Clipping Nacional de Educação Sexta-feira, 23 de Agosto de 2013 Capitare Assessoria de Imprensa SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br Valor Econômico 23/08/13 OPINIÃO 00 Educação - é hora de definir as prioridades Por André Luís Parreira A destinação dos royalties do petróleo foi finalmente aprovada no Congresso com 75% dos recursos para a educação. Há que se comemorar, pois são recursos fundamentais para que o Plano Nacional de Educação, que tem entre suas metas destinar 10% do PIB à educação até o final de seu primeiro decênio - em análise no Senado - seja concretizado. Mas a comemoração deve ser moderada, pois ainda não há perspectivas de assumirmos posição de destaque mundial quando olhamos o investimento per capita nesta área. O recém-publicado estudo "Education at a Glance 2013", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - analisou, como faz há anos, os indicadores educacionais em mais de 40 países. O estudo revela que o Brasil investe próximo de 6% do PIB na educação, mas por ser um país populoso, esse valor resulta em apenas US$ 3 mil anuais por estudante. Países com o PIB bem menor que o nosso, como Espanha e Itália, investem próximo de US$ 9 mil por estudante. Se olharmos para o primeiro lugar no ranking de investimento por aluno, os EUA, encontramos o investimento de US$ 15 mil anuais e todos sabemos da potência educacional que são. Por isso, é interessante comparar alguns aspectos fundamentais da educação dos EUA com a do Brasil, como o investimento por estudante, o salário dos professores e a tecnologia nas escolas. Solução pode ser uma gestão de excelência para tentar a proximidade pela qualidade no ensino E quando comparamos com o investimento brasileiro de US$ 3 mil anuais por estudante, enxergamos a urgência dos royalties do petróleo para a educação, a fim de pelo menos atingirmos os 10% do PIB. Este novo patamar não provocaria grandes alterações em nossa posição no ranking. O Brasil apenas atingiria US$ 5 mil por estudante e ainda se manteria bem abaixo da média dos países da OCDE, que é de US$ 7,6 mil. Para investir em cada estudante brasileiro o mesmo que recebe um americano, nos padrões atuais, o governo deveria destinar mais de 30% do PIB atual para a educação. Como isso parece impossível, a questão é usar os esperados recursos, que ainda levarão anos para se concretizarem, seguindo os exemplos das grandes nações. Elas nos ensinam que, dentro da destinação dos recursos, alguns dos pontos prioritários deverão ser o salário e a carreira do professor, bem como a inclusão da tecnologia e de laboratórios nas escolas. O salário médio de um professor de educação básica no Brasil é um dos piores do mundo - menos de US$ 10 mil anuais -, figurando na antepenúltima posição em pesquisa feita pela Organização Internacional do Trabalho e Unesco, com 40 países. Os EUA estão entre os 10 primeiros, com quase US$ 40 mil anuais. Entre as carreiras de nível superior no Brasil, é possível dizer que a licenciatura é a de menor retorno financeiro e as redes de educação básica, em geral, municipais, têm pouco ou nenhum incentivo para a continuidade da formação do professor. Com uma carreira mais atrativa em patamares similares aos de profissões como médico, engenheiro e outras, jovens talentosos perceberiam, na carreira de educador, uma oportunidade de desenvolver sua vocação e de realizar-se financeira e humanisticamente, como profissionais e cidadãos. Os concursos para professores teriam grande elevação no nível intelectual dos aprovados e a exigência por constante atualização e crescimento profissional seria rotina. No quesito tecnologia e laboratório nas escolas, cresce a distância entre os países desenvolvidos e o Brasil, o que merece atenção na hora de investir os novos recursos. Há tempos, mesmo antes da era da informática, as escolas americanas prestigiam o uso dos recursos mais modernos disponíveis em cada período. Bom Continua Continuação exemplo é a escola onde estudou Lefkowitz, Nobel de Química, a Bronx High School of Science, em Nova York, que, além de laboratórios bem estruturados, tem disciplinas como astronomia e possui um planetário. Só desse colégio, já saíram oito ganhadores do prêmio, sendo sete de Física e um de Química. Nos EUA, há anos são utilizadas as calculadoras programáveis para o aprendizado em matemática. O uso efetivo da tecnologia é uma realidade. Os laboratórios de ciências são modernos e atraentes, interagindo com o dia a dia dos estudantes por meio de experimentações baseadas em sensores e softwares, onde a informática é real instrumento e via