l Ciclo de palestras dissemina conhecimento 1 Este jornal faz parte da do Savana do dia SETEMBROedição - OUTUBRO/2014 de Novembro o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o a7 cadémico l o académico de l 2014, pelo que não deve ser vendido separadamente – Página 5 SETEMBRO - OUTUBRO - 2014 Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva Ano I Edição N.o 14 www.apolitecnica.ac.mz l Periodicidade: BIMESTRal Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 A Politécnica: graduar a pensar na festa dos 20 anos – Páginas 8, 9, 10 e 11 Nacionalismo e Renascimento Africano - Professor Doutor Lourenço do Rosário – Páginas 12 E 13 2 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l NES TA EDIÇÃO Editorial Graduação a caminho dos 20 anos de existência 14 A PELA SUA ENTREGA E DEDICAÇÃO Eng.° António Elias Alves homenageado Pág. 4 A Politécnica realiza ciclo de palestras Pág. 4 Reflexão sobre comportamento organizacional na CPLP - tema de reflexão Págs. 5/7 Universidade Politécnica e Moza Banco assinam protocolo de parceria 6 Pág. Mais de 300 técnicos superiores no mercado de emprego Págs. 8/11 A Politécnica vence torneio de futsal Pág. 14 Prepara-se festa rija para comemorar “bodas de porcelana” Pág. 15 acincet ahciF Ficha tÉcnica Universidade Politécnica graduou em Setembro último mais de 300 técnicos superiores de diferentes cursos leccionados neste estabelecimento de ensino, nos níveis de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento. A cerimónia de graduação acontece numa altura em que estão a ser projectadas várias actividades para se comemorar, em 2015, os 20 anos de existência da Universidade, que será, sem dúvida, um grande marco histórico desta primeira instituição de ensino privado a nascer em Moçambique. A Politécnica, desde que foi criada, tem vindo a consolidar-se de forma destacável, com um relevante papel na elevação do nível educacional, técnico-científico e cultural em Moçambique, seguindo os mais altos padrões de ensino, mostrando aos seus estudantes que é uma instituição séria e responsável a todos os níveis. Aliás, como referiu o Magnífico Reitor desta instituição na cerimónia de graduação realizada no ano passado, a partir de 2013 “a Universidade Politécnica atingiu a idade que o ciclo de vida dos humanos se chama maioridade (…), pois foi a 13 de Setembro de 1995 que, oficialmente, nasceu a primeira instituição privada de ensino superior de Moçambique, mercê das grandes modificações político-legais que vinham sendo operadas no nosso País, após o abandono do regime de partido único e a adopção do sistema multipartidário, após a assinatura do Acordo Geral de Paz que punha fim a uma sangrenta guerra de 16 anos que destruiu o país material e espiritualmente”. Segundo o Reitor, estas modificações permitiram abrir espaços para que moçambicanos pudessem entrar em diversas áreas, concorrendo para a reconstrução da pátria destruída, lutando ao lado do governo, com o fim de trazer esperança ao povo moçambicano. Foi assim na área da Economia, foi assim na área da Saúde, foi assim na área dos Transportes, foi também assim na área da Educação e nas mais diversas áreas da vida nacional. Assim, o “Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU) nasceu sob o signo de lutar para ganhar relevo e relevância, procurando sempre fazer melhor o que podia fazer naquele momento. Por isso, o seu lema foi: “Queremos ser a melhor universidade” e perseguiu com persistência esse desiderato. Ficam de lado todas as dificuldades que enfrentamos porque essas não são para aqui chamadas, uma vez que hoje é um dia de festa para os graduados e seus familiares e para a comunidade académica e para todos aqueles que nos estimam e apreciam. Depois do ISPU, muitas e variadas instituições privadas e públicas de ensino superior surgiram. No entanto, o ISPU não correu atrás de um presumível prejuízo da concorrência, porque entendeu seguir o seu próprio caminho. Por isso, quando comemorou os seus dez anos ostentou com orgulho o slogan “ISPU-10 anos marcando a diferença”. E a diferença estava no crescimento visível em todos os aspectos da condição de se ser universidade: infra-estruturas, equipamentos, expansão territorial, formação do corpo docente, extensão e cooperação universitária, tendo granjeado grande prestígio nacional e internacional, o que é motivo de orgulho para os seus estudantes e grande auto-estima para todos nós. Por isso, foi com naturalidade que o ISPU tinha que dar lugar ao nascimento da Universidade Politécnica. “Esta universidade não nasceu em bicos de pés, nem com roupagem forçada. Foi uma transformação normal e natural de uma experiência de um instituto que deu espaço ao nascimento de uma universidade. Hoje, festejamos este estado de maioridade no bilhete de identidade, pois a Universidade Politécnica herdou tudo quanto era a essência do ISPU, tendo-lhe acrescentado a dignidade que se espera de uma universidade visível e relevante no contexto do ensino superior em Moçambique, alargando os seus horizontes para a pesquisa científica e pós-graduação em todos os seus graus. Os estudantes que graduam hoje levam consigo a marca da maioridade desta instituição”, referiu na ocasião o Reitor. O nosso “slogan” agora é “várias alternativas, uma opção: A Politécnica!”, porque na realidade acreditamos que o nosso diploma/o vosso diploma é uma opção do culminar de uma opção que vos credencia a apresentardes no mundo do trabalho onde sereis recebidos com a devida vénia. Honrai, pois, este documento que ganhastes pelo vosso esforço, porque sois vós o testemunho do “trabalho árduo que vence todos os obstáculos”, segundo reza o nosso lema e que temos vindo a realizar ao longo destes anos”. Em 2015, vem aí o 20º aniversário da Universidade Politécnica, as chamadas bodas de porcelana. Um número redondo para uma Politécnica que vai de vento em popa na realização da sua visão e missão. n o académico Textos: Prof. Doutor Lourenço do Rosário [email protected] Propriedade: Universidade Politécnica jornal Universitário d'a Politécnica Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 Endereço físico: Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 1011 Email: [email protected] Prof. Doutor João Mosca [email protected] Telefone: +258 21 352 750 - Fax: +258 21 352 701 Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Cel: +258 82 3285250 +258 82 3133700 +258 82 3126180 Lic. Arcénia Chale [email protected] Site: www.apolitecnica.ac.mz Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Assessor: Leandro Paul [email protected] Tiragem: 5.000 exemplares Layout: FDS www.fimdesemana.co.mz SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 3 em foco Acácias realiza baile de finalistas A Escola Secundária das Acácias realizou no passado dia 3 de Outubro o baile de finalistas, evento que teve lugar no Campus principal da Universidade Politécnica. Os finalistas deliciaram os convidados, familiares, amigos e professores com coreografias ímpares. Trajados de vestimentas em formato de batinas brancas e pretas, eles empunhavam velas para abrilhantar a noite. Falando ao “O Académico”, a directora geral-adjunta da Escola Secundária das Acácias, Isabel Zandamela, disse que o baile não era apenas simbologia do culminar de um processo académico, mas também o início de uma nova etapa que exigirá dos finalistas um comprometimento e maturidade cada vez maiores. A entrada no ensino superior e o envolvimento nas tarefas que poderão assumir desde já serão a prova da sua maturidade e comprometimento, pois, afinal de contas, o futuro lhes reserva diversos desafios, cuja superação dependerá em grande medida da forma como cada um fará uso dos conhecimentos adquiridos ao longo deste processo. Encorajando os finalistas, a directora-adjunta Isabel Zandamela disse: “cresçam a olhar para o futuro, não arranjem desculpas para justificar o vosso fracasso. Enfrentem os desafios e os problemas com coragem, perseverança e dignidade, permitindo sempre que o espírito de sabedoria vos conduza”. Edma Selemane, presidente da Comissão de Pais, afirmou, por sua vez, que foi uma etapa espinhosa para os finalistas. Todavia, é um começo, onde cada um vai pôr em prática o que aprendeu na academia durante a sua formação e é com este aprendizado que os mesmos vão singrar na vida. Por sua vez, José Cossa, presidente da comissão dos estudantes, afirmou o seguinte: “deparamo-nos com imensas dificuldades e mesmo assim o processo de aprendizagem se realizou com sucesso, não só formando-nos como estudantes, mas também para conhecermos o valor da derrota e da vitória. Agradecemos aos nossos pais pelo apoio que nos dispuseram, aos professores pelos ensinamentos transmitidos e, acima de tudo, pela paciência que tiveram”. n IMEP gradua profissionais C inquenta e oito estudantes de diferentes cursos foram graduados a 10 de Outubro, em Maputo, pelo Instituto Médio Politécnico - IMEP, numa cerimónia que contou com a presença do Magnifico Reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, membros da direcção daquela instituição de ensino, docentes, pais e encarregados de educação, para além do público em geral. Do grupo dos graduados nesta 10ª cerimónia, 16 são do Curso Médio de Informática, 14 de Construção Civil, 8 de Hotelaria e Turismo, 8 de Gestão e 12 de Contabilidade. Na ocasião, Isabel Zandamela, directora-adjunta do IMEP, apelou aos estudantes graduados para levarem ao mercado de emprego toda a aprendizagem que adquiriram no IMEP e desenvolve-la para onde forem. “Usem os vossos conhecimentos para transformar, inovar e conceber produtos e serviços de elevada qualidade dentro dos sectores em que actuarem profissionalmente”, disse. Por seu turno Danila Marrengula, em representação dos estudantes, afirmou que durante a estadia naquela escola desenvolveram potencial para enfrentarem o mercado de trabalho. “De hoje em diante seremos capazes de enfrentar sozinhos desafios maiores e alcançar os objectivos pessoais. Estamos orgulhosos por termos chegado aqui”. n 4 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l em foco PELA SUA ENTREGA E DEDICAÇÃO Eng.