1 SERVIÇO SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O CONTROLE SOCIAL Francinese Raquel Vieira Silva* RESUMO O texto é parte do projeto de pesquisa “Tendências Contemporâneas do Mercado de Trabalho do Serviço Social”, desenvolvido através da parceria entre o Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS 16ª. Região/AL) e traz um estudo sobre a atuação de assistentes sociais envolvidas em práticas de controle social na política de saúde. Palavras-chaves: Política de Saúde, Controle Social, Serviço Social. ABSTRACT The text is part of the research project "Trends Contemporaries of the Market of Work of the Social Service", developed through the partnership it enters the Department of Social Service of the Federal University of Alagoas and the Regional Advice of Social Service (CRESS 16ª. Região/AL) and brings a study on the performance of involved social assistants in practical of social control in the politics of health. Keywords: Politics of Health, Social Control, Social Service. 1 INTRODUÇÃO O estudo sobre a atuação de assistentes sociais envolvidos em práticas de controle social na política de saúde é parte do projeto de pesquisa “Tendências Contemporâneas do Mercado de Trabalho do Serviço Social”1, desenvolvido através da parceria entre o Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS 16ª. Região/AL). Apresentamos algumas reflexões sobre o controle social e sobre a atuação do assistente social na política de saúde. Partimos do reconhecimento do Serviço Social como uma profissão que se institucionaliza vinculada ao aparelho estatal para intervir junto aos trabalhadores, desenvolvendo ações voltadas à implementação de políticas sociais como formas de enfrentamento da questão social (PRÉDES, 2002, p.64). É uma profissão que participa do processo social, reproduzindo as contradições próprias do capitalismo, ao mesmo tempo e pelas mesmas atividades pelas quais é chamado a reforçar as condições de dominação (IAMAMOTO, 2003, p.23). * Graduanda em Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas Coordenado pela professora Dr.ª Rosa Prédes, orientadora desse estudo, que é parte do meu plano de trabalho de Iniciação Científica (PIBIC/UFAL/CNPq). 1 São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 2 2 SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA DE SAÚDE O Serviço Social que surgiu como profissão na Europa, emerge nos Estados Unidos no início do século XIX, implantado em diversos hospitais com o objetivo de fortalecer a personalidade do doente e ajudar os médicos nas suas atividades. Nesse período o Serviço Social começa a atuar nas instituições públicas executando as políticas sociais de saúde emanadas pelo Estado e sua ação tem a intenção de ajustar o paciente às instituições assistenciais e às condições normais de vida (BRAVO, 2004, p.21). No Brasil, o Serviço Social surge, nos inícios da década de 1930, como parte de um movimento social mais amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária e social do laicato, para uma presença mais ativa da Igreja Católica no cenário político. No entanto, a expansão do Serviço Social e o seu processo de institucionalização como profissão - reconhecida na divisão social do trabalho - estão vinculados à criação das grandes instituições assistenciais, estatais e paraestatais ou autárquicas, especialmente na década de 1940. Nessa década, a ação profissional na saúde também se amplia, transformando-se no setor que mais absorve os assistentes sociais (BRAVO; MATOS, 2001, p.28). A ação profissional se amplia na saúde devido ao conceito de saúde adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948, em que foram enfocados aspectos biopsicossociais, num momento em que se passava por graves problemas de saúde, sobretudo em países periféricos. Nesse sentido, o assistente social deu sua contribuição enfatizando a prática educativa com relação aos hábitos de higiene e saúde, atuando inclusive nos programas prioritários estabelecidos pelas normatizações da política de saúde (BRAVO;MATOS, 2001, p.28). Em fins da década de 1940 e início da de 50, a Política Nacional de Saúde mostrou-se uma política centrada na assistência médica hospitalar e curativa com a particularidade de que a assistência prestada, por não ter caráter de universalidade, gerou uma contradição entre a demanda e seu caráter excludente e seletivo. O assistente