de aprendizado. No Brasil, segundo o MEC, menos de 6% das escolas do ensino 23/08/13 fundamental da rede pública possui laboratório de ciências. Os equipamentos educacionais não têm tratamento tributário diferenciado e pagam impostos como qualquer outro produto. As tecnologias mais inovadoras, como os laboratórios conectados a sensores, interfaces e softwares ainda são importadas e constituem um "material de luxo", privilégio das redes particulares ou de poucas redes públicas que possuem gestores com visão inovadora. A sequência em que os três pontos foram citados não foi aleatória, mas é a que parece ser a mais adequada. Partir da necessidade de aumentar o investimento por estudante, definindo a aplicação de recursos para o professor e, em seguida, para os laboratórios escolares. É verdade que o investimento vem crescendo e o Brasil já avançou bastante em educação. Mas, como não temos expectativas de nos aproximarmos dos países desenvolvidos no investimento por estudante, infelizmente, a questão é uma gestão de excelência para tentar a proximidade na qualidade. Nesta gestão, a criatividade brasileira e a disposição para superar desafios são fundamentais para que o país possa despontar, não somente no cenário econômico, mas no desenvolvimento científico e tecnológico, no número de patentes registradas, nos prêmios Nobel e finalmente, na qualidade de vida. André Luís Parreira é professor de física, formado pela UFSJ, mestre em Tecnologia pelo Cefet-MG. É diretor das empresas Hiperlab (Brasil) e Plus Education Inc (EUA), além de consultor de projetos e laboratórios de ensino de ciências e divulgação científica. Valor Econômico 23/08/13 EMPRESAS 00 Laureate compra FMU por R$ 1 bilhão Por Beth Koike | De São Paulo Após oito meses de negociações, o grupo americano de ensino Laureate fechou por R$ 1 bilhão a aquisição de 100% da FMU - um dos grupos educacionais mais tradicionais de São Paulo e cobiçados do setor, segundo o Valor apurou. A transação, que será anunciada hoje, é uma das maiores do mercado, só perde para uma feita pela Kroton . Esta pagou R$ 1,3 bilhão pela Unopar em 2011. Mas levando-se em consideração o valor desembolsado por aluno, a FMU é a maior operação. A Laureate vai pagar cerca de R$ 14,7 mil por estudante. Na época, a Kroton pagou R$ 8 mil. O Complexo FMU conta com 68 mil estudantes, principalmente de ensino presencial, que pagam em média mensalidade de R$ 650. O complexo é formado por três faculdades: FMU, Fisp e FiamFaam. O fundador da FMU, o professor Edevaldo Alves da Silva, de 83 anos, continuará como presidente do conselho e sua esposa, Labibi Alves da Silva, também será mantida como reitora, cargo que ocupa há 30 anos. Fundada em 1968, a FMU era a noiva mais cortejada do setor. Em paralelo às negociações com a Laureate, outro grupo americano, o Apollo, também manteve conversas com o professor Edevaldo. Segundo fontes do setor, a família do fundador era favorável à venda, mas quem sempre resistiu às ofertas foi o próprio Edevaldo. Os atrativos da FMU são a forte marca que o grupo tem em São Paulo e a presença em 40 campi distribuídos em pontos estratégicos da cidade. Além disso, a faculdade tem grande potencial para crescer no segmento de ensino a distância, modalidade na qual tem uma atuação tímida. Mas nem sempre foi assim. Por muitos anos, a FMU não deslanchou e a quantidade de alunos não ultrapassava os 25 mil. A partir de 2008 houve uma guinada e hoje são 90 mil estudantes. Nestes números estão somados os estudantes da Uniceub - Centro Universitário de Brasília, que não foi vendido para a Laureate. O professor Edevaldo detém uma participação de 50% na Uniceub. A expansão da FMU foi liderada por Arthur Sperandéo de Macedo, contratado em 2008 como vice-reitor executivo e que reorganizou desde os cursos oferecidos até as áreas administrativa e financeira. A FMU é a 12ª aquisição feita pela Laureate no Brasil. Desde 2005, quando desembarcou no país, o grupo americano já investiu cerca de R$ 2 bilhões. Metade dessa cifra foi, portanto, destinada para a FMU. No ano passado, a Laureate registrou um faturamento de cerca de R$ 1 bilhão. A primeira aquisição do grupo americano no Brasil foi a Anhembi Morumbi, que tem alguns pontos marcantes em comum com a FMU. Ambas as instituições de ensino atuam no mercado paulista há cerca de 40 anos e foram fundadas por professores que hoje têm idade na casa dos 80 anos. Tanto Edevaldo quanto Gabriel Rodrigues, fundador da Anhembi Morumbi, são conhecidos por terem uma personalidade forte. Além das faculdades, os dois também têm vários negócios imobiliários. No