° António Elias Alves homenageado “ A homenagem é um reconhecimento do que foi a minha prestação ao longo dos dezoito anos que estive trabalhando na Politécnica. Sempre estive disponível para qualquer situação, seja qual fosse, de emergência ou não. Fiz todo o meu trabalho por amor à camisola. É uma espécie de eternizar a minha passagem por esta instituição”. Estas foram as palavras do Eng.o António Elias Alves, falando ao “O Académico”, durante a gala em sua homenagem, cerimónia que teve lugar recentemente no Campus Universitário da Politécnica, em Maputo. Segundo o Eng.o António Elias Alves, o que lhe marcou mais na sua carreira na Politécnica foi o facto de ter tido uma enorme responsabilidade em suas mãos, a missão de ensinar, o que fez com que se esforçasse mais e entrasse em outras áreas de conhecimento, tendo por isso um sentimento de ter cumprido a sua missão. “Tenho a sensação de ter cumprido bem a minha missão, papel e dever durante todo o tempo que estive na Politécnica. Trabalhei com boas equipas profissionais e fiéis. Sinto-me realizado, porque cumpri com a confiança depositada em mim. Há que passar o testemunho a outras pessoas para que possam prosseguir com o trabalho. No entanto, estou sempre disponível para prestar qualquer que seja a assistência necessária, disse o engenheiro. COLEGAS ENALTECEM QUALIDADES De acordo com Kátia Levy, Eng.o Civil e directora de Infra-Estruturas e Equipamentos da Universidade Politécnica, que falava em representação dos colegas, o Engº. Alves é uma pessoa muito especial e importante, que sempre deu alegrias e boa disposição à sua volta. “Foi sempre de uma simplicidade na sua forma de ser e estar e de uma dinâmica singular”. Esteve sempre disponível para ensinar e por isso temo-lo como referência. “Reforma é uma palavra que nos deixa tristes, mas sabemos que podemos contar sempre consigo. Preferimos pensar que vai dedicar o seu tempo àquilo que mais gosta, incluindo conviver com os amigos. Ademais, aprendemos que o bom Mestre não é aquele que só dá o seu saber, mas aquele que faz também germinar o saber em seus discípulos e nós daremos seguimento aos seus ofícios”, disse Kátia Levy. Falando durante a gala de homenagem ao Eng.º. António Eng.o António Elias Alves, acompanhado pelo Reitor da Universidade Politécnica Elias Alves, o Professor Doutor Lourenço do Rosário, Reitor da Universidade Politécnica, felicitou o homenageado pelo seu profissionalismo, por todos os seus feitos e pela forma incansável como se dedicou para alcançar os objectivos da Universidade. Num tom descontraído, o Magnífico Reitor contou as peripécias de ambos, desde a infância até à vida profissional. Em homenagem ao engenheiro António Elias Alves, então reformado, Dom Dinis Sengulane, também presente na ocasião, inaugurou um memorial, no CREISPU, Centro Recreativo e Estudantil da Universidade Politécnica. O Eng.º. Alves começou a trabalhar na Politécnica em 1995 e a obra que mais o marcou foi o campo desportivo, um dos melhores campos que Moçambique possui, embora ache as obras desta universidade de majestosas. n A Politécnica realiza ciclo de palestras A Universidade Politécnica realizou na semana finda um ciclo de palestras, que decorreu no Campus Universitário desta instituição de ensino superior, colocando especialistas de diversas áreas e estudantes a discutirem e a trocar informações e conhecimentos sobre diversas temáticas. Falando ao “O Académico”, Alberto Razul, docente e Director-Adjunto Científico Pedagógico na Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias ESGCT, disse que "as palestras fazem parte do programa curricular da Politécnica. São uma ferramenta de formação para o estudante, bem como um meio de partilha de informação que os especialistas produzem nas suas pesquisas, nas diferentes temáticas que versam assuntos da nossa sociedade". Ainda de acordo com Alberto Razul, esta partilha de informação entre os diversos pesquisadores e estudantes é de extrema importância para a formação dos discentes, pois “estas informações vão moldando o intelecto, criando novas visões e novas formas de perceber como interpretar o meio que nos rodeia”. Os estudantes da Politécnica aderiram às palestras e mostraram uma enorme satisfação pelos assuntos versados pelos palestrantes, pois, segundo estes, foi uma semana cheia de novos aprendizados que vão nutrir a bagagem de informação que já detinham. Sobre este ciclo de palestras, Hermenegilda Abílio Novela, estudante do segundo ano de Psicologia, disse o seguinte: "tenho participado em muitas palestras que vêm decorrendo ao longo da semana e, consequentemente, tenho aprendido muito. Afinal de contas existe muita coisa por se aprender e cada aprendizado que detemos é uma conquista para nós. Estas palestras são particularmente interessantes por serem da minha área. Por exemplo, a que acabo de assistir fala sobre a dependência química. Na sociedade moçambicana há muita gente que sofre de dependência química e esta palestra ensinou como lidar com estas pessoas, bem como realizar pesquisas sobre este assunto". Por outro lado, os palestrantes sentem-se com uma missão, como pesquisadores, de difundir os resultados das suas pesquisas, pois consideram-nas de extrema utilidade, que podem ajudar a resolver certos problemas que a sociedade moçambicana enfrenta, bem como servirem de ensinamento para os estudantes. O Prof. Dr. Gustavo Dgedge, docente na Universidade Pedagógica, palestrante, com o tema "A percepção do risco de inundações no Baixo Limpopo", divulgou os resultados da sua pesquisa sobre as cheias cíclicas que têm vindo a afectar o Baixo Limpopo e revelou as razões da constante exposição das pessoas ao risco, mesmo conhecendo as consequências do facto, em particular para esta zona. "Entre risco e benefício, as populações optam pelo bene- fício. Nas cheias catastróficas do ano 2000, as pessoas que viviam nas zonas de risco de inundações foram sensibilizadas a abandoná-las, todavia, estas não acreditaram que verdadeiramente haveria cheias. As populações do Baixo Limpopo trabalham nesta zona, vivem na mesma, portanto, todos os seus bens estão na zona de risco. Estas foram as razões que fizeram com que as populações não saíssem da zona de risco, porque queriam proteger os seus bens", disse o Prof. Dr. Gustavo Dgedge. De acordo com o palestrante, depois das inundações do ano de 2000 seguiram-se outras de pequenos impactos, tendo uma parte da população se mostrado sensibilizada por temer outras tragédias, pelo que abandonou as zonas de risco. Porém, alguma parte ainda resiste. Dgedge acredita que na probabilidade de outras cheias, as populações irão abandonar estas áreas de risco de livre e espontânea vontade, tanto que alguma parte já transferiu as suas residências para as zonas altas, sem risco de cheias, por já terem a noção do risco que as cheias representam. Neste ciclo de palestras, foram ainda principais oradores o Prof. Dr. Rafael Chadreque, com o tema “Mecanismos de avaliação do ensino superior. Que contribuição para a melhoria da qualidade?”; o mestre Pedro Baltazar Macie, com “O Direito à Greve”; o mestre António Costa, com “Neuromarketing – a nova fronteira do marketing”; o Dr. Horácio Manjate, com “Gestão do Risco de Fraude na Banca”; o Prof. Dr. Gustavo Sobrinho Dgedge, com “A percepção do risco de inundações no Baixo Limpopo”; o Prof. Dr. João Nhambessa, com “Controlo de processos”; o licenciado Armindo Rita, com “A justiça constitucional moçambicana – desafios futuros”; a licenciada Lucília Fonseca, com “Estratégias integradas de intervenção em dependências às drogas”; e o Professor Doutor Carlos Sotomane, com “Organizações “autentizóticas” – aplicação do conceito na Universidade Politécnica”. Organizações “autentizóticas Em relação a esta última palestra, o Prof. Doutor Carlos Sotomane parte da constatação de investigadores como Kets de Vries (2001), Rego e Cunha (2008), Rego e Souto (2004) de que os estudos sobre a qualidade de vida das pessoas nas organizações, embora escassos, revelam correlações estatísticas cada vez mais fortes entre as reacções depressivas e distúrbios na vida dos colaboradores. As reacções, bem continua na pág. 5 »» SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 5 em foco Associando-se às celebrações dos 20 anos de SUA existência Reflexão sobre comportamento organizacional na CPLP A Universidade Politécnica acolhe no próximo ano de 2015 o 3° Congresso Lusófono de Comportamento Organizacional dos Países da Língua Oficial Portuguesa (CPLP). Sem data marcada ainda para a sua realização, o encontro terá lugar na cidade de Maputo e poderá contar com a participação de todos os países membros da comunidade. A reflexão sobre o comportamento organizacional nos países lusófonos começou a ser feita em 2011, em Portugal, onde estiveram representados apenas dois países da comunidade: Portugal e Brasil. Passados dois anos veio a acontecer o segundo congresso, desta vez no Brasil. Neste, fizeram-se representar três países, nomeadamente, Moçambique, Brasil e Portugal. "O Académico" procurou saber do membro da equipa de organização do 3° Congresso, o Professor Doutor Carlos Sotomane, mais subsídios sobre o evento, tendo ficado a saber que se pretende com o mesmo desencadear uma reflexão e partilha de diferentes estilos de gestão de cada país membro. Acompanhe a entrevista no discurso directo. – Senhor Professor, pode nos explicar o que é isso de Congresso Lusófono de Comportamento Organizacional? – Bem, nos últimos tempos os académicos dos países membros da CPLP têm vindo a reflectir sobre as práticas de gestão nos seus países, sobretudo nos estilos de gestão enquadrada nas organizações. O que acontece é que tem-se uma compreensão de que eventualmente deve haver uma diferença entre a maneira de gerir organizações dos países anglófonos e francófonos. Por razões culturais ou históricas, estes países podem ter formas diferentes de gerir organizações. Esta reflexão é feita desde 2011. No mesmo ano realizou-se o primeiro congresso em Portugal, dois anos mais tarde, o segundo, no Brasil, onde Moçambique esteve representado pela Universidade Politécnica. No congresso, a tónica foi fundamentalmente a mesma: continuar a compreender se há ou não diferentes estilos de gestão ao nível dos países lusófonos e esse estilo de gestão até que ponto se diferencia da dos países de expressão inglesa e francesa. Tendo em conta a nossa participação, que foi considerada muito activa nas discussões havidas, o congres- so entendeu fazer o terceiro em Moçambique, em Maputo, na Universidade Politécnica. Essa intenção foi bem acolhida pela Reitoria da Universidade. A Reitoria mandatou-me para poder articular todas as condições com vista ao acolhimento do evento de maneira adequada. Este é dos eventos que poderá sustentar as comemorações dos 20 anos da Universidade Politécnica, no próximo ano. – Quais as decisões que foram tomadas no congresso do Brasil? – No congresso do Brasil decidiu-se que entre congressos deve haver jornadas lusófonas de comportamento organizacional, jornadas científicas. Por isso, de 6 a 7 de Novembro corrente, na cidade do Funchal, na Madeira, Portugal, serão realizadas as primeiras jornadas lusófonas de comportamento organizacional e gestão. Os temas que vão ser abordados neste evento têm a ver com o comportamento organizacional e transversal de gestão. A discussão sobre os temas visa perceber melhor qual é o estilo lusófono de gerir organizações, quer no que diz respeito às práticas específicas das organizações que operam nesses países lusófonos, quer também sobre a maneira como os próprios gestores fazem as práticas, sempre no contexto internacional. É neste sentido que a Politécnica, como hospedeira do terceiro congresso, vai tomar parte na preparação do congresso na Madeira, ao mesmo tempo que vai colher