Instituto Politécnico de Viana do Castelo Escola Superior de Tecnologia e Gestão Curso de Turismo 2º Ano Análise de uma empresa Disciplina: Estratégia Empresarial Docente: Helena Santos Rodrigues Alberto Magalhães, nº 6280 Carla Ribeiro, nº 5967 Carlos Domingues, nº 6161 Lara Loureiro, nº 6225 Janeiro 2009 Índice 1. Introdução ........................................................................................................ 1 2. Metodologia ..................................................................................................... 2 3. Identificação da empresa ................................................................................. 3 4. Análise do Meio Envolvente............................................................................. 3 4.1. 4.1.1. Contexto económico ........................................................................... 4 4.1.2. Contexto sociocultural ........................................................................ 4 4.1.3. Contexto politico-legal ........................................................................ 5 4.1.4. Contexto tecnológico .......................................................................... 5 4.1.5. Quadro da Análise do Meio Envolvente Contextual ............................ 5 4.2. Clientes............................................................................................... 7 4.2.2. Concorrentes ...................................................................................... 7 4.2.3. Fornecedores...................................................................................... 8 4.2.4. Comunidade ....................................................................................... 9 Estrutura da Indústria ................................................................................ 9 Análise da Empresa ....................................................................................... 11 5.1. 6. Meio envolvente transaccional .................................................................. 6 4.2.1. 4.3. 5. Meio envolvente contextual ....................................................................... 3 Recursos da Empresa ............................................................................. 11 5.1.1. Recursos Humanos .......................................................................... 11 5.1.2. Recursos Organizacionais ................................................................ 12 5.2. Dinâmica dos custos ............................................................................... 13 5.3. Competências Centrais ........................................................................... 15 5.4. Adequação estratégica ............................................................................ 15 5.5. Análise SWOT ......................................................................................... 16 Missão, Objectivos e Estratégia ..................................................................... 19 6.1. Missão ..................................................................................................... 20 6.2. Objectivos................................................................................................ 20 Produtos – Mercados ..................................................................................... 22 7. Matriz Produtos – Mercados.................................................................... 22 7.1. 7.1.1. Modelo Ansoff ................................................................................... 24 7.2. Produtos complementares ...................................................................... 26 7.3. Vantagem competitiva ............................................................................. 27 7.3.1. Estratégias Genéricas de Porter ....................................................... 28 7.4. Ciclo de Vida dos produtos...................................................................... 29 7.5. Matriz ADL............................................................................................... 31 7.5.1. Análise da matriz ADL ...................................................................... 35 8. Integração Vertical ......................................................................................... 36 9. Internacionalização ........................................................................................ 39 10. Planeamento de portfolios de negócios ...................................................... 41 10.1. Modelo da General Electric/McKinsey ................................................. 41 10.1.1. Dados informativos sobre os valores da matriz ................................ 41 10.1.2. Análise da matriz GE/McKinsey........................................................ 46 10.2. Modelo da Boston Consulting Group (BCG) ........................................ 48 10.2.1. Análise da matriz BCG ..................................................................... 50 10.2.2. Limitações das matrizes ................................................................... 52 11. Desenvolvimento Empresarial .................................................................... 53 12. Estrutura organizacional ............................................................................. 53 12.1. Estrutura Simples ................................................................................. 54 13. Politica de Gestão ...................................................................................... 56 14. Conclusão................................................................................................... 58 15. Bibliografia .................................................................................................. 59 Análise de uma empresa 1. Introdução Este trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Estratégia Empresarial e surgiu com uma proposta da professora para que fizéssemos a análise de uma empresa. Este trabalho vai servir para que possamos colocar em prática os conhecimentos adquiridos no decorrer das aulas. Além disso, temos a oportunidade de ver como as coisas decorrem na realidade do dia-a-dia das empresas. Ver os erros cometidos, a melhor maneira de lidar com certos aspectos, as mais-valias, etc. O conhecimento que irá advir da realização deste trabalho é grande. O nosso objectivo é assim analisar a empresa escolhida e até propor alterações e soluções com vista a um melhor desempenho das actividades. 1 Análise de uma empresa 2. Metodologia Para este trabalho precisamos de partes teóricas e partes práticas. Aliás, a essência deste trabalho encontra-se na parte da análise de uma empresa real que nos permite colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas aulas. Para a parte teórica, que sustenta a parte prática e que, se encontra um pouco misturada com ela funcionando um pouco como introdução em todos os capítulos, utilizamos o livro de Adriano Freire “Estratégia – Sucesso em Portugal”. Utilizamos este livro por recomendação da professora e porque achamos que é um livro muito completo sobre a problemática da estratégia. Além disso, foi o apoio que utilizamos nas aulas e como este trabalho se baseia naquilo que estudamos durante o semestre achamos ser a ferramenta de apoio ideal. Para a parte prática, que é naquilo em que se baseia todo o trabalho e que é o principal objectivo, escolhemos uma empresa têxtil. Escolhemos esta empresa e esta área porque, além de ser uma empresa à qual tivemos o acesso um pouco mais facilitado, é também uma empresa numa das áreas mais importantes da nossa zona de residência (têxtil) e que por isso mereceu toda a nossa atenção. Para obter as informações necessárias à execução do trabalho fomos falar directamente com o gerente e dono da empresa. Como é de pequena dimensão tivemos dificuldade em recolher certas informações. O próprio entrevistado admitiu não saber responder a algumas das questões que diziam respeito principalmente aos concorrentes e a algumas áreas do mercado. Por este motivo na parte do preenchimento das matrizes tivemos que colocar alguns valores a título de exemplo para percebermos como toda a engrenagem funciona. Quanto aos concorrentes o entrevistado apenas nos soube dizer que o concorrente mais directo é uma grande empresa e que por isso o volume de vendas que tem perto dessa empresa e do total das empresas desta área é ínfimo. Por estes motivos nas matrizes, principalmente na GE/McKinsey, as apresentações destes valores não serão as mais correctas. 2 Análise de uma empresa 3. Identificação da empresa Importa desde já e, antes de qualquer outra coisa, saber quem é a empresa que estudamos e a pessoa a quem nos dirigimos e que nos cedeu amavelmente todas as informações constantes deste trabalho. Firma: J. Pereira, Lda. Actividade a que se dedica: Fábrica de telas e confecção de jogos de cama. Têxteis-lar. Morada: Monte Alvar – 4800-539 Ronfe – Guimarães Telefone: 253 532 536 E-mail: [email protected] Nome do responsável: Nuno Ribeiro (dono da empresa e administrador). 4. Análise do Meio Envolvente O conhecimento que a empresa tem do meio em que se insere é essencial para ter sucesso. Só com esse conhecimento se poderá preparar devidamente e com antecedência. É pois, por isso, essencial que se faça uma análise do meio envolvente. Este ponto serve então para conhecermos o meio envolvente da empresa que deve ser feito a dois níveis: o meio envolvente contextual ou macro-ambiente e o meio envolvente transaccional ou micro-ambiente. 4.1. Meio envolvente contextual O meio envolvente contextual caracteriza-se por incluir o contexto económico, tecnológico, politico-legal e sociocultural. Este ambiente que é bastante abrangente condiciona a actividade das empresas a longo prazo. 3 Análise de uma empresa 4.1.1. Contexto económico O contexto económico engloba todos os factores económicos que influenciam a actividade da empresa. Temos como exemplos o PIB, taxas de juros e de câmbio, etc. No caso da empresa estudada o factor económico que mais influencia a actividade da empresa tem sido as taxas de câmbio. Este é o factor (segundo o dono da empresa) que tem tido muita influência, isto porque, sendo uma empresa que exportava muito para os EUA e para Inglaterra a descida das taxas de câmbio principalmente da libra e do dólar foi e, continua a ser uma influência negativa ao crescimento da empresa. No entanto, as taxas de câmbio destas duas moedas estão a crescer ligeiramente e esta empresa espera a evolução para saber até que ponto pode desenvolver a sua actividade para estes países. Quanto a outros aspectos da vida económica não se nota muito a influência a não ser na crise mundial que está instalada actualmente. 4.1.2. Contexto sociocultural No contexto sociocultural encontramos presentes aspectos como o estilo de vida das populações, taxas de natalidade, analfabetismo, nível educacional, composição étnica, etc. Neste aspecto as influências para a empresa têm sido positivas isto porque, cada vez mais as pessoas têm cuidados de limpeza e de utilização de coisas sempre em boas condições, muito mais que antigamente. As mulheres gostam de ter a casa cuidada, as camas sempre limpinhas e bem arrumadinhas com lençóis e colchas novas e de preferência a condizer e, mesmo os homens já têm estes cuidados. Esta mudança progressiva do estilo de vida influencia este negócio positivamente. Dos outros aspectos que compõem este contexto não se verifica mais nenhuma influência, pelo menos, significativa. 4 Análise de uma empresa 4.1.3. Contexto politico-legal No contexto politico-legal temos presentes as legislações laborais, económicas e anti-monopólio, o enquadramento legal, as politicas económicas, etc. Para esta empresa a influência politico-legal não tem sido nada positiva. Tem até várias influências negativas. A primeira e mais importante tem a ver com a abertura do mercado têxtil da Europa à China. Esta que foi a medida que levou várias empresas têxteis à falência tem, nas sobreviventes, um peso muito negativo. Este aspecto levou a uma saturação de mercado que é hoje uma realidade muito prejudicial para as empresas. Foram apontados ainda outros aspectos, estes ligados à política nacional. A falta de apoio da banca e do Estado e a falta de incentivos legais foram os pontos apontados como essenciais e que têm faltado às empresas. Neste momento vemos o Estado a proceder a algumas alterações no âmbito dos incentivos às empresas, por isso resta esperar para ver a evolução. 