primeiro semestre, o professor Gabriel vendeu a participação de 49% que ainda detinha na universidade que fundou para a Laureate e hoje está na Anhanguera. Agora, o grupo americano terá no conselho da FMU, o professor Edevaldo. Mas este não terá poder de voto, já que vendeu todas as ações. Procuradas pela reportagem, a Laureate e FMU não se manifestaram sobre a transação, que ainda depende de aprovação do Cade. Continuação 23/08/13 23/08/13 A3 TENDÊNCIAS & DEBATES Universidades, não fortalezas Soraya Smaili A multiplicação de câmeras e catracas contradiz a concepção de uma vida universitária que preserva a liberdade de cátedra e de manifestação Na madrugada de 2 de agosto, Ricardo Ferreira da Gama, funcionário terceirizado do campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi assassinado a tiros, em frente à sua casa, por quatro homens encapuzados. A reitoria da Unifesp lamenta e repudia com veemência mais esse ato de barbárie. Ao mesmo tempo, é obrigada a reconhecer que o assassinato de Ricardo Gama, singular por suas características extremadas, lamentavelmente, não é um caso isolado. A cada dia, situações de violência são vividas por estudantes, funcionários e professores nos seis campi da Unifesp. Por essa razão, o homicídio recoloca com força um debate necessário sobre a questão da segurança na universidade pública, em geral, e na Unifesp, em particular. A Unifesp foi a universidade que mais cresceu nos últimos seis anos. O número de estudantes de graduação foi multiplicado por oito, distribuído em seis campi situados em São Paulo (onde estão suas escolas mais antigas), Diadema, Guarulhos, Osasco, São José dos Campos e o da Baixada Santista. catracas, sistemas de câmera em todos os lugares. Em boa parte, os campi estão localizados em áreas de vulnerabilidade social, e há uma forte razão para isso: a presença da universidade visa também promover o desenvolvimento social do entorno, segundo uma perspectiva de integração entre ambos. Se é perfeitamente compreensível que as pessoas queiram se proteger, por outro lado somos obrigados a observar que os crimes contra o patrimônio --todos, obviamente, condenáveis-- não podem ser equiparados a agressões físicas e sexuais e até homicídios, como o de Gama. Não obstante, a Unifesp sofreu uma diminuição no número de funcionários. A carreira de vigilante foi extinta, e as universidades federais foram obrigadas a terceirizar esse e muitos outros serviços, sem contar com os recursos adequados. Promover a integração da universidade ao meio em que ela se encontra não significa simplesmente abrir as suas portas para a comunidade. Trata-se, sobretudo, de construir uma reflexão aprofundada sobre a importância que a universidade tem para a sociedade, de modo a conquistar o reconhecimento de sua atividade como relevante para a vida. Nesse processo de construção de abertura e diálogo, a violência cumpre um papel obviamente destruidor e desagregador. Alguns professores, estudantes e funcionários, alarmados pela violência, querem mais vigilância, Não se trata de uma observação secundária. Devemos, obviamente, agir com rigor e rapidez contra qualquer ato ilegal. Mas não podemos correr o risco de criar novos problemas --já por si só gravíssimos-- mediante a transformação dos campi universitários em fortalezas estreitamente vigiadas. A multiplicação de câmeras, catracas e sistemas de alarme é contraditória com a concepção de uma vida universitária que preserva a liberdade de cátedra, de manifestação e expressão. Nem representa um fato consumado a proposição segundo a qual a presença de uma polícia fortemente armada e pouco treinada para o ambiente universitário é sinal de segurança. Como, então, devemos tratar a questão? A resposta, evidentemente, não será dada unicamente no âmbito da Unifesp nem sequer pelo conjunto Continua Continuação 23/08/13 das universidades federais. Trata-se de um problema social. O momento deve nos permitir o debate das ideias, a busca de soluções. O clamor por mais segurança não resolverá, por si só, o problema social nem diminuirá a vulnerabilidade em que nos encontramos. A reitoria da Unifesp propõe o debate para a sua própria comunidade, mas também para a sociedade e autoridades brasileiras. Precisamos encontrar soluções e caminhos para que não nos enveredemos em discussões comocionadas ou reduzidas, que poderão nos levar a medidas de pouca eficácia. Importante é não colocar em risco o papel de promover a reflexão e o debate de ideias próprio a uma universidade digna desse nome. SORAYA SMAILI, 50, professora de farmacologia, é reitora