experiências na orientação dessas jornadas. Na Madeira, vamos também apresentar uma pequena pesquisa em torno da qualidade de vida nas organizações moçambicanas. continua na pág. 6 »» A Politécnica realiza ciclo de palestras «« Continuado da pág. 4 como os distúrbios reflectem nas pessoas na forma de problemas de liderança, doenças, absentismo, comunicação empobrecida, excesso de trabalho, fracas oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem, falta de equilíbrio entre a vida familiar e profissional. Ainda de acordo com o palestrante, a falta de satisfação dessas preocupações propicia “insalubridade psicológica”. Ou seja, o clima gerado pelas organizações propicia stress, consumo de drogas e problemas psicossomáticos. A questão que se coloca é a seguinte: Como superar o clima gerador ou propiciador de insalubridade psicológica? De acordo com o Prof. Doutor Carlos Sotomane, a resposta a esta questão é nos fornecida pelas Organizações Autentizóticas, pois este tipo de organizações previne e/ou evita, no sentido de que as mesmas preocupam-se em ajudar os colaboradores a “estabelecer um equilíbrio entre a vida pessoal e a organizacional. Qual é o significado da expressão “autentizótica”? De acordo com Rego e Souto (2004), a expressão “organização autentizótica” foi introduzida por Kets de Vries (2001). Trata-se de um neologismo que resulta da conjugação de dois termos gregos, authenteekos (Autêntico) e Zoteekos (essencial para a vida). O palestrante considera que diversos autores, tais como Rego, Pina e Cunha e Souto (2005) esclarecem que as variáveis autentizóticas explicam os comprometimentos organizacionais de natureza afectiva, normativa e instrumental. Para os autores, um exame atento dessas características permite notar várias consonâncias no sentido de que (i) o espírito de camaradagem revela algumas similaridades com apoio da organização e dos pares, (ii) o comportamento da liderança respeitador evidencia alguma sobreposição com a liderança transformacional, a justiça interaccional e o apoio dos superiores, (iii) a equidade partilha semelhanças com a justiça, especialmente a interaccional e a procedimental, (iv) as oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem revelam alguma sobreposição com os desafios impregnados nas funções e (v) a conciliação trabalho-família apresenta aspectos que mostram ao indivíduo o grau em que a organização o apoia. Face aos fundamentos apresentados, o palestrante desenvolveu uma pesquisa réplica junto dos colaboradores da Universidade Politécnica, com vista a: (i) verificar a presença dos indicadores do clima organizacional das organizações autentizóticas e o grau de percepção dos trabalhadores sobre a sua prática, na universidade; (ii) identificar as correlações que podem ser estabelecidas entre as variáveis do estudo e, por último, identificar os factores que explicam a dinâ- mica do clima organizacional da A Politécnica. Assim, partindo do pressuposto de que, globalmente, o conceito e a dinâmica do clima organizacional do tipo Organizações Autentizóticas não é percepcionado de forma efectiva pelos colaboradores em toda a extensão da Universidade Politécnica, podem existir correlações significativas positivas entre as variáveis demográficas e as dimensões do clima organizacional e estas entre si. Ainda podem existir factores do clima organizacional que melhor explicam a dinâmica do clima, tais como os associados ao espírito de camaradagem, credibilidade e confiança, comunicação aberta e franca com os gestores. Os resultados apontam que o conjunto de seis dimensões da análise do clima organizacional, para as organizações autentizóticas, permite concluir, num estudo em que a maioria dos respondentes são mulheres adultas, com níveis de formação superiores, com mais de 5 anos de casa e com experiência de trabalho no sector de ensino e de gestão universitária, o seguinte: as características do clima organizacional, analisadas com base nos pressupostos teóricos das organizações autentizóticas não são percepcionadas pelos trabalhadores que integram a empresa do estudo no sentido de ajudar os colaboradores a estabelecer um equilíbrio entre a vida pessoal e a organizacional; existem correlações positivas entre as dimensões que incorporam os indicadores de análise do clima organizacional, o que significa que se pode deduzir que esses indicadores aumentam ou diminuem nas mesmas proporções. O palestrante termina considerando que, globalmente, os resultados revelam que os factores associados à camaradagem, confiança e comunicação franca e oportunidade de aprendizagem são os que mais explicam a dinâmica do clima organizacional na organização em estudo. n 6 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l em foco Universidade Politécnica e Moza Banco assinam protocolo de parceria A Universidade Politécnica e o Moza Banco assinaram a 14 de Outubro do ano corrente um protocolo que prevê a disponibilização de diversos produtos e serviços financeiros aos estudantes e colaboradores desta instituição de ensino superior. O protocolo prevê ainda o financiamento, por parte do Moza Banco, das obras do campo aberto de jogos no Pólo Universitário de Nacala, oferta de um gerador, apoio ao desenvolvimento de actividades desportivas e premiação dos respectivos vencedores. Através deste protocolo, o Moza Banco compromete-se ainda a introduzir um sistema de pagamento de propinas via ATM e outro de pagamento de salários aos colaboradores e fornecedores. Para o Professor Doutor Lourenço do Rosário, Reitor da Universidade Politécnica, a assinatura deste memorando vem testemunhar a grandeza e o papel que a instituição desempenha na sociedade, no que ao ensino superior diz respeito. “É uma honra para a Universidade Politécnica ser a primeira instituição de ensino superior a firmar esta parceria com o Moza Banco. Estamos prestes a completar 20 anos de existência e este acto prova que somos uma universidade de referência no País”, disse o Magnífico Reitor. Por seu turno, Ibraimo Ibraimo, presidente da Comissão Executiva do Moza Banco, o acordo com a Universidade Politécnica faz parte dos planos de expansão do banco, que passam por ir ao encontro de todos os segmentos da sociedade. “Queremos ser um Banco universal de retalho para servir todos os segmentos da sociedade. Para isso, estamos a criar soluções específicas e inovadoras que vão de encontro às necessidades desses diferentes segmentos, incluindo professores e estudantes”, explicou Ibraimo Ibraimo. n Reflexão sobre comportamento organizacional na CPLP - tema de reflexão «« Continuado da pág. 5 QUALIDADE DE VIDA DAS ORGANIZAÇÕES – A que se deve a escolha do tema a “Qualidade de Vida nas Organizações”? – Sabe-se que ¾ de tempo, 24 horas, estamos no trabalho e o último ¼ é que voltamos para casa para descansar. Daí que é necessário que as condições no local de trabalho sejam as mais adequadas para ter a qualidade de vida considerável. A literatura de gestão e das ciências comportamentais reconhece que a qualidade do ambiente de trabalho interfere significativamente na vida e na saúde dos indivíduos e das organizações. A preocupação com a qualidade de vida, saúde e bem-estar está cada vez mais na consciência dos indivíduos e das sociedades. Esta preocupação é cada vez mais crescente e pertinente, dado que é no local de trabalho onde as pessoas passam a maior parte do seu tempo e por conseguinte a qualidade do ambiente de trabalho assume grande importância nas suas vidas. Desta forma afigura-se pertinente a realização de trabalhos de investigação sobre os climas psicológicos e os seus impactos no bem-estar afectivo e nas atitudes perante o trabalho. – Como é que é feita a partilha das ideias da pesquisa? – As reflexões, do ponto de vista académico, são produzidas a partir de pesquisas e posteriormente apresentadas em comunicações e também temos a forma electrónica de troca de experiências dos resultados das mesmas pesquisas. Depois das apresentações, aqueles documentos são disseminados e produzem-se manuais ou artigos científicos, etc. – Até quando esses resultados serão visíveis? – Nas discussões que existiram no Brasil houve uma tendência de dizer que algumas variáveis fundamentais se tornam distintivos, diferenciando uma gestão lusófona da anglófona e da francófona, sobretudo, tendo em conta as raízes históricas e culturais. Na pesquisa que eu fiz, relacionada com a minha tese, ficou evidente que a componente cultural é muito determinante na gestão das organizações. Eu fiz um trabalho sobre pe- quenas e micro-empresas moçambicanas. Queria saber quais são as práticas dos recursos humanos. Fiquei a saber que as práticas não estão alinhadas com aquilo que é recomendado pela literatura. Há práticas muito específicas recomendadas pelo dono da empresa. Ele é que recruta especificamente e o recrutamento não é aquele que se recomenda. Ele é dono e patrão, ao mesmo tempo ele é que decide. As regras nos chamam atenção que tem de haver uma diferença entre o patrão e o empregado. Será que isso é replicado em todas as organizações que têm a raiz de língua portuguesa? Será que estes países que corporizam a CPLP têm o mesmo tipo de gestão de comportamento das organizações ou é diferente? Se há diferença, então o que os diferencia? Então, é esse estudo que está sendo feito, porque se nós conseguirmos identificar a forma de gestão havemos de saber negociar com as pessoas, havemos de acautelar determinados aspectos que ferem ou não aspectos éticos, por exemplo, elementos de como negociar. É sobre esses aspectos que a gente quer reflectir, até que ponto de facto estão presentes e podem ser um estilo de gestão. – Qual é o futuro dessas pesquisas? – Uma pesquisa não é diferente de tantas outras. A sua finalidade é a acumulação de conhecimentos sob várias formas de actuação, porque se eu consigo iden- tificar os modelos de estilo de gestão passo a utilizar esses conhecimentos de forma transversal. Se eu conseguir hoje, como académico ou universitário, ter prática ou modelos moçambicanos de estilo de gestão, eu passo agora a formar os nossos concidadãos para saberem que se forem a gerir a sua empresa têm que ter em conta isto e mais aquilo. Portanto, o objectivo é a produção de conhecimento para depois ser disseminado para preparar novos concidadãos com novas formas de pensar próprias, nossas e tentar universalizá-las. As pesquisas ainda estão sendo consolidadas. Deve haver mais jornadas para a sua consolidação. Mas posso adiantar que serão incorporados nos manuais como estudos de casos. Sobre a gestão duma organização, aquilo que é universal, depois podem-se introduzir as pesquisas feitas. Então, vamos analisar aquilo que é universal e vamos ver os resultados específicos que aconteceram nos últimos 20 anos. – Como está Moçambique nesse processo? – Do ponto de vista de debates é o primeiro ensaio que estamos a apresentar. É a primeira apresentação. Só para dizer que no congresso do Brasil o único país africano