4.1.4. Contexto tecnológico No contexto tecnológico temos presente variáveis como as inovações tecnológicas, de processo e de patentes, entre outras. Na área têxtil existem tecnologias novas e bastante desenvolvidas, os equipamentos podem ser nalguns casos muito evoluídos o que faz com que as empresas produzam muito mais com menos mão-de-obra o que influencia o preço final e o torna mais competitivo. Estas inovações tecnológicas fazem com que também os processos de produção sejam mais simplificados. Existem também inovações no que diz respeito às matérias-primas desenvolvidas que, são cada vez melhor. 4.1.5. Quadro da Análise do Meio Envolvente Contextual Com as conclusões que tiramos da análise anterior podemos preencher o quadro da análise do meio envolvente contextual. 5 Análise de uma empresa Este quadro ajuda-nos a sintetizar as informações e a esquematizá-las sendo assim, mais fácil tirar conclusões sobre o impacto positivo, negativo ou neutro que estes têm na empresa. Como nos diz Adriano Freire, “a monitorização do meio envolvente contextual deve ser sempre um exercício prático, com o objectivo explicito de identificar o impacte das tendências observadas no desempenho da empresa. É por isso recomendável construir um quadro síntese no final da análise, onde as conclusões possam ser claramente apontadas” (1997; p. 71). Contexto Tendências Impacto positivo Impacto neutro Impacto negativo Taxas de câmbio Menos lucro nas baixas. exportações. Crise económica Menos consumo. Económico mundial. Sociocultural Consumo estável. Cultura portuguesa de asseio. Abertura do Concorrência mercado à China. apertada. Falta de apoios da Menos liquidez. Politico-legal banca e estado. Equipamentos Maior capacidade mais evoluídos. de produção. Inovações nas Maior qualidade. Tecnológico matérias-primas. Tabela 1 – Análise do Meio Envolvente Contextual 4.2. Meio envolvente transaccional Por outro lado temos o meio “transaccional que é constituído por todos os agentes e factores que interagem directamente com a indústria em que a 6 Análise de uma empresa empresa actua” (Freire; 1997; p.72). Fazem parte deles os clientes, os fornecedores, a comunidade e os concorrentes. 4.2.1. Clientes Nesta fase tem de se fazer uma análise dos clientes com que a empresa trabalha. É necessário ter noção de quem são, o que compram e principalmente os aspectos com que se tem de ter maior cuidado. Conhecer realmente os segmentos com os quais trabalhamos e aqueles para quem gostaríamos de trabalhar é essencial. Só assim se poderá agir de modo a ir de encontro às necessidades dos clientes. Como nos diz Adriano Freire, “é fundamental identificar com rigor a natureza e o comportamento dinâmico dos vários segmentos de mercado, por forma a adequar a gestão da empresa às tendências especificas de cada grupo de clientes” (1997; p. 72). A empresa estudada trabalha apenas com revendedores e com grandes superfícies (hipermercados), daí ser mais difícil conhecer os gostos do cliente final. Aquilo que o cliente final deseja chega à empresa pela “boca” do revendedor que sabendo para quem vende conhece as suas necessidades. A empresa trabalha apenas por encomenda não tendo, assim, grandes excedentes, sendo que todos os produtos são escoados em tempo útil. Os aspectos que têm de ter em mais atenção são com a qualidade dos produtos que deve ser sempre a melhor e com aquilo que os clientes pedem. A empresa tem de ter muito cuidado com isso porque se falhar alguma coisa naquilo que foi pedido ou na qualidade o cliente reclama. Isto leva a que existam custos extras e que haja o perigo do cliente deixar de confiar nos seus serviços. Além disto, por vezes, existem falências inesperadas o que faz com que, além das dívidas que ficam pendentes, se percam clientes. 4.2.2. Concorrentes Para a empresa definir melhor a sua estratégia tem de ter em linha de conta os principais concorrentes. Uma análise sobre os concorrentes fará com que a empresa consiga anteceder-se e ter a melhor estratégia, os melhores 7 Análise de uma empresa produtos, a melhor vantagem sobre eles. Assim estará sempre à frente no negócio e conseguirá manter uma posição forte no mercado. Neste caso é mais difícil anteceder-se aos concorrentes porque os mais directos são as empresas do mercado asiático. Isto porque, há empresas deste mercado que vendem produtos com idêntica qualidade mas preço inferior o que faz com que sejam preferidos pelos clientes. Estes concorrentes concorrem em toda as áreas de negócio da empresa, desde as telas em cru (rolos de tecido ainda por tratar) até aos conjuntos de cozinha, passando pelos jogos de cama. Visto a distância existente entre eles e a empresa ser tão grande e o meio em que se inserem ser tão diferente é muito complicado conseguir perceber os seus objectivos e estratégia e conseguir agir de acordo com os resultados. É claro que também existem empresas concorrentes cá, mas, estas encontram-se na mesma situação em relação ao mercado asiático e acabam por não ser concorrentes tão directamente. Apesar disso há consciência de quem são estas empresas e daquilo que fazem, mas, neste caso a concorrência são empresas de maior dimensão do que a estudada e é complicado conhecê-las a fundo. 4.2.3. Fornecedores Os fornecedores têm um papel importante no desenvolvimento da indústria, isto porque, é através deles que se tem conhecimento de novas matérias-primas, novos materiais, novas maneiras de fazer, entre outros aspectos. No caso estudado a empresa tem relativamente poucos fornecedores, são cerca de seis. Existem mais alguns mas que são fornecedores apenas esporadicamente. Normalmente são assíduos em relação è empresa, passam por lá várias vezes para saber o que é preciso e cumprem os prazos, isto porque também precisam da empresa para eles próprios terem um bom negócio. Mas os fornecedores também têm outros clientes e também precisam deles por isso os novos produtos e as novas matérias-primas também chegam aos concorrentes. Além disso os fornecedores levam a trazem informações, ou seja, os novidades correm pelas empresas e todos acabam por saber os segredos uns 8 Análise de uma empresa dos outros. Assim, os segredos que deveriam ser internos passam a ser do conhecimento geral o que não é bom para a empresa. 4.2.4. Comunidade A empresa não deve ser analisada sozinha e sim no contexto em que está inserida. Assim, a comunidade é um factor importante no seu desenvolvimento. Na empresa analisada a comunidade tem uma grande importância isto porque, os trabalhadores provêm todos da localidade onde ela se encontra. Além disso, sendo uma zona em que a área têxtil é a principal actividade é fácil encontrar pessoas com conhecimentos práticos para trabalhar. No entanto não existem outros motivos em que a comunidade tenha uma influência importante na actividade da empresa. 4.3. Estrutura da Indústria Podemos distinguir quatro fases distintas no ciclo de vida da indústria sendo que, as suas principais características são: Introdução: “poucas empresas operam no mercado, a generalidade dos consumidores ainda desconhece as características e benéficios dos produtos e as vendas crescem lentamente” (Adriano Freire; 1997; p. 89). Crescimento: “o número de concorrentes e de consumidores aumenta bastante, existem desequilíbrios crónicos entre a oferta e a procura e, por isso, as vendas crescem rápida mas instavelmente” (idem; 1997; p.89). Maturidade: “o ritmo de crescimento das vendas abranda, a intensidade competitiva aumenta e os concorrentes procuram consolidar as suas quotas de mercado” (ibidem; 1997; p.90). Declínio: “as vendas globais do sector diminuem, existe excesso de capacidade e vários competidores começam a abandonar a indústria” (idem ibidem; 1997; p.90). 9 Análise de uma empresa Nas fases de introdução e declínio a estrutura da indústria é muito variável, dependendo dos fluxos irregulares da procura e da oferta, nas fases de crescimento e maturidade a generalidade dos sectores apresenta uma natureza concentrada ou fragmentada por longos períodos de tempo. Existem quatro tipos de indústrias ao longo do ciclo de vida sendo elas: indústria emergente, indústria fragmentada, indústria concentrada e indústria em declínio. Indústria emergente: “o sector começa a desenvolver-se e a atrair novas empresas” (Adriano Freire; 1997; p.90). Indústria fragmentada: “o sector está estabelecido, poucas empresas detêm uma quota de mercado significativa e nenhuma pode influenciar a evolução da indústria” (idem; 1997; p.90). Indústria concentrada: “o sector está estabelecido, um reduzido número de empresas detém uma quota significativa do mercado e pode influenciar a evolução da indústria” (ibidem; 1997; p.90). Indústria em declínio: “o sector encontra-se em recessão e muitas empresas decidem abandoná-lo” (idem ibidem; 1997; p.90). A empresa analisada encontra-se na fase de maturidade. Existem muitas empresas no mercado, o ritmo de vendas diminui e deste modo a taxa de crescimento quase que estagna. Além disto, neste momento muitas empresas têxteis, tal como esta, encontram-se numa fase complicada estando muito próximas da fase de declínio. Podemos também dizer que esta empresa é uma indústria fragmentada. Isto porque, tal como vimos, o sector já está estabelecido há longos anos. Cada empresa tem uma quota de mercado muito pequena, sendo poucas as que se destacam das restantes e mesmos estas com quotas mais significativas não conseguem influenciar a evolução da indústria e muito menos dos mercados. 10 Análise de uma empresa 5. Análise da Empresa Para fazermos uma análise correcta não nos podemos ficar só pela análise do meio envolvente. Isto porque a influência do meio envolvente é idêntica para empresas do mesmo sector e os factores que realmente nos diferenciam são as nossas influências internas. Os nossos recursos, a sua quantidade e qualidade são o que realmente nos distingue dos nossos concorrentes. Como nos diz Adriano Freire “diferenças estruturais de volumes de vendas, taxas de crescimento e rentabilidade operacional entre os vários competidores de um dado sector resultam geralmente de níveis de capacidade de gestão distintos, derivados da utilização de mais e/ou melhores recursos”. Assim, “ a qualidade e quantidade dos recursos da empresa é determinante para o seu desempenho competitivo” (Freire; 1997; 119). 5.1. Recursos da Empresa As empresas utilizam uma variedade de recursos nas actividades que realizam. Estes recursos podem ser agrupados em três categorias diferentes, segundo o mesmo autor, são elas: Recursos Humanos: engloba o número de trabalhadores, qualificação dos empregos, grau de motivação e empenho, etc. Recursos Financeiros: engloba a capitalização, o nível de endividamento, grau de liquidez, etc. Devido à natureza do trabalho e ao facto de ser uma área sensível para as empresas não vamos abordar esta área. Recursos Organizacionais: engloba os sistemas de gestão, processos funcionais, controlo de gestão, etc. 5.1.1. Recursos Humanos A análise dos recursos humanos serve para percebermos melhor quem são os nossos colaboradores, o que fazem, se cumprem os objectivos, entre muitos outros aspectos pertinentes e extremamente necessários para o bom funcionamento da empresa. Só conhecendo as pessoas que trabalham para nós conseguiremos agir com elas e obter o seu melhor rendimento. 11 Análise de uma empresa A empresa estudada sendo de pequena dimensão tem apenas seis trabalhadores. Quanto às suas habilitações variam um pouco mas, de uma forma geral, os trabalhadores com cargos mais técnicos, que trabalham com as máquinas tem em média o 1º Ciclo completo. Os trabalhadores com cargos menos técnicos e os sócios têm o ciclo completo e alguns até o secundário. Neste ponto podemos falar ainda da motivação dos funcionários. Neste caso, percebe-se que não há muita motivação por vários motivos. Um deles é o facto de verem que a área têxtil está a passar por uma fase complicada, reparam que muitas outras empresas à sua volta estão a fechar e percebem que o futuro é um bocado incerto o que os desmotiva um pouco. Por outro lado também temos o facto de que algumas pessoas não se embrenham a fundo no trabalho que fazem, não se preocupam com a luta diária para serem os melhores e terem muito trabalho, apenas esperam pelo salário fazendo o menos possível. Sabemos que as pessoas são todas diferentes e é necessário conseguir motivar todos mas nem sempre é possível. As notícias da televisão e dos jornais não animam ninguém e não ajudam à motivação dos trabalhadores. Um dos aspectos que nos mostra que realmente alguns funcionários não se aplicam o suficiente fazendo apenas o necessário é que, apesar de todos os meses serem afixados os gráficos de produção e de os responsáveis fazerem chegar aos funcionários os valores que deverão ser atingidos, raramente esses valores são alcançados. Outros dos motivos apontados é a falta de vontade de aprender por parte dos funcionários. Assim, o comodismo leva a que as pessoas se acomodem à vida que levam sem acharem que necessitam de mais conhecimentos. Este aspecto leva a que seja também difícil para a empresa evoluir mais. 5.1.2. Recursos Organizacionais Os recursos organizacionais dizem respeito à notoriedade que a empresa conquistou e à sua reputação. Importa então sabermos o lugar que ocupamos no mercado, aquilo que os outros pensam de nós, entre outros aspectos. Os prémios que as empresas recebem são, também, nesta fase muito importantes. 