Verificação da Capacidade de Carga em Muro-Pet Tendo em Vista a Aplicação em Obras de Engenharia Guido Venceslau Barusco Almeida Junior UniCEUB, Brasília, Brasil, [email protected] Maruska Tatiana Nascimento da Silva UniCEUB, Brasília, Brasil, [email protected] RESUMO: O uso de materiais não convencionais na engenharia civil vem em crescente valorização, devido principalmente a escassez dos recursos naturais. No entanto, faz-se necessário compreender tecnicamente o comportamento desses materiais quando se encontram submetidos aos esforços provenientes dos projetos de engenharia. A utilização de garrafas PET em muros de arrimo já está sendo difundida no meio acadêmico, porém percebe-se que ainda existe muito desconhecimento quanto ao comportamento destes materiais mediante a aplicação de cargas. Neste trabalho foram realizados ensaios de laboratório de compressão simples nas garrafas preenchidas com RCD e ainda verificado o comportamento destes agregados com vistas à obtenção da densidade e peso do arranjo garrafas pets e RCD. Esta pesquisa também conta com a elaboração de um processo executivo para obras desta natureza. PALAVRAS-CHAVE: Muro-PET, Contenção de Solos, Não convencional, Sustentabilidade, Reuso de Materiais. 1 INTRODUÇÃO A escassez dos recursos naturais tem exigido de todos os profissionais que utilizam estes recursos, alternativas não convencionais menos agressivas ao meio ambiente. Sabe-se que para montar um muro de arrimo tipo gabião necessita-se de bastante material de enchimento, e de maneira convencional se utiliza pedra rachão e outros resíduos, podendo inclusive ser o próprio material de demolição de obra com maior peso. Alternativas não convencionais com garrafa PET ainda necessitam de muitos estudos, mas percebe-se que são viáveis. Principalmente se buscar-se compreender a resistência destes materiais e o tempo que necessitam para degradarem-se no meio ambiente que é de mais de 100 anos. E ainda estes resíduos são um dos principais responsáveis pelas enchentes, pois jogadas nas ruas de qualquer forma podem entupir bueiros e galerias. Em relação ao resíduo gerado pela construção civil, dados nacionais apontam que a quantidade de entulho da construção civil é superior, em massa, ao lixo doméstico. Bidone (2001) e Morais (2006) citados por Paschoalin & Graudenz (2012) informam que a relação que existe entre a geração de lixo e RCD é de, para cada tonelada de lixo urbano recolhido são geradas duas toneladas de resíduo de construção e demolição (RCD). Neste trabalho, buscou-se unir a alta resistência mecânica e durabilidade das garrafas PET, com uma solução comum em obras de contenção de solo, os Gabiões. Estes podem ser de variados tipos, como por exemplo, gabiões do tipo caixa, gabiões do tipo colchão ou gabiões do tipo saco. O gabião utilizado nesta pesquisa foi do tipo caixa. O material granular foi areia artificial obtida através da britagem de RCD, e fornecido pelo Areal Bela Vista – Brasília/DF. Os gabiões do tipo gaiola foram doados pela Empresa Macafferri Ltda. A metodologia de avaliação do desempenho do citado gabião, foi feita por meio da verificação do peso das garrafas preenchidas com o RCD, pelo ensaio à compressão uniaxial e pela avaliação do desempenho do gabião montado. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Meio ambiente e construção civil O Brasil por muitos anos gira em torno da preservação da Amazônia, interligando a sustentabilidade aos níveis ambientais de cuidados com a fauna e a flora, porém o conceito não pode permanecer em uma única vertente. A sociedade urbana necessita o entendimento de que ações do dia a dia podem fornecer bases econômicas sólidas e evitar a destruição do meio ambiente. A utilização de materiais reciclados é uma vertente importante dentro da engenharia civil. Deve-se pensar na destinação dos diversos resíduos gerados, de maneira a utilizá-los dentro das obras de engenharia como elemento estrutural ou de suporte, dependendo das necessidades de projeto. As cidades de maior porte arcam seriamente com essa demanda, pois já são amplamente habitadas por moradias, comércios, indústrias ou outros tipos de edificações e em casos especiais, a exemplo de Nova York, parte-se para dispor esse imenso volume de material descartado em cidades vizinhas e essa atitude encarece ainda mais a destinação do resíduo, sem contar que o problema é repassado para o receptor. Para dirimir tais problemas o Governo em parceria com a sociedade deve adotar políticas mais sustentáveis de reutilização dos resíduos. Esse papel já está sendo adotado pelas Instituições de Ensino que despertaram, por meio de pesquisas científicas, para os problemas de caracterização apropriada das diversas alternativas não convencionais. Somente com essas informações a sociedade aceitará a eficiência técnica das variadas soluções até então desconhecidas por grande parte dos profissionais que não despertaram para tais tecnologias. 