que lá esteve é Moçambique. Agora, a ideia é tornar o terceiro congresso o mais participativo. Isto é, aquele que vai contar com a participação de todos os países membros da CPLP. Começamos com os contactos e vamos reforçar a nossa comunicação durante as jornadas científicas de Portugal, pois lá contaremos com a presença de muitos países membros. – Moçambique tem condições para acolher o evento? – Neste momento criei uma equipa. Estamos a reflectir sobre a preparação em coordenação com a equipa principal. Depois de aprovarem os termos que vamos levar para lá, as propostas que vamos levar, é que vamos envolver outros sectores. Neste momento, estamos a produzir um vídeo de divulgação das realizações da Universidade Politécnica de Moçambique e sobre os 20 anos da sua existência. Vamos falar da história de Moçambique, do ponto de vista de pesquisa, assim como do ponto de vista institucional. Vamos mostrar quais são as realizações, entre outros feitos. Naturalmente, vamos associar o congresso à nossa comemoração dos 20 anos. n SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 7 em foco ESNEC gradua segundo grupo de estudantes A Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) graduou recentemente 104 estudantes de diferentes cursos de licenciatura. Trata-se da segunda graduação desde que aquela instituição entrou em funcionamento no Município de Chibuto, província de Gaza. Entretanto, a direcção daquela instituição está a levar a cabo obras de reabilitação e construção de novas infra-estruturas de forma a responder à demanda que actualmente se faz sentir. Em cerimónia bastante concorrida pelos pais e encarregados de educação, bem como personalidades radicadas naquela província, o Reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Prof. Doutor Orlando Quilambo, disse que se sentia satisfeito porque o nosso contributo para a formação dos filhos de Gaza é significativo, pois dos 104 graduados, 41 por cento são estudantes provenientes desta província”. “Continuamos e continuaremos a ser uma universidade nacional, mas com um contributo significativo para o local e as comunidades onde as nossas unidades se encontram instaladas”, acrescentou Quilambo. UP gradua 950 estudantes A Universidade Pedagógica (UP) graduou recentemente, no Estádio Nacional do Zimpeto, novecentos e cinquenta estudantes de diversos cursos ministrados naquela instituição de ensino em Moçambique. Falando na cerimónia de graduação, Rogério Utui, Reitor da UP, felicitou os graduandos e afirmou que a sua instituição alargou o ensino universitário, encontrando-se presente em todo o país. Segundo Utui, o maior desafio da instituição que dirige é garantir que todos os moçambicanos tenham acesso ao ensino superior, independentemente do local onde residem. Salientou que a UP tem a maior taxa do sexo feminino nas universidades do país, o que é um sinal positivo. Veterinária celebrou bodas de ouro A Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) celebrou no passado dia 24 de Julho, do ano corrente, 50 anos da sua existência. Para assinalar o dia foram organizadas várias actividades, entre desportivas, culturais, e intercâmbios entre estudantes, a nível da cidade de Maputo, tendo como seu maior desafio “reunir mecanismos de forma a tornar-se mais moderna”. Para tornar realidade este desejo arrancam no próximo ano as obras de ampliação e modernização de alguns serviços daquela faculdade, incluindo o laboratório. Ainda no rol das intervenções daquela faculdade, está prevista a construção de um complexo pedagógico com capacidade para atender às suas necessidades e de outras faculdades da UEM, particularmente a vizinha, das Engenharias. As obras estão inseridas nas várias intervenções que a direcção da Universidade Eduardo Mondlane está a levar a cabo de forma a responder à demanda do ensino superior que se faz sentir a nível nacional. As intervenções na Veterinária vão permitir aumentar o número de estudantes admitidos por ano, podendo passar dos actuais 35 estudantes por ano, para 60. A Faculdade de Veterinária foi criada em 24 de Julho de 1964, como parte integrante dos Estudos Gerais Universitários de Moçambique, na altura com apenas cinco estudantes, somente de raça branca e o corpo docente também constituído só por portugueses. Este cenário só veio a mudar depois da proclamação da independência nacional, em 1975, funcionando actualmente com 56 docentes, todos moçambicanos, dos quais 13 doutores. Dados em nosso poder dão conta que ao longo dos 50 anos a faculdade formou cerca de 550 veterinários moçambicanos, afectos em diferentes pontos do país, alguns na Educação e na Agricultura, entre outros sectores. O director-adjunto para a Área de Investigação e Extensão, Cristiano Macuamule, disse que houve tempos em que a faculdade recebia 60 novos ingressos por ano, e que mais tarde esse cenário alterou-se, devido à falta de condições, sobretudo a capacidade das salas de aula. De referir que no próximo ano lectivo será introduzido o novo curso de Licenciatura em Ciências e Tecnologias de Alimentos, que terá a duração de quatro anos, contra os cinco do primeiro. DOCENTES DISTINGUIDOS COM TITULO HONORÍFICO A Universidade Eduardo Mondlane atribuiu títulos honoríficos à Professora Doutora Alice Garcez e ao Prof. Doutor José Mota Cardoso, docentes que trabalharam mais de 25 anos na Faculdade de Veterinária e contribuíram no seu crescimento institucional. O reconhecimento estava inserido nas actividades alusivas às celebrações dos 50 anos daquela faculdade, tendo contado ainda com a atribuição de títulos de reconhecimento e mérito a outros funcionários, alguns já reformados. A directora do Centro Universitário de Changalane e chefe da Comissão dos Preparativos das Comemorações dos 50 anos da faculdade, Cármen Maria Garrine, falando sobre a efeméride, disse que há percepção no seio da direcção da faculdade de que a instituição ainda não é muito conhecida pela comunidade, pelo que, para inverter o actual cenário, estão agendados vários eventos para o mês de Novembro com vista a divulgar as actividades desenvolvidas pela faculdade, bem assim a sua contribuição para a sociedade. A divulgação será feita através de palestras, exposições, intercâmbio com criadores de animais, entre várias acções. EDUCAR A COMUNIDADE A Faculdade de Veterinária, para além de actividades formativas, presta também serviços de cuidados médicos aos animais, tanto nas comunidades, assim como nos centros médicos. Para o efeito, a faculdade conta com um Hospital Escolar Veterinário e um centro de consulta externa, ambos localizados na cidade de Maputo. Nos dois locais de tratamento de animais são atendidos por dia 30 animais, na sua maioria cães e gatos, número considerado satisfatório, uma vez que nas cidades de Maputo e Matola regista-se nos últimos tempos o nascimento de clínicas veterinárias privadas. Entretanto, os profissionais afectos nas clínicas reclamam o facto de os animais doentes serem levados para tratamento quando já estão muito debilitados e, não raras vezes, pela mão de crianças, alegadamente porque os pais os compraram para si, mas, mesmo assim, os bichos recebem a devida assistência. “É preciso educar a comunidade sobre os cuidados a ter com os animais. Algumas pessoas têm dispensado o necessário cuidado ou acompanhamento médico aos animais, mas há aqueles que só pensam em levar o seu cachorro para vacinar quando este morde alguém, disse. Acrescentou que existem ainda cidadãos que quando levam os seus animais à clínica eles próprios é que sugerem o tipo de tratamento a dar ao bicho, o que eticamente está errado. Entretanto, o director-adjunto para a Área de Investigação e Extensão, Cristiano Macuamule, disse que algumas equipas constituídas por docentes e estudantes visitam regularmente algumas comunidades, sobretudo das províncias de Maputo e Gaza, para transmitirem algumas técnicas sobre os cuidados a ter com os animais. Segundo Macuamule, os trabalhos destas equipas têm tido pouca aderência porque as famílias dos locais visitados só acorrem às actividades com ganhos materiais imediatos. “A outra dificuldade é que os criadores têm os animais, mas não têm recursos financeiros, pelo que mesmo recebendo instruções sobre melhor tratamento dos seus animais não chegam a implementá-las. Nós somos uma instituição de ensino e apenas transmitimos conhecimentos”, disse Macuamule. n “Votar é governar” - afirma o Dr. Patrício José, Reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), em palestra na Universidade Politécnica “Votar é governar”, palavras de Patrício José, Reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), falando na palestra com o tema “Direito de Votar”, evento que decorreu no dia 8 de Outubro do corrente ano, no Campus da Universidade Politécnica. De acordo com o Dr. Patrício José, votar é um exercício de cidadania pelo povo. Reflecte a participação política do povo. É através do voto que o cidadão participa na vida política de uma nação e decide sobre o dia-a-dia do seu país. Portanto, votar é o direito de decidir sobre quem deve decidir por si. O orador vê riscos e perigos para os cidadãos que não participam na vida política através do voto. “O castigo dos bons, os que não fazem política, é de serem governados pelos maus políticos. Não é ficar em casa que se resolvem os problemas. Não é ficar calado que se resolvem os problemas. Temos que votar, quando nos sentimos mal representados, de forma a mudar o rumo dos acontecimentos e imprimir nova dinâmica na vida sociopolítica e económica. Temos que votar quando está tudo bem, como sinal de satisfação”. Segundo Patrício José, o direito de voto é uma conquista para muitos grupos de cidadãos. Nem todos tinham direito a voto durante muitos anos. Havia limitações por idade, só os mais velhos podiam votar, alegadamente, porque os jovens não tinham consciência suficientemente lúcida para decidir quem devia governar. As mulheres não podiam votar porque, alegadamente, eram indecisas. Os pobres, os analfabetos e os negros foram durante centenas de anos postos à margem do exercício da cidadania e de decidir os destinos da nação através do voto. “Fizemos uma grande conquista, a de ter direito, a de ter uma decisão, este que nos foi negado durante anos. A Constituição moçambicana é inclusiva, todos os maiores de 18 anos podem votar. Portanto, todos os moçambicanos têm o direito de votar, independentemente da raça, sexo, religião, nível académico ou posses económicas”, disse Patrício José durante a palestra. n 8 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l reportagem XVI CERIMÓNIA DE GRADUAÇÃO Mais de 300 técnicos superiores A Universidade Politécnica graduou no mês de Setembro vários técnicos superiores de diferentes cursos leccionados naquele estabelecimento de ensino nos níveis de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento. “Paz não é só ausência - Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário O Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, lembrou, na cerimónia de graduação, que a mesma acontece depois de o país ter assistido à assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares que vinham martirizando o sossego e a vida do povo moçambicano. Para o Professor Doutor Lourenço do Rosário, são dois os factores que estão intimamente relacionados e que podem ser traduzidos numa simbiose de paz e cidadania. Falando sobre a paz, disse que ela não é só ausência de guerra, é, sobretudo, a assunção de um conjunto de direitos que um cidadão deve ter quando nasce num determinado país. Direito ao sossego, ao respeito, ao conforto e, sobretudo, o direito à dimensão de se sentir cidadão desse mesmo país. Enquanto a cidadania significa o orgulho do usufruto das liberdades fundamentais que um Estado deve conceder às populações nascidas no seu território e garantias. “Temos o direito de, com respeito, divergir, sem sermos molestados. Temos o direito de usufruir das riquezas que os montes, rios, os mares e a terra nos concedem, como canta o nosso hino”, referiu o Reitor. A consciência deste desiderato faz com que seja a juventude que, neste momento, um pouco por todo o território nacional, vai ascendendo à formação superior, comprovando que tem responsabilidades para garantir a salvaguarda da paz e cidadania e que está acima do individualismo que as vivênContinua na pág. 9 »» SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 9 reportagem no mercado de emprego N o total foram 350 graduados, sendo 335 licenciados, 14 mestres e uma doutora. Trata-se da XVI cerimónia de graduação que acontece naquela instituição privada de ensino superior desde que entrou em funcionamento no país, há 19 anos. A mesma acontece numa altura em que a Universidade se prepara para a celebração do seu 20º aniversário como instituição de ensino no país. Aliás, a Universidade Politécnica é a primeira instituição do ensino privado a nascer em Moçambique. A Politécnica, desde que foi criada, tem vindo a consolidar-se de forma destacável, contribuindo sobremaneira na elevação do nível educacional, técnico-científico e cultural no país, através da observância dos mais altos padrões de ensino na formação dos seus estudantes, contando para o efeito com docentes e investigadores qualificados e experientes. De referir que a cerimónia de graduação deste ano foi muito concorrida, pois para além dos graduados e seus familiares, contou igualmente com a presença de várias individualidades, entre governantes, empresários, religiosos, políticos, assim como membros da direcção e o corpo docente. A cerimónia de graduação foi abrilhantada com diversos números musicais apresentados pelo grupo cultural da Politécnica e da banda da Polícia, para além de Roberto Chitsondzo, este último em representação da sociedade civil. de guerra” cias neoliberais têm infectado o comportamento humano. Para o Reitor da Politécnica, o individualismo neoliberal, para além de ir contra o sentimento de cidadania, cria a ilusão de cidadão global e torna as pessoas profundamente egoístas e predadoras. “O individualismo neoliberal que se embrenha dentro de nós é o primeiro factor que provoca a erosão no sentimento de paz e transforma o Homem em único ser no mundo que, fazendo guerra, procura o extermínio do outro”, disse. Num outro desenvolvimento, o Professor Doutor Lou- renço do Rosário disse aos graduados que têm a responsabilidade de receber estas duas prendas, de usufruir da paz que almeja o povo moçambicano e que a sua falta vinha martirizando o país e o direito de exercer o usufruto da cidadania, votando nos dirigentes que considerem capazes de responder adequadamente aos anseios dos moçambicanos. “A formação superior é uma plataforma que nos permite ter uma visão mais ampla da realidade do país e nos torna solidários, para o bem da nação a que pertencemos”, concluiu o Magnífico Reitor. n A cerimónia, para além de momentos de lazer, teve ainda espaço para o Bispo Dom Dinis Sengulane transmitir alguns conselhos aos graduados sobre os próximos desafios. Os conselhos incidiram sobre a Paz e Cidadania, tendo D. Dinis Sengulane falado sobre as consequências da corrupção nas sociedades aca- démicas, empresariais, entre outras. Entretanto, para além de entrega de diplomas, o momento serviu igualmente para premiar os melhores estudantes de cada curso. De entre os prémios constam viagens para alguns pontos do país, estágios, valores monetários, livros, entre outros, oferecidos por algu- mas empresas que operam em diversos ramos de actividade, desde turismo, transporte, construção e banca. Na ocasião, a Universidade Politécnica, através do seu Reitor, Lourenço do Rosário, presenteou o estudante mais velho da Cerimonia, Adelino Machado, de 85 anos de idade. n 10 10 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l reportagem A formação académica adquirida cria responsabilidade acrescida - Fernando Sumbana Jr., Ministro da Juventude e Desportos O Ministro da Juventude e Desportos, Fernando Sumbana Jr., falando durante a cerimónia de graduação, fez lembrar aos graduados que a formação académica adquirida cria uma responsabilidade acrescida na vida pessoal e profissional de cada um e “com isso devem capitalizar todos os ensinamentos obtidos ao longo da formação e toda a experiência que a vida lhes oferece e que pode ser proveitosa para enriquecer o ser intelectual que agora possuem”. Segundo Sumbana Jr., daqui em diante é fundamental para os graduados equacionarem todos os factores da sua caminhada para que tudo o que aprenderam seja de facto posto em prática. Para tal, é necessário o compromisso e responsabilidade para com a profissão que abraçarem ou que tenham já abraçado e com a sociedade. “O futuro não se improvisa, ele é fruto do que construímos hoje. Exorto aos graduados para que ao longo da vida profissional privilegiem os princípios da ética, deontologia profissional, compreensão, vicissitude e competência profissional e exaltem valores nobres da cidadania e patriotismo”, disse. Acrescentou na sua intervenção que o país está a viver uma época de transformações conjunturais e para a devida resposta é fundamental investir no capital humano, criar todo o universo de possibilidades no âmbito da formação académica, profissional e humana. Segundo o ministro, nesta esteira, o Governo tem procurado soluções exequíveis e sustentáveis para tornar o en- sino mais eficaz e eficiente, respondendo deste modo aos desafios de desenvolvimento do país. “Assim, o Governo tem se empe- nhado na expansão da rede escolar, com enfoque no ensino superior, facilitando e possibilitando o acesso de mais pessoas à formação”, referiu. n Para a prosperidade é preciso transpirar - Bispo Dom Dinis Sengulane O Bispo Dom Dinis Sengulane foi um dos vários convidados para fazer parte da XVI cerimónia de graduação da Universidade Politécnica. O seu convite não foi apenas para assistir ao acto, mas sim para transmitir algumas lições aos novos técnicos superiores. Na sua apresentação, o Bispo falou sobre o que ele entende sobre Paz e Cidadania. Neste tema, falou das consequências da corrupção, onde referiu que não há corta-mato para a prosperidade. Para se alcançar a prosperidade é preciso transpirar. Para o Bispo Sengulane, a Paz e Cidadania são duas palavras que descrevem conceitos nobres. Paz é harmonia, bem-estar, vida plena. Quando há paz, todos se sentem participantes. A paz tem cinco dimensões. Tem dimensões pessoais, que é paz consigo mesmo, ser pessoa equilibrada, ser pessoa que não está a oscilar sem saber para onde vai. Tem dimensões sociais, que, por um lado, é paz com os amigos e com pessoas conhecidas e, por outro, paz com inimigos, ou Continua na pág. 11 »» 11 11 SETEMBRO--OUTUBRO/2014 OUTUBRO/2014 SETEMBRO l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l reportagem Graduados satisfeitos com novas ambições “O Académico” ouviu alguns dos graduados sobre o seu sentimento pela conquista do diploma e as suas perspectivas na vida futura. Todos foram unânimes em afirmar que estavam satisfeitos, depois de quatro anos para alguns (licenciatura) e dois anos de estudo para outros (mestrado). Contaram que dali em diante iriam lutar para ganhar um espaço no mercado de emprego que consideram ser muito renhido, mas acreditam que vão conseguir um enquadramento, uma vez que trazem consigo uma bagagem muito rica da faculdade. Renato Manuel Albino, licenciado em Ciências Jurídicas, dãos carenciados. “Espero contribuir para a nação moçambicana, fazendo a justiça e ajudando os carenciados. Daqui em diante é mais luta para a conquista de novos desafios”, disse. Ilda Horta Pinto, também licenciada em Ciências Jurídicas, falando ao “O Académico”, disse que se sente realizada pelo facto de ter terminado o curso. “Não vou pedir emprego, vou fazer meu próprio emprego, porque o Estado já não tem espaço. Espero sucessos com isso”, disse. Por sua vez, Rute Zandamela, licenciada em Gestão de Renato Manuel Albino João Edisson Quinhentos referiu que os quatro anos do curso foram difíceis, visto que devido às exigências era obrigado a deixar para segundo plano certas actividades, sobretudo quando se tratava de convívios familiares. “Estou satisfeito com a conquista, embora existam ainda outras etapas por conquistar, mas esta, com a ajuda da família, colegas e muito esforço consegui. É uma alegria para a família e muita responsabilidade para mim”, disse Albino. Por sua vez, João Edisson Quinhentos, também do curso de Ciências Jurídicas, o momento é de festa por saber que com os conhecimentos adquiridos poderá ajudar muitos cida- Recursos Humanos, considera-se realizada por ter conseguido fazer o curso. Durante a conversa, lembrou que houve uma altura em que queria desistir da formação, mas “muitos colegas me incentivaram. Fiz ensino à distância, o que significa que tinha que fazer as investigações sozinha e ir aos sábados para apresentar as dúvidas aos professores e fazer avaliação presencial. Mas valeu a pena porque cheguei ao fim”. «« Continuado da pág. 10 com pessoas desconhecidas. A paz tem dimensões espirituais, que é estar em paz com Deus e estar em paz com os antepassados. Tem também dimensões económicas, ecológicas. Paz com a natureza. Falando sobre a cidadania, disse que ela é a condição onde se pode jogar o papel de semear a paz. É ser participante, elemento actuante com responsabilidade e aceitabilidade. Segundo o Bispo Sengulane, ao nível dos graduados, um dos males que mancham a cidadania é a corrupção. “Não há corta-mato para a prosperidade. Para a prosperidade é preciso transpirar”. “Entretanto, pessoas do nosso nível são tentadas pela preguiça mental e procuram ganhar muito em pouco tempo, fazendo muito pouco esforço, tentam encontrar um corta-mato em pouco tempo para terem prosperidade. Um preguiçoso mental não chega a graduar e quem gradua não tem espaço para ter preguiça mental como sua marca”, disse. n Ilda Horta Pinto Rute Zandamela Zandamela diz que este momento serviu de