12 Análise de uma empresa No que diz, então, respeito à capacidade organizacional sabemos que esta empresa consegue fidelizar os clientes o que é muito bom, já que assim consegue manter-se no mercado. Esta fidelização é visível na longevidade das relações com os clientes mais exigentes. Estes clientes caracterizam-se por serem extremamente exigentes no que diz respeito à qualidade (que tem de ser sempre muito boa, como já vimos anteriormente) e à sua relação com o preço. Sendo assim, vemos que a relação qualidade/preço é vital para manter os clientes fiéis aos produtos e, se esta empresa o consegue é porque é competitiva no mercado. Esta competitividade é reforçada porque, a sua organização passa por fazer parcerias com outras empresas sempre que necessário. Em algumas situações e, com vista a atingir um objectivo específico, é normal esta empresa associar-se a outras para que assim os objectivos sejam alcançados. Este ponto mostra-nos a capacidade da empresa em trabalhar em parcerias. 5.2. Dinâmica dos custos A dinâmica de custos de uma empresa é de vital importância porque é uma forma de vantagem em relação às concorrentes. “Não basta dispor de recursos abundantes e de boa qualidade para garantir uma superioridade sustentada sobre a concorrência, é também preciso verificar se estão a ser utilizados de uma forma produtiva. Com iguais níveis de recursos, a empresa mais eficiente incorre em menos custos e tem por isso uma vantagem que pode vir a ser decisiva no mercado” (Freire; 1997; p.125). Existem duas perguntas essenciais que as empresas devem ser capazes de responder eficazmente. São elas: – Como é possível utilizar menos recursos? – Como é possível utilizar melhor os actuais recursos? A resposta a estas perguntas vai permitir perceber as alterações que devem ser feitas para uma melhor gestão de custos e como melhorar esse aspecto de modo a ser mais competitivos. 13 Análise de uma empresa Podemos ainda distinguir três tipos distintos de economias: Economias de escala: “diminuição dos custos unitários através do aumento do volume de operações” (Freire; 1997; p.126). Nesta economia encontramo-nos no ponto de produção eficiente. Economias de experiência: “diminuição dos custos unitários através da aprendizagem de maneiras mais eficientes de desempenhar as funções” (idem). Economias de gama: “ diminuição dos custos unitários através da extensão das operações da empresa para novas actividades” (ibidem). Na empresa estudada verificamos que o tipo de economia que se aplica é a economia de escala. Esta encontra-se no ponto de produção eficiente já que, diminuiu os custos unitários e aumentou o volume de operações. A empresa conseguiu atingir este ponto de eficiência através do aumento da utilização dos seus actuais recursos. Assim, neste momento a empresa encontra-se a utilizar todos os recursos de que dispõe. Deste modo tem todos os recursos a ser utilizados e consegue uma produção óptima que faz com que os custos sejam mais baixos. Podemos ver esta rentabilização de recursos no facto de que as máquinas trabalham 24 horas por dia sendo apenas desligadas ao fim de semana. Com esta característica além da poupança de energia, que é muita porque as máquinas gastam mais ao ligar e desligar, há também uma rentabilização na produção já que não pára, produzindo assim constantemente. Vimos também que nesta empresa só trabalham os melhores funcionários e aqueles que são extremamente necessários. A produção não é feita em excesso, ou seja, apenas se produz o que é necessário não havendo assim muito excedente nem muito stock mal parado. A diminuição dos custos unitários passa também por uma escolha exigente dos fornecedores já que, optam por aqueles com os melhores produtos aos melhores preços. Assim vemos que através de pequenas medidas consegue-se uma boa poupança dos custos e ao mesmo tempo uma boa e suficiente produção, sem exageros, o que permite uma baixa dos custos unitários. 14 Análise de uma empresa 5.3. Competências Centrais Importa agora neste ponto perceber quais as competências centrais da empresa, ou seja, quais os seus pontos fortes. “Um ponto forte é um recurso ou actividade da empresa que contribui para satisfazer as necessidades dos clientes melhor que a concorrência” (Freire; 1997; p. 133). Para sabermos se as nossas competências centrais se adequam aos nossos clientes temos também de conhecer os factores críticos de sucesso do negócio. Só assim poderemos trabalhar de maneira a que os nossos pontos fortes sejam equivalentes aos desejos dos clientes. Na empresa estudada foi-nos dito os aspectos mais valorizados nestes pontos. Podemos ver que existem alguns que coincidem, o que é muito bom já que isso significa que a empresa consegue satisfazer os seus clientes. Competências centrais: boa relação qualidade/preço, design dos produtos e embalagens, inovação (vemos presente nos novos lençóis desenvolvidos já mencionados anteriormente), além destes, são também pontos fortes a confiança que conquistaram nos seus produtos e cumprimento dos prazos de entrega. Estes são os principais pontos favoráveis da empresa. Factores críticos de sucesso do negócio: confiança nos produtos e nas empresas, cumprimento dos prazos de entrega e uma boa relação qualidade preço são os aspectos mais valorizados pelos clientes. 5.4. Adequação estratégica Segundo Adriano Freire o nível de adequação estratégica de uma empresa é função do seu enquadramento no meio envolvente, isto é, do grau de correspondência entre as suas competências centrais e os factores críticos de sucesso do negócio. Para fazermos mais facilmente esta relação utilizamos um quadro. Através desse quadro no qual se coloca a pontuação a cada uma das competências da empresa e dos factores críticos de sucesso, podemos, de uma maneira mais facilitada, tirar as conclusões sobre se correspondemos ou não às exigências dos clientes e vemos o que podemos mudar. 15 Análise de uma empresa Tabela da adequação estratégica Factores críticos de sucesso Competências Qualidade Preço centrais Prazos de Confiança entrega Design 4 5 3 3 Qualidade 4 5 4 3 Inovação 5 3 3 3 Tabela 2 – Quadro da adequação estratégica Pontuação: Insuficiente (1) a Excelente (5) Com este quadro podemos concluir que a empresa tem as suas competências centrais ao nível do exigido pelos clientes (factores críticos de sucesso). Esta adequação vem do conhecimento adquirido ao longo dos anos. Como é uma empresa com alguns anos, adquiriu com o passar do tempo experiência e conhecimento (know how) da actividade que proporcionou uma aproximação dos clientes e daquilo que eles procuram. 5.5. Análise SWOT Depois de se ter identificado as competências centrais e os factores críticos de sucesso é necessário ligá-los com o meio envolvente. Para isso utilizamos o modelo de análise SWOT que relaciona os pontos fortes e fracos da empresa com as principais tendências do meio envolvente, ou seja, com as oportunidades e ameaças. O objectivo da utilização desta análise é o de identificar facilmente as oportunidades e ameaças e assim encontrar medidas a tomar de modo a aproveitar as oportunidades e conseguir contornar as ameaças. “A questão-chave não é pois identificar a natureza do impacte da tendência, mas sim perceber como a tendência pode ser explorada pela empresa em benefício próprio (…) os gestores (…) devem sobretudo reforçar as competências das suas empresas, transformando assim aparentes ameaças em novas oportunidades” (Freire; 1997; p.143). 16 Análise de uma empresa Pontos Fortes: Pontos Fracos: S1 – Relação Qualidade/Preço. W1 – Falta de liquidez p/ matérias-primas. S2 – Design dos produtos. W2 – Equipamentos ultrapassados. S3 – Inovação nos produtos. W3 – Falta de diversificação de artigos. S4 – Produtos e serviços de confiança. S5 – Cumprimento de prazos de entrega. S6 – Know how da actividade. S7 – Controlo de recursos centralizado. S8 – Desintegração das actividades. Oportunidades: Ameaças: O1 – Novas matérias-primas. T1 – Abertura do mercado à China. O2 – Novos equipamentos. T2 – Mão-de-obra de Leste. T3 – Falta de incentivos. Opportunities: Strengths: Weaknesses: Pontos Fortes Pontos Fracos S3 – O1 Oportunidades Threats: Ameaças W1 – O1 W2 – O2 S1 – T1 W3 – T1 W2 – T3 Tabela 3 - Tabelas da análise SWOT. 17 Análise de uma empresa S3 – O1 – Estes dois pontos estão ligados porque a existência de novas matérias-primas permite que a empresa continue a inovar, sempre e cada vez mais. Deste modo estará presente fortemente no mercado. Assim, um ponto forte actual da empresa liga-se a uma oportunidade. Cabe-lhe aproveitar continuando a inovação de produtos. W1 – O1 – A existência de novas matérias-primas, nesta relação, não é tão positiva. Isto porque, segundo o responsável da empresa, as novas matériasprimas que surgem no mercado são extremamente caras logo, só grandes empresas com grande capacidade de negócios conseguem ter liquidez suficiente para as adquirirem e ainda assim serem competitivos nos preços. Deste modo a falta de liquidez para adquirir e as novas matérias-primas ligam-se. Neste caso sugerimos que a empresa continue a utilizar as matérias que utilizava até agora mas que pondere a aquisição destes novos produtos logo que seja financeiramente viável. W2 – O2 – Um ponto fraco desta empresa são os seus equipamentos. Estes datam de 1985 e, apesar de não serem muito antigos, no que diz respeito a maquinaria pesada, o que é certo é que os principais concorrentes têm equipamentos bem mais recentes. Esta é outra oportunidade que deveria ser aproveitada pela empresa para diminuir este ponto fraco. A nossa sugestão era que, progressivamente, fosse mudando alguns equipamentos, à medida que fosse possível. Estes novos equipamentos que surgem no mercado são muito vantajosos porque diminuem muitos custos, desde energia, maior aproveitamento de matérias-primas, etc. Com esta diminuição de custos a empresa conseguiria competir mais facilmente com as suas concorrentes através duma melhor relação de preços. S1 – T1 – A relação qualidade/preço que a empresa oferece aos seus clientes permite-lhe fazer, um pouco, frente aos produtos chineses que invadiram o mercado e que são muito mais baratos. Estes produtos, normalmente, têm pouca qualidade e, apesar dos preços baixos que praticam, existem pessoas que continuam a apostar também na qualidade e não só no preço. É então difícil chegar àquelas pessoas que são muito influenciadas pelo preço mas, será 18 Análise de uma empresa possível chegar a quem faz contas ao preço mas também à qualidade. A nossa sugestão é que a empresa continue a ter uma boa relação qualidade/preço e que tente, inclusive, atingir um mercado mais específico e que dá mais valor à qualidade não se importando tanto com aquilo que paga. W3 – T1 – Um dos pontos fracos desta empresa é o facto de ter pouca diversificação de artigos. Apesar de tentar sempre inovar com novos materiais, estampados, design, etc., tem uma paleta de negócios muito reduzida. Tentam inovar mas é sempre nos mesmos negócios sem existirem novos produtos. Este aspecto choca com a ameaça do mercado Chinês pois, os produtos que nos chegam desse mercado são muito diversificados. O produto mais simples e comum é capaz de parecer algo completamente diferente e com muitas funcionalidades. Isto faz com que os produtos deles sejam muito competitivos em relação aos desta empresa que são mais clássicos. A empresa deve então tentar inovar os seus produtos até porque, cada vez mais as pessoas gostam de coisas modernas e deixam para trás as clássicas. W2 – T3 – A falta de incentivos por parte do estado e da banca é um entrave para a aquisição de novos equipamentos e modernização dos materiais. Esta falta de incentivos choca então, com a necessidade de aquisição de equipamentos extremamente caros, para os quais seria necessário a obtenção de créditos ou ajudas de custo. 