social que atua em hospitais tem como atribuições: o plantão, a triagem, o encaminhamento, a concessão de benefícios e a orientação previdenciária; colocando-se entre a instituição e a população viabilizando o acesso dos usuários aos serviços e benefícios. Essa ação profissional chamada de Serviço Social Médico tinha como finalidade auxiliar no tratamento médico sob a orientação dos padrões aprovados pela Associação Americana de Assistentes Sociais e pela Associação Americana de Hospitais. A partir do golpe de 1964, houve um redirecionamento da profissão visto que o país passava por profundas modificações sociais. O modelo autocrático exigia do São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 3 profissional de Serviço Social uma postura moderna, podendo se destacar as técnicas de intervenção, a burocratização das atividades, a psicologização das relações sociais e a concessão de benefícios. A modernização conservadora foi motivo para reflexões sobre a prática profissional, tendo o Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio em Serviços Sociais (CBCISS) como principal impulsionador e difusor da “perspectiva modernizadora” (PAULO NETTO, 2001). Na área da saúde, foi enfatizada a dimensão curativa, principalmente na assistência médica previdenciária (BRAVO, 2004). Na década de 1970, a ação dos assistentes sociais na saúde aparece em dois Ministérios: no Ministério da Saúde e no de Previdência Social. No Ministério da Saúde os profissionais se encontravam espalhados em diversas instituições, sem uma coordenação geral. O grupo que se destacou vinculou-se ao Departamento Nacional da Criança, no Centro de Orientação Juvenil, pautando-se numa abordagem psicologista. Nos hospitais psiquiátricos, os assistentes sociais atuavam com as “comunidades terapêuticas” fazendo grupos operativos e terapia familiar juntamente a outros membros da equipe de saúde. No Ministério da Previdência, o Serviço Social, que possuía uma coordenação em nível nacional, norteou sua prática pelo Plano Básico de Ação (BRAVO,2004, p.101). No período de distensão política (1974-79), o Serviço Social na saúde permaneceu sem alterações - mesmo com a emergência do Movimento Sanitário - norteado pela “perspectiva modernizadora”, com suas ações predominantemente rotineiras, burocratizada, empirista, com ênfase na racionalidade e seletividade (BRAVO, 2004). É importante ressaltar que nesse período o controle social era entendido como forma de repressão do Estado sobre a sociedade, período em que qualquer manifestação que viesse a ameaçar o status quo seria bruscamente contida. O Serviço Social, então, era apreendido como atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle social e na difusão da ideologia dominante (IAMAMOTO, 2004, p.23). No período da abertura política (1979-84), refletindo a conjuntura nacional de crise do pós-64, a perspectiva modernizadora também foi posta em questão evidenciandose duas novas direções: a perspectiva de reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura, com hegemonia para esta segunda (PAULO NETTO, 2001). A perspectiva de reatualização do conservadorismo, segundo o autor (2001), condensou a renovação compatível com o segmento do Serviço Social mais impermeável às mudanças, recuperando os componentes mais estratificados da herança histórica e conservadora da profissão. Esta direção repudia os padrões vinculados ao positivismo e às referências ao pensamento crítico dialético de raiz marxiana, recorrendo à fenomenologia e trazendo um Serviço Social voltado à valorização da personalidade, atuando no circuito da ajuda psicossocial. São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 4 Já a perspectiva de intenção de ruptura, expressa no processo de laicização e diferenciação da profissão, busca romper com a herança conservadora, tendo como referencial teórico a Teoria Social de Marx que traz embutido um ponto de vista de classe, um projeto societário presidido pela força criadora do trabalho, que é essencialmente histórico e se plasma no acontecer da vida social, o que supõe enfrentar o desafio de, a partir das grandes leis e tendências da sociedade burguesa, decifrar as particularidades históricas do movimento atual. Sem isso, não há como entender e conduzir criticamente a ação profissional (IAMAMOTO, 2000, p.179). Esta perspectiva encontra maior articulação e diversos eventos aconteceram