estágio para a sua carreira, uma vez que desde a sua juventude trabalha na administração. “Agora, sendo gestora dos recursos humanos, significa que adquiri mais conhecimentos. Trabalho desde há alguns anos com as pessoas. Já fui secretária de relações públicas, então o curso ajudou a relacionar-me com as pessoas”, referiu Rute Zandamela. n 12 12 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l em foco A Politécnica realiza palestra sobre Nacionalismo “A corrupção é o principal inimigo de África, pois a partir dela ramifica-se para o tráfico de influências, tráfico de drogas, tráfico de armas e má governação. A corrupção pode debelar o poder político, drena todas as potencialidades de desenvolvimento dos países, transformando os políticos em elites e podemos voltar de novo às ditaduras”. Este foi o posicionamento do Magnífico Reitor da Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário, expresso durante a palestra cujo tema era “Nacionalismo e Renascimento Africano”, decorrida no passado dia 3 de Outubro do corrente ano, no Campus Universitário da Politécnica. Falando ao “O Académico”, o Magnífico Reitor defendeu que África não pode continuar a ser espectadora na resolução dos seus problemas, permitindo que venha do exterior a solução dos seus conflitos, de doenças, de guerras, da pobreza e da governação. De acordo com o Professor Doutor Lourenço do Rosário, o nacionalismo africano foi criado por cima de utopias, através de dois princípios, a saber: o respeito pelas fronteiras herdadas do colonialismo; e a não ingerência nos assuntos internos de cada Estado. Historicamente o Nacionalismo Africano nasce com a consciência de liberdade do homem negro, a partir da saga da escravatura nas Américas. Ele confunde-se muito com o que vulgarmente se conhece por PanAfricanismo, nascido nas Américas após o movimento de libertação dos escravos. Portanto, o conceito Nacionalismo, de uma forma geral, enquanto conceito ideológico e político, pressupõe o amor por um movimento que realça a consciência nacional, o que significa que implicitamente traz dentro de si o sentido de unidade e de luta por uma causa. Deste modo, o Nacionalismo, na sua vertente panafricanista tinha o sentido de unidade de todos os negros desenraizados das suas terras pela escravatura americana e que recém libertos lutavam por uma causa comum que era o retorno à Mãe África. Dentro deste movimento é natural que tivessem surgido embriões de Renascimento Africano no contexto que este movimento nacionalista se verificou nos finais do século XIX em terras americanas. Os factos históricos mostram-nos que este movimento teve experiências concretas de retorno à África, que se materializaram com a criação da Libéria e a da cidade de Freetown, na Serra Leoa, mas também se materializou na retomada de mitos e lendas que procuravam reconstituir as raízes perdidas. São factos históricos importantes que inspiraram todos os outros movimentos posteriores que traziam dentro de si a semente do Nacionalismo e da libertação africana. Os factos históricos mostram-nos também que toda a ideologia que foi construída à volta deste movimento nacionalista persegue uma utopia difícil de materializar, porque não teve em conta dois factores fundamentais: o espaço e o tempo, isto é, a Geografia e a História. Por isso, o Pan- Africanismo nascido nas Américas não sobreviveu quanto ao projecto de retorno físico à África. Num segundo momento, a implantação da ocupação colonial europeia em quase todo o território do continente africano que se efectiva após a Conferência de Berlim, confirma a tese iniciática que atrás enunciei de que os movimentos nascem, morrem e ressurgem, isto é, renascem. Tivemos que esperar duas décadas do século XX, após a participação dos africanos nas tropas coloniais, na Primeira Grande Guerra e a ida dos seus filhos para as universidades das capitais coloniais, para o início do ressurgimento do pensamento nacionalista, e é importante não esquecer que o elemento que alimenta o sentimento do nacionalismo começa sempre com alicerces de natureza cultural. É a atitude de identidade e identificação cultural que nos faz sentir que nós somos diferentes do outro e nos permite tomar a consciência de como é que o outro olha para nós e nos trata. Tomemos como exemplo o conceito pobreza, que é um conceito oriundo “Há contradição nisto. Primeiro queriam ver uma África unida, todavia, defendiam o respeito das portas fechadas ao optar pelo respeito às fronteiras herdadas do colono. Segundo, assistiu-se em África uma fase de golpes de Estado e os defensores do Pan-africanismo nada podiam fazer por causa do princípio de não ingerência nos assuntos de cada Estado”, disse Lourenço do Rosário. O Magnífico Reitor acentuou a importância da unidade na diversidade. “Em Moçambique, neste momento, estamos a viver mudanças de paradigma, de pensamento, de respeito pela diversidade de opiniões, o que significa que a utopia actual é construir uma nação na diversidade. Portanto, o renascimento africano não é unanimidade, mas sim uma África unida na diversidade de opiniões”. O nacionalismo africano nasce com a consciência de liberdade do Homem negro, a partir da saga da escravatura nas Américas, que pressupunha o amor do movimento de consciência nacional. Defendia a unidade do negro de todo mundo ou africanos de toda África unidos. A seguir, publicamos extractos da apresentação do Professor Doutor Lourenço do Rosário na referida palestra. da Economia. Ele não é um problema quando todas as pessoas do mesmo grupo são pobres num determinado espaço e num determinado momento, mas se entretanto, a partir de algum tempo, alguns de entre esses pobres começam a tornar-se menos pobres e até a enriquecer sem que os restantes pobres entendam como é que isso está a acontecer, de imediato surgem asinterrogações, em primeiro lugar, no plano da palavra, da interrogação, da rejeição, do teatro, do canto, da anedota e até da ficção, que se sistematizados acabam sendo o embrião da revolta e que podem dar lugar a outras formas de manifestação e luta. Mais do que o dinamismo da Economia, a Cultura é um dos combustíveis principais dos movimentos nacionalistas. Foi assim que as primeiras manifestações de Nacionalismo Africano não surgiram como uma repulsa ao sistema político e económico colonial enquanto que tal, mas sim ao reconhecimento de se ser diferente dos colonizadores, dos colonialistas, mesmo estando a partilhar da mesma mesa. São exemplo disso, os jovens que corporizam o movimento africano nos anos 20 e 30 do Século XX, que eram estudantes nas Universidades de Londres e Paris e muitos deles chegaram a participar nos organismos de governação do sistema colonial. Senghór foi secretário de Estado do Governo Francês e membro da Assembleia Nacional Frances, antes de setornar líder no Movimento Nacionalista e primeiro Presidente da República desse País africano. A grande questão que se coloca à problemática do Nacionalismo na vertente africana foi que o mesmo foi sendo construído em cima de utopias que, ao mesmo tempo lhe davam motivo da sua existência e da sua não existência, isto é, aos slogans "negros de todo mundo uni-vos, ou “africanos de toda a África, uni-vos" que consubstanciam os fundamentos da Negritude e do Pan-Africanismo do século XX, eram simultaneamente gritos de unidade, mas também de desunião. Foi com este movimento sentado em cima de utopias, que África acedeu às independências nos primeiros anos eufóricos da década de 60. E as várias tendências de unidade conseguiram um consenso com a criação da Organização da Unidade Africana e com a aprovação de uma Carta que defendia essencialmente dois princípios: 1. O respeito pelas fronteiras herdadas do colonialismo; 2. A não ingerência nos assuntos internos de cada Estado. Se hoje analisarmos estes dois pressupostos da Carta da Unidade Africana aprovada em 1963, verificamos a profunda contradição a posterior, face à própria essência da Unidade Africana que visava velar por uma identidade de uma África unida e que ao mesmo tempo defendia o respeito das portas fechadas de cada Estado. Continua na pág. 13 »» 13 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l em foco e Renascimento Africano Foi assim que logo após a festa do triunfo do Nacionalismo, que trouxe as independências africanas, verificamos uma catadupa de golpes de estado e implantação de ditaduras ferozes, que na prática negavam os pressupostos da dignificação do Homem, contado nos poemas produzidos pelos pais do Nacionalismo, da Negritude e do PanAfricanismo. E a organização da Unidade Africana, que era suposto defender o sentimento do Pan-Africanismo, assistiu sem nada poder fazer, imobilizada por força do pressuposto de não ingerência nos assuntos internos de cada país. O Nacionalismo que fez brotar as independências africanas definha e morre, debaixo das botas déspotas dos ditadores e os povos de África desesperaram perante aquilo a que o escritor costa marfinense, Makoutan Bucu chamou de "o ocaso do sol das independências". As interferências exteriores que o lastro do colonialismo fez permanecer em África permitiram que esta situação se prolongasse por várias décadas e que os ditadores de África se passeassem nos salões do ocidente como respeitáveis estadistas. O povo empobreceu, os países escancararam as suas portas a saque das suas riquezas. Podemos afirmar que temos aqui simbolicamente a tal morte de um primeiro momento do Nacionalismo que vai permitir o seu posterior ressurgimento. Em 2013, a União Africana festejou os 50 anos da criação da Organização da Unidade Africana e o triunfo do Pan-Africanismo, lançando as bases de um programa chamado África 2063. É importante recuar 10 anos atrás para verificar como é que a organização da Unidade Africana morre de morte natural e no seu lugar nasce a União Africana. Uma nova geração de dirigentes, os quais alguns deles resultaram das lutas ideológicas, políticas e económicas da Guerra Fria entre o Capitalismo e o Comunismo internacionais e das Lutas Armadas de Libertação tomaram consciência de que ou mudavam de rumo nas políticas africanas ou o povo mudava de políticos. A grande novidade da geração que cria a União Africana em 2003 está na consagração do pressuposto da boa governação, reconhecendo os valores universais da relação democrática entre governantes e governados. Do ponto de vista histórico, os fundamentos que estão na base da constituição do NEPAD e dos vários programas que nascem dele, pressupõem naturalmente uma nova predisposição a que se teorizou chamar Renascimento Africano. O NEPAD caos provocado pela interferência da coligação da França e seus parceiros da NATO no conflito da Líbia, no contexto daquilo a que se chamou de “Primavera Árabe”. foi saudado com grande entusiasmo, não só pelas elites, mas também com esperança pelas comunidades. E a razão reside no facto de consagrar em si o princípio universal da convivência democrática, da preocupação com o desenvolvimento