2.2 Estabilidade de taludes Das (2011) define talude não restrito como sendo "uma superfície de solo exposta, formando um ângulo com o plano horizontal." Cruden e Varnes (1996), citados por Das (2011), classificaram as rupturas em taludes em cinco categorias principais: Queda, tombamento, escorregamentos (ou deslizamentos), expansões laterais (ou espalhamento) e escoamentos. 2.2.1 Contenção convencional Os tipos mais comuns de estabilização de talude são os gabiões. A empresa Maccaferri Ltda. define gabiões como sendo os produtos de malha hexagonal de dupla torção que são fabricados com arames com revestimento Galfan somente, ou com revestimento Galfan e recobrimento adicional em material plástico com espessura mínima de 0,40 mm(Figura 2.1), dividindo-os ainda por tipo: caixa, colchão Reno ou saco. Figura 1. Detalhe, arame do gabião - Fonte: Maccaferri, (2001). Gabiões do tipo caixa (Figura 2) são definidos como elementos estruturais em forma de prisma retangular, subdivididos em celas por diafragmas colocados a cada metro durante a fabricação, os quais, além de reforçar a estrutura facilitam a sua montagem e enchimento. As arestas dos painéis de tela são reforçadas com arames de maior diâmetro. Os gabiões são o tipo mais comum de estabilização de taludes, e obras de contenção em geral, pois segundo a Empresa Maccaferri LTDA, apresentam: flexibilidade, permeabilidade, monoliticidade e durabilidade, total integração ao meio ambiente, simples e rápida execução, economia, e ainda uma vertente social. 2.3 Figura 2. Gabião Caixa - Fonte: Maccaferri, (2001). Vale definir e justificar algumas características: a monoliticidade refere-se à capacidade de reparo sem prejuízo ao resto do conjunto; a integração ao meio ambiente devese ao fato de favorecer a rápida recuperação da fauna e da flora; e devido à sua simples e rápida execução, apresenta um aspecto social positivo, onde a mão de obra não precisa de especialização, podendo-se empregar a população local, ou mesmo realizar a obra em mutirão. 2.2.2 Contenção não convencional Santos (2005) verificou a possibilidade da utilização de garrafa PET envasadas com solo como estrutura de contenção em obras de pequeno porte por meio da análise de dados dos ensaios realizados. Nesta análise, Santos (2005) observa que "a estrutura está submetida à ação de seu peso próprio, sobrecargas e empuxos de terra. A avaliação é realizada de forma a verificar a sua capacidade de resistir aos riscos potenciais de uma ruptura por tombamento, deslizamento ou por falta de capacidade de carga do solo de fundação." Observa ainda que as tensões suportadas pelo conjunto da estrutura podem levar a esforços internos excessivos que atuam diretamente nas junções das garrafas causando movimentos na interface garrafa-garrafa. Através destas observações criou-se para esta pesquisa a metodologia com gaiolas do tipo gabião tendo em vista eliminar o deslocamento garrafa-garrafa. Outro procedimento adotado foi amassar as garrafas, para não se ter mais os constituintes uniformes e lisos. Definições sobre polímeros Santos (2005) informa que do ponto de vista de reutilização a garrafa PET apresenta alta resistência à tração, em média de 1000 kPa, e elevada durabilidade, em torno de 450 anos, estes fatores influenciam os centros de pesquisa a desenvolverem estudos voltados para a sua aplicação como material alternativo de engenharia. No trabalho o autor ainda cita que a aplicação destes elementos alternativos baseado em critérios técnicos podem ser indicados com segurança nos projetos de engenharia sem grandes necessidades de mão de obra especializada. 