DEFORMIDADES ANGULARES EM MUARES: INCIDÊNCIA E RESPOSTA AO TRATAMENTO CIRÚRGICO 1 Loiacono ; 2 Cassou ; Maria 3 Hass ; 3 Oliviera ; Bruno Z. Fabiane E. Frederico M. Bruno S. C. de Andrade4; Sérgio R. Reis5; Rafael R. Faleiros5; Geraldo E. S. Alves5 1Mestrando EV/UFMG – Bolsista Cnpq ([email protected]); 2Doutoranda EV/UFMG; 3M.V. clínico e radiologista; 4Mestrando EV/UFMG; 5Docente EV/UFMG Introdução Estima-se que cerca de 80% dos potros equinos apresentem algum grau de deformidade angular (DA), sendo o tratamento cirúrgico indicado em 8% dos casos. Entretanto, dados relativos à incidência, prevalência e resposta ao tratamento dessas deformidades em muares são escassos. Objetivo Avaliar, em um rebanho de muares, a incidência e a resposta ao tratamento cirúrgico de DA no carpo. Metodologia Em um plantel de muares, foram triados por inspeção clínica os animais portadores de DA no carpo. Em seguida, foi realizada radiografia dorsopalmar digital da articulação em questão. Com auxílio de ferramentas do software Tiger View CD Viewer®, foi mensurado o ângulo formado entre os eixos sagitais do rádio e metacarpiano III, sendo este valor determinante para a instituição do tratamento em cada membro (Quadro 1). Foram obtidas radiografias 45 dias antes, no dia da instituição do tratamento e 30 e 60 dias após. Quadro 1 – Tratamento instituído em relação ao ângulo formado entre os eixos sagitas do rádio e metacarpiano III do membro. Ângulo ≤3º Tratamento – (Grupo) Grupo Nº de membros Varus (%) Valgus (%) G1 G2 G3 Total 15 7 4 26 0 29 100 - 100 71 0 - A incidência de DA nessa população foi menor do que nos equinos, provavelmente pelo fato dos muares terem sido triados por inspeção clínica. Contudo, 54% dos animais acometidos demandaram tratamento cirúrgico, provavelemente, devido ao tipo de treinamento imposto. Os exercícios também podem ter determinado a ocorrência de carpus varus, ainda não descrita na literatura em muares. A variação do ângulo dos membros em resposta aos tratamentos está descrita na tabela 2. Tabela 2 – Média e desvio padrão dos ângulos formados entres os eixos sagitais do rádio e metacarpiano III em cada grupo e em relação ao dia da instituição do tratamento (D0). Grupo D -45 D0 D30 D60 G1 2,1±0,3 Aa 2,4±0,5 Aa 2,9±0,3 Aa 3,0±0,3 Aa G2 6,6±0,4 Ba 6,2±0,4 Ba 4,2±0,4 Ab 3,2±0,4 Ab G3 7,9±0,6 Ba 7,8±0,6 Ba 6,6±0,6 Ba 5,4±0,6 Bb Letras maiúsculas diferentes demonstram médias estatisticamente diferentes entre linhas e letras minúsculas entre colunas (p<0,05). Casqueamento corretivo – (G1) Casqueamento corretivo + transecção e elevação de >3º e ≤7º periósteo – (G2) Casqueamento corretivo + transecção e elevação de >7º periósteo + grampo trans-epifisário* - (G3) *Os grampos trans-epifisários foram removidos após 60 dias. Resultados e discussão Dos 36 muares com idades entre oito e 22 meses, 13 (36%) apresentaram DA (Figura 1). O número de membros alocados em cada grupo e a frequência de DA nestes estão descritos na Tabela 1. G1 Tabela 1 – Número de membros alocados em cada grupo e respectivas frequências de DA. G2 Os tratamentos cirúrgicos foram capazes de reduzir a angulação do membro. No grupo G2 a mesma atingiu valores estatisticamente iguais ao dos animais que não demandaram cirurgia. Isso não ocorreu em G3, provavelmente, porque os animais deste grupo eram mais velhos, o que acarreta em menor resposta ao tratamento cirúrgico. Conclusão A incidência de DA com demanda de tratamento cirúrgico no plantel de muares estudado foi elevada. Os tratamentos cirúrgicos foram eficientes, contudo, em casos com desvio >7º, os resultados não foram plenamente satisfatórios. G3 Figura 1 – Fotos de muares portadores de deformidades angulares com diferentes intensidades no dia do início do tratamento.