tendo como eixo de discussão temas como Estado, Instituições e Políticas Sociais No processo de reelaboração do setor da saúde – na passagem da década de 70 para 80 – Bravo (Id) salienta que o Serviço Social ficou marginalizado, não participando nem sendo solicitado para contribuir nas alterações ocorridas no aparelho do Estado. A autora ainda destaca os condicionantes dessa omissão: a necessidade dos adeptos da vertente “intenção de ruptura” terem feito um redimensionamento teórico-metodológico, numa profissão desprovida de acúmulo no domínio da elaboração e investigação, precisando se construir sobre bases quase que inteiramente novas. Outro aspecto se referiu à subalternidade do assistente social na área da saúde na qual o protagonista principal é o médico e os paramédicos, bem como pelo fato da profissão ser majoritariamente feminina, que também é entendido como um condicionante de subalternidade. Um balanço dos anos 80, feito por Bravo e Matos (2001, p.34), para o Serviço Social permite observar uma mudança de posição na atividade profissional. Alguns trabalhos em saúde apresentados no Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (de 1985 e 89) demonstraram uma postura crítica; houve ainda apresentações de outros trabalhos no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva; a formulação de uma proposta de intervenção formulada pela ABESS, ANAS e CFAS para o Serviço Social do INAMPS; e a rearticulação do CFAS com outros conselhos federais da área da saúde. Na VIII Conferência de Saúde estiveram presentes cerca de trinta assistentes sociais, assim distribuídos: representantes do Conselho Federal de Assistentes Sociais (três), representantes da ANAS (três), representantes dos sindicatos profissionais, assistentes sociais da Secretaria de Saúde do Paraná e de outros estados. Não houve uma preparação, via encontros da categoria para a Conferência, conforme sugestão da plenária de saúde do V CBAS, a maior delegação presente foi a do Paraná (BRAVO,2004,p.137). A contradição posta na década de 1990 relacionada à aproximação do Brasil a uma política de corte neoliberal e, paralelamente, ao aceleramento do processo de controle social – tido como a capacidade propositiva e fiscalizatória da sociedade no direcionamento dos gastos públicos – possibilita a ampliação da atuação dos assistentes sociais que passa São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 5 a ser requisitado para responder as demandas dos dois projetos. No projeto privatista, realizando seleção socioeconômica de usuários, atuação psicossocial por meio de aconselhamento, ação fiscalizatória aos usuários dos planos de saúde, assistencialismo através da ideologia do favor e predomínio das abordagens individuais. No projeto da Reforma Sanitária, o assistente social vem assumindo questões como: a busca de democratização no acesso às unidades e aos serviços de saúde, atendimento humanizado, estratégias de interação da instituição de saúde com a realidade, interdisciplinaridade, ênfase nas abordagens grupais, acesso democrático às informações e estímulo à participação cidadã (BRAVO; MATOS, 2001, p.36). 3 PARTICIPAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE EM ALAGOAS E SUA INSERÇÃO NAS AÇÕES DE CONTROLE SOCIAL Inicialmente procuramos identificar a presença dos assistentes sociais na Política de Saúde em Alagoas, tomando os dados sobre o mercado de trabalho nessa área: Até julho de 2003, dos 985 assistentes sociais em registro ativo no CRESS 16ºRegião, 425 profissionais trabalhavam na área da saúde (46,55% do total)2. Isso já se configura num avanço, visto que em 2001 esse número correspondia a 349 assistentes sociais e em 2002, 368 profissionais nessa área (PRÉDES, 2002). Em consulta ao endereço eletrônico do DATASUS3, encontramos 247 assistentes sociais cadastrados com atuação em Maceió, no Sistema Único de Saúde de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. O cadastro ainda fornece a quantidade de profissionais de outros municípios do interior do Estado de Alagoas: em Arapiraca são 36 profissionais do Serviço Social na saúde, em Coruripe e Palmeira dos Índios são 04; em Santana do Ipanema e São Luís do Quitunde são 03; Anadia e Girau do Ponciano são 02; municípios como Água Branca, Atalaia, Boca da Mata, Cacimbinhas, Campo Alegre e outros só possuem uma assistente social cadastrada. É importante frisar que