da Universidade Federal de São Paulo 23/08/13 A3 Educação Em relação às notas "Batata..." e "...quente" (coluna Painel, "Poder", 21/8), a Undime, entidade que reúne os gestores responsáveis pela educação pública municipal, manifesta apoio à proposta do MEC no que se refere ao texto da Meta 4 do Plano Nacional de Educação. A oferta educacional às crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação deve acontecer na rede regular de ensino. Assim, as entidades assistenciais poderão continuar a cumprir seu papel de oferecer atendimento educacional especializado complementar e suplementar no contraturno. CLEUZA RODRIGUES REPULHO, presidenta da Undime (Brasília, DF) PAINEL DO LEITOR 23/08/13 00 ECONOMIA Grupo americano, dono da Anhembi Morumbi, compra FMU por R$ 1 bi Uma das instituições de ensino superior privado mais cobiçadas do mercado, a paulistana FMU, foi vendida, por R$ 1 bilhão, para a rede americana Laureate, que já é dona da Anhembi Morumbi. O negócio, que vinha sendo costurado há quase um ano, será anunciado oficialmente nesta sexta-feira. Essa é a maior transação realizada no setor desde a fusão que criou, em abril, o maior grupo de educação superior do mundo, com a união de Kroton e Anhanguera. Fundada, em 1968, pelo advogado Edvaldo Alves da Silva - hoje um octogenário -, a FMU tem cerca de 90 mil alunos e faturamento bruto estimado para este ano de R$ 450 milhões. Embora não esteja no topo do ranking das maiores instituições privadas do País, a FMU sempre despertou o interesse dos concorrentes por ser uma marca forte no mercado mais importante para o setor de educação. Ela tem em torno de 40 prédios só na cidade de São Paulo. A partir de 2008, a instituição passou por uma guinada. O fundador e seus filhos, Eduardo e Edson, contrataram um grupo de executivos da concorrente Uninove, entre eles Arthur Sperandéo de Macedo, para promover uma reestruturação que tirasse a rede da estagnação. A FMU, que tinha como carro-chefe o curso de Direito e foi criada para atender o público das classes A e B, decidiu reduzir o preço das mensalidades em 25% para atrair alunos com renda mais baixa. A empresa, que antes disputava universitários com instituições como PUC e Mackenzie, passou a concorrer diretamente com redes mais populares, como a Anhanguera. "Isso deixou a empresa ainda mais interessante", disse um executivo do setor. O problema é que o dono não tinha interesse de vender. "O professor Edvaldo fazia questão de dizer que não queria se desfazer do negócio", disse um ex-funcionário da FMU. "Mas os filhos queriam e acabaram convencendo o pai." A venda para a Laureate inclui todas as unidades da FMU em São Paulo: Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Faculdades Integradas de São Paulo (Fisp) e Fiam-Faam Centro Universitário. A aquisição não envolve o Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), do qual o fundador da FMU detém 50% de participação. Procuradas, Laureate e FMU não comentaram o negócio. Segundo fontes do mercado, outro potencial comprador que chegou a sondar a FMU foi o americano Apollo Group. Há anos, a empresa tem tentado entrar no Brasil, sem sucesso. Americanos. Essa é a 12ª aquisição da Laureate no Brasil. Os americanos entraram no Brasil em 2005, comprando uma fatia da Anhembi Morumbi, do professor Gabriel Rodrigues. O negócio é visto no setor como um dos primeiros na onda de consolidação que tomou conta do segmento de ensino superior privado no Brasil nos últimos anos capitaneada por empresas controladas por fundos de private equity. A própria Laureate, com 750 mil alunos em 29 países, tem entre seus sócios o mega fundo de investimento americano KKR. Embora seja mais lenta do que as concorrentes no processo de consolidação, a Laureate já adquiriu outras 11 instituições de ensino superior em oito Estados do País, entre elas a Business School São Paulo e a Universidade de Salvador. Só na expansão da Anhembi os americanos investiram R$ 120 milhões. No início deste ano, a Laureate passou a deter 100% do capital da Anhembi Morumbi (até então, ela tinha apenas 51%). Na época, o presidente da Laureate Brasil, José Roberto Loureiro afirmou que novas aquisições estavam nos planos da companhia. O executivo destacou que a estratégia era buscar escolas de boa reputação em suas regiões. Com a aquisição da FMU pela Laureate, reduzem-se as opções de grandes empresas de educação que ainda não foram compradas pelas principais consolidadoras do setor. A São Judas, também de São Paulo, é uma das mais assediadas pelos concorrentes, junto com Unip e Uninove. Continua Continuação 