aparelho novo em poucos meses. ”O mercado de usados é um mercado de oportunidade e os clientes buscam oportunidade e preço, embora exista a clientela fiel da aeronave nova.” Mas, muitas vezes, o comprador consegue uma oportunidade também com o fabricante: são aeronaves que entraram no estoque das fábricas e foram analisadas na aceitação de uma troca. Aliás, essa análise é uma garantia a mais para o comprador. Justamente por isso, algumas fabricantes dedicamse em especial a esse mercado, inclusive com departamentos próprios para isso. A Embraer, ainda jovem na aviação executiva se comparada a outras empresas, é um exemplo. “Temos uma área de usados dedicada à aviação executiva com força de trabalho e vendedores dedicados”, diz Marco Tulio Pellegrini, vice-presidente de Operações da Embraer Aviação Executiva. “Temos um local em Melbourne (EUA) onde nós movimentamos os aviões que recebemos e revendemos.” Ele explica que funciona como uma revenda autorizada de automóveis e é um segmento importante, porque, muitas vezes, o cliente quer ter o conforto e a facilidade de trazer seu avião para ser aceito como parte do pagamento. “Temos aceitado aviões da competição e a nossa frota de aeronaves de outros fabricantes é muito maior que a frota da Embraer, já que há cerca de 18 mil jatos de outros fabricantes no mundo e nós temos ainda apenas uns 600 Chegam mais helicópteros novos ao Brasil, mas há um mercado interno de usados bem forte neste segmento. em operação. Por isso, lá em Melbourne criamos uma estrutura para movimentar essa frota. Essa nossa divisão tem os seus processos estabelecidos e tem sido um instrumento de vendas importante.” Como curiosidade, Marco Tulio comenta que o Phenom 300, do ponto de vista de valores em dólares, tem se mostrado bastante procurado e, dependendo da referência adotada, ele chegou a ter até apreciação de valor, segundo fontes como a Aircraft Bluebook e a VRef Publishing. Carlos Polízio, superintendente executivo aeronáutico da Mapfre Seguros, observa que a comercialização de aviões turboélices usados, como os King Air e Meridian, entre vários outros, cresceu bastante. “Também vieram para o País muitos monomotores a pistão como os Cirrus. Geralmente, são aviões novos, mas já existe um comércio de usados para quem está renovando sua frota de Cirrus, bem como outras aeronaves bimotoras a pistão.” Qual é o perfil de quem adquire aeronave usada? Primeiro, segundo Juliano, da Comexport, são pessoas com um nível muito avançado de conhecimento de aviação, que sabem das sutilezas da manutenção, portanto, sabem avaliar o estado do avião ou do helicóptero. “Há ainda o pessoal que está entrando no mercado e busca começar por uma aeronave usada.” Segundo o especialista, comparativamente, os principais modelos de aeronaves novas Muitas vezes, o comprador consegue uma boa oportunidade também com o fabricante: aeronaves que entraram no estoque das fábricas e foram analisadas na aceitação de uma troca. Juliano F. Damásio É fundamental fazer uma boa pré-compra, bem como ter um mecânico de confiança para avaliá-la. 80 FLAP INTERNACIONAL 82 FLAP INTERNACIONAL Juliano F. Damásio Juliano F. Damásio Muitas pessoas que estão entrando no mercado buscam começar por uma aeronave usada. O mercado de usados é um mercado de oportunidade. que têm sido importadas pela Comexport são helicópteros Bell 429 (um dos mais vendidos), Robinson R66 e AgustaWestland Grand New, e aviões como os Beechcraft Baron e King Air, toda linha Cessna Citation Jet (II, III e IV) e Gulfstream 450, Dassault Falcon 2000 e Bombardier Learjet, que estão entre os mais importados nos últimos tempos. Já em relação aos usados, chegam mais King Air C90 e 200, Cessna linha CJ, depois, em volume menor, aeronaves Hawker, Falcon e Piper. Os helicópteros usados costumam ser dos modelos Eurocopter Esquilo (B2 e B3), AgustaWestland Power e Grand. A compra de usados sempre exige mais cuidados. Daí, como recomendações, é fundamental fazer uma bela pré-compra, bem como ter seu mecânico de confiança e seu assessor responsável pela parte técnica da aeronave para avaliá-la, analisar a documentação e não ter qualquer pressa para concluir o negócio. A Embraer criou uma estrutura em Melbourne para movimentar aeronaves usadas. 84 FLAP INTERNACIONAL