2.3 Resíduos de Construção e Demolição O Resíduo da Construção Civil (RCD), popularmente conhecido como entulho, é uma importante parcela na poluição ambiental. Muitas empresas têm buscado a reciclagem e o reaproveitamento do mesmo para diversos fins, especialmente para o reuso em obras de engenharia civil, devido as suas excelentes propriedades físicas advindas do material de origem. Existem empresas especializadas na reutilização do RCD, como exemplo o Areal Bela Vista, situado em Sobradinho - DF, onde primeiramente é feita uma triagem dos materiais, tendo em vista seus destinos corretos. A parte mineral dos resíduos (argamassas, concretos, tijolos, etc.) é britada a fim de se obter materiais finais de diferentes granulometrias, e com propriedades semelhantes as das areias ou até mesmo das britas. As outras partes dos resíduos, como plástico, metais e madeiras são destinados a diferentes empresas que fazem a reciclagem destes. De acordo com a resolução número 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os Resíduos da Construção Civil (RCD), podem ser classificados em três classes de acordo com seu uso/origem: Classe A, que são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (subdivide-se em 3 classes devido às origens do resíduo); Classe B, que são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como os plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; Classe C que são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; e por último a Classe D que são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Metodologia Embasado em pesquisas anteriores e em processos estatísticos de amostragem, realizouse ensaios em laboratório para qualificação dos materiais utilizados na pesquisa, como por exemplo a geração da curva que relaciona o número de golpes deferidos em uma garrafa preenchida com RCD, e o seu acréscimo de massa. A curva gerada fez-se necessária, pois juntamente com o atrito, o peso é um fator fundamental para a estabilização do talude contido pelos gabiões. Também em laboratório, tentou-se ensaiar o arranjo garrafa/RCD, e calcular assim a resistência à compressão, que consiste na forma a qual os arranjos (gabiões com garrafa PET/RCD) poderão ser solicitados. 3.2 Materiais e equipamentos Foram utilizados os seguintes materiais: Garrafa PET de 1,5 litros a 3 litros; Gabiões de 2x1x1 (medidas em metros, sendo: comprimento x profundidade x altura) com malha de 5x7 (cm²), que não permitem a passagem do material de enchimento do gabião (as garrafas de PET); Material granular proveniente da britagem de RCD. Quanto aos equipamentos utilizados foram os seguintes: funil, pá, enxada, carrinho de mão, caixote, máscaras específicas para trabalhos com partículas finas, luvas, balança e prensa para ensaio de compressão uniaxial. 3.3 Procedimentos garrafas de enchimento das Baseado em alguns procedimentos iniciais para uma melhor eficiência no enchimento das garrafas com RCD elaborou-se uma padronização para o processo, o qual se apresenta: 1) Escolher um local arejado, pois o processo envolve muito percolado fino em suspensão, quando o RCD encontra-se seco. Prover-se de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): luvas, máscara e óculos; 2) O peneiramento do RCD é opcional. A peneira não é especificada, porém os grãos devem passar na boca da garrafa com eficiência; 3) Não é necessário umedecer o RCD para inserção na garrafa, pois diferente dos ensaios de compactação que se busca uma umidade ótima, a curva realizada para este tipo de compactação comprova a eficiência do material seco, sem falar na dificuldade do manuseio; 4) O RCD a ser utilizado deve ser estocado em abrigo, ou então coberto, de modo a evitar a umidade de origem natural e a dispersão pela ação do vento; 5) Amassar a garrafa, pois essa rugosidade será responsável pelo atrito entre as garrafas. Atentar para não danificar a boca da garrafa; 6) Encher a garrafa com o RCD através de funil ou qualquer outra forma mais eficiente; 7) Para uma compactação inicial, golpear a garrafa cheia, na vertical de uma altura de aproximadamente 10+-2 cm por 10 vezes, conforme Figura 3; 8) Completar a garrafa com RCD, golpear novamente a garrafa da mesma altura citada no item 7, por 4 vezes; 9) Encher novamente o espaço vazio, tampar a garrafa e repetir o processo para todas. Figura 3. Ensaio para definir o número de golpes A Figura 4 apresenta todas as garrafas utilizadas nesta pesquisa preenchidas pelo RCD. Foram necessárias em torno de 700 garrafas e foram gastos em média 2 min./garrafa, totalizando em aproximadamente 24 