23/08/13 CORREIO BRAZILIENSE 23/08/13 OPINIÃO 00 Universidades e institutos federais: papéis diferentes » HELENA BONCIANI NADER Biomédica, é professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) As críticas contidas no Manifesto dos reitores dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia às declarações do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge A. Guimarães, sobre o papel desses institutos, não procedem e não correspondem exatamente aos fatos ocorridos na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no Recife, em julho passado. Todos conhecem o trabalho do professor Guimarães a favor da educação de qualidade e, como presidente da Capes, ele tem se empenhado em defesa da pósgraduação, mas também pela educação tecnológica. Tanto que o próprio Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) reconheceu isso, outorgando-lhe, em 2010, a Medalha Nilo Peçanha e respectivo diploma, em reconhecimento aos seus relevantes serviços prestados à educação profissional e tecnológica brasileira. O que ocorreu na 65ª Reunião Anual da SBPC é que, respondendo a perguntas da plateia que assistia à mesa-redonda “Impacto e avaliação da pesquisa”, Guimarães apenas reiterou que os institutos federais não foram criados para oferecer cursos de pós-graduação acadêmicos similares aos que já existem, ou seja, não devem desempenhar o mesmo papel das universidades. A SBPC concorda com esse entendimento. Os institutos federais têm um papel fundamental, voltado para a tecnologia e a inovação e esse deve ser o seu foco. Sua criação foi um grande avanço para o país e eles vão propiciar o que falta ao Brasil, que é o técnico de nível superior formado com a melhor qualificação possível. Os 38 institutos federais existentes foram criados pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Conforme diz o Artigo 6º da Lei, eles foram instituídos para oferecer “educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional”. Além disso, eles têm como meta “desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais”. Em conjunto, os 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia têm 440 campi e 508.502 alunos. Quando estiverem formados, esses estudantes serão técnicos de alto nível, que, sem dúvida, darão importante contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. As universidades, por sua vez, têm o papel de realizar pesquisas que contribuam para o avanço do conhecimento, sem preocupação com a aplicação imediata desse saber no desenvolvimento de novas tecnologias. É delas também a missão de formar mestres e doutores. Há uma tendência no Brasil de achar que todos precisam de titulação acadêmica, o que deve ser repensado, pois não corresponde à realidade que ocorre em países mais avançados. Na Alemanha, por exemplo, formam-se técnicos de qualidade. Naquele país há cerca de 350 ocupações técnicas regulamentadas e, no equivalente ao nosso ensino médio, 60% dos jovens optam por escolas profissionalizantes. No Brasil, a média de matrículas no ensino técnico é de 7%, muito pouco se compararmos com os países desenvolvidos, nos quais esse índice Continua 23/08/13 Continuação é de 30%. A consequência disso é que sobram candidatos a empregos com formação superior generalista e faltam técnicos e tecnólogos especializados. Se essa situação não for recomposta, haverá, certamente, problemas sérios para setores importantes da economia, por falta de profissionais qualificados. Por isso, não cabe fazer comparações entre as universidades e os institutos federais. Cada uma dessas instituições tem seu papel e cada uma, à sua maneira, é fundamental para que o Brasil ultrapasse o patamar de país vendedor de commodities e se transforme em nação desenvolvida científica e tecnologicamente, capaz de agregar valor ao que produz. Para isso, é fundamental a articulação entre as universidades e os institutos federais, na qual competições ou comparações não devem existir. Nesse sentido, a SBPC entende que se deve retomar o propósito inicial dos institutos federais, que é a formação de técnicos de alto nível. JORNAL DE BRASÍLIA 23/08/13 00 DO ALTO DA TORRE JORNAL DE BRASÍLIA 23/08/13 00 PONTO DO SERVIDOR MILENA LOPES Professores se preparam Os professores do DF já se movimentam para o tradicional baile da categoria, que ocorre no dia 5 de outubro, a partir das 21h, no Opera Hall. Atração confirmada do evento, SerjãoLoroza& US Madureira animará a festa, ao lado da banda Esquema Seis. Para entrar na festa, os servidores só precisam apresentar a carteirinha do Sinpro, que também dá direito à entrada de um acompanhante.