6. Missão, Objectivos e Estratégia “A formulação da estratégia de uma empresa tem origem na conjugação das análises do meio envolvente e das competências internas da organização. A partir da visão do seu intento estratégico futuro são então definidas a missão, os objectivos e a estratégia da empresa” (Freire; 1997; p. 169). Neste ponto interessa perceber qual a missão da empresa, os seus objectivos (mais imediatos e futuros) e também a estratégia que deverá ser tomada com vista a atingir os propósitos propostos anteriormente. Para isso, estes três pontos devem ser consistentes e estar em consonância uns com os 19 Análise de uma empresa outros de modo a formarem uma sequência de raciocínio estratégico. Devem ainda projectar uma visão global da empresa. 6.1. Missão “A visão de uma empresa traduz, de uma forma abrangente, um conjunto de intenções e aspirações para o futuro, sem especificar como devem ser atingidas. Desta maneira, a visão tem um papel essencialmente motivador, procurando servir de inspiração para os membros da organização tirarem o máximo partido das suas capacidades e alcançarem níveis mais elevados de excelência profissional” (idem; 1997; p. 170). Deste modo, a visão da empresa dá origem à missão. Esta deve ser uma declaração escrita que traduz os ideais e orientações globais da empresa. Além disso é também importante que a missão chegue a todos os membros da empresa para que todos possam contribuir para a continuação dos objectivos gerais. Na empresa estudada a missão delineada pelo gerente é a de levar a empresa o mais longe possível e ter um futuro duradouro, bem como, fazer os possíveis para sobreviver a estes momentos de instabilidade económica e financeira. Estes aspectos ganham muita importância já que estamos a falar de uma empresa têxtil uma área que todos sabemos encontra grandes dificuldades pela frente. Assim, a missão foi delineada com vista a ultrapassar estes tempos mais turbulentos e permanecer no mercado num futuro a longo prazo. 6.2. Objectivos Os objectivos da empresa devem estar em consonância com a missão definida e devem ser quantificados e enquadrados no tempo. Quantificação – um objectivo deve poder ser quantificado e medido, senão não passa de uma mera expressão de boas vontades. Dimensão temporal – um objectivo deve ser enquadrado no tempo, senão nunca se poderá verificar se foi ou não alcançado. 20 Análise de uma empresa As empresas devem elaborar um conjunto de objectivos concretos, os quais, devem ser do conhecimento de todos os colaboradores para que todos se possam esforçar de modo a que sejam alcançados. Estes objectivos devem ser financeiros e não financeiros de modo a que a visão dos interesses seja mais ampla. Os objectivos financeiros têm a ver com os aspectos financeiros e de produção da empresa. Temos como exemplos os objectivos para o volume de vendas, para a quota de mercado, os resultados, a rentabilidade, a produtividade. Os objectivos não financeiros têm a ver com os aspectos que apesar de não serem financeiros contribuem para o bom desenvolvimento da empresa. Temos como exemplos o serviço, a qualidade, o ambiente, a imagem. Alguns exemplos correctos de objectivos financeiros: - Obter um volume de vendas de 1 milhão de euros até ao final do ano; - Aumentar a produtividade 20% em 3 anos; - Atingir lucros de 100 mil euros em 3 anos. Alguns exemplos correctos de objectivos não financeiros: - Ganhar um prémio de qualidade este ano; - Aumentar o nível de satisfação no emprego no próximo inquérito anual em 15 pontos; - Obter uma satisfação de 90% nos inquéritos realizados aos consumidores até 2010. Os objectivos na empresa que estudamos não eram correctos já que, não eram quantificados nem enquadrados no tempo. Deste modo, optamos por não os colocar no trabalho, preferindo utilizar os exemplos correctos que foram acima descritos. 21 Análise de uma empresa 7. Produtos – Mercados Segundo Adriano Freire a finalidade de uma estratégia empresarial é garantir que a empresa satisfaça as necessidades dos clientes melhor que os seus concorrentes. Deste modo, a estratégia deve ter sempre inicio numa visão comercial, a qual determina em primeiro lugar quais os produtos a vender e em que segmentos de mercado. 7.1. Matriz Produtos – Mercados Para melhor se identificar os produtos e os seus respectivos segmentos de mercado deve-se fazer uma matriz Produtos – Mercados. Nesta matriz são então, relacionados os produtos vendidos com os segmentos de mercados servidos. Além disto, esta matriz, visa também identificar novas oportunidades comerciais através da identificação de novos mercados alvos e mesmo novos produtos. Esta matriz deve “oferecer uma perspectiva global dos vários segmentos e necessidades a satisfazer, mesmo que a empresa não comercialize todos os produtos” (Freire; 1997; p. 213). Assim, vemos que a empresa estudada tem produtos específicos que são comercializados em mercados específicos. Isto acontece devido às necessidades dos clientes de cada mercado que são diferentes. Cada um opta por um produto ao seu gosto específico para o mercado onde se insere. A empresa responde quase na totalidade apenas ao que os clientes lhe pedem não fazendo muita propaganda dos seus outros produtos. Há ainda mercados e produtos que foram abandonados pela empresa. Temos como exemplo os EUA que a empresa optou por abandonar com a queda do dólar e também alguns produtos que antes comercializava como toalhas de banho. 22 Análise de uma empresa Matriz de Produtos - Mercados Segmentos de mercado Mercado nacional Lençóis de flanela térmica Conjuntos de cozinha Cortinas Sacos de cama p/edredão França Inglaterra Chipre Produtos Roupa de cama de flanela tradicional Roupa de cama 100% algodão Roupa de cama algodão/polyester Edredões Tabela 4 – Matriz Produtos – Mercados O ideal seria que se analisasse a matriz produtos – mercados dos concorrentes. Só assim conseguiríamos analisar da melhor maneira e fazer a opção mais correcta para a gestão estratégica da nossa matriz. A evolução da matriz produtos – mercados pode, segundo o mesmo autor, assumir dois padrões distintos: 23 Análise de uma empresa Expansão versus redução – a empresa pode aumentar ou reduzir o número de produtos comercializados ou segmentos servidos, de acordo com a sua avaliação da respectiva atractividade. Generalização versus especialização – a empresa pode alargar a sua matriz de produtos – mercados para novas áreas ou manter a especialização nos produtos ou segmentos originais. Na nossa análise achamos que a empresa deveria optar por pela saída generalização versus especialização e assim aumentar os seus mercados. Uma maior diversificação poderia ser muito boa para a empresa. Assim, devia apostar numa melhorada palete de produtos e em novos mercados. 7.1.1. Modelo Ansoff O modelo Ansoff apresenta quatro vias de desenvolvimento estratégico da matriz de produtos – mercados. Podemos, então, dizer que de acordo com este modelo, o desenvolvimento estratégico da matriz de produtos – mercados pode ocorrer de quatro maneiras distintas: Penetração no mercado – a empresa continua a servir os mesmos clientes com os mesmos produtos, mas tenta vender em maior quantidade. Extensão do produto – a empresa introduz novos produtos para os mesmos segmentos de mercado. Extensão do mercado – a empresa procura servir novos segmentos de mercado com os mesmos produtos. Diversificação – a empresa introduz novos produtos para os novos segmentos de mercado. De preferência devem ser exploradas sinergias tecnológicas ou comerciais, para assegurar que a empresa detém competências nas novas áreas de actuação. Cada empresa segue as vias que melhor se encaixam ao seu negócio e à sua estratégia. Assim, temos de escolher aquelas que melhor se encaixam à empresa que estudamos. 24 Análise de uma empresa 7.1.1.1. Modelo de Ansoff aplicado à empresa J. Pereira, Lda.: Extensão do mercado – esta empresa pode optar por esta via de modo a que com os mesmos produtos consigam servir mais segmentos (deviam apostar em novos países), converter não-clientes (como por exemplo hospitais, hotéis, etc.) e tentar chegar a novos revendedores que escolham estes produtos e os escoem para novos mercados. Extensão do produto – através do aumento da gama criamos novos produtos como toalhas de banho e cozinha, cobertores, entre outros. Com isso cativamos os actuais mercados. Diversificação – ao mesmo tempo que fazemos a extensão do produto utilizamos sinergias tecnológicas e comerciais, já que, com o mesmo tipo de máquinas, funcionários, vendedores, frota, etc., ou seja, com o mesmo processo produtivo e de distribuição aproveitamos para os utilizarmos em novos produtos. Modelo Ansoff aplicado à empresa J. Pereira Produto Actual Actual Novo Penetração no mercado Extensão do produto - Aumentar a utilização - Aumentar a gama - Conquistar a quota - Criar produtos novos Mercado Novo Extensão do mercado Diversificação - Servir mais segmentos - Sinergias tecnológicas - Converter não-clientes - Sinergias comerciais Tabela 5 – Tabela do modelo Ansoff. 25 Possíveis vias a ser utilizadas pela empresa. Análise de uma empresa 7.2. Produtos complementares “Com frequência, a competição no mercado ocorre não entre produtos ou serviços isolados, mas entre conjuntos de produtos e serviços que se complementam na satisfação das necessidades dos consumidores. (…) Todos estes produtos e serviços complementares podem contribuir para diferenciar a oferta da empresa em relação a concorrentes que comercializam veículos similares sem os serviços adicionais” (Freire; 1997; p.218). Assim, é importante analisar com rigor o potencial comercial de diferentes combinações de produtos complementares. Só após esta análise se poderá saber se essas combinações serão viáveis ou não. A linha de produtos complementares pode ter dois efeitos diferentes. Pode ser efeito de agrupamento ou efeito de subsidiação cruzada. Efeito de agrupamento – consiste na comercialização conjunta de um grupo de produtos complementares. Efeito de subsidiação cruzada – consiste na venda de um produto com uma margem relativamente baixa com vista a comercializar outro produto complementar com um retorno superior. No caso da empresa estudada existem produtos complementares sendo eles os conjuntos de cozinha e os conjuntos de cama de clubes de futebol (nestes conjuntos entram produtos da empresa como os lençóis, os sacos de cama para edredão e as cortinas). Esta empresa não optou pela comercialização de produtos complementares por iniciativa própria. Foram os clientes e os seus pedidos que incitaram a empresa a comercializar estes produtos. Os clientes é que pediram que a empresa fabricasse os conjuntos de cozinha porque foram produtos que passaram a estar na moda e em crescimento. Os conjuntos de cama dos clubes de futebol também são produzidos a pedido dos clientes, tanto que são feitos apenas por encomenda não ficando nada em stock. Deste modo as pessoas compram os aventais, as pegas, as toalhas, etc., tudo a combinar sem necessidade de optar por artigos diferentes. O mesmo se passa com os conjuntos 26 Análise de uma empresa de cama que incluindo os lençóis, as fronhas, os edredões, as cortinas, etc., faz com que as pessoas possam ter o quarto todo a combinar sem necessidade de despender muito esforço em combinações. O agrupamento de produtos complementares só é aconselhável se trouxer para a empresa vantagens significativas. Nesta empresa a principal vantagem é o crescimento do volume de vendas. Mas o agrupamento de produtos pode também trazer desvantagens mas no caso desta empresa não se verificam. 