humano, com a consagração dos direitos humanos civis e do cidadão e do combate feroz contra formas ditatoriais de governação das nações. E sobretudo, reconheceu a corrupção como fonte de todos os fracassos das políticas africanas. Moçambique aderiu em 2003, logo na Constituição da União Africana no âmbito do NEPAD, ao Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP). Um exercício único no mundo, na medida em que os países se permitiram abrir, escancarar as suas fronteiras e deixar ver aos outros a sua própria governação e ouvir dos outros críticas que ajudam a melhorar os procedimentos e adequar-se aos direitos dos povos e dos cidadãos. Este princípio que está na base da criação do MARP é diametralmente oposto ao princípio da não ingerência nos assuntos internos dos estados, consagrado na Carta da falecida Organização da Unidade Africana. Pode-se dizer que as ideias de força que orientam os caminhos traçados pela nova fase do Renascimento e a esperança da entrada para uma senda da boa governação em África retomam as ideias que tinham sido abraçadas pelos pais do Nacionalismo Africano dos anos 20 e 30 do século passado e que conduziram a todo o processo de luta pelas independências e que, como vimos, não tiveram êxito por força dos golpes de estado e pelas ditaduras que depois foram implantados em África, isto é, a ideia de uma África forte, unida, a caminho dos Estados Unidos de África tinha sido já defendida pela geração de kwame Nkrumah, portanto quando Kadafi retoma esta senda não estava a inovar absolutamente nada, mas tal como a ideia inicial dos Estados Unidos de África, não encontrou unanimidade e consenso por parte dos pais das independências, Kadafi também não conseguiu reunir os mesmos consensos. No plano do discurso político há uma espécie de acolhimento da validação desta ideia como uma consagração do movimento Pan-Africanista: uma África politicamente unida, economicamente articulada tornar-se-ia um bloco forte e um interlocutor de respeito no contexto das relações globais. Nas várias reuniões internacionais em que este problema foi debatido, verificamos que os Chefes de Estado africanos e outros dirigentes acolhiam a ideia e consideravam-na útil, mas divergiam profundamente na metodologia da sua implementação. Provavelmente Kadafi tenha pago um preço muito alto pela sua teimosia em correr mais do que permitiam as forças contrárias à sua ideia. Por outro lado, os pressupostos defendidos por essa nova geração e que estão consagrados nas linhas estratégicas de África 2063, mostram a preocupação de que África não pode continuar a ser espectadora na resolução dos seus próprios problemas, permitindo que venha do exterior a solução dos conflitos, das doenças, das guerras, da pobreza e da má governação. Por isso é que se reforçam os blocos regionais, se reforça o processo de vigilância permanente das fracturas resultantes da má governação, da instabilidade em que primeiro no próprio bloco regional e depois ao nível da União Africana se tenta encontrar soluções adequadas. São exemplos disso Madagáscar e a República Democrática do Congo, na SADC e a Guiné Bissau na África Ocidental e ainda outros países africanos em que os blocos regionais se empenharam profundamente para evitar que as forças globais tomassem dianteira nas resoluções de conflitos internos. É uma luta colossal porque, como também verificamos, não foi possível evitar a interferência da França no conflito da Costa do Marfim e da República Centro Africana e no Mali, bem como no De qualquer modo, podemos considerar que paralelamente a um olhar atento sobre a evolução do desenvolvimento económico das nações africanas, os processos políticos começam a demonstrar um maior amadurecimento, admitindo que os mesmos sejam conduzidos pelos próprios africanos. É neste contexto da nova visão que podemos enquadrar a solução encontrada em Moçambique sobre as hostilidades político-militares, em que desde o início se afirmou e reafirmou que os moçambicanos eram capazes de resolver os seus próprios problemas e ainda bem que assim foi. Portanto, podemos afirmar que as sementes lançadas pelas ideias nacionalistas dos pais das independências não morreram, apesar da longa noite das ditaduras e golpes de estado, e que hoje renascem a partir da acumulação das experiências vividas, com a consciência de que pensar em democracia em África não tem de ser necessariamente seguir os paradigmas das democracias ocidentais, apesar dos valores universais dos direitos consagrados. Neste contexto, a concluir, devemos considerar que os diversos conflitos que assistimos hoje em África, alguns deles violentos como o do Sudão do Sul, Somália, República Centro Africana, Líbia, não são mais como os conflitos que assistimos no período pós-independência, em que estávamos à espera que alguém viesse resolver por nós. Hoje estes conflitos estão devidamente enquadrados na agenda das organizações do continente, quer regionais, quer da própria União Africana. A semente da desunião permanece, mas a visão dos novos dirigentes africanos, pelo facto de aceitarem fazer o exercício de auto-avaliação dos principais problemas que grassam na governação africana, permite ter esperança de que a África está neste momento a caminhar por caminhos atractivos. Veremos se a estratégia traçada para África 2063 não será apenas mais uma utopia, embora as utopias sejam importantes para a dinâmica da história. n Muito obrigado! Lourenço do Rosário 14 14 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l desporto CAMPEONATO DAS UNIVERSIDADES A Politécnica vence torneio de futsal As equipas feminina e masculina da Universidade Politécnica venceram recentemente o Campeonato de Futsal das Universidades da cidade de Maputo. Entretanto, neste momento as duas equipas estão envolvidas nos preparativos para a entrada na fase de apuramento para os jogos da FEDEEMS e Universíadas. O torneio das universidades, que teve lugar no pavilhão da Universidade Politécnica, na cidade de Maputo, contou com a participação de equipas das universidades privadas e públicas sedeadas nesta urbe. A prova, para além de futsal, movimentou também o basquetebol, e esta última modalidade serviu em grande medida para a equipa técnica do conjunto feminino preparar as jogadoras para o mundial da especialidade, a ter lugar no próximo ano. A nossa equipa de Reportagem procurou ouvir o técnico principal da equipa de futsal, Eneas Williams, para tecer algumas ideias sobre o funcionamento daquela modalidade na Universidade. Siga a entrevista em discurso directo. – Mister, como é que está o futsal na Politécnica? – O futsal goza de boa saúde na Universidade. Quando digo que goza de boa saúde é porque acabamos o campeonato das universidades em primeiro lugar, tanto em masculinos, como em femininos. Em masculinos ficamos em primeiro e em femininos não só ficamos em primeiro, como também arrecadamos todos os troféus que a prova oferecia. Falo de troféus para guarda-redes menos batido, melhor jogadora e melhor marcadora. – Que significado têm esses troféus para o vosso conjunto? – É normal para quem tra- balha! Portanto, é fruto de um trabalho que a equipa técnica vem levando a cabo nos últimos tempos, de forma a dignificarmos melhor a Universidade. O Reitor definiu algumas estratégias para o desenvolvimento do desporto na universidade e nós procuramos dia após dia implementar aquilo que foi definido. Importa referir que nos anos anteriores, em masculinos, ocupavamos entre segundo e terceiro lugar. Agora estamos numa posição em que acreditamos que temos uma equipa capaz de ser apurada para outras competições, tanto a nível nacional, assim como internacional. Em femininos, este é o segundo ano consecutivo que vencemos todas as provas da modalidade. – Quer dizer que a equipa está preparada para alinhar para o campeonato federado? – Temos equipa para desafiar qualquer adversário, tanto em masculinos, como em femininos. Mas neste momento as nossas atenções não estão viradas para o campeonato federado, mas se a direcção assim o decidir garanto que não vamos decepcionar. Somos estudantes e jogamos com gosto. A nossa meta agora é vencer todas as provas que vêm pela frente. DESAFIOS – Depois desta conquista quais são os novos desafios da equipa técnica? – Bem! Os desafios são tan- tos, dentre eles consta manter os níveis actuais que são as boas classificações que temos e também renovar sempre as equipas com novos ingressos. Queremos aproveitar os alunos que transitam da 12ª classe para entrarem na universidade, de modo que tenhamos sangue novo no conjunto. Conseguimos apuramento para os jogos da FEDEEMS e para o mundial das universidades. As nossas aspirações são transitar para a fase final e lá conseguir resultados que dignificam tanto a Universidade, assim como os dois conjuntos. Friso que estamos prontos para isso. – Neste momento, o que está a ser feito para os dois apuramentos? – Neste momento, em masculinos, onde a maior parte são atletas que vêm evoluindo noutros clubes, estamos preocupados em formarmos um grupo único. É um pouco mais fácil porque estão muito rodados. Fazemos um treino por semana, que é de enquadramento do conjunto. Em femininos, treinamos constantemente, de segun- da a sexta. Então, nesta altura estamos a trabalhar muito para conseguirmos atingir o objectivo que é ganhar todas as provas que vêm pela frente, independentemente dos obstáculos. – Quer dizer que as equipas não são somente formadas por estudantes da universidade? – As equipas de futsal são constituídas somente por estudantes da Universidade Politécnica. Não temos pessoas de fora. O que acontece é que alguns destes vinham jogando noutras equipas antes de entrar na Politécnica. – Estão satisfeitos com o actual nível de competição? – Nós participamos apenas nas provas do campeonato das universidades. Não entramos noutras. Por ano entramos em três a quatro provas. Este número é suficiente para o nosso grupo, uma vez que para além de jogarmos somos estudantes. Temos procurado conciliar as duas partes, desporto e os estudos e graças a Deus conseguimos resultados positivos nas duas partes. – O nível de competição não prejudica os estudantes? – Podemos dizer que prejudica os estudantes, porque estes, para além de representarem a universidade, jogam também para as equipas filiadas na categoria de federados, nas igrejas e outros torneios. Esta situação não se faz sentir apenas no futsal, é quase em todas as modalidades. – A universidade tem jogadores na categoria de federados? – Dos 15 jogadores que temos em masculinos, oito jogam também para equipas federadas da cidade de Maputo. Por causa disto treinamos apenas nas quartas-feiras, a partir das 20 horas até às 22 horas. ESCALÃO DE FORMAÇÃO – Como é que está a universidade em termos de escalão formação? – Temos o escalão de formação, mas ainda na fase inicial. Digo isso porque até ao momento estamos apenas a fazer formação em femininos e o departamento do desporto da universidade