existem outros municípios que não apresentam assistentes sociais, porém como esse cadastro é realizado pelos próprios profissionais, alguns podem não ter se cadastrado por falta de conhecimento do cadastro ou mesmo por falta de acesso ao site. Para nossa pesquisa procuramos identificar as atribuições desempenhadas pelos assistentes sociais da saúde, especialmente aquelas relacionadas com o controle social. De acordo com a pesquisa realizada em 2002, as principais atribuições desses profissionais na saúde são: encaminhar providências a indivíduos, grupos e à população; e 2 Fonte: PREDES, Rosa. Relatório Final do Projeto de Pesquisa Tendências contemporâneas do mercado de trabalho do Serviço Social em Alagoas. Maceió, março, 2004. 3 A consulta foi realizada através do endereço: www.datasus.gov.br, em janeiro do corrente ano. São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 6 orientação social a grupos (12,72%), seguido da orientação social a grupos (6,36%), orientação a indivíduos e grupos para identificação e utilização de recursos sociais na defesa de seus direitos (5,45¨%) e articulação interinstitucional (5%). Segundo Prédes (2002, p.33), é interessante notar que a maior parte das atribuições refere-se àquelas consolidadas, historicamente, na profissão e relacionadas à execução terminal de serviços sociais. Portanto, a atuação junto aos conselhos de saúde não aparece dentre as principais atribuições dos assistentes sociais, no entanto a bibliografia consultada nos indica que essa atribuição tem sido cada vez mais assumida pelos profissionais. Assim, partimos para identificar a inserção dos assistentes sociais de Alagoas no controle social da política de saúde. Realizamos uma pesquisa através do SISCAFW e dos ofícios expedidos4 pelo CRESS 16ª Região AL em 2003 e 2004. Através da primeira fonte, encontramos 24 assistentes sociais conselheiras atuando em 25 Conselhos Municipais (de Saúde, Assistência, Idoso, Criança e Adolescente, Previdência Social), sendo que desses 25 conselhos, 14 são de Assistência Social; em Conselhos Municipais de Saúde aparecem apenas 07 e ainda, dentre essas, 05 assumem cargos nos Conselhos de Assistência Social de seus respectivos municípios. Através dos ofícios expedidos pelo CRESS 16ª Região AL em 2003 e 2004, essa quantidade de assistentes sociais em Conselhos Municipais da Assistência Social ainda é maior; enquanto só foi identificado um ofício ao Conselho Municipal de Saúde, foram observados 24 destinados a Conselhos de Assistência Social, incluindo o Conselho Estadual de Assistência. Essa prevalência do assistente social nos conselhos de assistência social pode ter uma explicação: apesar da legalização das instâncias de controle social (leis 8.080 e 8.142) que permitiu uma maior participação da sociedade civil organizada no SUS, e inclusive maior abertura para a atuação do assistente social na saúde; a Assistência Social possui um maior vínculo com as práticas do Serviço Social. É interessante lembrar que os elementos de “colonização” que foram impostos e assumidos por políticos, administradores e técnicos e por setores sociais, ao longo do tempo, acabaram por tornar politicamente invisível o fenômeno da descentralização e regionalização político-administrativa do Estado (Felicíssimo, s/d, p.7). Sendo assim, os conselhos, como reflexo desse processo de descentralização, sofrem a possibilidade de tornarem-se instâncias sem potencial de transformação, e no caso da Assistência Social, que é uma política menos avançada do que a da Saúde, sendo necessário estar sempre atento às artimanhas que o poder político possa impor. No âmbito da administração municipal, a Lei 3.997 de 07 de agosto de 1990 instituiu o controle social na Secretaria de Saúde, criando o Conselho Municipal de Saúde São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 7 (CMS) de Maceió e que, atualmente, está composto por 10 representantes dos usuários, 06 representantes dos trabalhadores da saúde, 02 representantes dos prestadores de serviços e 03 representantes do governo. O CMS possui três comissões: Legislação, Comunicação e Ética; Gestão, Orçamento e Finanças; e Acompanhamento de Projetos, Contratos e Convênios. O Serviço Social representado na assessoria técnica não possui nenhum projeto específico, ficam na sala do Conselho Municipal de Saúde desenvolvendo suas atribuições: organização da reunião a