7.3. Vantagem competitiva É importante para as empresas identificar o tipo de vantagem competitiva a explorar em cada segmento de mercado. Assim, deve-se responder a uma sequência lógica de perguntas sendo elas onde competir, ou seja, em que segmentos actuar e como competir, ou seja, qual a vantagem competitiva a explorar em cada negócio. A posse de vantagens competitivas confere à empresa uma rentabilidade operacional superior à média da indústria num dado mercado. A vantagem competitiva permite à empresa ser melhor que os outros concorrentes. Assim, conseguirá aumentar a sua quota de mercado e consequentemente ser melhor na sua área de actuação. Importa então, perceber de que forma temos um negócio melhor que os outros e de que maneira nos conseguimos diferenciar e ser melhores. Na empresa estudada podemos dizer que a vantagem competitiva é o facto de ter custos operacionais abaixo da média. Esta empresa conseguiu custos operacionais baixos principalmente através de uma gestão controlada que permitiu a existência de economia de escala, de aproveitamento de sinergias e através da integração vertical. Além disso esta empresa consegue ter uma vantagem muito grande em relação aos seus concorrentes devido ao know how que possui da actividade. O conhecimento que possui devido aos muitos anos de permanência nesta actividade permite-lhe ter um controlo de recursos, custos e mercado muito maior. 27 Análise de uma empresa Assim, podemos dizer que neste caso, as fontes gerais de vantagem competitiva são a superioridade na adequação e na eficiência. 7.3.1. Estratégias Genéricas de Porter O modelo das estratégias genéricas de Porter diz-nos que a empresa deve fazer duas opções chave na sua estratégia de produtos-mercados. Estas duas opções chave dirão à empresa em que mercado deve actuar e de que modo o deve fazer. As duas opções chave são, então: Âmbito competitivo – servir a globalidade do mercado ou apenas um conjunto restrito de segmentos; e Vantagem competitiva – superiorizar-se à concorrência na área dos custos ou da diferenciação. Modelo das Estratégias Genéricas de Porter Vantagem competitiva Custos Baixos Diferenciação Liderança de custos Diferenciação Mercado amplo Âmbito competitivo Foco Mercado restrito (Foco com custos baixos) (Foco com diferenciação) Tabela 6 – Modelo das Estratégias Genéricas de Porter. Para a empresa estudada optamos pela liderança de custos e pelo foco com custos baixos. Estas duas opções acabam por ser aquelas que a empresa utiliza mesmo na realidade da sua actividade. Isto porque é o aspecto, segundo o responsável, ao qual os clientes mais dão importância hoje em dia. Assim, através da liderança de custos esta empresa chega com custos baixos a um mercado amplo. Deste modo os produtos conseguem chegar a toda 28 Análise de uma empresa a população sem limites, o que fará com que haja um maior número de clientes e oportunidades de negócio em muito mais locais. Esta empresa consegue atingir estas opções chave através de algumas implicações das estratégias genéricas. Algumas dessas estratégias são o design de fabrico fácil não requerendo assim mão-de-obra muito especifica nem muito qualificada, bem como, materiais muito caros. Além disso a supervisão da mãode-obra e a distribuição barata são, também, mais-valias que garantem preços de custos baixos. A organização da empresa é um dos pontos essenciais para este controlo, logo, um controlo rígido dos custos é uma característica primaz. É claro que estas opções têm também riscos. As mudanças tecnológicas, a cópia pelos concorrentes, a diminuição de importância dos custos baixos, o declínio do segmento, etc. são riscos iminentes que a empresa corre ao optar pelas opções chave dos custos baixos. 7.4. Ciclo de Vida dos produtos Segundo Adriano Freire, “de acordo com a teoria do ciclo de vida, as vendas de um sector atravessam quatro fases ao longo do tempo: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Por consequência, a estratégia de produtosmercados deve progredir em sintonia com a dinâmica competitiva de cada fase” (1997; p.241). Resumidamente, na fase de introdução, a prioridade deve ser colocada no lançamento de produtos base inovadores, que possam, na fase posterior de crescimento, ser geridos de maneira a conquistar quota de mercado. Mais tarde, na fase de maturidade, o principal da segmentação propõe o lançamento de produtos complementares que diferenciam a oferta, enquanto na fase de declínio a redução selectiva da gama de produtos é crítica. De seguida, apresentamos os produtos da empresa analisada e a fase do ciclo de vida em que se encontram. Podemos ver que apenas um produto se encontra na fase de introdução e os outros se dividem pelas fases de maturidade e declinio não existindo nenhum na fase de crescimento. A partir destes aspectos 29 Análise de uma empresa podemos logo dizer que a empresa tem produtos que estão a ficar um pouco ultrapassados e obsoletos e deveria, por isso mesmo, apostar em novos produtos para dinamizar o portfólio de negócios. Produtos da empresa: Produto 1 – Lençóis de flanela térmica (60% algodão/ 40% polyester); Produto 2 – Conjuntos de cozinha (toalha, pega, luva, avental, pano); Produto 3 – Cortinas; Produto 4 – Sacos de cama p/edredão; Produto 5 – Roupa de cama de flanela tradicional; Produto 6 – Roupa de cama 100% algodão; Produto 7 – Roupa de cama algodão/polyester; Produto 8 – Edredões. Esquema do ciclo de vida dos produtos Produto 2 Produto 1 Introdução Crescimento Produto 3 Produto 6 Produto 4 Produto 7 Produto 5 Produto 8 Maturidade Declínio Ilustração 1 – Esquema do ciclo de vida dos produtos Através deste esquema podemos ver que esta empresa tem alguns produtos na fase de declínio. Isto acontece (segundo o que nos foi dito) devido a 30 Análise de uma empresa uma mudança de hábito das pessoas que, têm abandonado, um pouco, os produtos tradicionais, devido ao grande aparecimento de produtos baratos vindos do mercado asiático e à quebra das exportações devido à descida das taxas de câmbio. Estes produtos eram em grande parte exportados para Inglaterra e EUA, como a moeda desses países desvalorizou a venda para lá deixou de ser vantajosa. Isto explica o porquê destes produtos terem entrado em declínio. O produto que está em fase de introdução é uma inovação que partiu desta empresa. Resulta de um estudo feito para que os lençóis térmicos (que não são bons para a saúde por serem de 100% polyester e pelo facto de derreterem se estiverem junto a uma fonte de calor) sejam substituídos pelos de flanela cardada, daí que o nome escolhido para estes novos lençóis tenha sido flanela térmica. Ainda não se tem muita noção de serão um sucesso ou não, para já, conseguiram vender bastantes para as grandes superfícies. Ainda não há concorrentes directos para este produto mas, já sabem que existem outras empresas que tiveram conhecimento do que estavam a desenvolver através de fornecedores e clientes. Os produtos que se encontram na fase de maturidade são aqueles mais estáveis na empresa. Tiveram uma evolução estável e, hoje em dia, continuam a ser produtos com muita saída. São produtos já com algum tempo no mercado e têm uma procura constante. Têm muitos concorrentes mas conseguem vingar. São o ex-líbris da empresa e as maiores fontes de rendimento, principalmente os lençóis de flanela tradicional que, apesar da desvalorização da libra e do dólar, continuam a ser exportados para mercados como Inglaterra, EUA (hoje em dia raramente) e Chipre sendo o produto com maior volume de negócios. 7.5. Matriz ADL Segundo o mesmo autor “a natureza da vantagem competitiva a explorar pela empresa não deve ser estática, sob risco de deixar de se adequar às necessidades dos clientes e às iniciativas dos concorrentes. Por isso, é importante ajustar a estratégia de produtos – mercados da organização à evolução do ciclo de vida da indústria e à variação das características do negócio”. 31 Análise de uma empresa Como já vimos anteriormente neste trabalho, as vendas de um sector atravessam quatro fases ao longo do tempo a que chamamos de teoria do ciclo de vida, sendo elas: introdução, crescimento, maturidade e declínio. É, por conseguinte, deste modo que a estratégia produtos – mercados deve evoluir. Durante cada uma destas fases devem ser tomadas medidas que são específicas e que visam uma melhor acção no mercado por parte dos produtos. Em síntese e ainda segundo Adriano Freire podemos dizer que na fase de introdução a prioridade deve ser colocada no lançamento de produtos inovadores, que possam, na fase posterior de crescimento, ser geridos de forma a conquistar quota de mercado. Mais tarde, na fase de maturidade, é crucial o lançamento de produtos complementares que diferenciam a oferta, enquanto na fase de declínio a redução selectiva da gama de produtos é crítica. Para ajudar a perceber a vantagem competitiva, o ciclo de vida dos produtos, entre outros aspectos, foi criada a matriz ADL que é o modelo da posição competitiva. Este modelo combina o ciclo de vida da indústria com a capacidade concorrencial das várias empresas. De acordo com o mesmo autor esta matriz considera que diferentes competidores num mesmo negócio tendem a adoptar orientações estratégicas distintas. Assim, consoante a capacidade concorrencial relativa e a fase do ciclo de vida, as empresas devem optar entre investir na expansão da matriz de produtos – mercados para ganhar quota de mercado, especializar-se em segmentos restritos ou simplesmente reduzir selectivamente a matriz de produtos – mercados. A matriz ADL faz-se com base nos dados sobre a posição competitiva. A matriz da empresa J. Pereira é a que mostramos nas páginas seguintes. 32 Análise de uma empresa Matriz ADL Dados sobre a posição competitiva Quantificação Factores Qualidade Estampado Acabamentos Preço Design Embalagem Lençóis flanela térmicos 0,25 0,10 0,10 0,30 0,15 0,10 1 Conjuntos de cozinha 0,25 0,10 0,10 0,30 0,15 0,10 1 Cortinas Sacos de cama p/ edredão 0,30 0,05 0,05 0,35 0,15 0,10 1 0,30 0,05 0,05 0,35 0,15 0,10 1 Roupa de cama flanela tradicional 0,15 0,10 0,10 0,40 0,15 0,10 1 Roupa de cama 100% algodão 0,15 0,10 0,10 0,40 0,15 0,10 1 Roupa de cama algodão/ polyester 0,15 0,10 0,10 0,40 0,15 0,10 1 Edredões 0,30 0,05 0,05 0,35 0,15 0,10 1 Dados sobre a posição competitiva Valor Factores Qualidade Estampado Acabamentos Preço Design Embalagem 33 Lençóis flanela térmicos 3 1 2 3 2 2 Conjuntos de cozinha 4 3 2 3 2 1 Cortinas 4 2 3 4 2 1 Sacos de cama p/ edredão 4 2 3 4 1 1 Roupa de cama flanela tradicional 4 4 3 5 2 2 Roupa de cama 100% algodão 4 4 3 5 2 2 Roupa de cama algodão/ polyester 4 4 3 5 2 2 Edredões 4 3 3 3 2 2 Análise de uma empresa Dados sobre a posição competitiva Quantificação X Valor Lençóis flanela térmicos (1) Factores Qualidade Estampado Acabamentos Preço Design Embalagem 0,75 0,10 0,20 0,90 0,30 0,20 2,45 Conjuntos de cozinha Cortinas (2) (3) 1,00 0,30 0,20 0,60 0,30 0,10 2,50 1,20 0,10 0,15 1,40 0,30 0,10 3,25 Sacos de cama p/ edredão (4) Roupa de cama flanela tradicional (5) 1,20 0,10 0,15 1,40 0,15 0,10 3,10 Roupa de cama 100% algodão (6) 0,60 0,40 0,30 2,00 0,30 0,20 3,80 0,60 0,40 0,30 2,00 0,30 0,20 3,80 Roupa de cama algodão/ polyester (7) 0,60 0,40 0,30 2,00 0,30 0,20 3,80 Posição Concorrencial Desenvolvimento natural Desenvolvimento natural 5 3 Forte Favorável 2 1 6e7 8 4 Desenvolvimento Selectivo Fraca Abandono Marginal Arranque Crescimento Maturidade Atractividade (Ciclo de vida do segmento) Matriz 1 – Matriz ADL para a empresa J. Pereira, Lda. 34 (8) 1,20 0,15 0,15 1,05 0,30 0,20 3,05 Tabela 7 – Tabela da Matriz ADL adaptada à empresa estudada. Dominante Edredões Declínio Análise de uma empresa 7.5.1. Análise da matriz ADL A análise da matriz ADL permite-nos saber quais as medidas a tomar em relação a cada um dos negócios da empresa. É então, importante que se analise cada um desses negócios. Negócio 1 – Vemos que este negócio se encontra em fase de introdução mas encontra-se a progredir de maneira favorável. Está na posição favorável e espera-se que tenha um desenvolvimento natural. Além disso, vemos que já tem um peso considerável no volume de negócios da empresa. Neste ponto a empresa deve então investir neste negócio de maneira a ganhar quota de mercado significativa, já que neste momento ainda existem muito poucas empresas a competir no mesmo produto. Aqui a empresa deverá também aproveitar para melhorar o produto e corrigir alguns erros que poderão existir. Negócio 2 – Este negócio encontra-se na fase de maturidade. Não tem um peso muito significativo no volume de negócios da empresa mas, também já não tem muitos custos. Deste modo, deve-se então continuar com o produto sem fazer grandes investimentos porque ainda dá rendimentos sem grandes despesas. Neste ponto há muitos concorrentes por isso, deve-se apostar nas vantagens competitivas da empresa de maneira a diferenciar-se dos outros. É também altura para lançar produtos complementares de maneira a diferenciar a nossa oferta. Este negócio encontra-se já, numa posição do ciclo de vida em que o desenvolvimento terá de ser selectivo. As escolhas a fazer para este negócio devem ser ponderadas com cuidado e atenção. Negócio 3 – Este negócio é aquele que tem menos peso no volume de negócios da empresa. Por isso, só é produzido quando existem encomendas. Deste modo não se corre o risco de ficar com o produto em excesso em stock, o que seria um prejuízo para a empresa. Este negócio encontra-se na fase do ciclo de vida da maturidade e na matriz na fase de desenvolvimento natural. É um dos negócios que apesar de dar pouco rendimento à empresa também já não dá grandes custos. Deste modo deve-se deixar o produto no mercado enquanto não der prejuízos e muitos custos. 