horas de serviço. Naturalmente isto não representa o tempo demandado, pois empenhouse um maior número de pessoas nesta etapa. a série com uma aplicação de um certo número de golpes nas garrafas e, por conseguinte suas pesagens. Para a compactação é necessário tampar as garrafas, evitando que material seja projetado para fora, prejudicando o ensaio. O procedimento de preenchimento, pesagem e aplicação de golpes repetiu-se, variando apenas o número de golpes. No começo não houve golpes, no segundo ciclo houve 5 golpes, no terceiro ciclo houve apenas 2 golpes. Para o restante, o número de golpes deferidos foi a diferença entre números consecutivos da serie apresentada a seguir: 0, 5, 7, 9, 12, 15 golpes. Percebeu-se que com menos de 5 golpes não haveria um resultado satisfatório, e que a partir de 15 golpes a variação de vazios seria muito pequena. 3.5 Procedimentos para obter a resistência à compressão das garrafas preenchidas com RCD A prensa (Figura 5) do laboratório de solos do UniCEUB tem capacidade máxima de 500KN, e deslocamento máximo de 2,5cm na vertical. Este ensaio não foi possível ser concluído, pois se atentou apenas para a carga limite, e não para o deslocamento. Ela atingiu cerca de 470KN na garrafa, porém o deslocamento excedeu o limite, o que danificou a prensa e impossibilitou a geração de dados para estudo. Há a possibilidade de a força de pico ser maior do que 470KN, pois a garrafa não havia sido rompida, aparentemente. Figura 4. Aglomerado de garrafas preenchidas com RCD 3.4 Procedimentos para elaboração da curva golpes x massa Por questões estatísticas foram escolhidas 6 garrafas do mesmo modelo, sendo 3 para ensaiar o RCD seco e 3 para o RCD molhado. Neste ensaio as garrafas não foram amassadas. As garrafas foram identificadas, e então preenchidas com o RCD, tomando-se cuidado para evitar qualquer compactação inicial, pois esta primeira pesagem refere-se à quantidade zero para o número de golpes. A partir do primeiro preenchimento das garrafas, pesou-se cada uma, e então se iniciou Figura 5. Ensaio de compressão Uniaxial 3.6 Estimativa do número de garrafas Para estimar o peso do conjunto e adquirir as garrafas, estimou-se a quantidade de garrafas. Com o auxílio do Programa AutoCAD, e com as dimensões de uma garrafa PET de 2L, que é apresentada em maior quantidade nos pontos de coleta de materiais recicláveis, foi possível estimar o número de garrafas em aproximadamente 700 por gabião do tipo utilizado, de 2m³ em volume. Figura 7. Gabião sendo enchido em forma de mutirão. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Processo de montagem do gabião em campo experimental do UniCEUB Asa Norte. Foi confeccionado o gabarito de sustentação do gabião do tipo caixa, e na sequência ocorreu o preenchimento da estrutura com as garrafas PET/RCD em sistema de mutirão, conforme Figuras 6, 7 e 8. Este procedimento de montagem do gabião contou com uma equipe de 15 pessoas, aproximadamente, e levou cerca de 1 hora. É recomendado um número mínimo de 2 pessoas tendo em vista proporcionar a sustentação do gabião e posteriormente a colocação das garrafas preenchidas com solo. Figura 8. Gabião finalizado. 4.2 Curva golpes x massa As Tabelas 1 e 2 apresentam os dados coletados do procedimento 3.4 apresentado na metodologia. As siglas ao início das linhas fazem referência ao estado do RCD, seco ou molhado. Tabela 1. Massa (g) x Número de golpes Massa (g) e número de golpes Sigla 0 5 7 9 12 1 S 2757,8 3167,9 3268,2 3321,4 3362,5 2 S 2932,8 3264,8 3343,8 3377,1 3408,4 3 S 3085,8 3347,2 3411,6 3443,0 3466,3 1 M 2423,4 2967,8 3206,3 3352,3 3436,9 2 M 2209,9 2833,9 3125,5 3255,9 3350,4 3 M 2174,5 2826,0 3062,6 3205,3 3286,4 15 3386,1 3432,5 3486,1 3512,9 3414,8 3367,5 Tabela 2. Massa média por grupo (g) x Número de golpes Figura 6. Montagem do gabião Condição Seco Molhado Massa média (g) e número de golpes 0 5 7 9 12 15 2925,5 3260 3341,2 3380,5 3412,4 3434,9 2269,3 2875,9 3131,5 3271,2 3357,9 3431,7 Com as médias das massas foi possível gerar um gráfico (Gráfico 1) de dispersão, relacionando o número de golpes e a massa média das garrafas. Gráfico 1. Massa média por grupo (g) x Número de golpes próximo estão de seu limite, e, portanto mais difícil colocar uma maior porcentagem, o que mostra que a linha seca tem uma massa maior inicial, visto no Gráfico 1. No Gráfico 2 apresentado, o resultado esperado era encontrar um ponto aonde o resultado tendesse a zero. Para o material seco esse ponto acontece por volta de 10 golpes, onde a linha que segue aproxima-se cada vez mais de 0%. Para o material molhado, que tem comportamento diferente, percebe-se um ganho de massa mais sutil e lento, chegando em 15 golpes sem se estabilizar. 