ID: 46775009 22-03-2013 | Outlook Tiragem: 16903 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 11,12 x 35,90 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 NOVA GERAÇÃO Paula Nunes Cristina Fonseca A ‘geek’ que gere uma empresa em Silicon Valley Por Joana Moura Quando, aos 18 anos, chegou a hora de escolher um curso universitário, defraudou as expectativas de muita gente: “A sociedade acha que um bom aluno tem de ir para medicina. E o sofrimento humano aborrece-me, não lido bem com isso, portanto não queria nada com medicina”. Olhou para a lista dos cursos de engenharia do Instituto Superior Técnico e escolheu Engenharia de Redes de Comunicação, um pouco ao acaso e sem saber o que, no fim, poderia vir a fazer no futuro. Cristina Fonseca entrou num curso de 12 valores com média de 18, mas sempre soube que iria fazer alguma coisa com impacto. Já em 2011, com uma formação superior e uma colecção de pequenos projectos falhados com o amigo e eterno colega de aventuras empreendedoras Tiago Paiva, a jovem da “terrinha”, como se refere a Vales – a sua aldeia, muito próxima de Fátima – candidata-se a um concurso de uma empresa americana, que lançara um ‘browser’ de atender chamadas e procurava a melhor aplicação que o utilizasse. Os portugueses vencem o concurso, ganham um computador Macbook – que nunca levantaram por não terem dinheiro para pagar os impostos que retiveram o prémio na alfândega –, e em dois dias vêem-se em São Francisco com um protótipo do que viria a ser a Talkdesk para apresentar a uma audiência de investidores internacionais. Recebem convites para integrar os programas de aceleração 500Startups e AngelPad e aceitam o convite da 500Startups , de Silicon Valley, sendo consideradas das empresas mais inovadoras na ‘cloud’ pela revista especializada ‘VentureBeat’. Cristina Fonseca gere actualmente com Tiago Paiva a empresa que criaram juntos e que permite criar um ‘call center’ (centro de atendimento) em cinco minutos. Com mais de 1.500 registos na plataforma, na maioria empresas estrangeiras, a engenheira de 25 anos diz não ter tempo para ler um livro por semana, nem correr tanto como gostaria. Com uma família numerosa de 40 primos em primeiro grau, gosta de “ir à terrinha e não fazer nada”. Habituada a movimentar-se num mundo quase exclusivamente de homens e a trabalhar com cinco rapazes, nunca deixa a sua feminilidade adormecer: apareceu de salto alto e unhas impecavelmente pintadas com uma cor da moda. “Isso é porque hoje vinham cá jornalistas”, brinca. É difícil acreditar que seja só por isso. “Achámos que iríamos ser o próximo Facebook com uma aplicação estúpida na internet”