35 Análise de uma empresa Negócio 4 – Este é, também, um dos negócios com menos peso no volume de negócios da empresa. Encontra-se na maturidade e num ponto em que se espera que o desenvolvimento seja natural. Este produto encontra-se no mesmo ponto do negócio 3. Existem muitas empresas concorrentes por isso é uma boa altura para aproveitar as melhores capacidades e vantagens da empresa. Nesta fase devemos deixar o negócio no mercado pois, apesar de começar a não dar grandes lucros também não temos muitos custos com ele. Negócios 5, 6 e 7 – Estes negócios podem ser analisados conjuntamente porque se encontram ao mesmo nível. O negócio 5 encontra-se na fase de maturidade e é o que tem o maior volume de negócios da empresa, enquanto os negócios 6 e 7 se encontram já na fase de declínio mas ainda com um volume de negócios muito acentuado. Todos estes produtos se encontram na fase da matriz de desenvolvimento natural, apesar de os negócios 6 e 7 estarem já a encaminharem-se para a fase de desenvolvimento selectivo. Pelo volume de negócios que geram estes negócios devem ser mantidos na empresa e melhorados através, por exemplo, de produtos acessórios, embalagens e padrões mais chamativos, etc. Apesar disso não se deve investir muito pois eles dão lucro por si só. Deve-se então fazer os possíveis para demarcar estes produtos dos demais dos nossos concorrentes. Apesar de serem negócios que começam a decrescer vemos que alcançaram um mercado fiel e estável. Negócios 8 – Este negócio encontra-se na fase do ciclo de vida de declínio e na fase de desenvolvimento selectivo da matriz. Neste ponto ainda existem muitos concorrentes a competir entre si. Só aqueles com os melhores produtos conseguem resistir. Enquanto o negócio der lucro deve-se manter no mercado, já que nesta fase não se tem muitos custos com ele e este produto ainda tem um volume de negócios considerável. 8. Integração Vertical A integração vertical consiste na integração na empresa de todas ou apenas algumas actividades operacionais. Ou seja, na execução de várias 36 Análise de uma empresa funções de um negócio sob o controlo de uma só empresa. A empresa necessita pois, de identificar quais as actividades que, pela sua maior ou menor importância, devam ser integradas ou desintegradas da empresa, sendo que as desintegradas são produzidas exteriormente. A desintegração vertical ocorre, então, quando diferentes organizações são responsáveis pela execução de diferentes actividades. De acordo com Adriano Freire “convém pois definir à partida o âmbito da integração vertical de uma empresa, seleccionando as funções a desempenhar a montante ou a jusante na cadeia operacional” (1997; p. 273). A montante encontram-se as actividades de pesquisa e desenvolvimento, compras e produção. A jusante encontram-se as actividades de marketing, distribuição e serviço. Esquema da integração e desintegração vertical da empresa J. Pereira, Lda Fiação Tecelagem Legenda: Acabamentos Actividades internalizadas Corte Confecção Actividades externalizadas Embalamento Venda Serviços pósvenda (transportes) Ilustração 2 – Esquema da integração e desintegração vertical. 37 Análise de uma empresa Ainda segundo o mesmo autor podemos dizer que só faz sentido aumentar o nível de integração vertical se se verificarem as seguintes situações: - o volume de negócios da empresa rentabilizar a nova actividade internalizada sem afectar negativamente as restantes funções, ou seja, conseguir que a actividade internalizada produza lucros sem no entanto prejudicar as outras actividades da empresa; - as restantes actividades da empresa beneficiarem da realização interna da nova actividade, mesmo que esta não seja, por si só, rentável, ou seja, se a actividade integrada permitir uma estabilidade para a empresa, mesmo que não seja rentável, os benefícios que advêm dessa estabilidade, compensam largamente os resultados menos positivos da actividade integrada. (1997; p. 275). Na empresa analisada neste trabalho existe integração vertical parcial. As actividades internalizadas (como podemos ver na ilustração 1) são a tecelagem, o corte e a venda. As restantes actividades operacionais são feitas exteriormente, ou seja, podemos dizer que também existe desintegração vertical. Benefícios – os benefícios decorrentes da integração parcial destas actividades, para esta empresa, são principalmente o facto de conseguir fazer os produtos mais facilmente, com menores custos e mais rapidamente. Além disso com a área do corte integrada consegue ter um maior controlo sobre os desperdícios, conseguindo então, um maior aproveitamento dos tecidos e por isso preços mais competitivos. A redução dos desperdícios é deste modo um grande benefício. Com a área da tecelagem acontece o mesmo. Os desperdícios são menores e o tecido sai com maior qualidade pois, o controlo de qualidade é maior. Custos – nesta empresa e, segundo o gestor da mesma, não advêm custos da forma de integração escolhida. Riscos – os riscos que a empresa corre ao utilizar este método de integração é o facto de ser necessário um maior controlo na confecção por causa das falhas. Como a confecção é feita fora é necessário controlar melhor porque 38 Análise de uma empresa há o risco de existirem mais falhas e erros crassos que podem levar a custos mais elevados. 9. Internacionalização A internacionalização consiste, “em primeiro lugar, na extensão das suas estratégias de produtos – mercados e de integração vertical para outros países, de que resulta uma replicação total ou parcial da sua cadeia operacional” (Freire; 1997; p. 313). Ainda de acordo com o mesmo autor, as modalidades de internacionalização devem ser agrupadas em três categorias distintas, sendo elas (1997; p. 315): - Transacções: comercialização de mercadorias, serviços, patentes e marcas da empresa a entidades estrangeiras, restringindo a internacionalização à transposição da matriz de produtos – mercados para os mercados externos. Inclui as exportações e o licenciamento. Ou seja, nesta categoria a empresa cede os seus produtos a outrem, por meio de pagamento, sem que tenha de ter uma filial edificada no mercado externo. - Investimento directo: realização pela própria empresa na totalidade ou de parte das actividades da sua cadeia operacional nos mercados externos, um processo que requer a transferência das suas práticas de integração vertical. Inclui a criação de joint-ventures e de subsidiárias. Neste caso é a empresa que faz investimento num país externo, pressupõe a criação de filial. - Projectos: envolvimento internacional em projectos específicos e limitados no tempo, que pode incluir a transacção de mercadorias e serviços e o investimento directo pontual no estrangeiro. Inclui a participação em projectos chave-na-mão, projectos BOT e contratos de gestão. Aqui a empresa apenas participa em projectos esporádicos findos os quais regressa ao país de origem. Nalguns casos deixa empresas montadas, já com equipamentos e mercadorias que cede a outras entidades. 39 Análise de uma empresa No caso da empresa analisada, esta apenas internacionaliza por meio de transacções. Por isso, irá ser sobre esta categoria específica que iremos falar. As transacções podem então, assumir quatro formas de exportação e licenciamento, apenas iremos mencionar as formas de exportação pois é assim que a empresa internacionaliza. Deste modo, e ainda de acordo com o mesmo autor as transacções podem ser (1997; p. 315): - Exportação spot: venda ocasional de produtos nos mercados externos. Ou seja, a venda de mercadorias pontualmente nos mercados externos, sem carácter definitivo. - Exportação a médio e longo prazo: venda regular de produtos directamente a clientes externos. Neste caso as empresas têm clientes externos regulares a quem vendem os seus produtos para serem comercializados nos mercados externos. - Exportação via agentes ou distribuidores: recurso a entidades locais para assegurar a comercialização dos produtos da empresa nos respectivos mercados. Este caso dá-se quando as empresas têm agentes ou distribuidores específicos nos mercados externos que se encarregam de promover e vender os seus produtos. Na empresa que estudamos a internacionalização assume a forma de exportação a médio e longo prazo. Neste caso a empresa tem clientes fixos com os quais comercializa os seus produtos. Além disso, vende os seus produtos externamente basicamente para armazéns de revenda já que os seus principais clientes são, na sua maioria, revendedores que posteriormente vendem os produtos no seu país. Esta empresa optou por internacionalizar os seus produtos para ter uma maior margem de lucro através da conquista de mais e novos clientes, bem como, entrar em mercados em que a competitividade seja menor e por isso se consiga vencer mais facilmente e com menos custos. 40 Análise de uma empresa 10. Planeamento de portfolios de negócios “Sempre que uma empresa actua num conjunto alargado de indústrias, relacionadas ou não, é conveniente recorrer a modelos de planeamento de portfolio para enquadrar a estratégia corporativa com as estratégias de negócio de cada unidade. Desta forma é possível obter uma visão global da extensão das actividades da organização e verificar em que medida a estratégia empresarial é consistente” (Freire; 1997; p. 374). 10.1. Modelo da General Electric/McKinsey De acordo com o mesmo autor a matriz GE/McKinsey procura relacionar os elementos básicos de qualquer estratégia que são o meio envolvente e as competências próprias da organização. Se a atractividade da indústria for elevada e a empresa detiver uma forte posição competitiva, o modelo recomenda o crescimento. Se, pelo contrário, o meio ambiente for pouco atractivo e as competências da empresa forem insuficientes, o modelo recomenda o desinvestimento selectivo. Numa situação intermédia da atractividade da indústria e de competitividade empresarial, o modelo recomenda a gestão cuidadosa dos resultados do negócio. 10.1.1. Dados informativos sobre os valores da matriz Para esta matriz é necessário obter informações sobre os nossos concorrentes e sobre o mercado. É necessário saber o volume total de negócios de cada produto e a parte que temos desse valor. Todas estas informações são vitais para obter conclusões correctas e fidedignas sobre os produtos e as empresas. A pessoa que contactamos na empresa estudada não nos conseguiu fornecer estas informações tão relevantes, pois disse desconhecer o valor correcto dos seus concorrentes e do total do mercado. Por este facto não podemos fazer esta matriz da maneira correcta e que seria a esperada. Apesar disso fizemos com valores dados por nós que servirão como exemplo daquilo que deveria ter sido feito em contexto real. Na esquematização da matriz o tamanho da “bola” que deveria mostrar o volume de vendas total do mercado e da “fatia” que mostra o volume da empresa é sempre igual para não existirem enganos. 