partir da pauta definida, registro das atas (as reuniões são gravadas e só depois transcritas para a ata), documentação, articulação com conselheiros e com setores envolvidos. As três assessoras técnicas possuem atribuições semelhantes às da conselheira secretária com a particularidade de que assessora técnica não tem direito ao voto. O município de Maceió possui 47 Unidades de Saúde (distribuídas nos 07 Distritos Sanitários), dentre essas, 43 estão com o Conselho Gestor ativo. Nem todas as Unidades de Saúde possuem assistentes sociais, ou possuem e não estão envolvidas com o C.G.S., o que se configura numa problemática uma vez que esses conselhos são alvos de interesses políticos que procuram inserir seus cabos eleitorais aproveitando da condição de carência da população, que muitas vezes, por não terem renda fixa, submetem-se a candidatos que não têm sequer formação adequada nem preocupação com os interesses da comunidade local. Nesse contexto, nas práticas e instâncias de controle social5, o assistente social tem um papel fundamental que é o de impulsionar o processo de publicização. Tornar público o que já é público significa incutir na consciência da sociedade suas responsabilidades e direitos, destinando-se para a construção de esfera pública verdadeiramente democrática e dando voz e vez aos novos sujeitos sociais, fortalecendo os espaços de representação social na organização de gestão das políticas públicas. Para viabilizar todo esse processo, o assistente social deverá participar qualificadamente, tanto a nível teórico-técnico quanto a nível ético-político, para melhor influir nos conselhos e fóruns. Segundo Raichelis (2000), a ação do Serviço Social torna-se fundamental em duas direções: para impulsionar e ampliar o movimento que organiza em torno da defesa das políticas sociais, propondo novas estratégias para o enfrentamento das demandas sociais conjunturais, a partir da inserção dos assistentes sociais no aparato institucional onde se desenvolve o trabalho profissional [...]; e ao mesmo tempo colaborar para a sistematização das experiências e para o adensamento da produção teórica no 4 Ofícios em que o CRESS indica o assistente social como representante dos profissionais nos conselhos. Enfatizamos que aqui o controle social já é compreendido a partir da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica da Saúde, em que nas suas instâncias (conselhos e conferências) a população tem o direito e o dever de opinar, propor e intervir na política de saúde. São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005 5 8 âmbito das políticas sociais, articulados à análise das tendências macrossocietárias que iluminem estrategicamente os rumos a serem perseguidos. Pode-se concluir que a política de saúde é toda ela permeada pelas expressões do controle social, seja exercido em favor do Estado ou em favor da sociedade. A prática profissional do assistente social também passou por um movimento similar, uma vez que a profissão surgiu demandada pelo capitalismo para intervir junto aos trabalhadores de maneira a difundir e fortalecer a ideologia dominante e, atualmente, se mantém (ainda que reproduzindo as contradições próprias do sistema capitalista) como profissão que atua sob a ótica da garantia de direitos à classe subalterna, intervindo na realidade para que se execute o que está posto em lei. A importância das práticas de controle social por parte do assistente social na sociedade contemporânea vai muito além da execução de demandas postas, significa alcançar um patamar em que o fazer profissional ultrapasse a mera demanda institucional e atinja um nível em que a participação cidadã realmente aconteça. 4 CONCLUSÃO Nossa investigação sobre a participação do assistente social em conselhos de saúde – especialmente a identificação da realidade atual – coloca-se como uma necessidade, na medida em que os estudos bibliográficos mostraram que esse profissional tem uma participação histórica nesse processo. Aqui apresentamos nosso levantamento inicial, como ponto de partida para o aprofundamento do estudo sobre a atuação profissional nas práticas de controle social da saúde. REFERÊNCIAS BRAVO, Maria Inês Souza; MATOS, Maurílio Castro de. A Saúde no Brasil: Reforma Sanitária e Ofensiva Neoliberal. In: BRAVO, M. I.; PEREIRA, P (orgs). Política e Democracia. 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