4.3 Resistência à compressão das garrafas preenchidas com RCD Pelo gráfico 1 é possível notar que a massa tende a ser constante ao final dos gráficos e que as garrafas preenchidas com RCD seco ganham massa mais facilmente do que as preenchidas com RCD molhado, sendo esta uma das justificativas para a metodologia de enchimento das garrafas utilizar o material seco. Para o um melhor entendimento dos dados apresentados no gráfico 1, formatou-se mais uma tabela, e o seu respectivo gráfico (Gráfico 2), apresentando o acréscimo de massa entre o número de golpes e o seu anterior, conforme a Tabela 3. Tabela 3. Acréscimo de massa e número de golpes Gráfico 2. Número de golpes x acréscimo de massa A prensa disponível para este trabalho foi um fator limitador para esse ensaio, e não foi possível obter resultados apropriados, conforme justificado no item 3.5. 4.4 Com uma quantidade média de 700 garrafas, conforme o item 3.5, e uma massa média para 9 golpes (utilizou-se 10 golpes no procedimento, porém arredonda-se para baixo), de 3380,5 g para material seco e 3271,2 g para material molhado, foi possível estimar a massa do conjunto conforme a Tabela 5. Primeiro foi feita a média entre a massa do material seco e o material molhado para 9 golpes, conforme a Tabela 5. Tabela 5. Cálculo da Massa final do conjunto Massa média com 9 golpes (g) Unds. Seca Molhada Média Total 700 3380,5 3271,2 3325,85 2328095 Total em (Kg): 2328,095 5 A linha que se refere ao material seco apresenta um ganho de massa em porcentagem mais baixo do que a outra linha, pois conforme as garrafas apresentam maior massa, mais Estimativa de massa do GabPET CONSIDERAÇÕES FINAIS A execução de todo o processo pode até ser dito trabalhoso, porém uma vez que para métodos até então convencionais de execução de gabiões com rocha não se acompanha: a extração do material nobre do seu local de origem, seu processamento, transporte, distribuição e comercialização, logo todos os conceitos que envolvem uma solução como a apresentada neste trabalho devem ser consideradas principalmente no que diz respeito ao conceito de sustentabilidade. Além de a alternativa estudada contribuir para o entendimento de uma solução sustentável, não convencional, na qual agrega diversos valores os quais cita-se:1) técnicos, no qual conseguiu-se atrito e peso para o gabião montado; 2) econômico, no qual a utilização do RCD e das garrafas de PET podem ser adquiridas em processos de descarte, sendo assim um material de enchimento mais econômico do que a rocha utilizada nas soluções convencionais; 3) ecologicamente viável, pois retira-se do meio ambiente as garrafas de PET descartadas no meio ambiente e o RCD gerado em grande escala na construção civil. Cabe salientar o processo executivo como sendo produtivo e eficiente visto que pode ser em formato de mutirão, realizado por cooperativas ou associações de moradores. Baseado no pressuposto conclui-se que este trabalho muito contribui com uma solução sustentável e inovadora. E ainda, eleva a necessidade dos profissionais buscarem entender o comportamento dos materiais não convencionais de maneira que possam com eficiência poderem indicar soluções sustentáveis de projetos. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Fátima e Guido, à minha namorada Rebecca, aos meus irmãos, Ana e Phellipe, à Deus, à Prof. Maruska, ao UniCEUB, à Maccaferri e todos que contribuíram para esta pesquisa. REFERÊNCIAS AGOPYAN, V. (2011) O desafio da sustentabilidade na construção civil. Volume 5. São Paulo: Blucher. CREtatec Tecnologia, Resíduos de Construção e Demolição. Disponível em: <http://www.cretatec. com.br/index.php?Itemid=78&catid=29:wikiresiduos&id=56:residuos-de-construcao-edemolicao&option=com_content&view=article>. Acesso em: 01 abr. 2013. DAS, Braja M. (2011) Fundamentos de engenharia geotécnica. 7 ed. São Paulo: Cengage Learning. DERMAJAROVICK, J. (1995) Da política habitacional de tratamento do lixo a política de gestão de resíduo sólido as novas prioridades. 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