41 Análise de uma empresa Matriz GE/McKinsey Dados sobre a posição competitiva Quantificação Factores Qualidade Estampado Acabamentos Preço Design Embalagem Lençóis flanela térmicos 0,25 0,10 0,10 0,30 0,15 0,10 1 Conjuntos de cozinha 0,25 0,10 0,10 0,30 0,15 0,10 1 Cortinas Sacos de cama p/ edredão 0,30 0,05 0,05 0,35 0,15 0,10 1 0,30 0,05 0,05 0,35 0,15 0,10 1 Roupa de cama flanela tradicional 0,15 0,10 0,10 0,40 0,15 0,10 1 Roupa de cama 100% algodão 0,15 0,10 0,10 0,40 0,15 0,10 1 Roupa de cama algodão/ polyester 0,15 0,10 0,10 0,40 0,15 0,10 1 Edredões 0,30 0,05 0,05 0,35 0,15 0,10 1 Dados sobre a posição competitiva Valor Factores Qualidade Estampado Acabamentos Preço Design Embalagem 42 Lençóis flanela térmicos 3 1 2 3 2 2 Conjuntos de cozinha 4 3 2 3 2 1 Cortinas 4 2 3 4 2 1 Sacos de cama p/ edredão 4 2 3 4 1 1 Roupa de cama flanela tradicional 4 4 3 5 2 2 Roupa de cama 100% algodão 4 4 3 5 2 2 Roupa de cama algodão/ polyester 4 4 3 5 2 2 Edredões 4 3 3 3 2 2 Análise de uma empresa Dados sobre a posição competitiva Quantificação X Valor Factores Qualidade Estampado Acabamentos Preço Design Embalagem Lençóis flanela térmicos (1) 0,75 0,10 0,20 0,90 0,30 0,20 2,45 Conjuntos de cozinha Cortinas (2) (3) 1,00 0,30 0,20 0,60 0,30 0,10 2,50 1,20 0,10 0,15 1,40 0,30 0,10 3,25 Sacos de cama p/ edredão (4) 1,20 0,10 0,15 1,40 0,15 0,10 3,10 Roupa de cama flanela tradicional (5) 0,60 0,40 0,30 2,00 0,30 0,20 3,80 Roupa de cama 100% algodão (6) 0,60 0,40 0,30 2,00 0,30 0,20 3,80 Roupa de cama algodão/ polyester (7) 0,60 0,40 0,30 2,00 0,30 0,20 3,80 Edredões (8) 1,20 0,15 0,15 1,05 0,30 0,20 3,05 Tabela 8 – Tabela sobre a posição competitiva. Dados sobre o mercado Quantificação Factores Crescimento Rentabilidade Competitividade Qualidade/preço 43 Lençóis flanela térmicos 0,30 0,20 0,40 0,10 1 Conjuntos de cozinha 0,20 0,25 0,35 0,20 1 Cortinas 0,30 0,30 0,20 0,20 1 Sacos de cama p/ edredão 0,20 0,30 0,10 0,40 1 Roupa de cama flanela tradicional 0,25 0,30 0,20 0,25 1 Roupa de cama 100% algodão 0,25 0,30 0,20 0,25 1 Roupa de cama algodão/ polyester 0,25 0,30 0,20 0,25 1 Edredões 0,30 0,15 0,25 0,30 1 Análise de uma empresa Dados sobre o mercado Valor Factores Crescimento Rentabilidade Competitividade Qualidade/preço Lençóis flanela térmicos 3 3 2 4 Conjuntos de cozinha 3 3 3 4 Cortinas 2 2 1 3 Sacos de cama p/ edredão 4 3 1 4 Roupa de cama flanela tradicional 4 3 3 4 Roupa de cama 100% algodão 4 3 3 4 Roupa de cama algodão/ polyester 4 3 3 4 Edredões 3 3 2 3 Dados sobre o mercado Quantificação X Valor Factores Crescimento Rentabilidade Competitividade Qualidade/preço Lençóis flanela térmicos (1) 0,90 0,60 0,80 0,40 2,70 Tabela 9 – Tabela sobre o mercado. 44 Conjuntos de cozinha Cortinas (2) (3) 0,60 0,75 1,05 0,80 3,20 0,60 0,60 0,20 0,60 2,00 Sacos de cama p/ edredão (4) 0,80 0,90 0,10 1,60 3,40 Roupa de cama flanela tradicional (5) 1,00 0,90 0,60 1,00 3,50 Roupa de cama 100% algodão (6) 1,00 0,90 0,60 1,00 3,50 Roupa de cama algodão/ polyester (7) 1,00 0,90 0,60 1,00 3,50 Edredões (8) 0,90 0,45 0,50 0,90 2,75 Análise de uma empresa 5 Alta 3,34 Média 1,67 Baixa 5 Legenda: Alta Posição Concorrencial Abandonar Equilibrar Investir 5, 6 e7 4 3,34 8 2 1 Média 3 1,67 Baixa 0 Matriz 2 – Matriz GE/McKinsey. 45 Atractividade da Indústria Análise de uma empresa 10.1.2. Análise da matriz GE/McKinsey A matriz da General Electric/McKinsey permite-nos ter informações sobre o portfólio de negócios da empresa, onde investir, onde desinvestir, o que manter ou o que abandonar. São questões que com esta matriz podem obter resposta. Por esse motivo e, tal como fizemos para a matriz ADL, vamos analisar os negócios. Negócio 1 – Este negócio encontra-se numa posição intermédia. Esta posição diz-nos que nesta fase deveremos equilibrar o negócio. É normal que se encontre neste ponto porque, como já vimos anteriormente, é um produto que se encontra em fase de introdução no mercado. Deste modo, deve-se proteger o negócio procurando investir sem risco reforçando assim, o retorno mais favorável. Negócio 2 – Este negócio encontra-se na mesma fase da matriz do negócio. Neste ponto é importante equilibrar o negócio. Este é um produto que está na empresa já há algum tempo e que se encontra na fase do ciclo de vida de maturidade. O seu crescimento encontra-se neste momento quase estabilizado. Tal como no negócio 1, neste ponto é essencial gerir o retorno, proteger o negócio, investir sem risco e reforçar o retorno. Nesta altura temos de manter o produto no mercado porque dá lucros sem investimentos. Negócio 3 – Este produto também se encontra numa fase intermédia. Apesar disso está num ponto mais baixo que todos os outros negócios. Como já tínhamos visto antes na matriz ADL, este é o negócio que tem menos peso no volume de negócios da empresa e que só é produzido quando existem encomendas. Por este facto é aceitável que se mantenha este produto na carteira de negócios da empresa. Os lucros podem não ser muitos mas os custos são, nesta altura baixos, por isso compensa. Está na fase que nos diz para equilibrar o negócio mas encontra-se num ponto muito próximo que nos diz para abandonar. Temos de esperar a evolução, contando com as vendas que ainda se tem. Negócio 4 – Além de este ser um produto com um volume de negócios baixo, encontra-se na fase de maturidade e num ponto da matriz média-alta. Este ponto diz-nos que este produto tem uma atractividade da indústria média e uma 46 Análise de uma empresa posição comercial alta. Este produto, tal como o negócio 3, encontra-se muito próximo do limite que o levará à fase em que deveremos equilibrar o negócio. Para já, no ponto em que se encontra deveríamos aproveitar para conquistar a liderança de mercado (tomando algumas medidas de incentivo ao consumo, por exemplo e aproveitando as vantagens competitivas da empresa e do produto). Deveríamos ainda concentrar esforços para se reforçar certas áreas do negócio. Para isto seria necessário uma análise de todas as variantes deste produto e do seu consumo e uma avaliação correcta das medidas a tomar e se, será viável recorrer a essas medidas. Negócios 5, 6 e 7 – Podemos juntar estes negócios porque se encontram, nesta matriz, exactamente no mesmo ponto. Vimos que na matriz ADL isto não aconteceu porque se dividem os produtos pela fase do ciclo de vida em que se encontram. Como neste caso isso não acontece e os valores utilizados são os mesmos é natural que se encontrem na mesma fase. O negócio 5 é, destes três aquele que se encontra na fase da maturidade e o que gere para a empresa maior volume de negócios. Os negócios 6 e 7 são muito semelhantes e encontram-se ambos na fase de declínio, devido a factores já estudados, e gerem ambos o mesmo valor de volume de negócios para esta empresa. Apesar das fases do ciclo de vida em que se encontram são os produtos que geram mais volume de negócios e que nesta matriz se encontram no melhor ponto. Verificamos que estão num ponto alto e que nos diz para investir. Aqui acontece, por isso, uma contradição, isto porque, se os produtos estão em declínio não é muito normal que a matriz nos diga para investir neles. Mas, como já vimos anteriormente, o responsável da empresa considerou que estes produtos estariam nessa fase porque o seu volume de vendas e as encomendas desses produtos têm decrescido consideravelmente nos últimos dois anos, tendo sido trocados por outros produtos. Aqui teria de existir uma avaliação muito profunda destes produtos para saber até que ponto seria justificável investir neles e concentrar esforços utilizando mais recursos, havendo por isso mais custos. Negócio 8 – Este negócio encontra-se na fase intermédia da matriz. Como já vimos nos negócios 1, 2 e 3, esta é uma fase de protecção do negócio, de 47 Análise de uma empresa investir sem correr muitos riscos e de reforçar o retorno. Neste ponto deveremos deixar o negócio no mercado enquanto ainda dá lucros porque, apesar de ser um negócio na fase de declínio já não são grandes os custos que a empresa tem. 10.2. Modelo da Boston Consulting Group (BCG) Este é um modelo alternativo de planeamento de portfólio de negócios. Foi criado pela empresa de consultoria norte-americana que lhe deu o nome Boston Consulting Group e é normalmente reconhecido como modelo, ou matriz, BCG. Este modelo utiliza dois factores para análise, a taxa de crescimento do mercado e a quota de mercado relativa da empresa, sendo que esta é dada pelo rácio entre a quota de mercado em volume da empresa e a quota de mercado em volume do seu maior competidor da indústria. Segundo Adriano Freire, na prática este modelo limita-se a conjugar uma medida específica de atractividade da indústria com uma medida específica da força competitiva da empresa. Assim, de acordo com o modelo da BCG, a situação financeira de um negócio é afectada positivamente pela liderança comercial e negativamente pelo crescimento do mercado (1997; p.379). Em função da combinação dos dois factores do modelo, os negócios podem assumir quatro posições tipo sendo, ponto de interrogação, estrela, vaca leiteira e cão. De acordo com este modelo e, com o mesmo autor citado anteriormente, o portfólio de negócios de uma empresa diversificada deve ser balançado de maneira a alcançar o equilíbrio entre o crescimento futuro e a gestão dos fluxos financeiros através da inclusão de: Estrelas que sustêm o desenvolvimento a curto e médio prazo, pontos de interrogação que evoluem para estrelas e sustêm o desenvolvimento a médio e longo prazo, e vacas leiteiras que suportam financeiramente o crescimento das estrelas e dos pontos de interrogação. 48 Análise de uma empresa Os negócios na posição de cão não são considerados relevantes, pelo que devem ser eliminados ou convertidos em pontos de interrogação. De seguida prosseguiremos para o preenchimento da matriz BCG para esta empresa. Para os valores sobre o volume de negócios do principal concorrente utilizamos valores hipotéticos já que o nosso entrevistado disse não saber quais os valores reais. Apenas sabemos que o principal concorrente tem volumes de negócio muito superiores à empresa estudada e que esta é uma ínfima parte desse valor. Deste modo servirão apenas como exemplo. Matriz BCG Lençóis flanela térmicos Conjuntos de cozinha Cortinas (1) (2) (3) (4) (5) Roupa de cama 100% algodão (6) Volume de negócios do produto 90.000 50.000 30.000 80.000 120.000 Tx de crescimento do mercado 0,15 0,08 0,05 0,05 Vol. Neg. principal concorrente 95.000 46.000 29.000 Fase do ciclo de vida Introdução Maturidade Quota de mercado relativa * 0,95 1,08 Roupa de cama flanela tradicional Roupa Edredões de cama algodão/ polyester (7) (8) 95.000 95.000 70.000 0,07 0,04 0,04 0,03 75.000 115.000 300.000 350.000 500.000 Maturidade Maturidade Maturidade Declínio Declínio Declínio 1,03 1,06 1,04 0,31 0,27 0,14 Tabela 10 – Tabela auxiliar para matriz BCG. 49 Sacos de cama p/ edredão * valores em escala logoritmica. Análise de uma empresa 20% Estrela Ponto de interrogação Taxa de crescimento 1 10% Vaca Leiteira Cão 5 2 4 3 6 7 8 0% 10 1 0 Quota de mercado relativa Matriz 3 – Matriz BCG. 10.2.1. Análise da matriz BCG Como já vimos, a matriz BCG permite-nos tirar ilações sobre os vários negócios da empresa e sobre as medidas a tomar para cada um deles. Como podemos reparar ao longo do trabalho esta empresa tem a maioria dos seus produtos na fase de maturidade e de declínio e apenas um na fase de introdução. Este aspecto não é muito positivo já que o ideal seria que houvesse produtos espalhados por todos os ciclos de vida, principalmente na fase de crescimento onde mal grado não existe nenhum. Negócio 1 – Podemos ver que este negócio se encontra na fase de introdução no mercado, ou seja na fase ponto de interrogação. O que se passa nesta fase é que a sua taxa de crescimento é alta mas a quota de mercado que detém é ainda fraca, apesar disso, já consegue ter um peso considerável no volume de negócios da empresa. Podemos ver até, que este produto está muito perto da fase estrela, ou seja da fase de crescimento. Neste ponto ainda existem dúvidas sobre o produto e questões a resolver, bem como, melhoramentos a 50 Análise de uma empresa fazer. Além disso sabemos que a empresa (por vários motivos) não é a líder de mercado e terá de apostar na promoção deste produto para obter mais e melhores resultados. Os concorrentes neste momento também ainda não são muitos. Esta é uma boa altura para decidir pelo investimento ou pelo abandono do mercado já que, é uma fase que exige investimentos avultados. Negócio 2 – Este produto encontra-se na fase de maturidade vaca leiteira. Podemos ver que o volume de negócio não é muito alto mas, nesta fase o produto já não dá muitos gastos por isso deve-se manter no mercado. Nesta altura as empresas concorrentes começam a abandonar o mercado. A sua taxa de crescimento começa a ser baixa mas a quota de mercado que detém é ainda boa. Neste ponto devemos então, rentabilizar o negócio, maximizando os ganhos para suportar o crescimento dos pontos de interrogação e estrelas (que neste caso não se verificam). Negócio 3 – O negócio 3 encontra-se na mesma posição do negócio 2 por isso as características são similares. Aquilo que difere nestes dois produtos é que este se encontra numa posição mais baixa e mais próxima da posição cão. Este produto é também aquele que menos volume de negócios garante à empresa. As medidas a tomar são as mesmas do produto 2 mas neste caso devem ser avaliadas