está a estudar um mecanismo de, a partir do próximo ano, passarmos a ter a formação em ambos os sexos. – Quantas jogadoras constituem, neste momento, a equipa em formação? – Temos 15 jogadoras, que estão em formação, e, destas, três ou quatro já fazem parte da equipa principal. Portanto, já começamos a alimentar a nossa equipa principal com jogadoras de formação e queremos fazer o mesmo para a equipa masculina. – Vamos sair um pouco da universidade. Qual é a tendência do futsal na capital do país? – O futsal está a ganhar o seu espaço na cidade de Maputo, porque joga-se em qualquer sítio, comparativamente a outras modalidades. Verificamos que agora temos mais praticantes. Neste momento, a cidade de Maputo conta com 11 equipas que participam no campeonato federado. Mesmo nos jogos, verificamos enchentes, facto que não se via, por exemplo, no básquete, em que só ficavam os jogadores e as equipas que vão entrar em campo no tempo a seguir. n 15 15 SETEMBRO- -OUTUBRO/2014 OUTUBRO/2014 SETEMBRO l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l cultura Prepara-se festa rija para comemorar “bodas de porcelana” A Universidade Politécnica comemora no próximo ano vinte anos de existência, as chamadas bodas de porcelana. Para tal, várias actividades estão projectadas para acontecer no decurso de 2015. O Departamento da Cultura desta instituição está a organizar-se também para levar a cabo uma série de actividades comemorativas. “O Académico” conversou com Sara Laisse, nova coordena– Como nova coordenadora de Cultura da Politécnica, que acções tem planeado para desenvolver nos próximos tempos nesta vertente? – Uma vez que no próximo ano a Universidade Politécnica comemora 20 anos da sua existência, grande parte das actividades a desenvolver têm em vista a celebração dessa efeméride. Pretende-se que os festejos durem o ano todo, daí que os planos estejam centrados nisso. A ideia é envolver, desde já, vários conjuntos artísticos em ensaios que culminarão com a apresentação de diferentes modalidades, durante o ano. Mas ainda estamos a seleccionar os grupos que irão actuar. – Que grupos culturais irão incorporar essas actividades e como é que estes grupos estão organizados? – Ainda estamos a seleccionar os grupos, mas alguns deles são da nossa Universidade e das escolas secundárias, estando organizadas de acordo com as unidades orgânicas já instituídas na Politécnica, nomeadamente: CREISPU, ISUTE, ESEUNA, ISHT e Xai-Xai. – O que fazem exactamente? – Alguns dos grupos já funcionam nesta Universidade. Outros serão convidados para o efeito. O mês de Novembro será o ponto mais alto dessa organização, porque, por enquanto, ainda nos encontramos a juntar os materiais necessários para realizar essas actividades. Não posso mencionar tudo o que desejamos fazer, antes do evento, senão depois nada surpreenderá o nosso público. Posso, apenas, informar que haverá um concurso entre as tunas académicas da Universidade e que os grupos já se encontram a realizar ensaios nesse sentido. Esse concurso será realizado em Quelimane. O ISHT, em Quelimane, já se encontra a organizar um desfile de moda e outro de traje académico, com o qual os alunos irão circular pelos locais onde a Universidade funcionou. O ISUTE irá realizar uma “quermesse” e “caça ao tesouro”, actividades que se vão tornando raras na nossa sociedade. A ESEUNA prevê apresentar números de teatro e de dança tradicional e moderna, a serem apresentados por estudantes da Escola Secundária da Politécnica, com o apoio do Gabinete de Desporto e Cultura e de uma professora de Artes Cénicas. Os percussionistas que trabalham com estes grupos vêm de fora da instituição. A unidade de Xai-Xai ainda é nova, no que toca ao ensino presencial, pelo que ainda não há grandes desenvolvimentos no sector da cultura. O CREISPU, em Maputo, pretende criar um bailado, um poema, uma peça teatral e outras modalidades artísticas, todas contando a História da Universidade. Haverá mais actividades e modalidades, mas são como um vestido de noiva. Serão revelados no momento. – Qual é o valor da Cultura na Politécnica? – Deveria ser a essência! Mas faz parte das competências centrais da Universidade. Diria que é o sangue que se pretende que corra nas veias de cada dora do sector, que nos explicou que “se pretende que os festejos durem o ano todo, daí que os planos estejam centrados nisso. A ideia é envolver, desde já, vários conjuntos artísticos em ensaios que culminarão com a apresentação das diferentes modalidades, durante o ano. Mas ainda estamos na fase de selecção dos grupos que irão actuar”. Siga a conversa em discurso directo: um, uma vez que a cultura não só educa para a sensibilidade artística, mas forma os modos de fazer e de actuação das pessoas numa instituição. Fazemos esforços para formar e informar a comunidade académica, nos momentos marcantes da instituição e nos principais eventos, integrando sempre uma actividade cultural. Mas isso não basta, porque é necessário que a cultura actue incentivando as pessoas a serem mais criativas e mais inovadoras no trabalho que fazem no seu dia-a-dia. A cultura deveria fazer-se presente nas actividades de todos os sectores da instituição, num esforço conjugado entre o CREISPU, as escolas e o sector que gere as pessoas. Mas para tal tem que haver pessoal especializado e ainda não o temos. O departamento cultural conta, na maior parte das vezes, com o trabalho de amadores e que trabalham de boa vontade. Têm realizado um óptimo trabalho, mas aparecem esporadicamente. Não fazendo parte do Departamento Cultural, têm um estatuto de convidados. As nossas escolas deveriam ser o viveiro para futuros especialistas ou voluntários para a área cultural. Mas, uma vez que se perdeu o espírito de voluntariado e nem sempre é fácil mobilizar alunos para as tarefas artísticas, mesmo aqueles que gostam de trabalhar nessas áreas, funcionamos com insuficiência de pessoal na área cultural. Um exemplo disso é espelhado pelo conjunto de membros da Tuna Académica, que é composto por alunos, cuja maioria estuda em outras instituições. – Que balanço faz das actividades realizadas na área da Cultura durante este ano na Politécnica? – Foi bom. Apesar do que disse antes, tem sido possível ter bons actuantes e fazer dos poucos momentos culturais uma festa. – Tem mais algum outro aspecto a acrescentar? Gostava de acrescentar que a nossa Universidade tem muita preocupação com a questão da leitura, tanto em crianças, como em jovens; daí que tem uma oficina pedagógica que juntamente com o CREISPU têm desenvolvido acções de formação nessa área. Além disso, devo acrescentar que já participei numa acção de promoção do gosto pela literatura. Esta actividade não está directamente ligada à formação para a leitura, mas estava integrada no trabalho que a Oficina Pedagógica se encontrava a desenvolver e, de alguma forma, complementa a actuação na área da leitura. Quanto ao funcionamento do Departamento Cultural, quero informar que temos estado a desenhar projectos a partir dos quais poderemos obter fundos para funcionar. Estamos numa Universidade privada e vivemos de fundos próprios. Se não produzirmos dinheiro para alimentar a cultura, continuaremos a lamentar a fraca participação das pessoas. É preciso investir e criar programas atractivos, que não só entretenham, mas que formem e informem. n 16 SETEMBRO - OUTUBRO/2014 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l Universidade PolitÉcnica www.apolitecnica.ac.mz SETEMBRO - OUTUBRO - 2014 A PolitÉcnica XXIV encontro da AULP decorreu em Macau A Universidade de Macau, na China, acolheu em Setembro último o XXIV Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP). Estiveram presentes no evento mais de 200 académicos dos vários países de língua portuguesa, tendo estado em debate a importância da língua chinesa e portuguesa à escala global. Decorrer do encontro de Macau N Magnífico Reitor da Universidade UNILURIO, Professor Doutor Jorge Ferrão, presidente da AULP cartoon do crisÓstomo l esta reunião foi abordado o pedido de apoio financeiro que a AULP fez no início do ano à Fundação Macau, para impulsionar novos projectos que a Associação está a desenvolver. Foi igualmente proposto que Cabo Verde seja o próximo anfitrião para o XXV Encontro da AULP. Durante a reunião foram analisados os novos pedidos de adesão, de forma a serem posteriormente analisados e votados em Assembleia Geral. A renovação dos órgãos sociais para o triénio 2014-2017 foi igualmente discutida. A Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) tem como presidente o moçambicano Professor Doutor Jorge Ferrão, Magnífico Reitor da Universidade UNILURIO. A sessão da AULP contou com o acolhimento da Universidade de Macau, do Instituto Politécnico de Macau e do Instituto de Formação Turística. Segundo uma fonte daquela associação das universidades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a agenda do encontro, que se realizou entre os dias 17 e 19 de Setembro de 2014, versava sobre diversos aspectos em torno do tema central: "A Importância da Difusão das Línguas Portuguesa e Chinesa para a Colaboração Académica no Ensino Superior e Promoção do Turismo". O encontro permitiu "o intercâmbio de experiências entre diversas instituições de Ensino Superior, a realização de parcerias internacionais e a concretização dos objectivos de cooperação baseados em projectos de investigação, de troca de informação e da mobilidade de docentes e discentes". O Encontro da AULP costuma receber mais de 400 participantes de vários países da CPLP e Macau, entre eles ministros e reitores das universidades membros, mas desta vez recebeu apenas 200, devido à passagem de um tufão por Macau, por altura da realização do encontro, o que impossibilitou a ida de mais pessoas. A Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP) é uma organização internacional que tem como objecto promover a cooperação entre universidades e instituições de ensino e investigação de nível superior no espaço dos países e regiões com língua oficial portuguesa. A concretização desse objectivo é procurada preferencialmente por via do estímulo ao intercâmbio de investigadores e estudantes, pela promoção da reflexão conjunta sobre a função do ensino superior e pelo desenvolvimento de projectos conjuntos de investigação científica e tecnológica, bem como através do intercâmbio generalizado de informação. A AULP promove a colaboração multilateral entre instituições de países e regiões de expressão portuguesa, mas também entre as unidades académicas e científicas cujo objecto de trabalho incida sobre a língua portuguesa. Nesse âmbito, a AULP multiplica esforços no sentido de consolidar laços e promover acções conjuntas entre os seus membros, para que se opere o reconhecimento da importância e da força desta comunidade de pessoas que falam a língua portuguesa e, sobretudo, que fazem investigação e estudos superiores. n o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l