com maior cuidado devido à posição em que este se encontra. Negócio 4 – Este negócio também se encontra na posição de vaca leiteira mas, como tem um volume de negócios considerável é mais lucrativo. Por este facto insere-se perfeitamente nas características desta fase já que dá muitos lucros e tem-se poucos custos com ele. Além disso, ajuda a sustentar os custos de outros produtos. Mesmo assim e apesar do volume de vendas ser ainda bastante considerável vemos que se encontra já muito próximo da fase cão. Logo, se se forem tomar medidas de rentabilização de negócio e maximização dos ganhos para manter este produto no mercado terão de ser tomadas já antes que o produto evolua para a fase de cão. Negócio 5 – Este é mais um negócio que se encontra na fase de vaca leiteira. Também se encontra na fase de maturidade e próximo da linha da fase de 51 Análise de uma empresa cão. Apesar destes aspectos que se notam negativos e apesar da quebra na procura este é o produto desta empresa que tem maior volume de negócios. É também aquele que mais lucro dá para a empresa. Por este motivo achamos que se deveria apostar em maneiras de dinamização e rentabilização do negócio até porque nesta fase muitas empresas já abandonaram o negócio. Negócios 6 e 7 – Podemos juntar estes produtos porque estão muito próximos e porque têm o mesmo volume de negócios. Apesar disso e de terem a mesma taxa de crescimento, podemos ver que o produto 7 tem uma quota de mercado relativa maior. Estes produtos encontram-se na fase do ciclo de vida do declínio e nesta matriz na fase cão. Nesta fase o que nos é aconselhado por esta matriz é que abandone a actividade ou se reformule o negócio. Outras das hipóteses é que se mantenham os produtos no mercado já que ainda dão lucros e não dão muitos custos. Negócio 8 – Este negócio é o que se encontra em pior posição. Está no ponto mais baixo da fase cão e é impossível que volte a crescer. Neste caso o produto deveria ser abandonado porque mesmo o lucro que dá é muito pouco relativamente aos restantes produtos da empresa. A empresa deveria tirar este produto do mercado e apostar num novo dinamizando assim a carteira de negócios. 10.2.2. Limitações das matrizes Apesar das três matrizes estudadas neste trabalho serem grandes ajudas e excelentes ferramentas de trabalho, temos de ter em atenção que todas elas têm algumas limitações e que por isso, devemos ter presente que cada caso é um caso e que cada produto deve ser estudado individualmente e as medidas a tomar serem específicas a cada situação. Estas limitações têm a ver com o facto de estas matrizes não abrangerem todos os aspectos necessários à avaliação de um negócio. É certo que, usando as três em conjunto as conclusões serão mais correctas. Numa empresa, por pequena que seja, este tipo de medidas de investimento ou desinvestimento, promoção, entre outros aspectos, não devem ser tomadas de ânimo leve e deve existir plena certeza daquilo que se vai fazer. 52 Análise de uma empresa 11. Desenvolvimento Empresarial Segundo o autor Adriano Freire “é necessário decidir as vias de desenvolvimento empresarial a adoptar. Em função da análise do meio envolvente e da avaliação das competências próprias, a empresa deve agora identificar a melhor maneira para levar a cabo as medidas estratégicas planeadas” (1997; p. 405). A estratégia dos negócios e a estratégia corporativa de uma empresa podem ser realizadas através do desenvolvimento interno utilizando os recursos internos da empresa ou externo com a colaboração de empresas externas. Esta colaboração externa pode adquirir a forma de aquisições e fusões, alianças estratégicas ou transacções no mercado. No caso estudado não se verifica nenhuma destas situações por isso este ponto da definição da estratégia não se aplica ao nosso caso prático. 12. Estrutura organizacional A estrutura organizacional consiste no padrão de relações que une todos os recursos da empresa. A estrutura organizacional irá servir de suporte à implementação das opções delineadas, ou seja, serve como elo de ligação entre as orientações estratégicas da empresa e a sua actuação no mercado. (Adriano Freire; 1997; p. 451). Segundo o mesmo autor, através do enquadramento dos diversos membros da empresa em diferentes funções e centros de responsabilidade interrelacionados, torna-se possível integrar os esforços globais e pôr em prática as orientações estratégicas delineadas. A ausência de uma estrutura organizacional consistente resulta na descoordenação das iniciativas individuais e no decréscimo, a prazo, da eficácia e eficiência da empresa. (idem; 1997; p.452). A estrutura organizacional de uma empresa pode ser dividida em duas vertentes: a macroestrutura e a microestrutura. A macroestrutura relaciona-se 53 Análise de uma empresa com a totalidade das divisões ou empresas. A microestrutura relaciona-se com a organização das actividades dentro de uma divisão ou empresa específica. Por todos estes aspectos é necessário formar a estrutura que melhor se adequa aos objectivos da empresa. A macroestrutura de uma organização deve ser concebida não só em função das orientações estratégicas previamente definidas, mas também em função das características dos recursos disponíveis. Estratégias menos elaboradas que requerem recursos indiferenciados induzem a adopção de macroestruturas básicas, já em estratégias complexas suportadas com recursos mais diversificados será aconselhado a adopção de macroestruturas avançadas. (ibidem; 1997; p. 456). São três os tipos de macroestruturas básicas existentes: - Estrutura simples: está adequada a pequenas empresas com poucos produtos para um número restrito de mercados. - Estrutura funcional: adequada a médias empresas com uma gama de produtos mais extensa para um número restrito de mercados. - Estrutura divisional: adequada a médias e grandes empresas com uma extensa gama de produtos ou uma grande variedade de mercados. (idem ibidem; 1997; p. 456). De acordo com estes pontos podemos dizer que na empresa estudada a estrutura que lhe está associada é a estrutura simples. Como é uma pequena empresa com poucos produtos e com poucos mercados é a estrutura que melhor se adequa à sua situação. 12.1. Estrutura Simples De uma maneira geral, podemos dizer, que neste tipo de estrutura o empresário ou gestor orienta directamente todas as actividades da empresa. Assim, e de acordo com o autor sugerido anteriormente, a estrutura simples é geralmente adoptada por pequenas empresas geridas pelo próprio empresário fundador ou por um só gestor, que supervisiona directamente as 54 Análise de uma empresa actividades de todos os funcionários e trabalhadores. As decisões costumam ser tomadas de uma forma centralizada e autocrática e o planeamento tende a ser efectuado apenas para o curto prazo, com o intuito de preservar a sobrevivência da empresa. Dada a sua linearidade, a estrutura simples é sobretudo apropriada a organizações com uma estratégia de produtos – mercados muito especializada em poucas linhas de produtos e um número reduzido de segmentos bem definidos. Vantagens: a vantagem principal da estrutura organizacional simples reside na sua extrema flexibilidade e na facilidade de coordenação de todos os membros em torno de um objectivo comum, o que imprime um grande dinamismo comercial à empresa. Outra vantagem prende-se com o facto de as linhas de comunicação reduzidas possibilitarem também uma maior rapidez de actuação e favorecerem a tomada de iniciativa e a criatividade por parte dos trabalhadores e funcionários. Desvantagens: o facto de não existirem regras claras e possibilidades de ascensão na carreira pode ser desmotivador para os membros mais capazes da empresa. A excessiva dependência do empresário gera também riscos, uma vez que a sua orientação pode nem sempre ser a mais correcta. De igual modo, quando o empresário deixa de exercer as suas funções a continuidade operacional pode ser significativamente afectada. Por estes motivos, é frequente as empresas com este tipo de estruturas enfrentarem crises de liderança. (Adriano Freire; 1997; p. 457). As macroestruturas não se aplicam neste caso prático já que, como vimos anteriormente são utilizadas em empresas de maior dimensão. 55 Análise de uma empresa Estrutura organizacional da empresa J. Pereira Empresário Tecedeira Tecedeira Tecelão Afinador Auxiliar de serviços Organograma 1 – Esquema da estrutura simples da empresa. Através deste organograma podemos ver a estrutura utilizada na empresa. Temos então, o empresário no cimo, é ele que toma todas as decisões e que supervisiona todos os funcionários e funções da empresa e, os funcionários abaixo dele recebem as suas instruções e cada um tem a sua função específica. Com este tipo de estrutura esta empresa enfrenta todas as vantagens e desvantagens derivadas deste tipo de organização e liderança que mencionamos anteriormente. 13. Politica de Gestão Segundo Adriano Freire “depois das fases de planeamento e organização tem inicio o processo de implementação efectiva das orientações estratégicas delineadas. Em última instância, o nível de desempenho da empresa no mercado depende da sua capacidade de executar um vasto conjunto de políticas de gestão que visam proporcionar valor aos clientes e bater a concorrência” (1997; p.493). Assim, a política de gestão complementa a estratégia empresarial e a estrutura organizacional no seio do ciclo de gestão de uma empresa, para, em 56 Análise de uma empresa conjunto com o controlo de gestão, determinar o grau de sucesso da organização. (Adriano Freire; 1997; p. 493). O mesmo autor diz-nos que a concepção da política de gestão tem início na caracterização das diferentes actividades da cadeia de valor da empresa. De acordo com a organização interna das actividades desempenhadas, a empresa pode enveredar pela definição de políticas funcionais de pessoal, investigação e desenvolvimento, operações, marketing, finanças e sistemas de informação, ou, pelo contrário, pela actuação por processos interfuncionais de gestão das encomendas, desenvolvimento de produtos e satisfação das encomendas. É também importante identificar vias alternativas para lidar com eventuais situações de incerteza na implementação das orientações estratégicas. Finalmente, através do controlo de gestão é possível avaliar os resultados da estratégia e politicas de gestão adoptadas e criar as condições para renovação das práticas de gestão da empresa. Para o nosso trabalho prático esta parte da estratégia empresarial não se aplica porque as politicas de gestão que mencionamos anteriormente (cadeia de valor, politicas funcionais, processos interfuncionais, gestão de encomendas, etc.) não são utilizadas nesta empresa. 57 Análise de uma empresa 14. Conclusão Com a realização deste trabalho ficamos a perceber melhor a dinâmica de uma empresa. Isto é muito importante neste momento para adequar-mos os conhecimentos adquiridos nas aulas ao meio real. Por outro lado, é importante saber-mos como funciona o mundo do trabalho que nos irá receber no final da nossa formação. Após o termo deste trabalho ficou muito mais claro para nós a importância que a delineação da estratégia tem para uma empresa. É através desta delineação que vamos definir os objectivos a atingir, os meios para os concretizar e assim conseguir elevar o sucesso de uma empresa. Seguindo passo a passo tudo aquilo que nos é proposto consegue-se atingir os objectivos da empresa de uma maneira mais eficaz e segura. Uma boa gestão e organização são fundamentais para o sucesso empresarial. Neste trabalho tivemos presente uma realidade que é usual em muitas empresas portuguesas. Empresas de pequena dimensão, sem estratégia de gestão delineada, onde quem toma todas as decisões é a pessoa que paga o salário ao fim do mês são uma constante no nosso país. Seria então importante, e agora percebemos melhor isso, que houvesse uma maior formação dos empresários portugueses para que o sucesso das suas empresas fosse garantido. Deste modo, a maior lição que retiramos deste trabalho é que a formação é fundamental. Aliado a isso, o esforço e a vontade de evoluir devem ser constantes presentes na mente do gestor de um negócio. A estratégia é fundamental ao bom funcionamento das empresas. Os empresários de hoje devem ganhar consciência disso para que a saúde do tecido empresarial português seja a melhor. 58 Análise de uma empresa 15. Bibliografia Freire, Adriano (1997) Estratégia: sucesso em Portugal; Editorial Verbo – Lisboa/São Paulo. 59